É preciso mais talento e salários mais bem pagos no setor do turismo, defende governante
"Quem quer vingar na atividade de turismo deve apostar nas pessoas, na qualificação e na sua remuneração", diz Nuno Fazenda.
Naquela que deverá se a sua última aparição política, o secretário de Estado do Turismo, Nuno Fazendo, defendeu esta quinta-feira, no Porto, que é preciso continuar a apostar no talento, na formação e em salários mais bem pagos aos trabalhadores do setor, além potenciar ainda mais a atividade turística no interior do país. Sobretudo quando o turismo cresceu este ano a olhos vistos, sendo “o melhor ano de sempre para o setor“. Mas não perdeu a oportunidade de elogiar o trabalho de casa feito pelo Governo que agora sai.
Segundo dados divulgados esta quinta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o setor do alojamento turístico registou 7,4 milhões de dormidas em outubro, mais 8,5% do que no mesmo mês de 2022, devido sobretudo a estrangeiros.
“Procurámos fazer o que ainda não foi feito, mas ainda há muito por fazer. Temos muitos desafios para enfrentar no futuro: prosseguir a aposta no desenvolvimento turístico no interior e ainda a valorização e melhoria das condições dos nossos trabalhadores, e ainda valorização da autenticidade, genuidade do nosso turismo”, sustentou Nuno Fazenda. O secretário de Estado interveio durante a abertura do 48.º congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), na Alfândega do Porto que reuniu 770 congressistas com foco nos desafios da Inteligência Artificial no setor.
Temos que criar melhores condições para atrair talento para o turismo e, por isso, a dimensão dos salários é importante. O turismo cresceu sempre em dois dígitos nos últimos anos, com exceção do ano da pandemia, mas também temos que aumentar os salários que são 30% abaixo da média da economia.
“Há cerca de um ano, a minha primeira intervenção [enquanto secretário de Estado do Turismo] foi precisamente no congresso da APVDT, nos Açores, e a palavra que reinava era a incerteza quanto ao futuro da economia, do turismo e isso resultava, desde logo, porque tínhamos saído de uma pandemia, tínhamos a invasão da Rússia à Ucrânia, a inflação”. Um ano depois, Nuno Fazenda regressa ao evento da associação e está de saída do Governo.
“Agora que termina 2023 esse sentimento de incerteza se transformou numa quase certeza de que este deverá ser o melhor ano de sempre do setor”, sublinhou o governante. “Hoje mesmo saíram dados do INE em que os primeiros dez meses confirmam que tornámos a crescer em todos os indicadores, reforçando o crescimento do setor em todo o país”. E que “supera as previsões da Organização Mundial de Turismo que previam entre 85 a 95% da recuperação dos números da pré-pandemia. Em 2023 já temos mais de 37% das receitas turísticas face a 2019“.
Para Nuno Fazenda está a ser um ano extraordinário: “Aumentámos em hóspedes, em dormidas nos diferentes mercados e isso deve-se às empresas que são o motor da economia do turismo, aos seus trabalhadores, às instituições e a também a políticas públicas que favoreceram esse crescimento”. De acordo com dados do INE, os mercados externos “continuam a garantir o crescimento das dormidas”, com um aumento de 11,5%, para 5,5 milhões em outubro. Já as dormidas de turistas residentes em Portugal tiveram um crescimento marginal de 0,3% para 1,8 milhões.
Apesar deste crescimento, o secretário de Estado diz que “o setor tem défice de recursos humanos e são precisas mais qualificações“. Nesse sentido, o Governo “já lançou a agenda das profissões que foi debatida com o setor”, conseguindo atrair mais alunos para as escolas de turismo. Mas é preciso continuar a apostar.
Aumentámos em hóspedes, em dormidas nos diferentes mercados e isso deve-se às empresas que são o motor da economia do turismo, aos seus trabalhadores, às instituições e a também a políticas públicas que favoreceram esse crescimento.
“Temos que criar melhores condições para atrair talento para o turismo e, por isso, a dimensão dos salários é importante. O turismo cresceu sempre em dois dígitos nos últimos anos, com exceção do ano da pandemia, mas também temos que aumentar os salários que são 30% abaixo da média da economia“, defendeu. Mais, reiterou, “quem quer vingar na atividade de turismo deve apostar nas pessoas, na qualificação e na sua remuneração“.
Entre as medidas de apoio ao setor lançadas pelo Governo cessante estão, elencou Nuno Fazenda, a linha de apoio por causa dos efeitos da pandemia ou os 11 projetos da Agenda do Turismo para o Interior, num investimento de valor superior a cinco milhões de euros, para revitalizar o interior do país.
Já o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, referiu antes da intervenção do secretário de Estado do Turismo que 2023 “não foi o ano da total regeneração”, mas um ano de recuperação e da sua reconfirmação. “De recuperação, porque as agências de viagens tiveram este ano, de um modo geral, uma boa demonstração de resultados, em alguns casos, a melhor de sempre”, explicou durante o discurso de abertura do congresso.
Também foi um ano “de reconfirmação, porque o setor das agências de viagens revelou-se altamente competitivo, batendo recordes de emissão de passagens aéreas regulares, aumentando a influência na operação de lazer dos portugueses, com novos destinos e mais operações charter, aumentando a capacidade de trazer eventos e turistas para todos os cantos do nosso país”, adiantou. “Sim, 2023 foi um ano de recuperação e de reconfirmação, para as agências de viagens, que se reergueram”, reiterou este responsável.
O setor das agências de viagens revelou-se altamente competitivo, batendo recordes de emissão de passagens aéreas regulares, aumentando a influência na operação de lazer dos portugueses, com novos destinos e mais operações charter, aumentando a capacidade de trazer eventos e turistas para todos os cantos do nosso país.
De olhos postos na tecnologia e a propósito do foco deste congresso – desafios da Inteligência Artificial no setor –, Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, revelou, por sua vez, que a monitorização de dados em tempo real para prever tendências de turismo e recursos é uma das prioridades para a estratégia de 2024-2030 da entidade nortenha. “A inovação e digitalização para oferecer experiências em termo real, nos instrumentos de comunicação e criar experiências de marketing e produtos altamente personalizadas” estão no topo das metas a atingir, avançou.
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