Privados das PPP exigem compensações de mil milhões de euros ao Estado

Só as concessionárias de estradas pedem 529 milhões de euros e a ANA quer 214 milhões de euros pela redução de tráfego nos aeroportos durante a pandemia, destaca a UTAO na análise ao OE para 2024.

Das estradas à ferrovia, passando pelos aeroportos, as concessionárias das parcerias público-privadas (PPP) exigem ao Estado compensações e indemnizações de mais de mil milhões de euros ao Estado, concretamente, 1.002,4 milhões de euros, segundo a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) na apreciação final do Orçamento do Estado para 2024, divulgado esta segunda-feira.

Os peritos que apoiam os trabalhos parlamentares esclarecem que o levantamento realizado diz respeito a “litígios e pretensões compensatórias solicitadas pelos parceiros privados dos contratos de PPP que se encontravam pendentes de resolução até à data de 30 de junho de 2023. Para a entidade liderada por Rui Baleiras, estes “risco orçamentais que ascendem a 1.002,4 milhões de euros” devem ser tidos em conta no Orçamento do Estado para 2024.

Só as PPP rodoviárias podem custar 529 milhões de euros aos cofres públicos, isto é, mais de metade da fatura global, entre ações em tribunal e pedidos de reposição de equilíbrio financeiro devido a quebras de tráfego e consequente perda de receita acima do previsto. Segundo o relatório da UTAO, estas responsabilidades contingentes agravaram-se em 5 milhões de euros face aos 523 milhões de euros registados em 2022.

Destaca-se ainda o cheque de 214 milhões de euros exigidos pela ANA – Aeroportos de Portugal, “assinado” no terceiro trimestre de 2021, com base na redução das receitas da concessão devido às medidas de restrição do tráfego aéreo adotadas durante a pandemia da Covid-19, e a ação executiva de 192 milhões de euros, interposta pela ELOS — Ligações de Alta Velocidade, que corre nos tribunais desde 2013.

O valor das contingências associadas a contratos de PPP do setor da saúde ascendia a 60 milhões de euros a 30 de junho de 2023, um valor em linha com o registado no final de 2022.

Na rodovia, este tipo de responsabilidade contingente está concentrado no subconjunto das subconcessões rodoviárias num montante de cerca de 412 milhões de euros, relativamente ao qual se registou uma redução de 9,3 milhões de euros, face ao final de 2022. A este nível, a UTAU destaca a ação arbitral intentada pelo parceiro Rotas do Algarve Litoral, S.A. (subconcessão Algarve Litoral), no valor de 368 milhões de euros.

Quanto às concessões rodoviárias, os pedidos de compensação e indemnização ascendiam a 117 milhões no final de junho deste ano, tendo aumentado 15 milhões de euros no decurso do primeiro semestre deste ano, devido à nova ação arbitral, intentada pelo parceiro privado da Concessão Oeste (Auto-Estradas do Atlântico – Concessões Rodoviárias de Portugal, S.A.), no primeiro trimestre de 2023, no valor de 89,9 milhões de euros.

O valor das contingências registadas com as PPP do setor ferroviário ascendia a 204 milhões de euros a 30 de junho deste ano, o que representa um aumento de 10 milhões face aos 194 milhões registados em dezembro de 2022. Este agravamento deve-se sobretudo a novos pedidos de compensação, alguns dos quais relacionados com o impacto da pandemia.

A maior fatura na ferrovia é exigida pela ELOS — Ligações de Alta Velocidade que, desde 2013, mantém um diferendo judicial com o Estado. “O pedido de indemnização, na sequência da recusa de visto por parte do Tribunal de Contas, ascende a 192 milhões de euros”, segundo a UTAO.

O veto do Tribunal de Contas diz respeito “aos contratos com a Infraestruturas de Portugal relacionados com concessão de projeto, construção, financiamento, manutenção e disponibilização de infraestruturas ferroviárias no troço Poceirão-Caia e concessão de projeto, construção, financiamento, manutenção, disponibilização e exploração da Estação de Évora”, detalha a UTAO.

Relativamente à concessão Metro do Porto, o parceiro privado ViaPorto, do grupo Barraqueiro, solicitou compensações de 2,9 milhões de euros, devido a aumento dos custos em matéria de segurança e limpeza. O pedido, que remonta a 2019, ainda está “em fase de apreciação pela tutela do setor”, de acordo com o documento.

A Metro Transportes do Sul tem três pedidos de reposição de equilíbrio financeiro no valor de 4,2 milhões de euros: um relacionado com o alegado impacto na receita da pandemia, outro devido ao aumento dos custos da energia elétrica e um terceiro por causa da aplicação do Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART). Quanto à travessia ferroviária entre Lisboa e a margem Sul do Tejo, a Fertagus, do grupo Barraqueiro, exige compensações de 5,2 milhões de euros, que estão a ser avaliadas pelo parceiro público.

PPP da Saúde pedem 60 milhões de euros

O valor das contingências associadas a contratos de PPP do setor da saúde ascendia a 60 milhões de euros a 30 de junho de 2023, um valor em linha com o registado no final de 2022 (59 milhões de euros), sendo que “os montantes mais relevantes resultam de pedidos de reposição do equilíbrio financeiro devido a alegado impacto da pandemia”, de acordo com a UTAO.

A Ribera Salud, que gere o Hospital de Cascais, solicitou compensações de 33,3 milhões de euros, e a Luz Saúde, que em 2022 deixou de administrar o Hospital de Loures, regista pedidos de reequilíbrio financeiros, de 26,4 milhões de euros, destaca a UTAO.

Mantém-se ainda a contingência na parceria Oceanário de Lisboa, apresentada em 2021 pelo privado Jerónimo Martins, dono do Pingo Doce, devido ao impacto da pandemia de Covid-19 e das medidas restritivas então implementadas. Este pedido de compensação não foi, contudo, alvo de quantificação.

De salientar que, devido às quebras de receitas registadas pelos concessionários privados de PPP de vários setores, provocadas pelas restrições da pandemia da Covid-10, o Governo aprovou o decreto-Lei n.º 19-A/2020, de 30 de abril, que estabelece um regime excecional e temporário de reequilíbrio financeiro de contratos de execução duradoura.

Porém, este regime também “criou medidas extraordinárias e temporárias que visam limitar os efeitos negativos para o Estado, decorrentes do acionamento em simultâneo de eventuais direitos compensatórios pelos parceiros privados, sem qualquer restrição”, esclarece a UTAO. Daí que vários processos ainda estejam a correr nos tribunais.

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Governo caiu, mas “ainda é prematuro fazer funeral do acordo de rendimentos”

Queda do Governo será oficial já no início do próximo mês, mas parceiros sociais não dão por perdido o acordo de rendimentos assinado em Concertação, até porque OE2024 vai viabilizar algumas medidas.

O acordo de rendimentos celebrado na Concertação Social foi tido como uma das grandes vitórias do Governo de António Costa. Único na Europa, segundo a ministra do Trabalho. E um exemplo de diálogo social, na visão da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Promete resistir, pelo menos por agora, à queda do Executivo socialista, já que Marcelo Rebelo de Sousa decidiu permitir a aprovação do Orçamento do Estado para 2024, o que levará à concretização de algumas das medidas negociadas pelos parceiros sociais para o próximo ano.

Governo apresenta plano de resposta ao aumento dos preços - 06SET22

“O acordo não terminou. Poderá, contudo, hibernar, na execução de algumas das medidas nele contidas até que o novo Governo nos venha dizer qual a sua posição sobre o mesmo. Até à data, o acordo não foi cessado e não temos indicação de que até 10 de março de 2024 algo semelhante venha a ocorrer”, sublinha a Confederação do Turismo de Portugal (CTP), em declarações ao ECO.

E do lado dos representantes dos trabalhadores, Sérgio Monte, secretário-geral adjunto da UGT (a única central sindical que assinou o entendimento em causa) atira, na mesma linha: “É prematuro fazer o funeral do acordo de rendimentos“.

Convém explicar que o acordo de rendimentos foi celebrado com vista, por um lado, a convergir com a média da União Europeia no peso das remunerações no Produto Interno Bruto (PIB) e, por outro, a acelerar para 2% o crescimento da produtividade.

O entendimento foi originalmente assinado em outubro de 2022 pelo Governo, as quatro confederações patronais e a UGT, tendo como prazo o ano de 2026, altura em que o Governo de António Costa deveria terminar a legislatura em curso.

Uma investigação motivada por suspeitas de tráfico de influências nos negócios do lítio e do hidrogénio levou, contudo, a que António Costa tenha pedido demissão do cargo de primeiro-ministro a 7 de novembro, precipitando o fim dessa legislatura e colocando, por conseguinte, em cima da mesa a questão: afinal, o que acontece ao acordo de médio prazo para a melhoria dos rendimentos?

Ora, uma vez que o Presidente da República decidiu adiar a formalização da exoneração de António Costa para o início de dezembro, o Orçamento do Estado para 2024 poderá ser aprovado pela maioria socialista.

Do reforço do IRS Jovem ao alívio das tributações autónomas, várias das medidas do acordo de rendimentos para o próximo ano constam desse documento, pelo que a sua aprovação garante, por agora, a continuidade do entendimento entre os parceiros sociais, entendem os mesmos.

“Assim, como o Governo aprovou o aumento da remuneração mínima mensal garantida, esperamos que grande parte das medidas do acordo venham ainda a ser concretizadas“, sublinha a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), referindo-se não só à redução das tributações autónomas, mas também ao incentivo ao abate de viaturas em fim de vida e às medidas de apoio ao setor dos transportes.

Fora do Orçamento do Estado, “a operacionalização das alterações ao Fundo de Compensação do Trabalho é outra matéria que pode prosseguir”, frisa a CCP. Conforme escreveu o ECO, esse ponto do acordo de rendimentos depende, neste momento, do “sim” de Marcelo Rebelo de Sousa, e já está fora das mãos do Governo demissionário.

A estas medidas, a confederação liderada por João Vieira Lopes acrescenta ainda que espera que haja condições para que avancem também as medidas de simplificação ao nível da relação das empresas com a Segurança Social.

No mesmo sentido, da parte do Turismo, chega o entendimento de que, estando as medidas do acordo para 2024 incluídas no Orçamento do Estado, cuja aprovação está assegurada, estas poderão, então, sair do papel, mantendo-se o acordo, apesar da crise política.

Esta visão é também partilhada pelo sindicalista Sérgio Monte, que avisa, por outro lado, que, “era o que faltava“, que, estando a aprovação do Orçamento do Estado garantida, os patrões não cumprissem também o que o acordo prevê para 2024 em matéria de salários (como contrapartida às medidas previstas no Orçamento), isto é, o referencial de 5% para a subida das remunerações do privado.

Questionada sobre essa face do acordo, a Confederação do Turismo de Portugal afirma que as obrigações que foram subscritas “mantêm-se intactas” até ao momento que um novo Governo vá à Concertação Social esclarecer “o que pretende fazer”. Sinaliza, portanto, que se mantém obrigada a respeitar esse referencial. Esse referencial, importa esclarecer, serve de guia à negociação, mas não é vinculativo.

Também a CCP garante que o aumento dos salários continua a ser uma prioridade, mas não deixa claro o alerta que é preciso também ter em consideração a sustentabilidade dos negócios. “A CCP continua a considerar que o país tem de dar um salto em termos de modelo económico, deixando de ter uma economia assente em baixos salários. Para 2024, tal como aconteceu em 2023, as empresas que tenham condições devem prosseguir uma trajetória de subida de salários, sem colocar em causa, naturalmente, a sustentabilidade dos negócios“, assinala a confederação.

Além do referencial de 5% para o aumento global dos salários, o acordo de rendimentos prevê a subida do salário mínimo em 2024 de 760 euros para 820 euros. Esse aumento já foi promulgado por Marcelo Rebelo de Sousa, menos de 24 horas após ter sido aprovado em Conselho de Ministros.

Em causa fica, contudo, a trajetória futura da retribuição mínima garantida: o entendimento celebrado em Concertação Social já projetava que em 2026 o salário mínimo chegaria a, pelo menos, 900 euros, mas tal fica agora por garantir, dependendo, antes, da vontade do Governo que resultar da ida às urnas de março de 2024.

Parceiros querem acordo com novo Governo

João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP)Luís Francisco Ribeiro

Ainda que o país vá a eleições legislativas a 10 de março, os parceiros sociais acreditam que, querendo, poderá haver condições para o acordo de rendimentos se mantenha no prazo inicialmente previsto (até 2026).

“Acho que o Governo que virá a seguir também quererá cumprir esse acordo. Estamos em crer que honrará o acordo”, realça Sérgio Monte, que já tinha dito ao ECO que a UGT fará um esforço para que o entendimento possa ser ‘reassinado’ ou, no limite, renegociado com o próximo Executivo.

Da parte dos patrões, o Turismo garante que fará um esforço para que o entendimento seja revisitado ou reforçado, admitindo, por outro lado, criar de “algo novo”. “A CTP deseja-o e julgamos que um novo Governo também o vai desejar a bem da paz social e da dignidade do diálogo social em Portugal“, sublinha a confederação liderada por Francisco Calheiros.

No mesmo sentido, a CCP defende um contrato que “contemple um conjunto de áreas que interessam a cidadãos e empresas, abrangendo desde a economia à fiscalidade e a Segurança Social” e diz considerar que a Concertação Social “é a sede por excelência” para isso. “Estamos disponíveis para negociar as bases de um novo acordo com o Governo que resultar das próximas eleições“, assevera a confederação presidida por João Vieira Lopes.

De notar que o acordo de rendimentos já tinha sofrido um golpe ainda antes da demissão de António Costa, na medida que a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) decidiu não assinar o reforço deste ano.

Aliás, em outubro, Armindo Monteiro explicou aos jornalistas que as empresas que representa (cerca de 150 mil) se sentiam mesmo “desobrigadasde cumprir o referido referencial de 5%. Isto a menos que o Orçamento do Estado para 2024 incluísse algumas das medidas propostas pela CIP para promover a produtividade e competitividade dos empregadores.

Os partidos têm, então, até esta terça-feira, dia 14 de novembro, para apresentar propostas de alteração ao Orçamento do Estado (eventualmente, nesse sentido). Já a votação final global está marcada para 29 de novembro. Depois disso, no arranque de dezembro, a demissão de António Costa será oficializada, e o país ficará, assim, com um Governo de gestão.

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Jinko Solar: a importância da inovação e da abordagem centrada no cliente

  • Conteúdo Patrocinado
  • 14 Novembro 2023

Assente na experiência nos painéis solares, a Jinko Solar reforça a sua reputação no setor da inovação, colocando o cliente no centro das atenções.

Lucia Dolera, Business Developer Manager reafirma o compromisso na criação de produtos de alta qualidade que atendam às necessidades dos dos clientes, fala-nos das tendências do mercado e a importância de áreas como a tecnologia e inovação, assim como sobre sustentabilidade e os principais desafios que a Jinko Solar antecipa enfrentar na sua política de expansão no mercado europeu.

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CTT reclamam 1,8 milhões à TAP em tribunal pelo recuo da transportadora na mudança da sede

O processo deu entrada no tribunal a 30 de maio de 2023, segundo o Citius. Valor reclamado pelos correios diz respeito aos custos suportados pelos CTT por causa da alteração de planos da TAP.

Os CTT deram entrada com um processo contra a TAP por causa do recuo da transportadora na mudança da sede para o Edifício Báltico, no Parque das Nações, onde estavam instalados os correios. O processo deu entrada no Tribunal Central Cível de Lisboa a 30 de maio deste ano e os CTT reclamam 1,8 milhões de euros, de acordo com o Citius.

O valor reclamado em tribunal pelos correios diz respeito aos custos suportados pelos CTT por causa da alteração de planos da TAP. Em janeiro deste ano, o Jornal Económico escreveu que terá havido um acordo tripartido — CTT, TAP e o fundo alemão Deka Immobilien, proprietário do imóvel — que salvaguardava a transição sem custos para os CTT, a partir de novembro de 2022, depois de os correios terem saído do imóvel em outubro. Mas, com este recuo da TAP, os correios, mesmo estando a beneficiar de período de carência, terão ficado com o ónus de pagar a renda do Edifício Báltico e, em simultâneo, da nova sede, no edifício da Maló Clinic.

“O assunto da TAP está a ser tratado em tribunal” e “estamos a encontrarmo-nos com o proprietário do edifício” disse João Bento, presidente dos CTT, num encontro com jornalistas na passada sexta-feira.

“Fizemos o que tínhamos de fazer”, acrescentou ainda João Bento, explicando que os correios tomaram a decisão de sair daquele edifício “porque era grande demais” para as “necessidades” dos CTT tendo em conta “as novas práticas de trabalho remoto e também a nova forma de organização”. E, “a meio desse processo, apareceu a TAP e disse que queria ficar com o edifício”, por isso, os CTT anteciparam a saída mas, “depois a TAP, pelas razões todas que conhecemos, com um turbilhão de confusões, desistiu”, acrescentou ainda João Bento.

Edifício sede dos CTT - 22JUL22
Edifício Báltico, onde estava instalada a antiga sede dos CTT no Parque das Nações, em Lisboa.Hugo Amaral/ECO

A mudança das instalações da sede da TAP, saindo da Portela para o Edifício Báltico, era uma das medidas previstas pela antiga equipa da comissão executiva da transportadora liderada pela ex-CEO Christine Ourmières-Widener. A intenção foi conhecida em maio de 2022 e a TAP tinha como meta fechar o assunto em setembro. No entanto, esta decisão da administração da TAP foi uma das mais contestadas pelos sindicatos e a mudança acabou por não acontecer com a companhia a lembrar, na altura, que “não foi assinado qualquer contrato” de arrendamento.

Outra das razões para o recuo da TAP estava relacionada com o acréscimo de custos para a companhia que iria pagar uma renda anual entre 3,8 milhões e quatro milhões de euros, escreveu o Negócios. Valor que, ainda assim, ficaria abaixo dos cerca de cinco milhões de euros anuais que eram pagos pelos CTT.

Em entrevista ao ECO, em agosto de 2022, a presidente executiva da TAP revelou que os edifícios e os terrenos da companhia junto ao aeroporto, com uma área total de 23 hectares, iriam ser vendidos e que poderia ali ser desenvolvido um projeto imobiliário.

A mudança de instalações foi posta em cima da mesa depois de uma vistoria, realizada pela companhia aos edifícios, ter concluído que os imóveis precisam de obras estruturais que podem chegar aos 50 milhões de euros. A TAP ocupa as atuais instalações desde junho de 1971 e desde 1989, durante o governo de Cavaco Silva, que os terrenos e edifícios passaram a fazer parte do património da empresa.

Questionada pelo ECO sobre detalhes do processo ou se já foi notificada, a TAP não respondeu a qualquer pergunta até à hora da publicação deste texto.

Do lado dos CTT, esta situação levou a um reforço da perda por imparidade para 5,2 milhões de euros em relação à antiga sede, com o CFO Guy Pacheco a explicar em conference call com os analistas que estão a sentir mais dificuldades do que o esperado em subarrendar o edifício quando ainda faltavam cerca de dois anos e meio para o fim do contrato.

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Uma dezena de empreendedores visita La Fageda para se inspirar no seu “reconhecido” modelo empresarial

  • Servimedia
  • 14 Novembro 2023

A XXI Jornada ‘Modelo Fageda’ tornou-se um ponto de encontro para empreendedores que veem La Fageda como modelo de inspiração para seus projetos no campo da economia social e do Terceiro Setor.

La Fageda realizou a vigésima primeira edição das jornadas “Modelo Fageda”, um ponto de referência para empreendedores sociais que permite mostrar as chaves do sucesso de um projeto nascido para resolver uma problemática social através de uma empresa viável.

Este ano, pela primeira vez, La Fageda estreou um novo formato de encontro, ampliando a duração das jornadas para dois dias, a fim de aprofundar a formação. A jornada começou na quinta-feira, 9 de novembro, com uma visita às instalações de La Fageda e uma palestra sobre o modelo empresarial, governança e estratégia ministrada por Sílvia Domènech, diretora-geral adjunta de La Fageda. No dia seguinte, sexta-feira, 10 de novembro, ocorreu a sessão “Modelo de atenção às pessoas” ministrada pela diretora técnica da Área Social de La Fageda, Maria Colón. À tarde, foi realizado um bloco de cafés temáticos, onde cada participante pôde assistir a palestras sobre o campo jurídico, marketing ou comunicação. A jornada foi concluída com uma saudação do fundador do projeto social, Cristóbal Colón.

EMPREENDEDORES SOCIAIS

A jornada sobre o modelo de La Fageda surgiu há onze anos para atender às demandas de vários empreendedores. Nesta vigésima primeira edição, empreendedores como os argentinos Álvaro Otero e Paula Arnoldi passaram por La Fageda, impulsionadores do projeto social 812hub: “Nos inspiramos em Maxi, um jovem com deficiência intelectual, para criar um projeto que criasse novas realidades inclusivas e eliminasse estereótipos que excluem pessoas com deficiência. Visitamos La Fageda para aprender como funciona um projeto de referência em inclusão sociolaboral e conhecer outras experiências que nos inspirem”.

Depois de vinte e uma edições, as Jornadas Modelo Fageda se tornaram uma referência para empreendedores, empresários e visionários. Sílvia Domènech, diretora-geral de La Fageda, destaca o sucesso: “Desde o início, em 2012, até hoje, as jornadas se tornaram um ponto de encontro para quase 500 empreendedores, contribuindo ao longo desse tempo para a consolidação de um espaço de troca de experiências destinado a posicionar o empreendedorismo social como uma alavanca de transformação da sociedade”, declarou.

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PS cai em nova sondagem mas ainda ganhava as eleições. PSD também desce

  • ECO
  • 13 Novembro 2023

As intenções de voto revelam que o PSD também desce, dos 27,67% obtidos em 2022 para 25%, com o Chega (17%) a aproximar-se dos sociais-democratas e a Iniciativa Liberal também a subir (6%).

Num momento em que o país atravessa uma crise política com um governo socialista em grande medida fragilizado, o PS, embora descendo a pique nas intenções de voto, voltaria a ganhar as eleições. Segundo uma sondagem da TVI/CNN Portugal, o Partido Socialista amealharia 26% dos votos, o que seria suficiente para ganhar as eleições mas distanciando-se bastante da maioria absoluta que conseguiu alcançar há menos de dois anos (41,37%).

Os dados revelam ainda que o PSD também desce – baixando dos 27,67% obtidos em 2022 para 25% –, com o Chega (17%) a aproximar-se dos sociais-democratas e a Iniciativa Liberal também a subir (6%).

À esquerda, o Bloco de Esquerda (8%), Livre (3%) e PAN (3%) sobem, mas a CDU afunda-se (3%). O CDS, que perdeu a representação parlamentar nas últimas eleições, parece que pode ficar de novo fora do Parlamento, tendo em conta que apenas 1% dos inquiridos mostrou vontade de votar no partido.

A sondagem de opinião foi realizada pela Aximage para a CNN-Portugal, Media Capital sobre temas da atualidade nacional política, inquirindo 504 pessoas entre os dias 10 e 13 de novembro. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de + ou – 4,4%.

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Marcelo promulga aumentos salariais da função pública para 2024

  • Lusa
  • 13 Novembro 2023

O Presidente da República promulgou o diploma que atualiza os salários na administração pública para o próximo ano, de um mínimo de cerca de 52 euros ou de 3%.

O Presidente da República promulgou esta segunda-feira o diploma do Governo que estabelece a atualização salarial dos trabalhadores da administração pública para o próximo ano, de um mínimo de cerca de 52 euros ou de 3%.

A nota, divulgada na página da Internet da Presidência, refere que o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o diploma do Governo que “estabelece a alteração da base remuneratória e atualização do valor das remunerações da Administração Pública”. O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira, apesar da atual crise política, a atualização salarial dos trabalhadores da administração pública para o próximo ano, de um mínimo de cerca de 52 euros ou de 3%.

“Foi aprovado o decreto-lei que estabelece as medidas de valorização dos trabalhadores que exercem funções públicas, procedendo à alteração da base remuneratória e à atualização do valor das remunerações da administração pública para 2024, no quadro do cumprimento da negociação salarial”, podia ler-se no comunicado do Conselho de Ministros.

Segundo o Governo, “esta alteração da base remuneratória para 821,83 euros e atualização do valor das remunerações da administração pública para 2024 vão, novamente, além do compromisso firmado no Acordo Plurianual de Valorização dos Trabalhadores da Administração Pública, em 2022”.

A proposta negociada com os sindicatos prevê aumentos entre 6,8% na base remuneratória da administração pública até 3% no topo. De acordo com o comunicado, foi também aprovado o decreto-lei que aprova medidas de valorização dos trabalhadores de um conjunto de carreiras especiais, cujas negociações ocorreram entre o Governo e os respetivos sindicatos.

“O Governo reconhece como necessário que as valorizações remuneratórias efetuadas na carreira geral de técnico superior tenham idêntica tradução, ainda em 2023, neste conjunto de carreiras especiais”, avança o documento.

A aprovação em Conselho de Ministros ocorreu em plena crise política. O primeiro-ministro demitiu-se, na terça-feira, depois de saber que o seu nome tinha sido citado por envolvidos na investigação do Ministério Público a negócios do lítio, hidrogénio e centro de dados de Sines, levando o Presidente da República a dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas para 10 de março.

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Ranking: As 30 maiores companhias de seguros europeias cresceram 12%

  • ECO Seguros
  • 13 Novembro 2023

As 30 maiores seguradoras europeias cresceram em prémios mas baixaram em lucros. Veja o ranking estabelecido pela agência A.M.Best, especialista da indústria seguradora.

As 30 maiores seguradoras europeias cresceram o seu valor bruto de prémios em 12% durante o ano de 2022, revelou o ranking estabelecido pela A.M.Best, agência de rating especializada na indústria seguradora. No top 10 não houve alterações no ranking e o conjunto das de topo da tabela obtiveram subidas de negócios superiores às restantes 20. No entanto, os resultados líquidos do conjunto foram inferiores aos obtidos em 2021.

O crescimento de negócios acaba por ser uma batalha de CEO: Thomas Buberl, da AXA, Oliver Bäte da Allianz e John Neal do Lloyd’s, lideram as três maiores seguradoras europeias.

Allianz, AXA, Lloyd’s, Chubb e Zurich mantiveram o seu claro domínio nos cinco primeiros lugares. A seguradora líder, que apenas tem 46% dos seus negócios com origem em ramos Não Vida, atingiu 67 mil milhões de euros de prémios e cresceu de acordo com o mercado.

Apenas 5 das 30 maiores da Europa estão estabelecidas em Portugal diretamente, embora quatro tenham sucursais, incluindo a alemã HDI, a 6ª maior da Europa, que está a finalizar o estabelecimento da sua instalação em Portugal. São 13 as seguradoras do top que estão registadas em LPS. Não obrigadas a ter base em Portugal, podem aceitar seguros e trabalhar com mediadores e corretores portugueses embora reportem às autoridades de supervisão dos seus países de origem.

De notar igualmente que as francesas Covéa e Aéma não estão em Portugal, bem como a finlandesa Sampo, a espanhola Mutua Madrilena, a alemã HUK-COBURG e neerlandesa ASR.

Entre os grupos classificados de 11º a 20º, cinco empresas mudaram de posição no ranking. O VIG – Vienna Insurance Group subiu três posições para a posição 14, refletindo um crescimento de prémios de 17%. O crescimento orgânico dos prémios ascendeu a aproximadamente 10%, sendo o restante devido à aquisição de companhias de seguros na Hungria e na Turquia.

O Aéma Groupe avançou para a posição 15ª, tendo passado da posição 18ª em 2021 e da 23ª em 2020. O grupo era anteriormente conhecido como Macif Sgam, mas mudou de nome para Aéma Groupe após a sua fusão com Aésio Mutuelle, enquanto a italiana Unipol caiu duas posições, para a 16ª posição, com o crescimento de prémios de 3,5%. Aproximadamente metade da carteira de negócios não-vida da Unipol está relacionada ao segmento automóvel, que teve um crescimento de menos de 1,5%.

A finlandesa Sampo caiu duas posições para a posição 17ª. Em 2022, os prémios da Sampo cresceram 6%, após um crescimento de 22,5% no ano anterior, principalmente devido à aquisição da Hastings, um fornecedor digital de seguros gerais no Reino Unido. A Groupama Assurances Mutuelles subiu duas posições, para a 18ª posição, com um crescimento de prémios de 6,3%.

A Beazley subiu quatro posições para a posição 23ª com um crescimento de 21%. A empresa cresceu em todas as linhas dos negócios, mas o forte aumento geral nos prémios foi impulsionado pelas linhas cibernética e marítima, de acidentes e risco político, que registaram melhorias significativas nas taxas pelo segundo ano consecutivo.

O Grupo espanhol Catalana Occidente subiu três posições para a posição 26, com um crescimento de prémios de 10,9% que refletiu o crescimento sustentado do negócio tradicional e um aumento no negócio de seguros de crédito, este último presente em Portugal através da Atradius Crédit y Caución. A RSA foi a única empresa a registar descida no volume de prémios em 2022, caindo uma posição para a posição 24. A AIG Europe regressou ao top 30 na posição 28, com um crescimento de prémios de 12,5%. A suíça Bâloise saiu do top 30 em 2022.

O lucro após impostos das 30 maiores foi mais baixo que em 2022, com a maioria dos grupos reportando resultados significativamente piores do que no ano anterior. Na opinião da AM Best, o principal fator foi um impacto negativo nos resultados de investimento devido ao movimento nos valores de mercado das carteiras de investimento que foram, por sua vez, impulsionados pelo rápido aumento das taxas de juro durante o ano.

Veja o ranking aqui:

 

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Moedas tem um “novo sonho”. Quer tornar Lisboa no “porto seguro da inovação”

Presidente da Câmara de Lisboa mostrou-se "orgulhoso" dos resultados que tem tido a Fábrica dos Unicórnios e anunciou na abertura da Web Summit que quer fazer da capital o "porto seguro da inovação".

O presidente da Câmara de Lisboa mostrou-se “muito orgulhoso” de ter conseguido concretizar o sonho de criar a Fábrica dos Unicórnios. E usou a abertura da Web Summit esta segunda-feira para apresentar “um novo sonho”: fazer de Lisboa o “porto seguro da inovação”. “Ninguém aqui quer mudar ninguém, acolhemos toda a gente”, apontou Carlos Moedas na abertura da conferência.

O autarca recordou o momento em que apresentou o conceito há dois anos. A Fábrica dos Unicórnios, “um dos maiores programas de scale ups e de inovação”, já permitiu atrair 54 empresas tecnológicas para Lisboa, provenientes de 23 países diferentes, que criaram empregos na capital portuguesa, disse Carlos Moedas. “Destas, 12 são unicórnios”, acrescentou.

“São vocês que criam empregos, não são os políticos. Todas essas empresas em Lisboa, e é por isso que quero agradecer-vos, anunciaram a criação de 10 mil empregos em Lisboa. É isso que vocês fizeram e é por isso que estou tão orgulhoso de ter criado essa Fábrica dos Unicórnios”, revelou o presidente da Câmara Municipal.

Dito isto, Moedas apresentou um “novo sonho”. “Hoje quero anunciar um novo projeto para Lisboa. Queremos ir da Fábrica dos Unicórnios ao Porto Seguro da Inovação. Um sítio onde se sintam livres”, apontou.

Sem dar detalhes, o presidente do município explicou que “o sonho”, relacionado com as origens da cidade de Lisboa, resultou de conversas com empreendedores estrangeiros que escolheram a capital para investir. “Lisboa é uma das cidades que, quando se chega, desde o primeiro momento, sentimos que fazemos parte. E quando sentimos que fazemos parte, somos mais criativos, sentimo-nos livres”, justificou.

A intenção passará por ter uma cidade cosmopolita, em que pessoas de todas as origens e religiões são bem acolhidas: “Esta era a cidade que, durante séculos, as pessoas estavam juntas. Muçulmanos, judeus e cristãos, trabalhavam juntos”, sublinhou o autarca.

Por fim, Carlos Moedas disse querer que os empreendedores “venham para Lisboa” e usem tecnologia para resolver alguns dos principais problemas da cidade, incluindo o problema da falta de habitação e das rendas elevadas. “Vocês, com as vossas empresas, têm de trabalhar para resolver os problemas de hoje”, rematou o presidente.

“Venham para o porto seguro de Lisboa, venham com os vossos amigos, ponham aqui as vossas empresas e ponham-nas ao serviço das pessoas”, concluiu Carlos Moedas.

A Web Summit decorre na FIL e na Altice Arena esta semana, até quinta-feira. São esperadas mais de 70 mil pessoas no evento, oriundas de 160 países.

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Governo escolhe João Leão para o Tribunal de Contas Europeu

  • Lusa
  • 13 Novembro 2023

O Governo já indicou o nome de João leão para juiz do Tribunal de Contas Europeu, avançou o Secretário de Estados Assuntos Europeus. Tiago Antunes.

O ex-ministro das Finanças João Leão foi o candidato escolhido pelo Governo para o Tribunal de Contas Europeu (TCE), revelou esta segunda-feira no parlamento o secretário de Estado dos Assuntos Europeus.

“Não creio que haja qualquer risco de conflito de competências no exercício do próximo juiz do Tribunal de Contas Europeu João Leão”, afirmou o secretário de Estado Tiago Antunes, numa audição parlamentar na Comissão de Orçamento e Finanças (COF) e na Comissão de Assuntos Europeus, no âmbito do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024).

Tiago Antunes respondia às questões do deputado do PSD Paulo Moniz, defendendo não ver “qualquer conflito de interesses” na nomeação do antigo ministro das Finanças. Posteriormente questionado pelo deputado da IL Bernardo Blanco se a indicação pelo Governo já tinha ocorrido, Tiago Antunes precisou que “sim, já ocorreu”.

O ex-ministro das Finanças João Leão, a ex-presidente da Autoridade da Concorrência (AdC) Margarida Matos Rosa e o professor de Direito José Renato Gonçalves foram os três candidatos analisados pelo Governo para o Tribunal de Contas Europeu (TCE).

Numa audição em setembro na Comissão Assuntos Europeus, na qual foram os três candidatos propostos pelo Governo para o Tribunal de Contas Europeu, João Leão negou existir um potencial conflito de interesses entre as anteriores funções e o cargo no Tribunal de Contas Europeu, garantindo total independência.

“Não considero que possam existir conflitos de interesse, porque o Tribunal de Contas Europeu audita o Orçamento ao nível da União Europeia e os programas de fundos europeus são sempre ao nível da União Europeia e não em concreto sobre o ministro A e o ministro B”, disse à época.

O envio ao parlamento dos nomes dos três nomeados e o agendamento da respetiva audição em comissão surgiu depois de Portugal estar dois anos sem um membro português no Tribunal de Contas Europeu, na sequência da morte de João Figueiredo, em 2021.

Segundo a legislação, após a escolha de três pessoas o executivo submete os seus currículos ao parlamento, onde decorrem audições prévias na Comissão de Assuntos Europeus para avaliação da competência de cada nomeado. Concluído este processo, o Governo escolhe um e submete esse nome às entidades europeias. O escolhido ainda tem de ser ouvido no Parlamento Europeu, para consulta, cabendo depois ao Conselho a nomeação ao cargo de juiz do Tribunal de Contas Europeu.

Assim, os membros do TCE – o auditor externo da UE – são propostos por cada Estado-membro e nomeados pelo Conselho da União Europeia após consulta ao Parlamento Europeu (PE).

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Demissão de Galamba peca por tardia, critica oposição

  • Lusa
  • 13 Novembro 2023

O líder parlamentar do PSD afirmou que esta demissão "peca por muito tardia", uma vez que "o ministro já não reunia condições para continuar desde os incidentes de 26 de abril".

Os partidos da oposição foram esta segunda-feira unânimes ao considerar que o ministro das Infraestruturas, João Galamba, já devia ter-se demitido há mais tempo, considerando que não tinha condições para continuar no cargo.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o líder parlamentar do PSD afirmou que esta demissão “peca por muito tardia”, uma vez que “o ministro já não reunia condições para continuar desde os incidentes de 26 de abril”, quando foi levado um computador do Ministério das Infraestruturas. Joaquim Miranda Sarmento acusou o primeiro-ministro de ter utilizado João Galamba “para uma guerra institucional” com o Presidente da República, que “só prejudicou as instituições e o país”.

Considerando que “não é compreensível” que o ministro se tenha mantido em funções depois de ser constituído arguido e das informações entretanto conhecidas, o social-democrata referiu que demonstra “o desnorte completo do Governo, de António Costa e do PS”. Questionado sobre a data das eleições legislativas antecipadas, Miranda Sarmento afirmou que “podia ser um pouco mais cedo”, mas salientou que “a decisão do Presidente da República está tomada” e será respeitada pelo PSD.

Para o líder do Chega, esta demissão “era expectável e já devia ter acontecido há muito tempo”. André Ventura considerou que o ministro das Infraestruturas “ou esperou pelo fim das medidas de coação […] ou sabia que amanhã [terça-feira] o Presidente da República ia exigir a sua demissão, e saiu antes”.

Alegando que “João Galamba não está na posse de todo o seu equilíbrio” e “não tem nenhuma maturidade política, pessoal e de outro tipo”, o líder do Chega apontou trata-se de “um fim de ciclo muito baixo” e “uma saída pela porta pequena”.

Para a Iniciativa Liberal, a demissão do ministro das Infraestruturas “chega com seis meses de atraso”. João Galamba “demite-se hoje para não ser demitido amanhã”, considerou a IL. O deputado liberal Bernardo Blanco considerou igualmente estar em causa o regular funcionamento das instituições, defendendo que “não faz qualquer sentido continuar esta espécie de teatro”, com o decorrer do processo orçamental no parlamento. O liberal apelou ao PSD que peça ao Tribunal Constitucional “para avaliar alguma proposta de lei que seja agora aprovada”, defendendo que “com a demissão do Governo todas as leis caducam”.

Apesar de António Costa já ter anunciado a sua demissão, o primeiro-ministro só é exonerado quando for publicado o respetivo decreto, o que Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que iria acontecer no início de dezembro. “É o desfecho que se esperava face ao contexto que vinha sendo criado”, afirmou o deputado Bruno Dias, do PCP. Apontando que os “problemas continuam a fazer-se sentir”, o comunista pediu “respostas, soluções, mudanças rápidas” para as pastas que eram acompanhadas por Galamba, como é o caso da TAP.

Também à esquerda, Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do BE, defendeu que a saída do ministro das Infraestruturas “era incontornável”. Assinalando que esta é a segunda vez que João Galamba pede a demissão, o bloquista considerou que deveria ter sido aceite da primeira vez, pois “já não tinha há muito tempo condições para continuar como ministro”.

Na mesma linha, a deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, defendeu que a demissão de João Galamba era “mais do que inevitável” e o ministro já se devia ter demitido em abril, pois “há muito que não reúne condições” para exercer o seu cargo.

João Galamba pediu esta segunda-feira a demissão do cargo de ministro das Infraestruturas, que justificou com a necessidade de assegurar tranquilidade e discrição para a sua família, e que foi aceite pelo primeiro-ministro.

Pouco depois, o Presidente da República divulgou uma nota na qual dá conta de que exonerou, com efeito imediato, o ministro das Infraestruturas e também o secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, que lhe foram propostas pelo primeiro-ministro.

João Galamba foi constituído arguido no âmbito da operação “Influencer”, relacionada com negócios de exploração de lítio e hidrogénio e da criação do centro de dados de Sines.

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Duarte Cordeiro mostra confiança nas suas decisões (e nas da sua equipa)

"Não temo nada de uma decisão que tenha tomado, nem eu nem a minha equipa", disse o ministro do Ambiente, apesar das suspeitas que pesam sobre si no âmbito da Operação Influencer.

O ministro do Ambiente diz-se de consciência limpa quanto às decisões do seu ministério, no contexto das suspeitas levantadas no âmbito da Operação Influencer, que derrubou o Governo do qual faz parte. Afirma que as suspeitas de tráfico de influências podem, em grande parte, ser afastadas “facilmente” e “houve um cumprimento integral da lei”.

Não temo nada de uma decisão que tenha tomado, nem eu nem a minha equipa, relativamente a nada no Ministério do Ambiente. E colaboramos com o Ministério Público em todas, sem exceção“, afirmou o ministro, no âmbito da apresentação das propostas para o Orçamento do Estado de 2024 da área do Ambiente, esta segunda-feira, na Assembleia da República.

Não penso que vá ser constituído arguido. Não tenho qualquer expectativa nesse sentido“, acrescentou, ainda no final da sessão, e declarações aos jornalistas. “Se tal acontecesse imediatamente falaria com o senhor primeiro para avaliar as condições de continuar no Governo”, assegurou.

Ainda durante a sessão plenenária, Duarte Cordeiro referiu que, em relação à Zona Especial de Conservação sobre a qual são levantadas suspeitas no despacho de indiciação da Operação Influencer, “não houve alteração nenhuma” e, portanto, “houve o cumprimento da lei”, estando “tudo registado” no Portal Participa.

“É possível consultar toda a informação e desde logo afastar um conjunto de suposições” quanto àquilo que de momento “se suspeita que foi alvo de influência”. É “fácil verificar que não aconteceu nada disso, houve cumprimento integral da lei”, conclui.

No final, acrescenta que investigações como a que decorre “são fases difíceis, especialmente para quem é visado”.

O ministro Duarte Cordeiro é um dos intervenientes referidos no despacho de indiciação que o Ministério Público redigiu no âmbito da Operação Influencer, a qual constituiu cinco arguidos e levou à demissão do primeiro-ministro, António Costa.

(Atualizada às 23h54 com a informação de que Cordeiro não espera ser constituído arguido)

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