Número de obras de arte leiloadas atingiu recorde de 5.700 peças em 2022

  • Joana Abrantes Gomes
  • 5 Novembro 2023

O britânico David Hockney foi o artista com maior valor vendido, gerando 75 milhões de dólares, revela o relatório Hiscox Artist Top 100.

O número de obras de arte contemporânea vendidas em leilão atingiu um novo recorde em 2022. Ao todo, as leiloeiras Sotheby’s, Christie’s e Phillips venderam 5.726 peças produzidas após 2000, mais 48% em relação ao ano anterior, quando foram vendidos 3.871 lotes, de acordo com um relatório da seguradora internacional Hiscox. Já o valor registou uma pequena quebra.

Do total de obras leiloadas no ano passado, 1.033 eram lotes de “tinta fresca” (obras de arte leiloadas nos primeiros dois anos após a sua produção), o que corresponde a um aumento de 116% face à venda deste tipo de obras em 2021.

Estes números sustentam as palavras de Rui Ferraz, diretor comercial da Innovarisk, representante da Hiscox em Portugal, que aponta para uma maior especulação no mercado de arte contemporânea: “O excesso de liquidez (incluindo em criptomoeda) dos últimos anos faz com que qualquer potencial next big thing dispare nos mercados secundários (leilões, físicos ou online), enquanto está nas bocas do mundo, porque o ruído mediático gera uma autêntica corrida ao ouro em que ninguém quer ficar para trás”.

Em termos do valor global das vendas de arte contemporânea, o relatório Hiscox Artist Top 100 (HAT 100) revela uma queda de um pico de 1,192 mil milhões de dólares, em 2021, para 1,151 mil milhões de dólares no último ano.

Segundo o relatório, elaborado a partir de uma pesquisa da ArtTactic, o artista com maior volume de vendas em 2022 foi o britânico David Hockney, gerando 75 milhões de dólares em valor leiloado. “Winter Timber”, de 2009, foi a pintura de Hockney de maior valor vendida no ano passado, tendo sido leiloada pela Christie’s, em Nova Iorque, por 20 milhões de dólares.

Olhando para os últimos cinco anos, desde 2018 até 2022, o britânico Banksy foi o artista cujas obras de arte geraram mais dinheiro em vendas, num total de 205 milhões de dólares. No entanto, a procura por obras deste artista de rua tem vindo a baixar: face a 2021, as vendas em leilão de obras únicas caíram 73% e o número de obras únicas em leilão diminuíram 33%.

O norte-americano KAWS, embora tenha vendido mais obras do qualquer outro nos últimos cinco anos, viu a quantidade de peças suas a leilão baixar 83% desde o pico de 2019. É Aboudia, um artista natural da Costa do Marfim e radicado em Nova Iorque, quem lidera a lista do maior número de obras de arte vendidas em 2022 (75).

“Em momentos conturbados, de guerras, doença e de turbulência económica, os investidores preferem o valor mais seguro de artistas consagrados como Hockney. Mas o facto de os artistas contemporâneos refletirem nas suas obras os medos, anseios e dúvidas de uma geração, mas também as suas próprias crenças e opiniões, faz com que a sua popularidade varie ao ritmo dos acontecimentos, e da sua posição sobre os mesmos”, afirmou Rui Ferraz, citado num comunicado enviado ao ECO.

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