Exclusivo Futuro megaprojeto de aço verde em Sines quer arrancar produção em 2028
O projeto, que foi um dos 17 que manifestou interesse em ligar-se à rede em Sines, aguarda resposta para arrancar com a primeira fase do investimento, que deverá rondar os 2,4 milhões de euros.
Apesar da instabilidade política e de os projetos ligados ao hidrogénio estarem debaixo do olho da Justiça, o CEO da H2 Green Steel mantém confiança no potencial de Portugal vir a acolher a segunda unidade de aço e hidrogénio verde da empresa, em Sines, tendo marcado no calendário o arranque da produção para o final de 2028.
A decisão de avançar com o investimento não é, contudo, definitiva. O investimento da startup sueca foi um dos 17 projetos que manifestou interesse, no passado mês de novembro, em conectar-se à rede de Sines, estando agora à espera de “luz verde” da RESP (rede elétrica de serviço público, operada pela REN) para poder avançar.
“Ainda não foi feito um anúncio final sobre a atribuição de capacidade de rede. Se o projeto receber uma resposta positiva, procederemos ao desenvolvimento de todos os aspetos necessários para um projeto bem sucedido. Um aspeto importante é assegurar o êxito do pedido de autorização”, explica a empresa ao Capital Verde. Caso a empresa desista de avançar com o investimento em Portugal, a H2 Green Steel deverá realocar a aposta para Espanha.
Formada há quase três anos, a H2 Green Steel é uma startup especializada na produção de “aço verde”, através da descarbornização do processo de transformação do minério de ferro. O hidrogénio verde é um dos elementos desse processo. A indústria do aço é uma das mais poluentes, sendo responsável por 8% das emissões de dióxido de carbono mundiais.
Assim que surja a “luz verde” da RESP, a primeira fase do investimento para a arrancar com a produção de aço “verde” vai custar à H2 Green Steel 2,4 milhões de euros. A ideia será inaugurar uma central de hidrogénio “verde” de grande escala — com uma potência de cerca de 1 gigawatt — que recorra a eletrolisadores, alimentados com cerca de oito terawatts de eletricidade “verde” por ano e água, para produzir cerca de 100.000 toneladas de hidrogénio verde por ano.
Este gás será utilizado para processar três milhões de toneladas por ano de pellets de minério de ferro num reator DRI (direct reduction iron) que resultará, por sua vez, em 2,1 milhões de toneladas por ano de hot briquetted iron, considerado um ferro premium.
O modelo não será novo. Na verdade, em 2025, a startup sueca, avaliada em 60 mil milhões de euros, vai arrancar a produção de aço “verde” no país de origem e a expectativa é que consiga cobrir até 4% de todo o mercado de aço na Europa.
“Este ferro [produzido em Portugal] seria exportado principalmente para a União Europeia para que as siderurgias existentes o possam utilizar para descarbonizar os seus atuais processos de aço “castanho”, isto é, produzido com combustíveis fósseis, detalha a H2 Green Steel.
“O investimento para a fase 1 seria de cerca de 2,4 milhões de euros e o início da produção dar-se-ia no final de 2028″, revelam.
Tal como o ECO/Capital Verde já tinha adiantando, o total do investimento deverá rondar os 2,3 mil milhões de euros no entanto, está previsto um reforço adicional de 600 milhões de euros para a construção e instalação de centrais solares que servirão para alimentar a unidade de produção.
A fábrica deverá levar quatro anos a ser construída, o que sugere que a intenção da H2 Green Steel é de lançar a primeira pedra já entre 2024 e 2025. Só para a fase de construção da fábrica, a startup sueca estima que sejam precisos 4.000 trabalhadores. Em 2028, na data que se prevê que a unidade já esteja operacional, deverão ser criados 400 postos de trabalho diretos e cerca de 2.000 empregos indiretos.
O CEO, Henrik Henriksson, esteve presente na edição deste ano da Web Summit, onde detalhou que embora o aço verde seja 25% mais caro do que o aço tradicional, emite menos 95% de dióxido de carbono durante a produção. “Esse é o tipo de resultados que queremos alcançar”, sublinhou, referindo ainda, a título de exemplo, que a indústria automóvel poderá ser um dos principais beneficiados deste material.
Suecos acompanham “de perto” Operação Influencer
Além de aguardar resposta à manifestação de interesse, os suecos dizem estar a acompanhar o processo judicial no âmbito da Operação Influencer, que se debruça sobre investimentos em Sines ligados à produção de hidrogénio.
“A estabilidade política é sempre preferível“, dizem ao Capital Verde. E, embora garantam que a H2 Green Steel não foi, nem deverá vir a ser, “implicada em nada” relacionado com o caso, a empresa diz estar “naturalmente, a acompanhar de perto estes assuntos sérios”.
Tal como Henriksson revelou durante a sua intervenção na Web Summit, o interesse por Portugal prende-se com as boas condições regulatórias e de produção de energia renovável, assim como o talento. E, em Sines, indica a empresa ao Capital Verde, está assegurado “tudo aquilo” que necessitam.
“Portugal está estrategicamente localizado para a produção em larga escala de eletricidade renovável a um custo competitivo, proporcionando vantagens logísticas para o transporte de ferro verde para a indústria siderúrgica na Europa”, acrescenta a empresa, sublinhando que essas condições são “fundamentais” e “fazem de Portugal um local atrativo para investimentos em hidrogénio verde”.
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