Fora da Caixa: Um ‘mar de oportunidades’ nos Açores

  • ECO
  • 1 Novembro 2023

O encontro 'Fora da Caixa' juntou na Ilha Terceira, Paulo Macedo, José Manuel Bolieiro, governantes regionais e empresários, para discutir as políticas do mar e as oportunidades dos Açores.

“O Mar e o Desenvolvimento Económico dos Açores” foi o pretexto para juntar um conjunto de decisores regionais no ‘Fora da Caixa’, em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira. Um encontro promovido pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), para discutir a economia do mar e as oportunidades económicas para o arquipélago, mas não só, a transição climática, o papel da banca neste processo, as prioridades políticas do Governo liderado por José Manuel Bolieiro e o que são as perspetivas das empresas locais. “É preciso ação e é preciso investimento. [Mas] que tipo de ação e que tipo de investimento? A questão é se ainda estamos muito da fase da sensibilização ou se já estamos mais na ação… E, portanto, a conclusão é que ainda estamos muito na sensibilização, mas com algumas entidades a fazerem questões concretas”, começou por dizer Paulo Macedo, o presidente do banco público.

Há compromissos significativos por parte da indústria para diminuir a sua pegada de carbono, por exemplo, estou a falar do caso das cimenteiras. Tem que haver um processo tecnológico de adaptação da produção para se poder produzir mais cimento, porque vamos ter mais pessoas no planeta e, por isso, é natural que precisemos de produzir mais cimento… A resposta não vai ser “não produzir cimento”, a questão é como é que se vai conseguir produzir mais cimento ou uma menor pegada do que que a que existe hoje. Isto está previsto e está a materializar-se“, lembrou o gestor. Mas é preciso mais.

Perante uma sala cheia, com mais de 250 na assistência, e perante José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores, do representante da República nos Açores, Pedro Catarino, do presidente do Fórum Oceano, António Nogueira Leite, de governantes regionais e de dezenas de empresários e gestores locais, Paulo Macedo insistiu na necessidade de garantir o retorno do investimento na transição energética e climática. “Os benefícios económicos serão muito significativos“, acredita Macedo.

Neste contexto, o presidente da CGD garantiu aos empresários açorianos que o banco público vai aumentar a exposição financeira às empresas. “Nós damos um apoio a este cluster da economia do mar, esperemos que cresça, mas, no fundo, a CGD tem cerca de seis mil clientes com o CAE da economia do mar, portanto, o que esperamos é multiplicar o valor do crédito, que são umas centenas de milhões de euros que temos a esta atividade, rapidamente“. Mas o presidente da CGD esclarece o que é a estratégia do banco público: “Seria um disparate alguém dizer que não vai financiar as indústrias ‘castanhas’, temos é, precisamente, de financiar a transição energética dessas atividades, para poderem ter uma intervenção com adaptabilidade ambiental“. Assim, Paulo Macedo terminou com um compromisso: “A CGD tem resultados expressivos, vai continuar a devolver o que recebeu do Estado, tem capital, tem liquidez e quer fazer negócio“.

Açores quer liderar pelo exemplo

José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores, começou por identificar a identidade dos açorianos ligada ao mar. “Os Açores, as açorianas, os açorianos, são de identidade marítima, portanto, falemos sobre identidade. Esta identidade marítima que formou e forjou o nosso caráter, a nossa personalidade de Ilhéus, tem como referência também uma outra virtualidade que arquipelágica“. E recusa a ideia de periferia e afastamento, porque os Açores estão entre três placas, a euroasiática, a africana e a norte americana. “Por regra, o nosso raciocínio é feito a uma dimensão territorial terrestre e, por isso, sim, no contexto terrestre e demográfico, estamos ultraperiféricos, distantes e de reduzida dimensão. Se ficarmos com este conceito, somos pequenos e inconsequentes. Mas se associarmos a esta identidade, como faço referência destas três placas que nos coloca numa projeção de centralidade, afinal de contas, do mundo, passamos a compreender melhor a dimensão do nosso território, juntando o espaço marítimo e espaço espacial“.

Mas Bolieiro quer os Açores a liderar pelo exemplo, e por isso deixou recados ao Governo central, precisamente sobre política marítima. “Quando se discute que domínios de gestão partilhada, ou em cogestão, sobre os interesses ambientais e económicos do mar português, é legítimo retirar competência às populações marítimas e aos seus órgãos de governo próprio? A minha firme opinião de que não. É, aliás, ilegítima essa tentativa de sequestrar para outrem aquela que é uma competência, que é uma identidade de um povo marítimo, isto é, do povo dos Açores, das açorianas e dos açorianos“.

O presidente do Governo regional dos Açores respondeu, aliás, às dúvidas sobre autonomia de gestão marítima. “Fomos desde sempre uma economia e uma sociedade e uma identidade cultural pela sustentabilidade. Nunca nos ‘standardizamos’ pelas lógicas extrativas do desenvolvimento, nem sequer de uma apetência por deixar a identidade em benefício do enriquecimento rápido, ou de um elemento de subvenção externa para prescindirmos do que é a nossa identidade…“.

Assim, “temos de dar um sinal ao mundo que lideramos pelo exemplo e não pela palavra, e muito menos ainda pelas intenções“, disse Bolieiro, perante uma sala cheia. O líder do governo açoriano lembrou que a Agenda Nacional do Mar 2030, ou a agenda da proteção marinha e dos ecossistemas europeus, ou os próprios Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ODS das Nações Unidas, “determinam uma orientação inequívoca de proteção do nosso mar, pelo menos a 30%, criando áreas de reserva marinha protegida“. Assim, acrescentou o governante regional, “estamos empenhados também a incluir o nosso Plano de Ordenamento do Espaço Marítimo regional para futura integração no plano de ordenamento marítimo nacional. Já o fizemos na região, com aprovação por unanimidade, aliás, da Comissão Consultiva que a lei determina, já entregamos ao Ministério da Economia e do Mar, aguardamos, pois, a sua plena integração no plano de ordenamento marítimo nacional“.

Minutos antes, José Manuel Bolieiro tinha sublinhado a importância da sustentabilidade da economia do mar. “No que diz respeito aos rendimento da economia do mar, da economia azul, temos boas expectativas, e numa diferença, que é a de passar da economia extrativa, que é mais redutora, que é mais penalizadora, que tem muito de passado, pouco de presente e, portanto, de futuro quase nada, para a conservação dos ecossistemas, a valorização dos nossos ecossistemas marinhos”.

A economia azul tem de ir além do turismo

António Nogueira Leite é presidente do Fórum Oceano, uma organização que resultou da fusão de duas entidades, uma a Norte e outra a Sul, processo que é pouco comum em Portugal. “Nós somos o resultado da fusão de duas associações que já existiam anteriormente, o Oceano XXI, público e privado, muito ligado às universidades com sede no Norte, e o Fórum Empresarial da Economia do Mar, em Lisboa, que concentrava as principais empresas portuguesas com ligações à economia do mar”. É reconhecido como um cluster para efeitos de de competitividade e, neste momento, representa 150 associados, que são, na sua maioria, empresas. “Neste momento, os nossos associados têm um volume de negócios de cerca de cinco mil milhões de euros, as exportações são dois mil milhões e representamos cerca de metade daquilo que se poderá chamar a economia azul em Portugal“, explica o professor da Nova SBE e administrador de empresas.

O Fórum Oceano tem uma agenda exigente, reconhece Nogueira Leite. “Para além de sermos o fórum ou a plataforma das empresas e das entidades públicas ligadas à economia do mar, somos também, desde o ano passado, a sede mundial da chamada ‘blueteccoasteralliance’, uma aliança de clusters que vão desde os Estados Unidos, do Canadá, do Reino Unido, da Irlanda, França, Espanha, Portugal e Noruega, com cerca de 5000 empresas membros com bastante atividade comum e de partilha de experiências, de meios, de experiências, quer de produção, quer de inovação, quer de formas de financiamento”. Além disso, “integramos o consórcio ‘Blue Invest Platform’, o mecanismo que a União Europeia criou para o investimento na economia azul. Houve um concurso a nível da União Europeia” e o consórcio em que está o Fórum Oceano foi o vencedor.

O que é a economia azul? “Estamos a falar, como todos sabemos, das coisas habituais, como a pesca, a transformação do pescado, a construção e a reparação naval, a gestão da água, a regeneração ambiental, o tema dos portos, que está a ter uma atenção muito grande“, detalha o presidente do Fórum Oceano. “Depois, o tema que em Portugal é o mais desenvolvido, mas gostaríamos de contribuir para que, continuando a desenvolver-se, deixássemos de ter uma economia azul em que o peso do turismo é tão grande… O turismo marítimo e costeiro continua a ter um peso bastante significativo e deve ser desenvolvido, mas gostaríamos que o país tivesse menos dependente desta componente, porque há muitas outras que é preciso desenvolver em termos da economia azul“.

Os decisores empresariais e governantes regionais em discurso direto

Berta Cabral, secretária regional do Turismo

  • “A sustentabilidade é para nós [governo regional] fundamental em todos os setores, e não é apenas no turismo. Mas o turismo, efetivamente, tem ganhado uma grande notoriedade e um grande desenvolvimento. O turismo nos Açores só encontrou um processo de desenvolvimento sustentado, economicamente, a partir da liberalização do espaço aéreo, para a ilha de São Miguel e Ilha Terceira. Em 2019, dá-se a primeira certificação, o primeiro arquipélago certificado, já estamos no nível 3 (prata) e queremos atingir o Ouro”. Já estamos a trabalhar ao nível de clusters, para garantir a sustentabilidade e desenvolvimento económico. Os Açores têm exemplos para mostrar ao mundo na passagem da indústria extrativa para a indústria sustentável, ao nível do ecoturismo marinho.

Helga Barcelos, CEO da Quinta dos Açores

  • “Nos dias de maiores dificuldades, olho para ali e digo ‘vale a pena continuar, temos que continuar a apostar nisto’, porque não só tem-nos permitido ter um produto com valor acrescentado que é fácil de exportar, que valoriza a fileira do leite, mas também tem permitido fazer uma apresentação daquilo que é a nossa gastronomia açoriana. E isso é uma conquista fantástica”.

Manuel São João, secretário regional do Mar e Pescas

  • “A lógica do peixe das pescas dos Açores é ‘um homem, um peixe’, Isto é uma afirmação de um setor que tem de se afirmar pela qualidade do seu produto, que tem de se afirmar pelo preço que pratica, que tem de ter canais de comercialização que lhe permita colocar o pescado em mercados internacionais com contrapartidas económicas (…) Em termos de sustentabilidade social, temos de afastar dos pescadores açorianos aquele estigma, diria eu, que durante séculos nos marcou. Ou seja, o facto de termos poucas, duas, pelo menos, comunidades piscatórias que têm alguns problemas, não podemos transpor isso para o setor das pescas em termos regionais. O que temos feito é um esforço no sentido da formação”.

Marcos Couto, presidente da Associação Comercial de Angra do Heróismo

  • “Nos Açores, ainda não tivemos capacidade de resolver aquilo que é mais básico. Refiro-me a utilizar o mar como mercado interno, e temos de olhar para o mar nessa dimensão (…) O grande desafio que os Açores têm neste momento é a utilização do mar como as suas autoestradas do desenvolvimento, seja no desenvolvimento interno, seja depois na ligação com o exterior (…) Decorre um estudo, e esperemos que venha a ajudar a resolver muitos destes problemas (…) Através da tarifa Açores (tarifa aérea entre ilhas), os açorianos passaram a conhecer-se muito mais, mas ao nível empresarial essa relação não é possível”.

Francisco Cary, administrador da CGD

  • “Os Açores é uma região ultraperiférica, mas pensando mais à distância, a minha visão é que problemas dos Açores não são tão diferentes de Portugal como um todo (…) É preciso encontrar áreas de especialização e diferenciação, que aqui nos Açores é ainda mais agudo pela questão da escala (…) A CGD é o banco que mantém a maior presença no arquipélago, representado em todas as ilhas. Qual é o nosso papel, neste contexto de promoção do financiamento? As taxas estão mais altas, o ambiente de risco e incertezas… Com uma posição de capital como nunca tivemos, com uma posição de liquidez muito forte, no financiamento não estamos com critérios de risco mais apertados (…) Há muitas oportunidades nos Açores e o crédito tem estado a aumentar”.

Paz Ferreira e Abrunhosa discutem o ‘idadismo’

Como é tradição, o ‘Fora da Caixa’ encerra com um momento cultural, e desta vez junto o açoriano Eduardo Paz Ferreira em conversa com o músico Pedro Abrunhosa, à volta do mais recente livro do professor jubilado da Faculdade de Direito de Lisboa, “Devo fechar a porta?”, uma obra sobre o chamado ‘idadismo”. Mas como se viu naquela conversa, o ‘idadismo’ não tem idades.

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Powell diz que Fed ainda não sabe se já fez suficiente no combate à inflação

O presidente da Reserva Federal não se quis comprometer com sinais para a decisão dos juros em dezembro. Jerome Powell diz que ainda não é claro se será necessário mais um aumento antes de cortar.

A pausa nas subidas das taxas de juro, iniciada pela Reserva Federal (Fed) em setembro, foi prolongada no primeiro dia de novembro, levando os jornalistas esta quarta-feira a questionar o presidente do banco central sobre o que irá acontecer em dezembro. A resposta de Jerome Powell foi clara: não sabemos.

“No Comité [de política monetária, FOMC, na sigla em inglês], estamos comprometidos em atingir uma posição de política monetária suficiente para travar a inflação até aos 2% gradualmente, e não estamos confiantes ainda que tenhamos chegado a essa posição“, disse Powell, em conferência de imprensa após a reunião em que foi decidida a manutenção das taxas de juro inalteradas no 5,25%-5,5%.

Na reunião do FOMC de setembro, o dot plot, gráfico que representa as avaliações dos membros do comité apontava para mais uma subida nas taxas de juro este ano, com 12 membros a indicarem que a Federal Funds Rate deverá terminar 2023 no intervalo de 5,5%-5,75%, com apenas sete a apostarem na manutenção dos níveis atuais.

Jerome Powell explicou esta quarta-feira que o dot plot é apenas uma coleção das opiniões individuais de cada membro e não representa um plano, sublinhando que está tudo em aberto para a reunião de dezembro.

Não tomamos nenhuma decisão sobre reuniões futuras. Não tomamos uma decisão e não estamos confiantes neste momento de termos alcançado tal posição”, respondeu. “Não estamos confiantes sobre termos alcançado nem sobre não termos alcançado”.

O chairman sublinhou que tendo em conta as incertezas e os riscos, e “quão longe chegámos”, o comité está “avançar de forma cautelosa e vai continuar a tomar decisões reunião a reunião“.

Desde março de 2022, a Fed aumentou as taxas diretoras de 0,25% para o valor mais elevado em mais de duas décadas nos 5,5% para controlar a taxa de inflação que, desde o pico de 9,1% em junho do ano passado, caiu para 3,2% em julho antes de acelerar ligeiramente para 3,7% em agosto e setembro.

Perto do fim, mas cedo para cortes

Powell referiu ainda que a Fed estará perto do fim do ciclo de subidas das taxas de juro, mas vincou que a principal questão neste momento é se faz mais um aumento.

Questionado se uma pausa mais prolongada poderá levar a Fed a antecipar o timing do início dos cortes nas taxas de juro, Powell disse que o assunto nem foi discutido.

“O facto é que o Comité não está de todo a pensar em cortes nas taxas neste momento. Ainda estamos muito concentrados na primeira questão, ou seja, se conseguimos uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para reduzir a inflação para 2% ao longo do tempo de forma sustentável”, explicou.

A próxima questão, como vocês sabem, será: por quanto tempo continuaremos restritivos? Dissemos que manteremos uma política restritiva até estarmos confiantes de que a inflação está num caminho sustentável até 2%. Essa será a próxima pergunta”, disse.

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PSD pede audição urgente do ministro da Economia sobre venda da Efacec

  • Lusa
  • 1 Novembro 2023

O PSD vai requerer a presença urgente do ministro da Economia, António Costa Silva, no parlamento para prestar esclarecimentos sobre o processo de venda da Efacec ao fundo alemão Mutares.

O PSD vai requerer a presença urgente do ministro da Economia, António Costa Silva, no parlamento para prestar esclarecimentos sobre o processo de venda da Efacec ao fundo alemão Mutares, revelou hoje o líder parlamentar social-democrata.

Em declarações à Lusa, Joaquim Miranda Sarmento criticou o investimento total do Estado de “cerca de 400 milhões de euros” na empresa desde a sua nacionalização em 2020 – aludindo aos 200 milhões de euros (ME) já gastos em suprimentos, além de uma injeção de mais 160 ME e de outros 35 ME em obrigações através do Banco de Fomento -, sublinhando que “o Governo não disse toda a verdade” sobre este processo.

“O PSD vai chamar ao parlamento o ministro da Economia com a urgência possível, estando o parlamento em trabalhos orçamentais, mas com a urgência possível. E não deixaremos também de questionar o primeiro-ministro quando houver essa oportunidade”, afirmou, acrescentando: “O ministro da Economia disse que hoje era um dia feliz. Não sei para quem é que é um dia feliz, mas para os contribuintes portugueses, seguramente, não é um dia feliz”.

Para Joaquim Miranda Sarmento, a operação de venda ao fundo alemão com as condições hoje anunciadas demonstra que “a empresa tinha problemas graves” e que a justificação do Governo para a nacionalização com os problemas de ‘compliance’ e da acionista Isabel dos Santos não explicam os encargos desta dimensão para o Estado.

Em conferência de imprensa no Ministério da Economia, António Costa Silva disse que esta terça-feira foi assinada a venda da Efacec à Mutares e que este fundo injetará 15 milhões de euros em capital e 60 milhões de euros em garantias, descrevendo a conclusão da operação de venda como “um dia feliz para a economia portuguesa”.

A Efacec, que tem sede em Matosinhos, conta com cerca de 2.000 trabalhadores.

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Corretora MDS renova 3º maior contrato de seguros do Brasil

  • ECO Seguros
  • 1 Novembro 2023

O braço da corretora portuguesa no Brasil intermediou contrato com a empresa de celulose e papel Suzano. são 20 locais e mil milhões de dólares de risco. Boas práticas ESG já são cruciais para prémios

A sucursal brasileira da MDS renovou um contrato de intermediação com Suzano, a maior empresa de celulose e papel da América Latina, para a colocação do risco de seguros e de resseguros. Com a renovação, ficou a Tokio Marine como a seguradora líder e a Zurich e a Swiss Re Corporate Solutions em co-seguro.

A Suzano tem 13 fábricas e 20 locais de risco que totalizam mil milhões de dólares de capitais cobertos por seguros.

 

Segundo o site brasilerio Sonho Seguro, trata-se de um dos três maiores contratos de seguros do Brasil, hoje conta com um limite de risco de mil milhões de dólares. São 13 fábricas no Brasil, sendo três consideradas HPR (highly Protected Risk) além de alguns portos e terminais intermodais, totalizando mais de 20 locais de riscos em território brasileiro. Além das coberturas clássicas de riscos patrimoniais e lucros cessantes, a cobertura inclui obras de engenharia e para mercadoria armazenada nas fábricas, tudo contratado ao primeiro risco absoluto e sem claúsula de rateio.

Segundo o site, a Suzano e a MDS promoveram roads shows em quatro mercados: Brasil, China, Londres e Miami. “Foram mais de 100 resseguradores consultados para fecharmos um painel próximo de 50, o que nos ajudou a reduzir taxas”, conta o CEO da MDS Re, Thiago Tristão. Que ainda comentou ter verificado, principalmente no mercado de Londres, “a realidade ESG inserida nos negócios de seguros”.

“Ainda não temos como travar um paralelo concreto em descontos por ações ESG” – referiu o CEO da MDS Re – “no entanto, nos encontros em Londres, com cerca de 40 resseguradores, além do subscritor especializado no ramo da Suzano, todos tinham um especialista apenas para análise de risco ESG, o que não era uma prática comum até então”, acrescentou.

Tristão descreveu: “Eles questionaram muito o que o cliente está a fazer pelo ESG e certamente as ações da Suzano neste quesito foram determinantes para as condições que estamos agora a finalizar”, conclui.

Correção 2-11-23 19h. Por lapso indicámos que a MDS teria ganho o contrato com a Suzano. De facto, a corretora renovou um contrato existente, apenas alterando a seguradora líder da Zurich para a Tokio Marine.

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Fed mantém taxas de juro inalteradas e prolonga pausa

O banco central dos Estados Unidos não surpreendeu e repetiu a decisão do mês passado ao não mexer nas taxas de juro diretoras. Atividade económica expandiu a um "ritmo forte no 3º trimestre, afirmou.

A Reserva Federal norte-americana (Fed) manteve esta quarta-feira inalteradas as taxas de juro, numa decisão que era esperada por investidores e analistas e que repete o resultado da anterior reunião após uma longa sequência de subidas para combater a inflação.

O Comité de Política Monetária da Fed (FOMC, na sigla em inglês) informou, em comunicado, que as Fed Funds Rates permanecem inalteradas no intervalo 5,25%-5,5%.

“O Comité procura atingir o nível máximo de emprego e inflação à taxa de 2% a longo prazo. Em apoio a estes objetivos, o Comité decidiu manter o intervalo-alvo para a taxa das Fed Funds Rates entre 5,25% e 5,50%”, sublinhou.

Desde março de 2022, a Fed aumentou as taxas diretoras de 0,25% para o valor mais elevado em mais de duas décadas nos 5,5% para controlar a taxa de inflação que, desde o pico de 9,1% em junho do ano passado, caiu para 3,2% em julho antes de acelerar ligeiramente para 3,7% em agosto e setembro.

Economia aumenta de ritmo de “sólido” para “forte”

A Fed adiantou no comunicado que indicadores recentes sugerem que a atividade económica expandiu a um “ritmo forte” no terceiro trimestre, utilizando uma expressão mais positiva do que o “ritmo sólida” na comunicação após a reunião de setembro.

“Os ganhos de emprego moderaram-se desde o início do ano, mas permanecem fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação continua elevada”, explicou.

O banco central referiu que o sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente, mas sublinhou que “condições financeiras e de crédito mais restritivas para famílias e empresas deverão pesar sobre a atividade económica, as contratações e a inflação.

“A extensão destes efeitos permanece incerta. O Comité permanece muito atento aos riscos de inflação“, vincou.

Em Wall Street, os principais índices acionistas reagiram de forma positiva ao comunicado, com o Dow Jones Industrial Average a subir 0,13%, o S&P 500 0,29%, e o Nasdaq Composite a somar 0.52%. A yield das obrigações soberanas americanas a 10 anos, as Treasuries, caíram 7 pontos base para 4,80%, mínimos de duas semanas.

No mercado de futuros, os investidores em taxas de juro de curto prazo reforçaram a aposta na possibilidade de a Fed ter terminado o ciclo de subidas e que irá começar a cortar o custo do dinheiro em junho de 2024. Os contratos de futuros indicam um probabilidade de apenas 25% de um novo aumento antes da reunião de janeiro, menos que os 35% registados antes do comunicado desta quarta-feira.

[Notícia atualizada às 18h29]

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Riscos catastróficos: “Sinergia entre o setor público e o setor segurador é essencial”

  • ECO Seguros
  • 1 Novembro 2023

No terceiro painel da 4ª Conferência ECOseguros debateu-se acerca da cooperação entre o setor segurador e o setor público na prevenção face a fenómenos naturais. Assista aqui ao debate.

A 4.º Conferência Anual ECOseguros contou com o painel intitulado de “Como podem os seguros cooperar com os poderes públicos na prevenção e compensação de danos” moderado por Francisco Botelho – diretor do ECOseguros e com a participação de António Araújo Correia – Representante da LNEC, Bruno Militão Ferreira – Diretor Negócios Particulares da Fidelidade, Carlos Mendes – Diretor Nacional de Prevenção e Gestão de Riscos da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Erik Payen – Senior Manager Public Sector Solutions, Swiss Re e Gonçalo Baptista – Diretor Geral Innovarisk

Francisco Botelho moderou o debate que contou com a presença de Erik Payen, Carlos Mendes (AN Proteção Civil), António Araújo Correia (LNEC), Bruno Militão Ferreira (Fidelidade) e Gonçalo Baptista (Innovarisk).

A década que vivemos entrou com a pandemia COVID-19 e, ainda antes de ser decretado o seu fim, chuvas inundaram o país onde a seca se faz presente. Analisando o passado e estudando o território, prevê-se a continuação de intempéries, com maior frequência. Estas certezas, aliadas à possibilidade da ocorrência de um sismo em Portugal, faz com que o setor público e o segurador se aliem e procurem estratégias para minimizar os danos.

Neste painel, onde se debateu acerca do futuro do país, os oradores concordaram que é indispensável agir de forma preventiva para minimizar os danos de catástrofes naturais, afirmando que uma sinergia entre o setor público e o setor segurador é essencial, pois “é mais fácil organizarmos o financiamento antes do que depois”, afirmou Erik Payen.

De acordo com António Correia, o papel dos seguros pode ir além da prevenção, pode ter um papel de regulação do comportamento das pessoas e de regulador do mercado de construção “em termos de favorecer o edificado de qualidade no prémio de seguro que se ajustem a vulnerabilidade do edifício”, caso o fundo sísmico se torne obrigatório, afirma.

Possíveis soluções foram apontados e análises partilhadas. Pode ter acesso integral ao debate aqui:

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Zurich Portugal lança dois cursos executivos em parceria com a Porto Business School

  • ECO Seguros
  • 1 Novembro 2023

Os cursos são destinados a colaboradores da área comercial e mediadores e as aulas serão lecionadas no Campus da Porto Business School. Com o objetivo de fortalecer as competências dos participantes.

A Zurich Portugal reforça a sua parceria com a Porto Business School com a promoção da segunda edição de dois cursos executivos que visam abordar “as principais mudanças do mundo dos negócios e da gestão, com foco na liderança e na gestão de equipas e, também, as oportunidades atuais e futuras do setor segurador”, anunciou a seguradora.

O objetivo de Liliana Silva, responsável pelos recursos humanos da Zurich, é “dotar os colaboradores e mediadores de ferramentas que fortaleçam as suas competências”.

Os cursos denominam-se “Embracechange & Lead effectively” (‘Aceitar a mudança, liderar com eficácia’) e “Empower our Business” (‘Fortalece o nosso negócio’) e vão decorrer em formato presencial no Campus da Porto Business School da Universidade do Porto.

Desenhados para os colaboradores da área comercial e mediadores, os cursos permitem “dotarmos os nossos colaboradores e mediadores de ferramentas que fortaleçam as suas competências, criando um impacto positivo nas suas experiências profissionais e pessoais e na proteção que dão aos nossos clientes através dos nossos seguros”, explica Liliana Silva, diretora do desenvolvimento dos recursos humanos da Zurich Portugal.

No curso “Embrace change Lead effectively”, os colaboradores da “Zurich vão focar a sua formação em conceitos como centralidade no cliente, experiências positivas, liderança de equipas, autoconsciência emocional e gestão de mudança”. Já no âmbito da formação “Empower our Business”, os mediadores irão abordar “temas como a estratégia e liderança, transformação digital, foco no cliente e o panorama regulamentar de sustentabilidade no setor segurador”, lê-se no comunicado.

De acordo com a seguradora, a parceria com a escola “reforça a aposta da Zurich na criação e partilha de conhecimento como eixo estratégico do negócio” e os cursos são também “um complemento à oferta formativa existente para os colaboradores e mediadores na Academia Zurich, uma plataforma de e-learning que disponibiliza um conjunto de cursos relacionados com o setor segurador e com os produtos comercializados pela Zurich em Portugal”.

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Há novas regras para os táxis. Saiba tudo o que muda a partir de 1 de novembro

Novo regime jurídico reorganiza as áreas geográficas através de acordos intermunicipais para acabar com a tarifa de retorno e flexibilizar contingentes. Motoristas têm de provar a sua idoneidade.

A partir desta quarta-feira, dia 1 de novembro, entram em vigor novas regras para o serviço de táxi que irá tornar as viagens mais baratas, com a eliminação da tarifa de retorno em vazio, e flexibilizar os contingentes, segundo o decreto-lei publicado esta terça-feira em Diário da República.

O regime jurídico estabelece ainda uma certa equiparação aos transportes individuais de passageiros em veículo descaracterizado (TVDE), vulgo “Ubers”, ao permitir a disponibilização do serviço através de plataforma eletrónica com a indicação da estimativa do preço.

Por outro lado, o diploma, aprovado pelo Governo no mês passado, reintroduz o requisito da idoneidade do motorista para poder operar um táxi. Isto significa que o condutor tem de provar que tem o cadastro limpo, critério que tinha sido eliminado na Lei n.º 5/2013 de 22 de janeiro.

“Com o presente decreto-lei, pretende-se reafirmar que o transporte de passageiros em táxi é um serviço público, caracterizado pela sua universalidade e disponibilidade, com especial ênfase nos territórios de baixa procura, onde o táxi surge como elemento essencial para a conectividade das populações”, segundo o decreto-lei.

O diploma surge na sequência do relatório final do grupo de trabalho para a modernização do setor do táxi, coordenado pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), que apontava para três pontos estruturantes para a nova lei: contingentação, digitalização do mercado e tarifário.

O novo regime jurídico flexibiliza as atuais restrições geográficas e de contingentes, estabelecendo que “compete às entidades intermunicipais definir, em articulação com os municípios, os territórios e os termos onde deve haver uma gestão intermunicipal da atividade de transporte em táxi”, mediante acordos intermunicipais.

Neste âmbito, “as tarifas de retorno em vazio, no âmbito do território objeto do acordo, devem ser eliminadas, podendo, neste caso, ser substituídas por outras tarifas, nomeadamente progressivas”, segundo as novas regras.

Para além disso, “o decreto-lei reorganiza e atualiza as regras de acesso à atividade, através de licenciamento, titulado por alvará, reintroduzindo o conceito atualizado de idoneidade, como um dos requisitos essenciais para o exercício da atividade de transporte em táxi”.

Assim, são consideradas idóneas as pessoas relativamente às quais não se verifique qualquer dos seguintes factos:

  • proibição legal para o exercício do comércio;
  • condenação, com trânsito em julgado, por infrações de natureza criminal às normas relativas às prestações de natureza retributiva, às condições de segurança e saúde no trabalho, à proteção do ambiente, à responsabilidade profissional ou ao Código da Estrada, praticadas no exercício da atividade de motorista de táxi;
  • condenação, com trânsito em julgado, por infrações no exercício da atividade;
  • inibição para o exercício do comércio, nos termos do Código de Insolvência e de Recuperação de Empresas, durante o período pelo qual tiver sido declarada a inibição;
  • interdição do exercício da atividade de operador de táxi.

Para atestar o cadastro dos motoristas, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) “consulta regularmente os registos necessários, nomeadamente os certificados do registo criminal dos titulares dos órgãos de administração, direção ou gerência da empresa ou do empresário em nome individual, sendo o caso”, de acordo com o diploma.

O texto legal salvaguarda que a condenação, com trânsito em julgado, por infrações de natureza criminal às normas relativas às prestações de natureza retributiva, às condições de segurança e saúde no trabalho, à proteção do ambiente, à responsabilidade profissional ou ao Código da Estrada, praticadas no exercício da atividade de motorista de táxi, “não afeta a idoneidade de todos aqueles que tenham sido reabilitados”.

Outra novidade deste regime passa pela equiparação dos táxis aos TVDE quanto à reserva de transporte através de uma plataforma eletrónica.

“Os serviços de transporte de táxi também podem ser disponibilizados através de plataformas de serviço dedicadas ou que agreguem outros serviços de mobilidade e transporte, desde que as atividades se encontrem devidamente segregadas”, segundo o mesmo diploma.

Nesse caso, “as plataformas de serviços de táxi, quando assentes em infraestruturas eletrónicas, devem disponibilizar estimativas de preço final ao consumidor, de acordo com as regras de formação das tarifas estabelecidas”, lê-se no mesmo texto legal.

O serviço pode ser recusado se implicarem “a circulação em vias manifestamente intransitáveis pelo difícil acesso ou em locais que ofereçam notório perigo para a segurança do veículo, dos passageiros ou do motorista” ou se solicitado “por pessoas com comportamento suspeito de perigosidade”.

As autoridades de transportes podem autorizar “transportes coletivos em táxi” e é “obrigatório o transporte de cães de assistência, certificados” e de carrinhos e acessórios para transporte de crianças ou cadeiras de rodas ou outros meios de pessoas com mobilidade reduzida.

A supervisão e regulação da atividade compete à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) e ao IMT, e as contraordenações são puníveis com coimas de 250 a 3.740 euros, para pessoas singulares, ou de 5.000 a 15.000 euros, no caso de pessoas coletivas, para o exercício de atividade sem licenciamento, utilização de veículos desadequados, violação do regime de tarifas, recusa de serviços em violação do disposto no diploma, recusa injustificada do transporte de bagagens e de animais permitidos, entre outros.

O decreto-lei entra em vigor esta quarta-feira, dia 1 de novembro. Há cinco anos, na mesma data, começou a produzir efeitos o novo regime jurídico dos TVDE.

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“Investimento na Efacec não é um depósito a prazo”. Há riscos, alerta João Nuno Mendes

Estado vai injetar 201 milhões de euros valor sobre o qual vai incidir a taxa de rentabilidade de 14%, mas há a libertação de 72 milhões de euros de garantias que tinha sido prestadas pela Norgarante.

“O investimento na Efacec não é um depósito a prazo”, diz o secretário de Estado das Finanças. “Há riscos”, alerta João Nuno Mendes, mas adianta que o Executivo está a contar com uma taxa de retorno de dois dígitos (14%). Em caso de venda total da empresa, o Estado português ficará com dois terços do valor.

O Estado assume perdas de 200 milhões de euros do passado e agora, no acordo de venda com a Mutares, concluída na terça-feira, vai entrar com 159 milhões de euros, um montante que espera vir a recuperar no futuro, revelaram esta quarta-feira em conferência de imprensa conjunta do ministro da Economia e o secretário de Estado da Finanças, João Nuno Mendes.

Estes 200 milhões de euros perdidos são os suprimentos injetados na empresa mensalmente, à razão de dez milhões de euros por mês.

Os bancos, por sua vez, vão perder 29 milhões de euros (de dívida não garantida), mas asseguram agora 94 milhões de euros de trade finance ao longo dos próximos cinco anos. “É o limite mínimo para a empresa fazer a sua atividade, mas o objetivo é chegar aos 160 milhões euros de trade finance”, os empréstimos que permitem à empresa executar os contratos que vai ganhando e que têm ciclos de produção muito longos, explicou o secretário de Estado. Para viabilizar este montante de trade finance, a Mutares avança com 60 milhões de euros em garantias. Um montante que acresce aos 15 milhões de euros que o fundo alemão injeta na empresa.

Os 159 milhões de investimento final do Estado representam um investimento de 201 milhões de euros aos quais se somam mais 30 milhões para o pagamento de contingências. Mas a este montante é necessário retirar os 72 milhões de euros de garantias que tinham sido prestadas pela Norgarante à Efacec no passado e que são agora retirados. Fica assim solucionado o problema de excesso de exposição que a Norgarante tinha na Efacec e que levou o Banco de Portugal a chamar a atenção e pedir uma correção da situação, tal como o ECO avançou.

Estes 201 milhões de euros serviram também para pagar a dívida que os bancos tinham junto da empresa e que não foram alvo de haircut. Já os 30 milhões de euros para contingências servem para resolver eventuais litígios no âmbito dos vários contratos que a empresa tem.

O Executivo rejeita que haja um desequilíbrio de esforço nesta operação e argumenta que esta é a melhor solução que tinha à disposição e que, apesar da enorme complexidade, dado o número de players envolvidos, foi possível chegar a um “momento feliz para a economia nacional” e com o conforto de ver a operação aprovadas pela Concorrência de vários países como Dinamarca e Marrocos, por exemplo. Esta solução permite que a Efacec possa começar uma nova vida livre de encargos excessivos que a impediriam de recuperar devidamente.

É a exposição estritamente necessária para que a empresa se reencontre”, diz Nuno Mendes. Os próximos meses vão ser determinantes, acrescentou.

“O Estado está aqui para agir em casos de falhas que, neste caso, nem pode ser imputada à Efacec, mas sim ao escândalo do Luanda Leaks”, diz Costa Silva. “Não podemos ter uma fé cega nos mercados”, alerta o ministro da Economia. “Numa lógica estritamente financeira a empresa perder-se ia”, acrescenta Costa Silva, recordando que a Efacec emprega cerca de 2.000 pessoas e pagou ao Estado cerca de 100 milhões de euros em IRS e Segurança Social desde que foi nacionalizada, um valor que na opinião do responsável não é devidamente valorizado.

Estado espera recuperar parte das verbas com mecanismo cascata

O acordo assinado terça-feira, no Ministério da Economia tem ainda previsto um mecanismo de cascata que eventualmente permitirá ao Estado recuperar parte do dinheiro investido na Efacec. Ou seja, quando a empresa for vendida, num espaço de cinco anos — que podem ser mais, mas não podem ser inferiores a três — o Estado português terá direito a receber dois terços do valor da venda. Por outro lado, se ao longo destes cinco anos houver lugar ao pagamento de dividendo ou de caixa, o Estado receberá 75% desse valor.

Mas, como o Estado deixou de ser acionista da Efacec já que a Mutares comprou 100% do capital da empresa de Matosinhos, estes pagamentos serão feitos numa lógica de preço diferido. Além disso, o Banco de Fomento assume uma posição de credor sénior sobre o próprio Estado. Nesta operação, tal como já noticiado, a entidade liderada por Ana Carvalho vai comprar 35 milhões de euros em obrigações convertíveis que a Efacec vai emitir, com um prazo de oito anos e uma taxa de juro de 6%.

Além desta obrigação, a Efacec fica ainda responsável por pagar o remanescente da dívida dos obrigacionistas que não foi alvo de haircut. O obrigacionistas aceitaram perder seis milhões de euros de dívida e este foi um passo essencial para que a operação tivesse luz verde por parte da banca, mas também de Bruxelas no âmbito do teste de mercado que incide apenas sobre os 201 milhões de euros agora aportados à Efacec e que ignora os 200 milhões anteriores dados como perdidos.

Outro elemento essencial foi a perda total assumida pelos outros acionistas da Efacec, a MGI Capital o consórcio formado pelo Grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves – TMG. Tal como o ECO avançou foi feita uma operação harmónio na qual houve uma redução total do capital de 309 milhões de euros para cobrir parcialmente os prejuízos. Num segundo momento, as prestações acessórias de capital – obrigações subscritas pelos acionistas – de 9,4 milhões de euros da Parpública e 2,1 milhões da MGI Capital, foram transformadas em capital e novamente reduzidas a zero para cobertura de prejuízos. Finalmente, num terceiro momento, foi feito um novo aumento de capital para os atuais 300 milhões de euros.

A venda da Efacec à Mutares vai ter, naturalmente, impacto nas contas públicas, reconheceu João Nuno Mendes, sem, no entanto, avançar valores porque o Instituto Nacional de Estatística (INE) e a Direção Geral de Orçamento (DGO) ainda estão a avaliar o impacto.

Sinergias já identificadas

Para a Mutares, a aquisição da Efacec vai reforçar o seu segmento de engenharia e tecnologia, sendo que “já identificou sinergias relevantes” com outras empresas do seu portfólio”. Em comunicado, o fundo alemão sublinha que esta é a terceira aquisição na Península Ibérica e o segundo investimento.

O fundo de investimento garante que “este passo permitirá que a empresa recupere uma posição de destaque no mercado e retome o crescimento”.

A Mutares, é uma empresa de private equity, com sede e Munique, que compra empresas de média dimensão, sedeadas na Europa, “em situações especiais”, mas que apresentam “um potencial significativo de melhoria operacional”. Depois “são vendidas novamente após passarem por um processo de reposicionamento e estabilização”. Este será assim o destino traçado para a Efacec.

Para o ano fiscal de 2023, a Mutares espera uma faturação consolidada de 4,8 mil a 5,4 mil milhões de euros.

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Taxas Euribor descem nos principais prazos

  • Lusa
  • 1 Novembro 2023

A taxa Euribor desce a três, seis e a doze meses face a terça-feira, voltando a Euribor a 12 meses a ficar, pela terceira sessão consecutiva, com um valor inferior ao da taxa a seis meses.

No entanto, em outubro, as médias das Euribor a três, a seis e a 12 meses subiram respetivamente para 3,968% (mais 0,088 pontos que em setembro), 4,115% (mais 0,085 pontos) e 4,160% (mais 0,011 pontos).

A taxa Euribor a 12 meses, atualmente a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, baixou hoje para 4,044%, menos 0,008 pontos do que na terça-feira, depois de ter subido em 29 de setembro para 4,228%, um novo máximo desde novembro de 2008.

A média da Euribor a 12 meses subiu de 4,149% em setembro para 4,160% em outubro, mais 0,011 pontos.

Durante o atual ciclo de subida, a média da Euribor nos três prazos só desceu no prazo de 12 meses em agosto face a julho.

Segundo dados do Banco de Portugal referentes a agosto de 2023, a Euribor a 12 meses representava 38,7% do ‘stock’ de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a seis e a três meses representava 35,4% e 23,2%, respetivamente.

No prazo de seis meses, a taxa Euribor, que entrou em terreno positivo em 06 de junho de 2022, também recuou hoje, para 4,081%, menos 0,011 pontos que na sessão anterior e contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,143%, registado em 18 de outubro.

A média da Euribor a seis meses subiu de 4,030% em setembro para 4,115% em outubro, mais 0,085 pontos.

Já a Euribor a três meses recuou 0,019 pontos hoje face à sessão anterior, fixando-se em 3,953%, depois de ter subido em 19 de outubro para 4,002%, um novo máximo desde novembro de 2008.

A média da Euribor a três meses subiu de 3,880% em setembro para 3,968% em outubro, mais 0,088 pontos.

As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 04 de fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

Na mais recente reunião de política monetária, em 26 de outubro, em Atenas, o BCE manteve as taxas de juro de referência pela primeira vez desde 21 de julho de 2022, após 10 subidas consecutivas.

A próxima reunião de política monetária do BCE, que será a última deste ano, realiza-se em 14 de dezembro.

As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Prazo de pagamento da última prestação do IMI começa hoje

  • Lusa
  • 1 Novembro 2023

Os proprietários de imóveis cujo IMI supera os 100 euros podem começar hoje a pagar a última prestação deste imposto, caso não tenham optado pelo pagamento integral em maio.

A legislação em vigor determina que sempre que um contribuinte tem um valor de IMI superior a 100 euros, mas inferior a 500 euros este é automaticamente desdobrado em duas prestações ou em três prestações quando supera os 500 euros, sendo estas pagas em maio e novembro ou em maio, agosto e novembro, respetivamente.

Segundo dados da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) este ano foram emitidas 4.082.440 liquidações de IMI, sendo 916.359 de valor até 100 euros. Aquele universo inclui 2.486.548 com valores de imposto entre os 100 e os 500 euros e 679.533 acima dos 500 euros.

A mesma informação mostra que este ano houve 556.011 contribuintes que efetuaram o pagamento antecipado de IMI relativo a 2022, ou seja, que usaram a referência que é incluída na nota de liquidação de maio para pagar integralmente o imposto.

As taxas de IMI são anualmente fixadas pelos municípios entre um valor mínimo de 0,3% e um máximo de 0,45%, estando previstas taxas agravadas para imóveis devolutos ou em ruínas.

O IMI é calculado com base no valor patrimonial tributário (VPT) que constem das matrizes em 31 de dezembro do ano a que o imposto diz respeito.

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China lidera recorde de compras de ouro pelos bancos centrais entre janeiro e setembro

  • Lusa
  • 1 Novembro 2023

No total, os bancos centrais em todo o mundo compraram 800 toneladas entre janeiro e setembro, um aumento de 14%, em relação ao ano anterior, de acordo com um relatório do Conselho Mundial do Ouro.

A China liderou os níveis recorde de compras de ouro pelos bancos centrais nos primeiros nove meses do ano, numa altura em que os países tentam proteger-se da inflação e reduzir a dependência face ao dólar norte-americano.

No total, os bancos centrais em todo o mundo compraram 800 toneladas entre janeiro e setembro, um aumento de 14%, em relação ao ano anterior, de acordo com um relatório do Conselho Mundial do Ouro, um grupo do setor.

A inflação galopante e a depreciação das moedas de muitos países desencadearam uma corrida ao ouro como reserva de valor. Esta dinâmica foi também motivada pelo desejo dos países de reduzirem a sua dependência face ao dólar como moeda de reserva, na sequência das sanções impostas por Washington contra Moscovo, segundo analistas.

A China destacou-se como o maior comprador de ouro este ano. O Banco do Povo da China (banco central) disse ter adquirido 181 toneladas nos primeiros nove meses de 2023. O metal precioso compõe agora 4% das reservas do país asiático.

A Polónia, com 57 toneladas, e a Turquia, com 39 toneladas, foram, respetivamente, o segundo e terceiro maiores compradores, no terceiro trimestre.

O volume de compras pelos bancos centrais surpreendeu os analistas, que esperavam um abrandamento, em relação aos valores recorde atingidos no ano passado. Estas preocupações foram reforçadas pelo conflito que eclodiu no Médio Oriente entre o Hamas e Israel, que elevou o preço do ouro em quase 10%, no período de 16 dias.

A compra de ouro pelo banco central chinês, juntamente com a desvalorização da moeda chinesa, o mercado bolsista local insípido e o setor imobiliário em crise, também encorajou os consumidores chineses a comprar ouro para proteger o valor do seu património.

Estes fatores ajudaram a manter os preços do ouro perto do seu máximo histórico de 2.072 dólares por onça troy (equivale a 31,1 gramas), apesar de os investidores acreditarem cada vez mais que a Reserva Federal dos Estados Unidos vai manter as taxas de juro “mais elevadas durante mais tempo”.

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