BRICS e mais 5 acrónimos que tentam explicar a economia mundial
Ao longo dos anos, economistas e analistas têm vindo a agrupar países consoante algumas características comuns que dão origem a siglas que começam a entrar no vocabulário internacional.
Nos últimos dias muito se tem falado dos BRICS e por vezes quase é preciso um glossário para perceber todas as manchetes sobre a economia internacional. Desde grupos de países com características semelhantes a frases políticas que se transformam em expressões utilizadas nos mercados, o ECO preparou um guia dos acrónimos mais utilizados pelos economistas pelo mundo.
Os BRICS são um dos principais exemplos de acrónimos criados pelos economistas e analistas que acabou por se materializar e levar à criação duma plataforma entre estes países, completo com a criação um banco de desenvolvimento conjunto, um fundo de investimento e acordos cambiais. Grupo esse que na semana passada anunciou o alargamento a mais seis membros.
Este é apenas um de vários, sendo que apesar de nem todos terem a mesma força, podem ainda ser mencionados noutros artigos. Veja mais acrónimos da economia internacional:
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BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
O acrónimo BRIC foi cunhado pelo economista Jim O’Neill em 2001 e acabou por dar origem a um grupo informal entre o Brasil, Rússia, Índia e China. O impulso inicial para esta plataforma foi dado pela Rússia em 2009, com o objetivo de desafiar a posição dominante dos Estados Unidos e aliados ocidentais (organizados no grupo G7). O primeiro alargamento ocorreu em 2011, acrescentando-se o S de África do Sul.
Foi apenas agora, doze anos depois, que o grupo concordou em alargar de novo e admitir novos membros, sendo que existiam mais de 40 países interessados em entrar. São seis as novas adições: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Etiópia, Irão e Emirados Árabes Unidos.
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PIIGS – Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha
Este é dos acrónimos considerados mais ofensivos, mas que ainda assim foi amplamente utilizado nos anos da crise. Ninguém assume o crédito por este apelido, mas chegou a ser necessário o Barclays Capital emitir uma nota para que os analistas não o usassem, sendo que o mesmo foi pedido no Financial Times.
Mas antes de surgir essa indicação, o termo foi usado por publicações como The Economist ou o The Times, motivando protestos do então ministro da Economia de Portugal, Manuel Pinho.
O termo terá originado na imprensa britânica e dizia respeito aos países mais gravemente atingidos pela crise do Euro: Portugal, Itália, Grécia e Espanha. Entretanto, foi alargado para abranger também a Irlanda (ficando assim um I duplo).
Depois deste, ainda surgiu outro de linguagem mais pesada: “Stupid” (estúpido, em português) para designar os países com os défices mais pesados, acrescentando nomeadamente o Reino Unido. A nova sigla identificava Espanha (S), Turquia (T), Reino Unido (U), Portugal (P), Itália (I) e Dubai (D), mas, como seria de esperar, não se tornou de utilização geral.
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VISTA – Vietname, Indonésia, África do Sul, Turquia e Argentina
Este é mais um conceito que se segue ao BRIC, tendo sido proposto em 2006 pelo BRICs Economic Research Institute of Japan (nesta altura, África do Sul ainda não fazia parte dos BRICS e foi por isso incluída neste grupo). Tratava-se de economias emergentes com potencial de crescimento, ainda que marcadas por muita volatilidade.
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MINT – México, Indonésia, Nigéria e Turquia
Este foi outro acrónimo novamente popularizado por Jim O’Neill, apesar de ter sido criado pela Fidelity Investments em 2014. Esta identificou estes países como os próximos gigantes depois dos BRICS. Tratam-se de países populosos com elevado potencial de crescimento económico e de importância global.
O’Neill sublinhou na altura que o MINT – tal como o BRIC antes – é um conceito económico, não um conceito de investimento, sendo que este agrupamento explorara os problemas de cada país, bem como o seu potencial.
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CIVET – Colômbia, Indonésia, Vietname, Egito, Turquia, e África do Sul
Este foi mais uma sigla que juntou um grupo de mercados emergentes, criada em 2009 por Robert Ward, da unidade do Economist Intelligence. Cerca de dois anos depois, as taxas de crescimento destes países ultrapassaram em muito as dos países BRIC e os investidores começaram a apostar nestas economias.
O HSBC chegou até a criar um fundo CIVETS em 2013, domiciliado no Luxemburgo e disponível a investidores institucionais e de retalho a nível mundial, mas acabou por fechá-lo um ano depois devido à “falta de apetite” dos investidores pela estratégia. A instabilidade dos regimes destes países acabou por também penalizar o seu desempenho.
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TINA – “There is no alternative”
Fechamos com um acrónimo que não representa um grupo de países, mas sim uma frase: There is no alternative (não há alternativa, em português), que começou a ser utilizada pelos investidores mas foi originalmente popularizada pela primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. A conservadora utilizava esta frase para responder às críticas relativamente às políticas de desregulamentação orientadas para o mercado, à centralização política, cortes nos gastos e uma reversão do Estado social.
Mas a frase evoluiu e começou também a ser utilizada nos mercados relativamente a ações: quando o desempenho das cotadas é dececionante e as perspetivas futuras não parecem animadoras, mas as avaliações permanecem elevadas. Por oposição a esta frase surgiu também o TARA (There Are Reasonable Alternatives).
A lista de expressões continua, desde os tigres asiáticos às FAANG (cotadas tecnológicas de alto crescimento – Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google), mas estas são as que ainda vão sendo as mais utilizadas quando se fala da economia internacional.
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