Produção de petróleo deve superar (em dobro) os limites de Paris em 2030

Quase 90% das emissões de carbono a nível global têm origem em combustíveis fósseis, sendo que estas emissões atingiram níveis recorde entre 2021 e 2022.

Para que o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris seja cumprido, isto é, limitar o aquecimento global em 1,5 graus centígrados, é necessário limitar a produção de combustíveis fósseis. Contudo, esta produção deverá atingir em 2030 mais do dobro da quantidade que permite que este objetivo de Paris se concretize.

Esta é a conclusão partilhada esta quarta-feira, num relatório elaborado pelo Programa Climático das Nações Unidas (UNEP, na sigla em inglês) e por associações independentes como a Climate Analytics e a E3G, num total de 80 investigadores. Estes analisaram a produção planeada de carvão, petróleo e gás em 19 dos 20 países que constituem maiores produtores globais de combustíveis fósseis — são donos de 80% da produção.

De acordo com os cálculos destas entidades, enquanto a quantidade de produção de combustíveis fósseis prevista para 2030 ultrapassa em 110% o limite que permite ficar por um aumento de 1,5 graus centígrados (um hiato de 22 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente), se considerado o objetivo menos ambicioso de Paris, que coloca a fasquia nos 2 graus centígrados, a produção continua a exceder o limite — neste caso, em 67%.

A produção de gás e petróleo é liderada pelos Estados Unidos, seguidos da Rússia e da Arábia Saudita, respetivamente. No que diz respeito ao carvão, a China é o maior produtor, seguida pela Índia.

Tendo em conta os riscos e incertezas quanto à captura, remoção e armazenamento de carbono, “os países devem almejar uma eliminação quase total da produção e uso de carvão até 2040“, ao mesmo tempo que se reduz a produção de petróleo e gás, em termos combinados, em três quartos até 2050, em relação aos níveis de 2020, lê-se no comunicado partilhado.

Quase 90% das emissões de carbono a nível global têm origem em combustíveis fósseis, sendo que estas emissões atingiram níveis recorde entre 2021 e 2022.

“Governos com maior capacidade de abandonar os combustíveis fósseis devem propor-se a alcançar reduções mais ambiciosas e apoiar os processos de transição em países de recursos mais limitados”, defendem ainda os autores do relatório.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Produção de petróleo deve superar (em dobro) os limites de Paris em 2030

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião