COP28 deve abrir-se ao setor privado em larga escala, defende presidente da cimeira
O presidente da COP foi crítico dos que receiam que as negociações sobre a luta contra as alterações climáticas sejam prejudicadas pela presença maciça de indústrias poluentes.
A 28.ª conferência das Nações Unidas sobre o clima, a COP28, deve abrir-se ao setor privado “a uma escala nunca antes vista”, para que a transição energética mundial seja bem-sucedida, defendeu esta segunda-feira o presidente da cimeira, em Abu Dhabi.
A um mês da conferência do Dubai, Sultan Al Jaber (presidente em exercício) disse que será o setor privado que vai fornecer os milhares de milhões de dólares necessários para essa transição, e foi de novo crítico dos que receiam que as negociações sobre a luta contra as alterações climáticas sejam prejudicadas pela presença maciça de indústrias poluentes na grande feira económica organizada à margem das negociações.
A COP28, que se realiza no Dubai de 30 de novembro a 12 de dezembro, conta com um número recorde de 70.000 participantes.
“A inclusão é um princípio fundamental da COP28. Isto inclui a abertura ao setor privado a um nível nunca antes visto”, afirmou Sultan Al Jaber, que é também presidente da empresa petrolífera dos Emirados Árabes Unidos Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC).
O responsável falava no início de dois dias de discussões com cerca de 70 ministros do setor do ambiente de todo o mundo, que estão a debater os pontos difíceis das negociações sobre a primeira avaliação global do Acordo de Paris. O objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris, que consiste em limitar o aquecimento global a 1,5°C desde a era pré-industrial, tem sido comprometido até agora.
Na COP28, “os decisores do setor financeiro estarão connosco… os líderes do setor tecnológico estarão connosco… os líderes de todos os grandes setores industriais da economia mundial estarão connosco”, defendeu Sultan Al Jaber.
E como tem sido hábito o dirigente da indústria dos hidrocarbonetos recordou aos países ricos, poluidores históricos, a sua obrigação de financiar a adaptação e a transição ecológica dos países em desenvolvimento.
Os países ricos ainda não honraram a sua promessa de fornecer 100 mil milhões de dólares de ajuda por ano e devem dar sinais adicionais se quiserem chegar a um acordo final ambicioso na COP28.
Mas ainda assim esta ajuda pública fica muito aquém das necessidades, estimadas em vários biliões de dólares.
“Temos de transformar as instituições financeiras internacionais, criar mercados de carbono e incentivar o investimento privado para transformar os milhões em milhares de milhões“, acrescentou Sultan Al Jaber. “É assim que vamos restaurar a confiança” entre o Norte e o Sul, disse.
E acrescentou, como exemplo da mobilização da indústria em paralelo com s negociações entre os países: “Mais de 20 empresas do setor do petróleo e do gás responderam ao apelo da COP28 para acabar com as emissões de metano até 2030”.
Sultan Al Jaber disse saber que existem fortes opiniões sobre a ideia de incluir no acordo final da COP28 “uma formulação sobre combustíveis fósseis e energias renováveis”.
A reunião preparatória da COP28 juntou na capital dos Emirados Árabes Unidos mais de 100 delegações, o dobro do que é usual, com Sultan Al Jaber, que também é ministro da Energia dos Emirados, a pedir união em relação ao clima.
“Temos de nos superar. Temos de nos unir. Temos de atuar. E temos de atuar no Dubai”, afirmou na abertura do encontro.
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