Portuguesa Sensei entra em Itália com primeira loja sem caixas

Loja sem caixas arranca em parceria com a cooperativa de retalho alimentar DAO, dona da cadeia de supermercados Conad, que opera mais de 3.300 lojas em toda a Itália.

Fundadores da Sensei

A Sensei acaba de entrar em Itália com a abertura da primeira loja sem caixas em Verona, em parceria com a cooperativa DAO, retalhista há mais de 60 anos no mercado e presente nas províncias de Trento, Bolzano, Vicenza e Verona, gerindo ainda a marca Conad com mais de 3.000 lojas. A nova loja ‘Tuday Prendi & Vai’ inaugura esta quinta-feira.

“Estamos muito entusiasmados com a chegada da Sensei a Itália e com o impacto que podemos gerar com a nossa tecnologia. É um privilégio fazer parceria com a DAO para abrir o primeiro supermercado autónomo do país e agradecemos ao Alessandro Penasa por nos confiar este projeto tão importante. Estamos, em conjunto, a escrever uma nova página na história do retalho italiano e a delinear uma nova era de compras inteligentes e integradas. Estamos entusiasmados em ver e apoiar uma visão tão ousada a desenvolver-se e a crescer no futuro”, afirma Vasco Portugal, CEO e cofundador da Sensei, citado em comunicado.

A startup portuguesa — cuja tecnologia está a ser usada em Portugal, na loja do Continente no Arco do Cego, mas também em mercados europeus como Espanha e França, bem como na América Latina, em Curitiba, com o Grupo Muffato, a sexta maior cadeia de supermercados do Brasil — testou com esta nova loja alguns novos desenvolvimentos para potenciar a experiência do utilizador.

A nova loja permite aos clientes rever, em tempo real, o carrinho de compras, antes de saírem da loja, e no terminal de pagamento, após acederem ao seu carrinho, podem escolher pagar em cartão ou a aplicação “Tuday – Prendi & Vai”.

“A tecnologia Sensei permite ainda uma abrangência à vasta gama de produtos vendidos em loja (mais de 3.000 referências). Destacam-se sobretudo os produtos de peso variável, como frescos e padaria, que beneficiam da comunicação automática entre as balanças para pesagem e o sistema de loja, ou as máquinas de café self-service, onde os clientes podem servir-se de um café”, pode ler-se na nota de imprensa.

A cooperativa DAO conta com 280 pontos de venda no Norte de Itália (onde opera nas províncias de Trento, Bolzano, Vicenza e Verona) e gere a marca Conad que opera mais de 3.300 lojas em toda a Itália.

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A Fundação PwC aumenta o seu investimento social em 35%, ultrapassando 1,1 milhão de euros em 2023

  • Servimedia
  • 9 Novembro 2023

A Fundação PwC aumentou o seu investimento social em 35% no último ano, ultrapassando 1,11 milhão de euros, conforme revelado no seu "Relatório de Atividades 2022-2023".

O projeto mais significativo da fundação foram os 21 projetos pro bono, nos quais os profissionais da empresa ofereceram seus serviços gratuitamente a várias entidades sem fins lucrativos. Esses trabalhos são avaliados em 576.281 euros no mercado e envolveram a dedicação de 4.883 horas de trabalho dos profissionais da PwC.

Entre os projetos pro bono estão, por exemplo, a consultoria oferecida ao Banco de Alimentos de Madrid para revisar e adaptar o modelo de conformidade da sua fundação, ou o acompanhamento da Fundação AZTI para implementar um plano de sustentabilidade que analise o transporte e destino de resíduos no Golfo da Biscaia. Além disso, os profissionais da PwC trabalharam em um projeto com a Fundação Sorrisos sem Cancro para gerar conteúdo educacional no metaverso para crianças com a doença, e em outro projeto com a Fundação Oncológica Enriqueta Villavecchia, fornecendo aconselhamento fiscal e legal necessário para a construção e implementação de um centro de acolhimento para crianças com graves patologias.

TALENTO SOLIDÁRIO

Outro pilar da fundação é o talento solidário, onde os profissionais da PwC colaboram como voluntários em projetos educacionais, ações de estímulo ao emprego, inclusão e apoio a outras causas sociais e ambientais. Em particular, 16% dos profissionais da empresa participaram de algumas das ações voluntárias promovidas pela Fundação PwC.

Alguns profissionais da PwC desempenharam atividades de coaching para acompanhar jovens em situação de vulnerabilidade social, oriundos de experiências de abandono escolar, orientando-os e motivando-os a prosseguir seus estudos, o que resultou em 83% dos jovens continuando seus estudos. Outros projetos de voluntariado serviram para fomentar empreendedorismo, por meio do Programa Startup, ou despertar nas novas gerações o interesse pela tecnologia, por meio do programa Gigas for Schools.

No total, 790 profissionais da empresa realizaram atividades voluntárias ou trabalharam em projetos pro bono no último ano, dedicando mais de 7.160 horas de trabalho e ajudando 2.543 pessoas.

DIVULGAÇÃO DO CONHECIMENTO

Outra área de trabalho da Fundação PwC foi a geração e divulgação do conhecimento. No último ano foram elaborados relatórios, por exemplo, sobre desperdício de alimentos, sobre como utilizar tecnologia e dados em benefício das pessoas, e foi publicado um guia para auxiliar na implementação de Planos Diretores de Sustentabilidade. A fundação também criou diversos fóruns, observatórios e eventos, como o Programa ESADE-PwC de Liderança Social, o Observatório para a Transformação do Setor Público ESADE-PwC e o Clube de Diretores de Fundações Corporativas.

Além disso, a Fundação PwC também promoveu a ação solidária dos seus profissionais por meio de campanhas de doação, como “Salário Solidário”, “Apadrinhe!” e outras campanhas de arrecadação de fundos, como a lançada após os terremotos na Síria e na Turquia. Ao todo, os profissionais da PwC doaram 73.448 euros por meio dessas ações.

Santiago Barrenechea, presidente da Fundação PwC, afirmou: “Estamos felizes em ter realizado um trabalho que teve como resultado um impacto direto em mais de 2.500 pessoas, estabelecendo laços com mais de 200 entidades no âmbito social”. “Esse feito não teria sido alcançado sem a dedicação e a solidariedade dos profissionais da PwC Espanha e as suas mais de 3.900 participações solidárias através de trabalho pro bono e voluntariado, gerando um impacto real no nosso ecossistema social”, destacou.

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Advogado de Lacerda Machado aponta falta de provas e questiona se MP se vai “manter de pé”

  • Lusa
  • 9 Novembro 2023

Faltam provas que sustentem o processo-crime que envolve Diogo Lacerda Machado, diz a defesa, questionando se no final o Ministério Público se vai manter "de pé".

O advogado de Diogo Lacerda Machado, detido no âmbito da investigação aos negócios do lítio e hidrogénio, disse que faltam provas que sustentem o processo e que espera que no final se “possa manter o Ministério Público de pé”.

À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, no Campus de Justiça, em Lisboa, onde esteve desde a tarde de quarta-feira e de onde só saiu já depois da meia-noite, após consultar as dezenas de volumes do processo, Manuel Magalhães e Silva disse que o que encontrou nos autos foi “a criminalização de um processo político-administrativo”, sem “provas inequívocas de qualquer situação de corrupção”.

“Quando chegarmos ao fim espero que isto possa manter o Ministério Público (MP) de pé. Pode não acontecer. Até este momento a falta de provas que não estão reunidas e os factos tais como estão descritos é efetivamente uma situação grave relativamente à criminalização de processos políticos”, disse o advogado aos jornalistas, que, questionado, acrescentou que perseguição “não é a expressão adequada” para descrever a tese do MP, considerando-a “apenas uma errada qualificação por parte do MP daquilo que é um processo político administrativo”.

Sobre as escutas, que são, segundo disse, o essencial da prova do MP neste processo, disse que através delas se pode “verificar que efetivamente não há nada de irregular” no processo e referiu, em relação às escutas que envolvem o primeiro-ministro, António Costa, que “em 99% dizem respeito às relações privadas entre as pessoas”, pelo que não têm relevância para o processo, e que a única que poderá ter relevância é a que deu origem à investigação autónoma que corre no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e sobre a qual não quis fazer comentários.

Acrescentou também que na consulta do processo essa foi a única escuta relevante que encontrou, pelo que acredita que seja a única, referindo que, se existissem outras, “deixavam rasto”.

Ainda sobre Lacerda Machado, disse que foi nos factos em causa neste processo um “elo de ligação entre investidores e o Governo”, tendo desempenhado uma “função útil” num projeto que seria o segundo maior no país depois da Autoeuropa, com um investimento de 3,5 mil milhões de euros e que poderia chegar aos 27 mil milhões de euros.

“Portanto, o que se estava a tratar era de um projeto de altíssimo interesse para Portugal, com a representatividade que isso comporta e em que foi feita a ligação entre os investidores privados e as várias autoridades do Governo, institutos públicos e outras entidades que possam intervir”, disse.

Magalhães e Silva acrescentou que não espera que seja decretada pelo tribunal qualquer medida de coação privativa de liberdade e criticou o facto de o seu cliente ter sido detido: “Se o doutor Lacerda Machado tivesse sido notificado para ser constituído arguido e prestar declarações, nesse mesmo dia, ou no dia seguinte, o faria, não era preciso o show-off da detenção”.

Defesa de Escária recusa comentar apreensão de dinheiro vivo

Já Tiago Rodrigues Bastos, advogado de Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro, recusou comentar a notícia avançada esta noite pela SIC de que foram apreendidos no gabinete do seu cliente, no decurso das buscas do MP, 75.800 euros em dinheiro.

“Não vou prestar nenhum esclarecimento sobre a matéria aqui, vou prestar lá dentro e depois falaremos no final. Não vou discutir na praça pública o que está nos autos. Posso-vos dizer que está tranquilo, está confiante, não está preocupado para além do normal com a situação”, disse aos jornalistas à saída do tribunal.

Disse também não ter ficado surpreendido com o que leu nos autos, por não ser nada de novo face ao que já se conhecia, e disse também entender que não se justifica que seja decretada qualquer medida privativa da liberdade do seu cliente, assim como não se justificaria que tivesse sido detido.

O advogado adiantou que todos os arguidos devem prestar declarações perante o juiz de instrução criminal, Nuno Dias Costa, que conduz o processo nesta fase.

A operação de terça-feira do Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa. O ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos.

Segundo documentos a que a Lusa teve acesso, Lacerda Machado terá usado a sua amizade com o primeiro-ministro para influenciar decisões do Governo e de outras entidades relativamente a projetos da sociedade Start Campus.

Este processo visa as concessões de exploração de lítio de Montalegre e de Boticas, ambos em Vila Real; um projeto de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e o projeto de construção de um ‘data center’ na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.

Deste caso, decorre uma investigação autónoma ao primeiro-ministro, no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados, o que levou António Costa a apresentar a sua demissão ao Presidente da República.

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Factorenergía destaca o autoconsumo e as energias limpas como chaves para a sustentabilidade e eficiência das cidades

  • Servimedia
  • 9 Novembro 2023

Factorenergia, empresa comercializadora focada no fornecimento de energia e na promoção da transição energética participou no Smart City Expo World Congress.

O diretor do departamento de Transição Energética, veículo elétrico e autoconsumo da Factorenergia, Antoni Franquesa, participou da mesa ‘Infraestrutura net-zero: utopia ou realidade viável’ para explicar o papel desempenhado pelas empresas comercializadoras de energia nessa transição energética, assim como o desafio de oferecer uma energia mais limpa a um preço justo e competitivo para um consumidor que demanda novas soluções inteligentes com custos acessíveis.

A empresa comercializadora possui ampla experiência nessa área e seus próprios dados comprovam o interesse dos clientes, uma vez que entre 2021 e 2022 registou um crescimento de 600% nas instalações energéticas de autoconsumo, com mais de dez mil clientes que optaram por esse modelo de consumo mais sustentável, responsável e eficiente. Segundo Franquesa, esse fenómeno se explica, em parte, pela necessidade de reduzir os custos do consumo elétrico dos lares e empresas em um momento de aumento dos preços. No entanto, ele afirmou que é uma tendência que vai se enraizar na medida em que as condições para seu desenvolvimento e implementação sejam facilitadas.

Para isso, ele considerou fundamental consolidar um marco regulatório claro e estável e um contexto que reforce esse compromisso. A Espanha é o país com maior radiação solar na Europa, o que favorece a instalação de painéis fotovoltaicos para o autoabastecimento energético das residências.

No evento realizado no Smart City, também foi debatido como devem ser os ‘edifícios do amanhã’, com base em infraestrutura net-zero, na qual o consumo de energia de um prédio seja igual, ou até menor, do que a energia que gera. “O termo ‘Net-zero’ é um conceito que se aplica principalmente à sustentabilidade do planeta e representa uma mudança de paradigma na construção e na energia, por meio da qual os prédios sejam autossuficientes ou até mesmo possam gerar um excedente de energia que abasteça a rede elétrica”, afirmou o diretor de Transição Energética da Factorenergia.

A mesa redonda, moderada por Brilé Anderson, economista ambiental da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), também contou com a participação de José Ramón Serradilla, diretor de Contratação de Edificação da Sorigué; Olga Chepelianskaia, diretora executiva e fundadora da Unicity; e Kelly Álvarez Doran, professor adjunto e diretor do Half Climate Design da Universidade de Toronto.

Por sua vez, Franquesa destacou os diferentes fatores que são fundamentais na transição dos prédios para emissões líquidas-zero. Em primeiro lugar, ele ressaltou os avanços tecnológicos que permitem aproveitar fontes de energia renováveis, como a solar ou eólica. Em segundo lugar, ele falou sobre os princípios do design sustentável, impulsionados por arquitetos e engenheiros, que focam na eficiência energética, no design solar passivo e no uso de materiais ecológicos para gerar energia verde e limpa.

Alcançar o objetivo de zero emissões líquidas exige que as pessoas, as empresas e, neste caso, os prédios, reduzam ou compensem suas emissões de dióxido de carbono. Portanto, o objetivo a longo prazo é que cada residência gere sua própria energia para ser autossuficiente, aproveitando a parte coberta ou o telhado com o autoconsumo, sendo essa uma solução melhor e mais limpa.

No entanto, nem sempre são encontrados prédios residenciais que possuem a superfície necessária para a instalação fotovoltaica. Para solucionar essa problemática, a Factorenergia destaca a importância da digitalização da energia e a promoção de soluções de autoconsumo coletivo, que permitem gerar energia limpa em localizações diferentes da instalação dos painéis solares. A finalidade das instalações coletivas é deslocalizar a geração e compartilhá-la entre diferentes pontos de fornecimento.

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Seis em cada dez agregados têm dificuldade em pagar a casa

  • Lusa
  • 9 Novembro 2023

Fundação Francisco Manuel dos Santos lança Barómetro da Habitação, que deixa a descoberto mais dados sobre a crise que se vive no país e expõe o baixo investimento e falta de casas para habitar.

Seis em cada dez pessoas sentem dificuldade nos custos mensais com a habitação e dois terços identificam a necessidade de reparações ou melhorias urgentes na residência, conclui o barómetro da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS).

“Dando continuidade à sua missão de aprofundar o conhecimento sobre a realidade portuguesa e providenciar bases científicas que promovam o debate e contribuam para a tomada de decisões que definem o futuro do país”, a FFMS lançou esta quinta-feira os barómetros da fundação.

O primeiro barómetro, centrado no tema da crise da habitação em Portugal, pretende fornecer “mais e melhores dados sobre as condições em que as famílias vivem, as necessidades e dificuldades que enfrentam, e as suas perceções e convicções” sobre a temática, referiu a fundação em comunicado.

O Barómetro da Habitação sondou 1.086 pessoas, numa amostra representativa da população portuguesa ao nível do sexo, idade e região NUTS II (nomenclatura das unidades territoriais para fins estatísticos), num inquérito realizado pela empresa Domp, que resultou num relatório de Alda Azevedo (ICS – Instituto de Ciências Sociais) e João Pereira dos Santos (ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão), da Universidade de Lisboa. Segundo uma nota da FFMS sobre os resultados, a que a Lusa teve acesso, a população inquirida reside, em média, há 20 anos na habitação atual e, em termos de regime de ocupação de alojamento, a maioria vive em casa própria (66,4%), sendo que 31,2% destes, com empréstimo.

Entre os arrendatários (17,2%), um em cada seis não tem contrato escrito e 13,3% habita em casa “cedida, sem custos (herdada, emprestada, casa de familiares, a título de salário)” e 2% arrenda a uma entidade pública ou equivalente (município, Estado ou entidade do terceiro setor).

No que toca aos custos médios mensais com o empréstimo bancário ou a renda da casa, não obstante fortes diferenças regionais, os agregados com custos (51%) “despendem, em média, 573 euros mensais fixos com o empréstimo ou a renda” e os arrendatários do setor privado têm os custos mais elevados (679 euros/mês).

O relatório concluiu que “62% destes agregados, isto é, seis em cada dez pessoas, sentem algum grau de dificuldade em fazer face aos custos mensais com a habitação e 13%, ou seja, um em cada oito, sentem mesmo grande dificuldade em pagar as despesas”.

“A maioria dos inquiridos (81%) diz-se satisfeita com a casa em que reside, mas dois terços identificam reparações ou melhorias urgentes a fazer na sua habitação”, apontou o estudo, acrescentando que, à cabeça, estão a necessidade de isolamento das janelas ou das portas (15,1%), a reparação de infiltrações ou situações de humidade no teto e nas paredes (10,7%) e a pintura de paredes (9,9%).

Em relação ao risco de perder a casa atual e à solução perante essa possibilidade, “um em cada nove inquiridos (12%) pensa estar em risco de perder a sua casa nos próximos cinco anos, pelo aumento da renda ou da prestação do crédito à habitação (50%) ou por iniciativa do senhorio (28%)”.

Se tivessem de sair da casa onde vivem, 33,9% dos inquiridos referiram que “não teriam para onde ir, ou seja, necessitariam de alguma forma de apoio social”, enquanto 33,1% disse que arrendaria uma casa, 14,2% iria viver com familiares, 8,7% compraria uma casa, e 7,9% iria viver com pessoas fora da família.

Questionados sobre condicionamentos colocados por dificuldades no acesso à habitação, desde 2015, mais de um em cada quatro inquiridos (27%) referiu que “o acesso à habitação já condicionou decisões de vida, com uma média de duas decisões de vida condicionadas”, percentagem que “é maior entre os arrendatários e os mais jovens (36% para a faixa etária 18-34 anos e 33% para a faixa 35-54 anos)”.

As decisões de vida mais condicionadas terão sido mudar de localidade de residência (34,9%), sair de casa dos pais (31,5%), ir viver sozinho (28,1%) e casar ou ir viver com companheiro (25,7%). Os inquiridos também mencionaram, embora com menor importância, as decisões de ter o primeiro filho (15,1%) ou mais uma criança (9,9%), arranjar emprego (14,4%) ou mudar de trabalho (13%) e emigrar (9,2%).

Falta de casas para habitar e baixo investimento são problemas expostos pelo barómetro da Fundação Francisco Manuel dos SantosHugo Amaral/ECO

Barómetro aponta baixo investimento público e falta de casas para habitar

O fator que mais contribui para a atual situação do mercado imobiliário é o baixo investimento público em habitação, segundo 22,4% dos inquiridos do novo barómetro da FFMS.

“Numa escala de um (mais importante) a seis (menos importante), o fator que mais inquiridos consideram que explica a atual situação do mercado imobiliário é o baixo investimento público em habitação (22,4%)”, referiu a FFMS.

Nos fatores que contribuíram para a atual situação da habitação, o segundo mais apontado pelos inquiridos é a falta de casas disponíveis para habitação familiar (22,3%), mas este é também o fator considerado o menos importante por mais inquiridos (24,7%).

O terceiro fator apontado como mais importante diz respeito à falta de regulação do mercado da habitação (20,1%), seguido do aumento do alojamento local (13,6%), aumento dos fundos de investimento imobiliário em Portugal (12,5%) e incentivos do Estado à procura de habitação por estrangeiros (11,3%).

Segundo a nota da FFMS, os fatores “relacionados com a oferta prevalecem na perceção dos inquiridos, em detrimento de outros que se relacionam com a procura”, mas, “não obstante, verifica-se uma grande dispersão nas respostas dos inquiridos, demonstrando a falta de consenso sobre o diagnóstico das causas da crise na habitação”.

Já quanto à evolução da situação da habitação, entre 2015 e 2022, três em cada quatro inquiridos estimaram que o aumento do preço médio da compra de casas em Portugal foi inferior (em média, aumento de 64%) ao que se observa nos dados estatísticos oficiais (90%).

Quanto às possíveis políticas públicas na área da habitação, as três medidas com maior concordância, de 1 a 5, foram: “o Estado deve diminuir os impostos sobre a reabilitação urbana, mesmo que isso aumente o défice orçamental [média de 3,85]”, “o Estado deve acabar com os vistos gold, mesmo que isso prejudique a economia do país [3,80]”, “o Estado deve introduzir limites máximos ao valor das rendas, mesmo que isso diminua o número de casas disponíveis [3,76]”.

No lado oposto da tabela, as três medidas com que menos concordaram são o aumento de impostos sobre os alojamentos vagos (média de 2,99), os benefícios fiscais para mudanças residenciais nos casos de sublotação do alojamento (2,90) e a permissão para mais construção em altura (2,84).

“Não obstante, os dados sugerem que os inquiridos concordam genericamente com todas as medidas sujeitas à sua consideração, apesar de umas serem mais consensuais do que outras”, concluiu o estudo.

“Há diferenças significativas no nível de concordância quando contrastadas as respostas de inquiridos de diferentes grupos etários, graus de escolaridade, regimes de ocupação (proprietário, arrendatário e outro), regiões NUTS II (nomenclatura das unidades territoriais para fins estatísticos) e orientações políticas”, é acrescentado.

O universo da sondagem, de residentes em Portugal continental, com 18 ou mais anos, é composto por 52% do sexo masculino e 48% do sexo feminino, com idade média de 51,7 anos, e 38% da amostra tem o ensino superior, 36% o ensino secundário, 9% estudou até ao 9.º ano, tendo o trabalho de campo decorrido entre 14 de agosto e 17 de setembro. Estes e outros dados do Barómetro da Habitação estão disponíveis a partir das 9h00 através do site da FFMS.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 9 de novembro

  • ECO
  • 9 Novembro 2023

Ao longo desta quinta-feira, 9 de novembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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O Festival Ibero-Americano da Criatividade premia a compensação de carbono na publicidade digital

  • Servimedia
  • 9 Novembro 2023

O Festival Ibero-Americano da Criatividade (FIAP), celebra a criatividade em todos os formatos de publicidade, reconhecendo as empresas do setor que investem em inovação para a sustentabilidade.

Os seus promotores explicaram que “a necessidade de criar estratégias mais sustentáveis afeta todos os setores e a publicidade digital não é uma exceção. É essencial reconhecer as mudanças ambientais que estão ocorrendo, assumir compromissos e adotar práticas sustentáveis semelhantes às que estão sendo implementadas em outras indústrias”.

A última edição do FIAP destacou o compromisso com a compensação de carbono na publicidade digital da Adsmovil, uma empresa especializada em soluções de publicidade móvel, que foi premiada na categoria Greenovation, um prémio para empresas do setor que apostam na inovação sustentável.

Este reconhecimento é resultado da estratégia da Adsmovil de buscar fórmulas para alcançar a “Neutralidade em Carbono”. Para alcançar esse objetivo, a empresa estabeleceu uma parceria com a Fundação Saving the Amazon, comprometendo-se a plantar 10.000 árvores na Amazónia colombiana, com o potencial de capturar 3.058 toneladas de CO2 durante a próxima década. A Adsmovil também mede e compensa ativamente a pegada de carbono das campanhas digitais dos seus clientes por meio de outro acordo estratégico com a Scope3, uma das principais fontes de dados do setor publicitário sobre as emissões da cadeia de suprimentos.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 9 Novembro 2023

Dois dias depois de o primeiro-ministro ter pedido a demissão, por ser alvo de uma investigação do Supremo e depois de buscas ao Governo, é hoje conhecido o futuro governativo do país.

É hoje conhecido o futuro governativo do país, depois da buscas ao Governo no âmbito de um inquérito do Ministério Público em curso, com suspeitas nos negócios do lítio e do hidrogénio verde, e de o primeiro-ministro ter pedido a demissão por ser alvo de uma investigação do Supremo. Enquanto se aguarda o anúncio da decisão do Presidente da República, o Governo continua em funções, reunindo em Conselho de Ministros, assim como o Parlamento que vai hoje ouvir a ministra da Habitação no debate da especialidade do Orçamento do Estado para 2024.

Dia D do futuro governativo

O Presidente da República fala hoje ao país, depois da reunião do Conselho de Estado marcada para as 15 horas, para anunciar a decisão sobre o futuro governativo, na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro. Marcelo Rebelo de Sousa ouviu ontem todos os partidos com assento parlamentar e o caminho mais provável será a dissolução da Assembleia da República, que resulta em eleições legislativas antecipadas. A decisão do chefe de Estado é ainda conhecida numa altura em que se discute na especialidade o Orçamento do Estado para 2024 no Parlamento. Mais tarde, pelas 21 horas, já depois de conhecida a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa, o PS reúne no Largo do Rato a comissão política nacional para analisar a situação política.

Reunião do Conselho de Ministros

Apesar do pedido de demissão de António Costa do cargo de primeiro-ministro, o atual elenco do Executivo vai reunir em Conselho de Ministros. O encontro tem hora marcada para as 9h30 e vai decorrer na residência oficial do Primeiro-Ministro, no Palácio de São Bento.

Centeno fala sobre futuro das finanças

O governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, participa no almoço do American Club de Lisboa onde vai prestar declarações sobre o panorama atual e futuro das finanças europeias. O evento vai decorrer entre as 13h15 e as 14 horas no Teatro Tivoli BBVA. Antes, pelas nove horas, Mário Centeno vai discursar na abertura da 7ª edição da Money Conference, onde vão estar os protagonistas do setor bancário em Portugal para debater o tema “O desafio da Inteligência Artificial no futuro da banca”.

Ministra da Habitação no Parlamento

Continuam a decorrer na Assembleia da República as audições para discutir na especialidade o Orçamento do Estado para 2024. Para hoje está marcado o debate com a ministra da Habitação, Marina Gonçalves, que vai decorrer em conjunto entre a Comissão de Orçamento e Finanças e a Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.

Presidente da Fed na conferência do FMI

Arranca hoje a 24.ª conferência anual de pesquisa Jacques Polak organizada pelo Fundo Monetário Internacional, focada na Interdependência Global. Os mercados norte-americanos aguardam com expectativa o evento onde vai estar presente o presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, numa sessão de perguntas e respostas.

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IEFP une-se a mais de 50 empresas e associações para acelerar requalificação dos trabalhadores

  • Trabalho
  • 9 Novembro 2023

Programa PRO_MOV já contribuiu para a melhoria das qualificações de mais de três centenas de portugueses, mas ganha agora novo impulso: IEFP assina protocolo com 50 empresas e CIP junta-se.

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) vai assinar esta quinta-feira, dia 9 de novembro, um protocolo com mais de 50 empresas e associações — entre as quais, a Sonae, a SAP, a Nestlé, a Business Roundtable Portugal e a Confederação Empresarial de Portugal — com vista a acelerar a requalificação dos trabalhadores portugueses, através do programa PRO_MOV, que oferece formações em várias áreas.

“O PRO_MOV, programa de requalificação profissional para os empregos de futuro, assinala esta sexta-feira a parceria entre Estado e mais de 50 empresas e associações, com o objetivo de melhorar as qualificações dos portugueses“, foi anunciado em comunicado.

“Com a assinatura do memorando de entendimento, IEFP, Sonae, SAP, Nestlé, Associação Business Roundtable Portugal e CIP juntam-se na intenção de garantir uma empregabilidade superior a 75% aos formandos em situação de desemprego“, detalha a mesma nota enviada às redações.

Convém explicar que o PRO_MOV é um programa nacional de requalificação que se insere na iniciativa europeia Reskilling 4 Employment, que foi criada pelo European Roundtable for Industry, um fórum de alto nível que junta cerca de 60 CEO e presidentes de empresas, entre as quais Sonae, Nestlé e SAP. O objetivo dessa iniciativa é requalificar um milhão de europeus até 2025.

O programa arrancou em 2021 e já contribuiu para a melhoria das qualificações de mais de três centenas de profissionais, dos quais 177 estão atualmente em formação.

Atualmente, o PRO_MOV disponibiliza formação em sete setores: indústria, agricultura, digital, empregos verdes, vendas, saúde e business intelligence.

Em cada uma dessas áreas, têm sido desenhadas formações em colaboração com um conjunto alargado de empresas parceiras, “em profissões tão diversas como software developer, eletricista de instalações sustentáveis, network & cybersecurity administrator, auxiliar de ação médica, técnico analista na área da saúde, assistente especializado de contact center ou operador agrícola especializado”.

Ainda que já tenha algum história, este programa ganhará agora um novo fôlego, com a assinatura do referido procotolo, que marca também a integração da CIP nesta iniciativa.

“A CIP associa-se ao PRO_MOV por três razões basilares: o programa contribui para um maior alinhamento da procura versus oferta de competências, promove a reintegração dos portugueses no mercado de trabalho e constitui-se ainda como um excelente exemplo de associativismo empresarial”, sublinha Armindo Monteiro, presidente da CIP.

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Exportadoras desviam carga aérea para aeroportos no estrangeiro

Terminais obsoletos, rastreio demorado ou abertura de cargas na Alfândega afastam mercadorias para exportação dos aeroportos portugueses. Transitários denunciam “situação precária” em Lisboa e Porto.

As empresas exportadoras portuguesas estão a desviar a expedição de mercadorias que são transportadas por via aérea para aeroportos de Espanha e até do norte da Europa, como os Países Baixos, que “operam sem as ineficiências” que estão a afetar a movimentação deste tipo de carga nas infraestruturas de Lisboa e do Porto.

A denúncia é feita ao ECO pelo presidente executivo da APAT – Associação dos Transitários de Portugal, notando que os constrangimentos no Humberto Delgado e no Francisco Sá Carneiro “acabam por se traduzir, infelizmente, na fuga da carga para outros aeroportos internacionais e na perda de competitividade nacional, em prejuízo da nossa economia”.

António Nabo Martins reconhece que alguns dos atuais problemas já se registam “há mais de 20 anos, seguramente”, mas têm “piorado ao longo do tempo porque os outros países arranjaram alternativas, nomeadamente métodos de rastreio adequados às dinâmicas do mercado e a agilização de alguns procedimentos”.

Os constrangimentos à atividade dos operadores nos aeroportos portugueses acabam por se traduzir, infelizmente, na fuga da carga para outros aeroportos internacionais e na perda de competitividade nacional.

António Nabo Martins

Presidente executivo da Associação dos Transitários de Portugal

Em causa está a falta de investimento na modernização destas infraestruturas, com terminais “obsoletos” e falta de instalações adequadas de aceitação de carga, assim como medidas de segurança que obrigam ao rastreio da carga na máquina de raio-X, a abertura de “grande parte” das cargas para verificação visual por parte da Alfândega e da segurança, ou a falta de câmaras frigoríficas.

Na prática, descreve o líder da APAT, “a carga segue de camião muitas vezes diretamente das empresas para outros aeroportos europeus”. Neste contexto, o transporte rodoviário é usado para distâncias mais curtas, sendo em alguns casos o camião considerado Cargo Aircraft Carrier (CAO). Os veículos são “selados” e a carga é preparada e rastreada como se tratasse de um avião.

António Nabo Martins, presidente executivo da APAT

Numa carta enviada ao ministro das Infraestruturas, João Galamba, ao diretor-geral da ANA – Aeroportos de Portugal, Thierry Ligonnière, à presidente da ANAC – Autoridade Nacional da Aviação Civil, Tânia Cardoso Simões, e à diretora-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira, Helena Borges, os transitários queixam-se que a gestora dos aeroportos não responde às tentativas de contacto desde 2017 e denunciam uma “situação precária” nestas infraestruturas.

No caso específico do Aeroporto Francisco Sá Carneiro falam em “carga amontoada e espalhada pelos terminais, fora do perímetro de segurança e sem o devido acondicionamento”. Já no Humberto Delgado, apesar da decisão recente de deslocalizar a área militar de Figo Maduro e transferir os jatos privados para Cascais para aumentar a capacidade, acrescentam a “incerteza quanto à futura localização e, surpreendentemente, com o facto de a sua planificação não contemplar sequer um terminal de carga”.

Menos carga para Angola e Brasil. E-commerce ganha peso

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), os artigos farmacêuticos e os produtos perecíveis são aqueles que mais privilegiam o transporte de carga por via aérea. A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) aponta Angola, Brasil, Índia e Moçambique como os mercados mais tradicionais para este tipo de carga com origem em Portugal, seguidos da América do Norte, México e China. Os números fechados mais recentes (2021) relativos ao valor do transporte aéreo no total da carga exportada a partir de Portugal apontam para cerca de 2,4 mil milhões de euros.

Entre janeiro e agosto, em comparação com os primeiros oito meses do ano passado, o volume de carga transportada para Angola e para o Brasil baixou 14% e 8%, respetivamente, que são precisamente os dois principais destinos. Já em termos de faturação, calcula a APAT, regista-se este ano uma descida ainda mais acentuada, com perdas salientes nos EUA (-47%), Coreia do Sul (-46%) México (-42%) e Japão (-49%). O único em terreno positivo é mesmo o mercado interno português, em que, apesar do decréscimo no volume de carga (-8%), progrediu 12% no valor.

Ainda assim, salvaguardando que “a atipicidade de 2023 e respetiva conjuntura não favorece a análise de dados”, António Nabo Martins lembra que só no mês de agosto houve 8.949,2 toneladas de carga embarcada nos aeroportos de Portugal. E que este meio é “essencial para transportar mercadorias de elevado valor e os produtos farmacêuticos que precisam de chegar rapidamente às pessoas, assim como os do comércio eletrónico, que estão a crescer cerca de 10% ao ano e que já recorrem em grande parte ao transporte aéreo”.

O gestor estima que o setor assegura 46 mil postos de trabalho e assinala o “valor intrínseco dos produtos exportados por carga aérea, a mais-valia que representam e a necessidade que geralmente os acompanha de maior celeridade no transporte, como apenas o setor aéreo permite”. “Quanto mais competitivos formos no transporte e logística desta tipologia de cargas, [mais] estaremos a contribuir para a atração de indústrias de valor acrescentado, de conhecimento e para a retenção de recursos humanos”, completa.

Agilizar processos aduaneiros e de segurança

Para reforçar essa competitividade, os transitários exigem igualmente uma revisão dos procedimentos aduaneiros. Em particular, dizem que os processos para a obtenção e manutenção do estatuto de agente reconhecido e expedidor (integram a cadeia de abastecimento de carga aérea) são “complexos e morosos, especialmente quando comparados com os do nosso país vizinho”.

Da parte da ANAC, entidade responsável por este dossiê, a associação setorial recebeu, entretanto, a garantia de que este processo está a ser revisto, com o objetivo de identificar que fases podem ser agilizadas de forma a atrair mais operadores, empresas e transitários para esta certificação.

Por outro lado, na carta enviada no mês passado é pedida à supervisora e à ANA a melhoria nos protocolos de segurança, incluindo nos rastreios de mercadorias, para “minimizar atrasos e disfunções operacionais”. Dificuldades que, insistem os transitários, têm como consequência a transferência de carga para outros aeroportos europeus, a abertura de embalagens originais com risco de eventuais avarias e a perda de competitividade com “prejuízos evidentes” para a economia nacional.

Entretanto, esta associação decidiu criar o Fórum Nacional de Carga Aérea, em que pretende juntar todos os operadores do setor para falar a uma só voz. Já esta sexta-feira arranca no hotel Solverde, em São Félix da Marinha (Vila Nova de Gaia) o 19º Congresso APAT, que tem como mote ‘O transitário: a força da logística na economia’ e que junta durante dois dias a comunidade transitária portuguesa.

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IMI dispara 6,75% na habitação e 9% nos serviços, comércio e indústria

Prédios alvo da atualização trienal automática feita pelo Fisco vão pagar mais imposto em 2024 por via da inflação. Proprietários pedem travão idêntico ao das rendas.

O Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) vai subir, no próximo ano, 6,75% na habitação e 9% nos serviços, comércio e indústria para os prédios que sejam alvo da atualização automática do Valor Patrimonial Tributário (VPT) que é feita pelo Fisco, segundo a portaria, publicada esta quarta-feira em Diário da República, que atualiza os coeficientes de desvalorização da moeda de acordo com a inflação. Associações de proprietários pedem travão idêntico ao das rendas.

Este ano, o aumento do imposto foi de apenas 0,75% na habitação e de 1% nos serviços, comércio e indústria por via da revisão trienal. Agora, a fatura dispara para 6,75% e 9%, respetivamente, por força da escalada dos preços.

Num momento de taxas de juro elevadas no crédito à habitação, que têm vindo a agravar a prestação ao banco, este será mais um encargo a pesar no orçamento das famílias que contraíram empréstimo para comprar casa. Por exemplo, no caso de habitação, se o proprietário paga, atualmente, 500 euros de IMI, para o ano a fatura vai subir 6,75% ou 33,75 euros para 533,75 euros.

No caso de um edifício que se destine à atividade de serviços, comércio ou indústria, o aumento será maior de 9%. Um IMI de, por exemplo, dois mil euros vai aumentar 180 euros para 2.180 euros.

De ressalvar que o agravamento do imposto só irá incidir sobre os imóveis cujo VPT seja objeto de avaliação em 2023 por via da “atualização trienal automática” que está prevista no Código do IMI, explica ao ECO o fiscalista Ricardo Reis, da consultora Deloitte.

“Independentemente de o proprietário pedir a atualização do VPT, a Autoridade Tributária procede à sua revisão de três em três anos. Assim, as casas para habitação e os prédios urbanos comerciais, industriais ou para serviços cuja última avaliação ocorreu em 2020 vão sofrer agora um aumento do imposto”, indica o fiscalista. O ano da transação do imóvel, que, nesse momento, é alvo de reavaliação, marca o arranque da contagem trienal para a atualização do VPT que terá reflexos diretos no IMI.

Atualmente, há cerca de seis mil casas em todo o País, segundos os Censos de 2021 do Instituto Nacional de Estatísticas (INE). Desses, apenas os que tiveram a última revisão do VPT em 2020 irão sofrer um aumento do IMI.

Os coeficientes de desvalorização da moeda, agora publicados, e que, na prática, traduzem o efeito da inflação, mostram que os prédios cujo VPT não foram alvo de atualização terão agora um aumento de 9%. Mas esta percentagem incide apenas sobre os imóveis para serviços, comércio e indústria.

Para habitação, “aplica-se apenas 75% do coeficiente”, ressalva Ricardo Reis, pelo que o agravamento será menor, de 6,75%.

“Os valores patrimoniais tributários dos prédios urbanos [comerciais, industriais ou para serviços] são atualizados trienalmente, por aplicação do coeficiente de desvalorização da moeda correspondente ao ano da última avaliação ou atualização”, estabelece o Código do IMI.

“Os valores patrimoniais tributários dos prédios urbanos”, que sejam habitacionais ou terrenos para construção, “são atualizados trienalmente por aplicação de um coeficiente correspondente a 75 % do fator de atualização”, de acordo com o mesmo diploma.

O fiscalista Luís Leon, co-fundador da ILYA, sublinha “que o aumento em causa não representa um agravamento da carga fiscal, mas resulta somente da atualização automática que tem em conta a inflação”. De recordar que a variação média anual do índice de preços atingiu, no ano passado, os 7,8%, um recorde das últimas três décadas, estando previsto que desça para 4,6% este ano, ainda assim, superior à meta dos 2% do Banco Central Europeu.

Apesar de atualização automática do VPT estar prevista na lei, Luísa Casimiro da Costa, da Abreu Advogados, sublinha que “não significa que essa revisão se verifique efetivamente”. “O sistema informático das Finanças é dos mais evoluídos a nível mundial, mas tem lapsos e já houve anos em que as atualizações automáticas não abrangeram a totalidade dos imóveis visados”, indicou.

Proprietários pedem travão idêntico ao das rendas

As associações de proprietários olham com apreensão para este aumento e já pedem um travão a esta atualização automática idêntica ao que o Governo aplicou, de 2%, para o aumento das rendas este ano.

“O Estado tem uma necessidade imensa de versas e quem tem alguma coisa vai ter de pagar mais”, critica António Frias Marques, presidente da Associação Nacional de Proprietários (ANP). No seu entender, “o Executivo poderia mudar a lei e retirar este mecanismo automático”. “Assim como se pôs um travão de 2% ao aumento das rendas para este ano, também se podem arranjar uns travões de boa qualidade para evitar uma subida tão elevado do IMI”, defende Frias Marques.

O presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), Luís Menezes Leitão, alinha pelo mesmo diapasão: “O aumento do IMI é um problema, devia-se antes tentar baixar o imposto”. Menezes Leitão recorda que a “ALP sempre foi contra esta reforma do IMI que permite a atualização automática do VPT de três em três anos”. “Isto é, na prática, uma renda que os proprietários pagam ao Estado e as câmaras não querem abdicar dessa receita”.

Ainda assim, o líder da ANP considera que, “perante tais aumentos, as autarquias deverão suavizar o imposto, aprovando, por exemplo, taxas mais baixas”. Recorde-se que o IMI é uma receita dos municípios e as taxas são aprovadas pelas assembleias municipais.

Até 31 de dezembro deste ano, as câmaras têm de comunicar às Finanças o imposto a aplicar em 2024, cuja taxa varia entre 0,3% e 0,45%. Os municípios em resgate financeiro ou abrangidos por programas de apoio à economia podem aplicar uma taxa máxima de 0,5%.

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Bancos preparam moratória complementar à do Estado

A moratória privada dos bancos também assume a fixação da prestação durante dois anos, mas elimina todos os requisitos de exclusão exigidos pela moratória pública para assim chegar a mais famílias.

Alguns bancos preparam-se para anunciar uma moratória privada para o crédito à habitação que será em tudo semelhante à moratória do Estado, que arrancou a 2 de novembro.

De acordo com informação recolhida pelo ECO junto de fontes do setor, esta “moratória privada” assume também a fixação temporária da prestação da casa durante 24 meses num montante equivalente a 70% da Euribor a 6 meses, e o pagamento do capital diferido que for acumulado durante este período no futuro, diluído pelos anos que restam ao contrato. Tudo exatamente nos mesmos moldes que assume a moratória pública, com uma nuance.

O ponto de cisão entre as duas moratórias está na ausência de requisitos de exclusão na adesão à moratória privada. Recorde-se que a moratória pública só pode ser requerida se as famílias cumprirem cumulativamente os seguintes critérios:

  • Não se encontrem abrangidos por um plano de ação para o risco de incumprimento (PARI) ou procedimento extrajudicial de regularização de situações de incumprimento (PERSI) e não se encontrem numa situação de insolvência.
  • Os contratos tenham sido celebrados até 15 de março de 2023 e não apresentem valores em mora ou incumprimento.
  • E o crédito à habitação tenha sido contrato à taxa de juro variável ou à taxa mista, mas encontre-se em período de aplicação da taxa de juro variável.

No caso da moratória privada, todos estes requisitos não são considerados para efeitos de exclusão da adesão à medida, cabendo unicamente ao departamento de risco do banco permitir ou não a disponibilização da moratória.

É nessa solução que, por exemplo, a equipa do Santander Totta está a trabalhar para começar a oferecer aos seus clientes em meados deste mês.

Com esta solução, os bancos procurarão ir ao encontro dos seus atuais clientes que celebraram um crédito à habitação após 15 de março (que estão fora do âmbito da moratória pública), oferecendo-lhes uma solução que tem a capacidade de reduzir no imediato o custo com a prestação da casa. Mas não só.

A moratória privada terá também a capacidade de apoiar famílias vulneráveis que, por terem estado numa situação de incumprimento momentâneo de algum dos seus créditos, por ventura por conta da subida do custo de vida no último ano, ficam excluídas do acesso à moratória pública.

Questionada pelo ECO, a Associação Portugal de Bancos (APB) revela que “não participa e não interfere em ações comerciais dos seus associados, nem as comenta, porquanto as mesmas se inserem na sua atividade concorrencial“, notando ainda que “desconhece, e não tem que conhecer” qualquer situação que envolva a construção de moratórias privadas porque “serão ofertas comerciais dos bancos.”

O ECO procurou também uma reação junto dos cinco maiores bancos a operar em Portugal. Nenhum negou que esteja a trabalhar numa solução deste género, preferindo, em alguns casos, apenas apontar as soluções de crédito à habitação que já disponibilizam aos seus clientes.

A criação de uma moratória privada por parte da banca nacional não é propriamente uma surpresa. Entre 2020 e 2021, no contexto da pandemia Covid-19, o Governo aprovou um regime de moratória aplicável a contratos de crédito à habitação garantidos por hipoteca e outros créditos hipotecários, que permitiram as famílias beneficiar da suspensão do pagamento das prestações durante um período.

Como resposta à medida do Governo, os bancos disponibilizaram voluntariamente moratórias privadas aos seus clientes, que abrangiam os contratos de crédito que não beneficiaram da moratória pública, tais como os contratos de crédito pessoal (com exceção dos contratos de crédito aos consumidores com finalidade educação), o crédito automóvel e os cartões de crédito.

O ECO pediu um esclarecimento ao Banco de Portugal, mas o regulador preferiu não tecer qualquer comentário sobre esta matéria.

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