Tecnologia, inflação e ESG no topo da agenda dos órgãos de fiscalização
A cibersegurança, privacidade de dados e inteligência artificial destacam-se como os temas que enfrentam maior risco de lacunas de supervisão no que diz respeito à administração das empresas.
As tendências que mais vão influenciar a agenda de trabalho dos órgãos de fiscalização das empresas nos próximos tempos são, por esta ordem, uma maior complexidade do ambiente de negócios, muito ligada a temas de tecnologia, os riscos geopolíticos e económicos, como a inflação e, por fim, o reporte ambiental, social e de governança.
A conclusão é do estudo “Global Audit Committee Survey”, da consultora KPMG, que entrevistou mais de 700 membros e presidentes de Comissões de Auditoria de todo o mundo, incluindo Portugal. O estudo analisa como os membros destes órgãos de fiscalização estão a gerir o seu trabalho e as responsabilidades de supervisão, num contexto de incerteza e disrupção, explica a auditora.
Confrontados com a questão “que macrotendências terão maior impacto no enfoque e na agenda do seu órgão de fiscalização nos meses vindouros?”, 87% dos inquiridos em Portugal elegeram, em primeiro lugar, uma “maior complexidade do ambiente de negócios e de risco”, dando como exemplos a cibersegurança e desenvolvimentos no domínio da inteligência artificial, mas também disrupções na cadeia de fornecimento e desafios relacionados com a força de trabalho.
Em segundo lugar, 67% dos inquiridos reconhecem como fator de impacto os riscos geopolíticos e económicos, incluindo a inflação e uma possível recessão. Em terceiro lugar, 47% das empresas apontam o reporte ambiental, social e de governança (ESG) como impactante em termos de agenda.
Além disso, deteta o mesmo estudo, os órgãos de fiscalização estão “profundamente” envolvidos na supervisão das divulgações ESG e de sustentabilidade, e antecipam um maior envolvimento. Em Portugal:
- Em 87% dos casos, os órgãos de Fiscalização supervisionam o compliance com os requisitos legais e regulamentares relacionados com ESG (contra apenas 57% a nível internacional)
- 73% supervisionam o reporte voluntário em matéria de ESG/sustentabilidade (acima dos 49% detetados internacionalmente)
- Outros 73% supervisionam as divulgações relacionadas com ESG nos registos regulamentares (novamente, acima da média internacional, que se fixa nos 41%)
- 27% supervisionam os processos de gestão para determinar que questões ESG são relevantes para o negócio (abaixo dos 39% identificados lá fora)
“As propostas de divulgação de informações em matéria de clima da Securities and Exchange Commission e a Diretiva de Corporate Sustainability Reporting da União Europeia, aumentarão a carga de trabalho e as responsabilidades de supervisão do órgão de fiscalização e potencialmente exigirão uma maior coordenação com outras comissões permanentes”, alerta o estudo.
Cibersegurança com o maior risco de falhar
Apesar de os temas acima descritos marcarem a agenda da administração, muitos deles são novamente exaltados quando a pergunta é quais os riscos que “mais o preocupam em termos de potenciais lacunas na supervisão?”.
A cibersegurança, privacidade de dados e inteligência artificial destacam-se como os temas que enfrentam maior risco de lacunas, tanto em Portugal como lá fora. Por cá, 80% dos inquiridos mostram-se preocupados, concordando com 55% dos inquiridos internacionalmente.
A seguir a este tema, as administrações portuguesas preocupam-se sobretudo com a gestão do capital humano (60%) e da sustentabilidade (40%). No universo geral de inquiridos, a segunda maior preocupação é o compliance legal e regulamentar, que em Portugal só é apontada por 20%.
No que diz respeito às maiores ameaças às empresas em termos financeiros, a atração e retenção de talento é a mais apontada em Portugal (73% dos inquiridos). Segue-se, novamente, a gestão da disrupção e transformação digital (47%) e, finalmente, as novas divulgações regulamentares relacionadas com ESG, mas também cibersegurança e recursos humanos (40%).
Soluções? O estudo aponta alguns ajustamentos que poderiam melhorar a eficácia do órgão de fiscalização. Quando questionados sobre as oportunidades mais importantes para maximizar a eficácia, os inquiridos referiram a melhoria da qualidade e do fluxo de informação proveniente da gestão (53%) e, em segundo lugar, agendas de trabalho mais específicas (47%). Em terceiro fica a inclusão de conhecimentos específicos no órgão de fiscalização (33%).
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