Startups com marcas e patentes têm 10 vezes mais sucesso a atrair investimento

Em Portugal, 21% das startups tem um pedido de registo de propriedade intelectual, 42% dos quais na área de biotecnologia.

As startups na fase seed ou earlystage com pedidos de registo de patentes e marcas têm até 10,2 vezes mais probabilidade de sucesso na obtenção de financiamento, aponta o estudo “Patents, trade marks and startup finance Funding and exit performance of European startups”, levado a cabo pela Organização Europeia de Patentes (OEP) e o Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO), conhecido esta terça-feira.

O registo de patentes e marcas a nível europeu é associado a uma “ainda maior probabilidade” de obtenção de subsequente financiamento de venture capital para startups. Em Portugal, 21% das startups tem um pedido de registo de propriedade intelectual, 42% dos quais na área de biotecnologia.

Depois de um boom de liquidez no mercado de capitais, as startups enfrentam maiores dificuldades na obtenção de investimento, com o número de rondas a reduzir. Em Portugal, de acordo com os dados da Dealroom, foram levantados 153 milhões de euros – no ano passado, em 12 meses foram 954 milhões, o que já representava uma descida face aos 1,5 mil milhões levantados em 2021.

Mas o registo de marcas e patentes pode dar um contributo na capacidade das startups levantaram mais capital, aponta um estudo da Organização Europeia de Patentes e do Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia.

Fonte: “Patents, trade marks and startup finance Funding and exit performance of European startups”, levado a cabo pela Organização Europeia de Patentes (OEP) e o Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO).

“O pedido de patentes e marcas registada na fase seed e early growth stage está associado a uma maior probabilidade de obtenção de financiamento de venture capital. Este efeito é particularmente importante na fase early stage, sendo 4,3 vezes mais elevado em startups que fizeram registo de marcas e 6,4 vezes mais elevado para startups que fizeram pedidos de patentes”, pode ler-se no estudo. “Startups com pedidos de registo tanto para marcas como patentes revelam maior probabilidade de financiamento tanto na fase seed como early stage.

Se o registo de marcas ou patentes tiver uma dimensão europeia e não apenas nacional, as probabilidades de obtenção de investimento também aumentam. “Startups que têm um registo de marca europeu têm uma probabilidade de 6,1 vezes maior de obter financiamento early stage, comparado com os 2,2 daquelas que fizeram apenas um pedido de registo nacional”, aponta o estudo. O mesmo sucede com o registo de patentes europeias (5,3): vs as nacionais (3,8).

Fonte: “Patents, trade marks and startup finance Funding and exit performance of European startups”, levado a cabo pela Organização Europeia de Patentes (OEP) e o Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO).

O mesmo efeito amplificador se aplica no caso de um exit: é 2,1 vezes mais provável no caso de registo de marca, 2,4 no caso de patentes e de 3,2 em ambos os casos.

Fonte: “Patents, trade marks and startup finance Funding and exit performance of European startups”, levado a cabo pela Organização Europeia de Patentes (OEP) e o Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO).

 

Biotecnologia lidera pedidos de registos

“As startups são catalisadores dinâmicos da inovação e do crescimento económico. Possuem o potencial para desenvolver novas soluções capazes de enfrentar os desafios mais prementes da sociedade e de proporcionar um futuro mais sustentável. Por isso, é imperativo descobrir novas formas de fomentar o apoio às nossas startups. A entrada em vigor, em junho passado, da Patente Unitária, que se traduz num único pedido de patente, com um único procedimento de tramitação, sujeito a uma única taxa e a um único sistema jurisdicional, representa um passo fundamental para assegurar uma maior acessibilidade ao sistema de patentes”, aponta António Campinos, presidente da Organização Europeia de Patentes, citado em comunicado.

Em média, 29% das startups europeias apresentaram um pedido de registo de direitos de propriedade intelectual (PI), com 21% das 3.133 startups portuguesas analisadas a fazer um pedido de registo de propriedade intelectual – 20% refere-se a registo de marca, 3% a patente e 2% a pedido de marca e patente, refere o estudo.

“A biotecnologia é o setor mais ativo em matéria de PI na Europa, com quase metade das startups a utilizar patentes ou marcas registadas. Este setor lidera também a nível nacional, sendo responsável por 42% dos pedidos de registo de direitos de PI, com 25% das startups a apresentarem um pedido de patente e 11% a serem titulares de pedidos de registo de patente e de marca“, informa a OEP/EUIPO em comunicado.

Cuidados de saúde, a agricultura e agropecuária, o setor de produção industrial e a ciência e engenharia são outros setores que se destacam a nível nacional. “É interessante notar que, apesar de o turismo ser um setor de grande relevância para a economia portuguesa, apenas 16,4% das startups do setor detêm direitos de Propriedade Intelectual“, pode ler-se em comunicado.

No que respeita às marcas registadas, agricultura e agropecuária lidera o número de pedido (33%), seguidas pelos setores da alimentação e bebidas (32%) e bens de consumo (31%).

Ferramenta para ligar startups a investidores

“Visando facilitar o acesso das startups europeias ao capital de risco necessário para que possam crescer e fazer chegar as suas tecnologias inovadoras ao mercado, a OEP apresenta hoje, no âmbito do seu Observatório de Patentes e Tecnologia, o Deep Tech Finder, uma ferramenta inovadora que permitirá a potenciais investidores, identificar e avaliar startups com tecnologias pioneiras e promissoras”, anuncia ainda António Campinos.

A nova ferramenta digital gratuita visa ajudar “potenciais investidores a identificar e a avaliar startups que estão a introduzir no mercado inovações disruptivas em áreas tecnológicas críticas para o desenvolvimento sustentável.”

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