Hungria e Polónia prolongam restrições a importação de cereais ucranianos

  • Lusa
  • 15 Setembro 2023

"A Hungria vai fechar as suas fronteiras a 24 produtos ucranianos", em vez dos quatro anteriores, anunciou o governo húngaro. Já a Polónia antecipou "medidas adicionais".

A Hungria e a Polónia decidiram esta sexta-feira prolongar de forma unilateral a proibição de importar cereais ucranianos, desafiando a Comissão Europeia, que tinha anunciado pouco antes o fim dessas restrições. “A Hungria vai fechar as suas fronteiras a 24 produtos ucranianos”, em vez dos quatro anteriores, para “proteger os interesses dos nossos agricultores”, anunciou o ministro da Agricultura húngaro, Istvan Nagy, na rede social Facebook.

Após a Hungria, foi a vez de a Polónia anunciar o prolongamento do embargo aos cereais ucranianos. “Não estamos de acordo com a decisão da Comissão Europeia e, no interesse dos agricultores e dos consumidores polacos, vamos tomar medidas nacionais”, declarou o porta-voz do Governo, Piotr Müller, à agência PAP.

Momentos depois dos anúncios de Varsóvia e de Budapeste, a Eslováquia também divulgou que ia prolongar o embargo aos cereais ucranianos. Num comunicado, o Governo eslovaco declarou que “decidiu proibir as importações de cereais ucranianos a nível nacional até ao final do ano”.

Por sua vez, a Roménia propôs esta sexta-feira três medidas que garante quase duplicarão a quantidade de cereais ucranianos – até quatro toneladas mensais – que poderão ser exportados através do seu território. “A primeira medida será a navegação contínua durante 24 horas pelo canal Sulina do Danúbio; em segundo lugar, conseguimos aumentar o número de pilotos. Em terceiro lugar, no porto de Constança, serão em breve tomadas decisões relacionadas com o transbordo de cereais de barco para barco, aumentando a capacidade em cerca de 500.000 toneladas”, declarou o ministro dos Transportes romeno, Soring Grindeanu.

O ministro emitiu tais declarações após uma reunião na cidade costeira de Constança, na qual participaram representantes da União Europeia (UE), dos Estados Unidos, da Ucrânia, da Moldova e da Roménia, no mesmo dia em que a Comissão Europeia decidiu não prolongar as proibições à importação de cereais ucranianos impostas em maio por Polónia, Roménia, Bulgária, Hungria e Eslováquia.

O ministro da Agricultura romeno, Florin Barban, já na quinta-feira tinha dito que confiava que Bruxelas prolongaria as restrições às importações de cereais da Ucrânia e que, embora fosse tomar uma decisão depois de ouvir a posição da CE, em qualquer caso o seu Governo procuraria “soluções para proteger os agricultores romenos”.

O primeiro-ministro romeno, Marcel Ciolacu, anunciou antes da reunião uma subvenção de 60 milhões de euros para os agricultores nacionais, financiada em 49% pela UE. “Sei que o preço será elevado, mas é vital que apoiemos os nossos agricultores. Consultaremos os nossos parceiros europeus e espero que sejam solidários com esta iniciativa”, declarou.

A União Europeia (UE) suspendeu em maio de 2022, por um ano, os direitos aduaneiros sobre todos os produtos importados da Ucrânia e trabalhou para permitir a exportação dos seus stocks de cereais após o encerramento das rotas do Mar Negro, na sequência da invasão do país pela Rússia em fevereiro 2022.

Os países vizinhos da UE registaram um aumento substancial nas chegadas de milho, trigo ou girassol da Ucrânia, fazendo com que os silos ficassem cheios, os mercados saturados e os preços locais caíssem. Polónia, Hungria, Eslováquia, Bulgária e Roménia proibiram, por isso, cereais e outros produtos agrícolas importados da Ucrânia em meados de abril passado, dizendo que queriam proteger os seus agricultores, o que abriu um confronto com a Comissão Europeia, responsável pela política comercial da UE.

A Ucrânia tem estado dependente das rotas de exportação alternativas da UE desde que a Rússia pôs fim ao acordo sobre o corredor de cereais ucranianos através do mar Negro. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já reagiu à decisão da Comissão Europeia de levantar as restrições às importações de cereais da Ucrânia, afirmando que já agradeceu à presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, “por ter mantido a sua palavra e defendido as regras do mercado único”.

“Este é um exemplo de como a Ucrânia e a UE estão a trabalhar em conjunto, em verdadeira unidade e com confiança. Quando as regras são seguidas e os acordos cumpridos, a Europa ganha sempre”, defendeu Zelensky.

Na mesma mensagem, conhecida antes da divulgação das posições assumidas por Varsóvia, Budapeste e Bratislava, o chefe de Estado ucraniano sublinhou também que era “fundamental que a solidariedade europeia funcione agora a nível bilateral, para que os vizinhos da Ucrânia a apoiem em tempo de guerra”. E acrescentou ainda que “se as suas decisões violarem a legislação da UE, a Ucrânia responderá de forma civilizada”.

(notícia atualizada pela última vez às 21h08)

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