Exportações caem pela primeira vez em mais de dois anos e meio no segundo trimestre
Transações de bens, a abrandar desde o final do verão passado, tiveram decréscimo no segundo trimestre. Só as grandes empresas esperam baixar exportações em 2023, mas todas estão mais pessimistas.
A estimativa rápida realizada pelo INE aos dados do comércio internacional relativos ao segundo trimestre deste ano aponta para diminuições de 5,2% nas exportações e de 6,2% nas importações, em termos nominais, face ao mesmo período de 2022. Este decréscimo surge após o abrandamento do crescimento das transações de bens, que se verificava desde o terceiro trimestre do ano passado.
Numa nota divulgada esta sexta-feira, o instituto assinala que desde o último trimestre de 2020 (no caso das exportações) e desde o primeiro trimestre de 2021 (nas importações), “ambos fortemente afetados pela crise pandémica”, que não se verificavam variações homólogas trimestrais negativas nas transações de bens.
Face às previsões que tinham feito no final do ano passado, as exportadoras portuguesas reveem agora em baixa (-0,6 pontos percentuais) as perspetivas de acréscimo nominal nas transações com o exterior em 2023, que é agora de 0,5%. Uma revisão que resulta de um maior pessimismo quer nas vendas para a União Europeia (-0,5 p.p., para +1,2%), quer para destinos extracomunitários (-0,9 p.p., para -1,2%).
É na categoria do material de transporte e acessórios (-2,3 p.p., para +3,9%) que mais pioram as perspetivas na evolução das exportações. Pelo contrário, face à primeira previsão, destaca-se a maior confiança expressa agora a meio do exercício pelo setor das máquinas e outros bens de capital (+9,3%, +1,1 p.p.) e de fornecimentos industriais (+0,4%, +1,5 p.p.).
Mas quais são os motivos invocados pelas empresas nacionais para esta revisão em baixa nas estimativas de vendas, face ao que esperavam em dezembro do ano passado? O pior comportamento que o esperado na generalidade dos mercados de destino já clientes (41%) e em “mercados específicos” (15%). Ambos referidos por 5% dos inquiridos, seguem-se a dificuldade no acesso a novos mercados e as alterações de preços não determinadas por flutuações cambiais.
“As perspetivas das empresas para a evolução das suas exportações de bens em 2023 diferem entre os vários setores de atividade, sendo, em alguns casos, esperados aumentos em resultado de acréscimos de preços. Há também situações em que é esperada uma redução, decorrente da previsão de contração da procura e de paragens programadas ou descontinuidade de linhas de produção, em resposta às condições de mercado, a potenciais disrupções nas cadeias de valor global e a aumentos dos custos dos fatores de produção”, detalha o INE.
Só as grandes empresas esperam baixar vendas
As empresas de grande dimensão (isto é, com 250 ou mais pessoas ao serviço e que representam 14% das analisadas) são as únicas que preveem uma diminuição das suas exportações de bens em 2023 (-1,7%). As restantes esperam aumentos superiores à média total: +3,5% nas médias (51% das empresas analisadas), +3,7% nas pequenas (28%) e +3,2% nas micro (7%).
A meio do ano, o perfil das empresas portuguesas que contam chegar ao final deste ano com maiores aumentos nas exportações é o seguinte: estão no mercado há seis a 19 anos (acréscimo homólogo estimado de 8,7%); não pertencem a um grupo económico (+3,1%); em que predominam os trabalhadores com habilitações superiores (+6,5%); e classificadas em setores de baixa e média baixa tecnologia (+1,2%).
Embora em ambos os casos prevejam uma diminuição das exportações de bens em 2023, no caso das empresas que desenvolveram atividades de inovação no âmbito do CIS – Inquérito Comunitário à Inovação 2018-2020, a diminuição é mais ligeira (-0,6%), o que compara com -7,2% no caso das empresas consideradas como não inovadoras. “As atividades de inovação incluem inovação de produto e/ou de processo e, portanto, com impacto que pode ser significativo na diferenciação das empresas nos mercados internacionais”, contextualiza o INE.
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