Empresas da UE consideram que China representa o maior risco como fornecedor
Inquérito do BCE revela que a grande maioria das empresas da União Europeia indicou que o aprovisionamento de fatores de produção críticos na China é de alto risco.
As empresas da União Europeia (UE) consideram que a China é o país que representa o maior risco tanto para as suas próprias cadeias de abastecimento como para as do seu setor de atividade, segundo um inquérito do Banco Central Europeu (BCE) divulgado esta segunda-feira.
Este é a conclusão de um inquérito realizado por economistas do BCE a 65 empresas muito grandes da UE, que está incluído no próximo boletim económico da entidade e que foi publicado esta segunda-feira. “A China foi a fonte dominante de fatores de produção críticos e também o país mais frequentemente mencionado em termos de riscos percebidos tanto para a cadeia de abastecimento da empresa como para a sua indústria“, afirmam.
Os fatores de produção críticos são considerados bens sem os quais uma empresa não pode concluir a sua atividade, sofreria atrasos significativos ou pioraria a qualidade do bem ou serviço que produz.
Cerca de 55% das empresas indicaram que a sua empresa se abastecia de fatores de produção críticos (total ou fortemente) num país ou países específicos. A grande maioria das empresas indicou que o aprovisionamento de fatores de produção críticos na China é de alto risco.
Já 40% das empresas inquiridas pelo BCE afirmaram que a sua empresa adquire fatores de produção críticos à China e que tal acarreta riscos elevados, e quase 65% sublinharam que a China cria ou pode criar estrangulamentos na cadeia de abastecimento do seu setor.
O questionário do BCE às empresas considerou que estes riscos poderiam incluir o perigo de uma súbita escalada das tensões económicas ou políticas entre países (por exemplo, entre a China e os Estados Unidos). E que tal resultaria em proibições de importações ou exportações de produtos específicos, num reforço dos requisitos de conteúdo local, “no contexto do acordo comercial entre a UE e o Reino Unido, no aprovisionamento de países em (risco de) conflito, em riscos de alterações climáticas, etc.”.
O estudo refere ainda que 8% das empresas afirmou que a sua empresa se abastece de fatores de produção críticos nos EUA e apenas 5% consideraram que se trata de um risco. Outros países que representam ou podem representar um risco para as empresas da UE são Taiwan, Índia, Turquia e Rússia.
A maioria das empresas da UE considera que seria muito difícil substituir fatores de produção críticos provenientes de países de alto risco como a China. No entanto, a maioria das empresas está atualmente a aplicar “estratégias para reduzir a sua exposição” à China.
As alterações na localização da produção e o aprovisionamento transfronteiras de fatores de produção aumentaram inicialmente os preços, mas os economistas do BCE esperam que o impacto diminua nos próximos cinco anos.
Estas mudanças são menos dispendiosas se forem cuidadosamente planeadas, mas algumas tiveram de ser feitas de forma imprevista e repentina, por exemplo, em resposta à pandemia ou à invasão da Ucrânia pela Rússia, e foram, por isso, mais dispendiosas, segundo o BCE.
Quase 40% das empresas da UE planeiam deslocalizar a sua produção para fora da UE e localizá-la perto do local de produção final ou do país de venda.
Ao mesmo tempo, outras empresas consideram a possibilidade de deslocalizar a sua produção para a UE devido a riscos geopolíticos noutros países. A procura e os custos motivam as empresas a deslocarem-se para fora da UE.
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