Mercado de habitação abranda em 2023

  • Ana Petronilho
  • 21 Junho 2023

“Existe um grave problema de acesso à habitação” e os jovens “estão numa situação particularmente difícil”, alerta a imobiliária alemã Engel & Volkers. Confira os atuais valores em Lisboa e Porto.

Depois do crescimento no ano passado, em 2023, o mercado da habitação está com níveis de compra e venda “inferiores aos registados nos últimos anos” que resultam de uma “desaceleração na procura” acompanhada “por um aumento nos preços” das casas.

Segundo o Estudo de Mercado de 2022 e 2023 da imobiliária alemã Engel & Volkers, este cenário resulta do “aumento dos juros hipotecários” e da “diminuição do poder de compra das famílias” por causa do aumento da inflação.

Margarita Oltra, regional manager de Portugal da Engel & Volkers, disse ao ECO que nas transações deste ano há “cada vez mais uma demora na tomada de decisão” dos investidores, que subiu “cerca de um mês e meio”. Sobretudo em casos de “necessidade de recorrer a financiamento bancário”, havendo “uma maior dificuldade de acesso ao crédito”.

A responsável adiantou ainda que entre as 20 zonas do país analisadas no relatório, onde a imobiliária alemã tem atividade – Lisboa, Comporta e Quinta do Lago, foram as que registaram uma maior atividade, “impulsionados acima de tudo pelo forte interesse por parte de investidores internacionais”.

A subida dos juros e a dificuldade no acesso ao crédito “levaram uma parte dos possíveis compradores a optarem pelo mercado de arrendamento, onde os preços atingiram níveis históricos nas principais cidades portuguesas”, lê-se ainda no relatório divulgado esta quarta-feira. Além disso, a procura dos “nómadas digitais também contribuiu para o aumento dos preços do arrendamento”.

Neste cenário, a Engel & Volkers reconhece que “existe atualmente um grave problema de acesso à habitação” e os jovens “estão numa situação particularmente difícil”, com “rendimentos muito desfasados das novas prestações de crédito à habitação ou das rendas praticadas em cidades onde também se concentra a maioria da oferta do trabalho qualificado”, sublinha o relatório.

A nova construção de habitação começa a ter um efeito “visível”, mas o número de novas casas no mercado está “ainda assim longe dos valores registados antes de 2008”, como resultado dos “elevados custos de construção” ou da “morosidade nos processos de licenciamento”.

No ano passado, em Portugal, a procura de habitação teve uma “tendência de crescimento” registando 168 mil transações e um valor de investimento recorde de 31,8 mil milhões de euros. Destes, a Engel & Volkers foi responsável por 505 transações, número máximo para a empresa em Portugal, das quais 405 foram vendas a que se somam 100 de arrendamento, que representaram um volume de negócios de 260 milhões de euros.

Turistas e investidores estrangeiros mantêm procura em Lisboa

Em Lisboa, o relatório da Engel & Volkers refere que no ano passado houve 8.149 transações de habitação nova e usada e que “a procura deverá manter-se estável e elevada no ano de 2023”, impulsionada pela “dinâmica turística e dos compradores internacionais”.

Quanto aos preços do mercado na capital, a pandemia, o aumento das taxas de juro e diminuição do poder de compra das famílias “não interromperam a subida continuada dos preços”, onde houve um aumento de 28% desde 2019 no preço por metro quadrado. Uma subida que, para a imobiliária, é justificada “pelo interesse dos compradores, nacionais e internacionais, conjugada com a reduzida oferta de produto residencial”. E que não é acompanhada pela “evolução do rendimento disponível das famílias” com a taxa de esforço em Lisboa a “atingir em 2023 um preocupante recorde histórico”.

No concelho lisboeta, as revendas continuam a representar a grande maioria (86%) das transações e as casas mais procuradas são os apartamentos com dois e três quartos com valores médios na ordem dos 500 mil euros e o tempo médio para o escoamento da oferta residencial ronda atualmente os 18 meses.

A Engel & Volkers diz ainda que, em média, os compradores internacionais representam cerca de 13% do total das compras de habitação, sendo que esta percentagem sobe para 30% nas freguesias mais centrais da cidade como Sto. António, Arroios, Estrela, Misericórdia ou Avenidas Novas.

Também o mercado de arrendamento no concelho de Lisboa tem vindo a subir “de forma expressiva” desde 2019 – com um aumento de 48% – e no ano passado houve cerca de 10 mil novos contratos. Isto significa que “cerca de 2,9% do stock de habitação em Lisboa é arrendado anualmente”, sendo a freguesia de Arroios onde há mais apartamentos arrendados tendo sido registado em 2022 cerca de mil novos contratos, seguem-se as freguesias das Avenidas Novas, São Domingos de Benfica e Penha de França.

Porto ultrapassa níveis pré-pandemia em 2022

No concelho do Porto, depois de o mercado ter abrandado em 2020 com o Covid, no ano passado, a procura de habitação na Invicta “retomou o ritmo de crescimento”, superando os níveis pré-pandemia com 5,1 mil transações de fogos novos e usados, com as revendas a atingir um peso de 21%.

“A proximidade ao mar, a arquitetura, a história, a oferta de equipamentos e serviços ajudou a cidade do Porto a tornar-se um destino de investimento residencial internacional e atrair um número crescente de nómadas digitais”, lê-se no documento da Engel & Volkers.

Desde 2019 que os preços da habitação no Porto subiram 50% e, em média, os compradores internacionais “representam cerca de 12% do total das compras de habitação” no concelho. Mas “nos segmentos de preço mais alto e em algumas zonas da cidade (como no centro histórico do Porto), o peso dos compradores estrangeiros tende a ser maior”, atingindo os 50% com os norte americanos, franceses, alemães e espanhóis a liderar.

Os apartamentos com dois e três quartos, e as moradias com três e quatro quartos são as casas mais procuradas no concelho do Porto, com valores médios de aquisição na ordem dos 600 mil euros. O tempo médio para o escoamento da oferta residencial existente no concelho do Porto ronda os 9 meses, “um valor relativamente baixo”, considera a imobiliária alemã.

No mercado de arrendamento, também no concelho do Porto se tem vindo a registar “um crescimento continuado desde 2019”, atingindo em 2022 “cerca de 4,6 mil novos contratos”, o que significa que “cerca de 3,3% do stock de habitação no Porto é arrendado anualmente”. O centro histórico do Porto e a freguesia de Paranhos (junto dos principais polos universitários) concentram 54% do mercado de arrendamento da cidade, ambos com cerca de 1250 novos contratos de arrendamento em 2022.

Na cidade Invicta, o mercado de arrendamento de curto prazo tem uma “expressão importante” com 6% do parque habitacional a funcionar como alojamento local.

Além dos concelhos de Lisboa e Porto, a Engel & Volkers analisou ainda os concelhos de Braga, Guimarães, Vila Nova de Gaia, a região do Oeste, Sintra, Estoril, Cascais, Oeiras e Comporta, Melides. No Algarve, onde os compradores estrangeiros da Engel & Volkers representam 80% das transações da imobiliária de luxo alemã, foram analisados os mercados de Portimão, Lagos, Carvoeiro, Albufeira, Vilamoura, Quinta do Lago, Faro e Tavira.

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Conselho Superior da Magistratura abre averiguação disciplinar a Carlos Alexandre. Inspetor judicial já foi nomeado para investigar

Em causa está um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa que acusa o juiz de instrução Carlos Alexandre de não acatar uma decisão de um tribunal superior no caso EDP relativa à pensão de Pinho.

Carlos Alexandre está a ser investigado pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM) por eventual violação do dever de acatamento das decisões de tribunais superiores. Segundo o que o CSM — órgão que fiscaliza os juízes — avançou ao ECO/Advocatus, “a situação participada justifica uma averiguação no quadro do disposto no art.º 123.º-A do Estatuto dos Magistrados Judiciais, com vista a aferir se esta conduta é suscetível de constituir infração disciplinar”.

O processo de averiguações é uma fase preparatória do processo disciplinar em si. Se, no final se concluir que há infração disciplinar, o que tiver sido apurado vale como instrução do processo disciplinar e avança se logo para acusação.

Em causa está um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa que acusa o juiz de instrução Carlos Alexandre de não acatar uma decisão de um tribunal superior, ao ter mantido, a 28 de outubro de 2022, o arresto da pensão de Manuel Pinho, arguido no caso EDP. O que aconteceu quinze dias depois dos juízes desembargadores – com graduação superior à de Carlos Alexandre, à data – terem decretado que essa pensão do ex-ministro da Economia deveria ser ‘libertada’.

O CSM recebeu, por ordem do Juiz Desembargador da Relação de Lisboa, certidão extraída nos autos do recurso Penal do caso EDP, proveniente do Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa. Nesta comunicação é reportada uma situação que pode constituir violação do “dever de acatamento das decisões proferidas em via de recurso por tribunais superiores. Relativamente ao Sr. Juiz de Direito Carlos Alexandre. A situação participada justifica uma averiguação no quadro do disposto no art.º 123.º-A do Estatuto dos Magistrados Judiciais, com vista a aferir se esta conduta é suscetível de constituir infração disciplinar”, diz fonte oficial do CSM.

Para isso, “foi nomeado um Inspetor Judicial para este processo de averiguações, que se já se encontra a decorrer“, concluiu a mesma fonte.

juiz Carlos AlexandreJOSÉ SENA GOULÃO / LUSA

No acórdão de maio, os juízes dizem que houve uma “violação do dever de acatamento das decisões proferidas em via de recurso pelos tribunais superiores”, previsto no artigo 4º da Lei de Organização do Sistema Judiciário. Esta conclusão está presente na decisão, em que o Tribunal da Relação de Lisboa deu razão a uma parte do recurso apresentado pelo antigo ministro da Economia Manuel Pinho no âmbito do processo EDP. Assim, o arguido vai voltar a receber a reforma de 26 mil euros líquidos mensais.

Carlos Alexandre, juiz no Tribunal Central Instrução Criminal (TCIC) , foi colocado no Tribunal da Relação de Lisboa, anunciou o CSM há uma semana. O CSM divulgou a sua página da Internet o movimento de distribuição de juízes para os tribunais da Relação de Guimarães, Porto, Coimbra, Lisboa e Évora para o ano 2023. Carlos Alexandre, de 62 anos, foi colocado numa secção criminal do Tribunal da Relação de Lisboa, podendo assumir estas funções a partir de setembro.

Isto se entretanto o CSM não avançar com a ação disciplinar contra o ainda juiz de instrução.

O juiz de instrução é ainda um dos três candidatos a procurador europeu português na Procuradoria Europeia, órgão independente com competência para investigar, instaurar ações penais e deduzir acusação e sustentá-la na instrução e no julgamento contra os autores das infrações penais lesivas dos interesses financeiros da União (por exemplo, fraude, corrupção ou fraude transfronteiriça ao IVA superior a 10 milhões de euros).

Carlos Alexandre é desde 2004 juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, onde foram instruídos os principais grandes processos da criminalidade económico-financeira como o caso do BES.

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Câmara avança com requalificação do centro histórico de Barcelinhos

A obra de requalificação vai custar cerca de um milhão de euros e tem um prazo de execução de 300 dias.

Já arrancou a obra para requalificar o centro histórico de Barcelos. Os trabalhos desta empreitada abrangem a Ponte Medieval, Largo Guilherme Gomes Fernandes, Rua Custódio José Gomes Vilas Boas e Rua Miguel Ângelo, em Barcelinhos. A obra vai custar cerca de um milhão de euros e tem um prazo de execução de 300 dias.

“A empreitada vai requalificar todo o espaço em frente ao antigo quartel dos bombeiros e ruas adjacentes, e inclui a execução de novas redes de saneamento e de águas pluviais”, afirma o presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Mário Constantino, citado em comunicado.

Mário Constantino sublinhou que “todas as obras no espaço público causam transtornos”, mas garantiu que esta “perturbação circunstancial será compensada com a requalificação do centro histórico da freguesia”.

A autarquia explica ainda que “o espaço que medeia entre a ponte medieval e o edifício da sede da Junta de Freguesia vai beneficiar de uma nova configuração e dimensionamentos, numa clara aposta de criação de um espaço público inclusivo, onde as pessoas, independente do grau de mobilidade, podem desfrutar daquele local. Com efeito, o programa subjacente a esta intervenção para a frente de Barcelinhos estabeleceu como prioridades fortalecer e devolver o núcleo urbano aos peões”.

O projeto contempla ainda melhorar a iluminação pública e os equipamentos de recolha do lixo urbano. Dos trabalhos da empreitada, constam também a implementação de um novo sistema composto por condutas, válvulas, câmaras de visita de manutenção e novos marcos de incêndio.

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Galamba rejeita condicionar comissão independente do aeroporto com declarações sobre Santarém

  • Ana Petronilho
  • 21 Junho 2023

"O que disse é um facto. 80 quilómetros é longe de Lisboa" frisou Galamba aos deputados. O ministro pede aos peritos que "avaliam outras dimensões não só a distância".

O ministro das Infraestruturas rejeita que as declarações sobre o aeroporto de Santarém condicionem os trabalhos da comissão técnica independente, que está a analisar nove soluções para a futura localização do novo aeroporto de Lisboa.

“O que disse é um facto, 80 quilómetros é longe de Lisboa. E em nada isso prejudica os trabalhos da comissão técnica independente, que tem uma equipa de peritos que avaliam outras dimensões não só a distância. Em nada isto impede que venha a existir um aeroporto em Santarém, mas continuará a ser longe”, disse João Galamba, em resposta ao deputado do PSD Paulo Rios de Oliveira que confrontou o responsável com as declarações que fez terça-feira na CNN Portugal Summit, onde considerou Santarém como “longe” para acolher a nova estrutura aeroportuária e que “a probabilidade de ser viável” será “baixa”.

Esta quarta-feira no Parlamento, o ministro garante que a comissão independente “mantém a mesma capacidade e autonomia” para encontrar uma solução para o novo aeroporto e que as suas declarações “em nada interferem” na decisão dos peritos.

Depois da audição na comissão de inquérito à gestão da TAP, o ministro das Infraestruturas João Galamba volta esta quarta-feira ao Parlamento para ser ouvido na comissão de Economia para dar conta da política geral do Ministério.

Já o PS, através do deputado André Pinotes Batista aproveitou para recordar o PSD das declarações de Carlos Moedas, que em setembro de 2022, assumiu ser contra a solução de Santarém, defendendo que o novo aeroporto tem de estar “nas proximidades” da capital por ser “extremamente importante para o turismo em Lisboa”. A posição de Moedas é acompanhada pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que também já fez saber que é contra a localização de Santarém.

Sobre a privatização da TAP, o ministro garantiu que o diploma do processo de privatização da TAP será publicado no verão, salientando que o Governo aguarda a avaliação da Parpública. Já em abril, o ministro das Finanças, Fernando Medina, tinha dito que o Governo quer aprovar até Julho o decreto-lei que iniciará a privatização da TAP, seguindo-se a aprovação de uma resolução em Conselho de Ministros que definirá os termos do processo e o caderno de encargos.

Para a operação no verão no aeroporto Humberto Delgado, João Galamba disse que o Governo está “a terminar a avaliação das propostas que a ANA apresentou” depois de ter sido notificada para apresentar o Plano de Investimentos para as melhorias operacionais em Lisboa. E o governante garante que haverá “soluções” que permitem melhorias operacionais do aeroporto de Lisboa sendo que “este é um desafio complexo” porque o Humberto Delgado “funciona no limite da sua capacidade” e “qualquer intervenção terá de ser cautelosamente pensada, minimizando impactos e problemas operacionais”.

O governante acrescentou ainda que “considerando a época de verão que agora começa, a ANAC [Autoridade Nacional da Aviação Civil] está a trabalhar com os stakeholders de forma a acautelar todas as ações possíveis para garantir o melhoramento operacional do Aeroporto Humberto Delgado no que respeita ao tráfego aéreo e de movimentos, mas também aos passageiros”, afirmou.

 

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Madeira perde recurso contra Bruxelas nas ajudas “ilegais” à Zona Franca

O Tribunal de Justiça da União Europeia negou provimento ao recurso da Madeira à decisão da Comissão Europeia que, em 2020, considerou "ilegais" as ajudas às empresas na Zona Franca.

O Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) decidiu esta quarta-feira negar provimento ao recurso da Região Autónoma da Madeira interposto no âmbito das ajudas à Zona Franca, que foram consideradas “ilegais” pela Comissão Europeia em dezembro de 2020, anunciou num comunicado. Em setembro de 2021, o mesmo tribunal tinha rejeitado o recurso do Estado português à mesma decisão da Comissão.

No acórdão proferido esta quarta-feira, o Tribunal Geral concorda com a interpretação do executivo da União Europeia (UE) e discorda dos argumentos invocados pela Madeira, à semelhança do sucedido no acórdão sobre o recurso de Portugal. Para o tribunal, a Comissão concluiu com razão que o regime, conforme aplicado, violava as regras europeias e também não errou ao concluir pela existência de um auxílio ilegal.

A 4 de dezembro de 2020, a Comissão “concluiu que o regime da Zona Franca da Madeira não foi executado em conformidade com as condições aprovadas”. A investigação das autoridades europeias “revelou” que os benefícios fiscais previstos foram concedidos a “empresas que não contribuíram verdadeiramente para o desenvolvimento da região, incluindo em relação a postos de trabalho criados fora da Madeira (e mesmo da UE)”, explicou, na altura, num comunicado.

Mais: a Comissão deu oito meses a Portugal para recuperar os auxílios dados às empresas da Zona Franca da Madeira que, por um lado, tivessem recebido mais de 200 mil euros ao abrigo deste regime e, por outro, não conseguissem demonstrar que os seus rendimentos tributáveis ou postos de trabalho criados estavam “ligados a atividades efetivamente realizadas na região”.

O Público noticiou em novembro de 2022 que está em causa a recuperação de, aproximadamente, mil milhões de euros, dos quais 833 milhões em benefícios fiscais ilegais concedidos a cerca de 300 empresas desde 2007 e a restante parcela em juros.

Formalmente chamada de Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM), a Zona Franca tem mais de 2.400 empresas registadas, que são responsáveis por 82% do volume de exportações da região e geram receitas fiscais de 100 milhões de euros. Esta atividade dá emprego a 6.000 pessoas de forma direta, segundo dados citados pela Lusa.

Este centro beneficia de um regime fiscal mais favorável, nomeadamente um imposto mais baixo sobre o rendimento das pessoas coletivas quando os lucros resultam de atividades realizadas na Madeira — que, no período em apreço, era de 3% de 2007 a 2009, 4% de 2010 a 2012 e 5% de 2013 a 2020. Existem ainda mais benefícios, como a isenção de impostos municipais e locais. Uma das condições é as empresas criarem e manterem um determinado número de empregos na Madeira.

(Notícia atualizada pela última vez às 10h55)

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ChatGPT mexe nas escolas de economia e gestão. Na Nova SBE já está a mudar forma de avaliar

Ainda que as escolas estejam ainda a tentar descobrir as implicações do ChatGTP no ensino, é já possível reconhecer a que poderá ser a mais óbvia: a forma de avaliar os estudantes.

Apesar de ainda a avaliar as implicações do uso do ChatGTP no ensino superior, as universidades estão preocupadas com o seu impacto nos modelos de avaliação mais tradicionais. A Nova SBE já procedeu a algumas mudanças nesse campo, reduzindo o tempo de apresentação de uma tese e aumentando o tempo de discussão da mesma.

“Não existe uma maneira tecnicamente viável de perceber se um texto foi escrito pelo ChatGPT ou por uma pessoa. (…) Claro que isto levanta enormes desafios para as universidades. Temos de avaliar alunos e, tradicionalmente, quando eles submetem um relatório ou teses, avaliamos lendo aquilo que escreveram”, começa por explicar Pedro Oliveira, dean da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), durante a sua intervenção na talk “Escolas de gestão nacionais no top mundial. E agora?”, organizada pelo Trabalho by ECO.

 

“Na defesa de uma tese, por exemplo, temos de passar mais tempo na defesa do que a ler a tese. Deixou de ser tão importante aquilo que o aluno nos apresenta por escrito e passou a ser mais importante o sentido crítico do aluno a defender um qualquer argumento. Curiosamente, já está a aumentar o poder da oralidade”, defende.

Talk "Escolas de Gestão Nacionais no Top Mundial. E agora?" - 14JUN23
Pedro Oliveira, dean da Nova SBEHugo Amaral/ECO

Na prática, a escola de economia e gestão portuguesa diz ter já reduzido o tempo que os alunos costumavam passar na apresentação de uma tese e, ao mesmo tempo, aumentado o tempo dedicado à discussão da mesma. O objetivo é acomodar os impactos do ChatGPT na avaliação dos estudantes e comprovar que os argumentos apresentados são, de facto, do aluno, e não de um robô.

João Duque, dean do ISEG – Lisbon School of Economics and Management, admite que a escola está a tenar explorar esta de ferramenta de forma a perceber o seu impacto. A implicação mais óbvia já consegue ser, contudo, adivinhada: “a alteração na forma de avaliar e de acompanhar o estudante”.

“Quando eu começo a ter alguma dificuldade em perceber aquilo que é da pessoa face àquilo que é a criação da inteligência artificial, tenho de investir cada vez mais tempo na relação professor-aluno. Essa é que vai ser uma alteração muito profunda, até porque vai ter um preço. Vai ter um custo enorme, e eu não sei se a estrutura que suporta o ensino superior em geral ou as famílias estão disponíveis para pagar“, prevê.

Talk "Escolas de Gestão Nacionais no Top Mundial. E agora?" - 14JUN23
João Duque, dean do ISEGHugo Amaral/ECO

Perante esta perspetiva, Pedro Oliveira recorda, contudo, que também “os próprios professores poderão beneficiar do ChatGPT”. Esta ferramenta que nos torna quase “super humanos” pode libertar os docentes de tarefas mais rotineiras, por exemplo, dando-lhes mais tempo para se dedicarem a outro tipo de exigências.

O potencial para criar valor “com a sua inteligência”

Lançado em dezembro do ano passado, em apenas dois meses, o ChatGPT alcançou mais de 100 milhões de utilizadores ativos mensais. Não só os alunos, mas também os professores experimentaram, e muitos ainda se socorrem desta ferramenta que utiliza inteligência artificial sofisticada no contexto profissional. Algo que Filipe Santos vê com bons olhos, e até incentiva.

“No fundo, o que as escolas de economia e gestão fazem é ajudar os alunos a pensar, compreender a complexidade do mundo e ajudá-los a tomarem decisões que sejam éticas. (…) Ter uma ferramenta destas, que faz muito do trabalho de base e que liberta tempo ao decisor para tomar decisões e construir em cima disso, é fundamental“, argumenta o dean da Católica Lisbon School of Business and Economics.

Talk "Escolas de Gestão Nacionais no Top Mundial. E agora?" - 14JUN23
Filipe Santos, dean da Católica-LisbonHugo Amaral/ECO

E vai ainda mais longe: “Quem aprender a usar bem o ChatGPT vai ter ferramenta de produtividade enorme para conseguir criar valor com o seu trabalho e com a sua inteligência. Quem resistir, vai ficar rapidamente para trás”.

Assista à discussão sobre o ChatGPT na talk “Escolas de gestão nacionais no top mundial. E agora?” aqui.

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📹 “Boa competição” pôs escolas de gestão nos rankings

Atrair docentes internacionais, expor as escolas em atividades internacionais e criar parcerias estratégicas são algumas das linhas apontadas pelos líderes da Nova SBE, Católica-Lisbon e ISEG.

Os rankings do Financial Times colocam as escolas de economia e gestão portuguesas entre as melhores do mundo. Depois de atingido o Top 50, que desafios se impõem? Atrair talento docente estrangeiro, expor as escolas em atividades internacionais e criar parcerias estratégicas são algumas das linhas apontadas pelos líderes da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), da Católica Lisbon School of Business and Economics e do ISEG – Lisbon School of Economics and Management, durante o debate “Escolas de gestão nacionais no top mundial. E agora?”, organizado pelo Trabalho by ECO.

A razão para termos tantos alunos internacionais são os rankings. É interessante verificar que isto não acontece noutras áreas de conhecimento. Temos aqui um nicho de educação de economia e gestão que seria interessante discutir. Portugal deveria estar, e penso que está, orgulhoso daquilo que está a acontecer nas escolas de economia e gestão, e que valeria a pena acarinhar. Vale a pena pensar como é que políticas públicas próximas não desmancham isto“, comenta Pedro Oliveira, dean da Nova SBE, escola de economia e gestão nacional que viu o mestrado de Finanças ocupar a 11.ª posição entre os 55 melhores do mundo e na formação executiva o 18.º lugar, nos rankings do Financial Times.

“Este resultado conseguiu-se através do que é a boa competição. Vejo o que os meus colegas estão a fazer e tentamos fazer igual, potencialmente melhor”, diz, por sua vez, João Duque, dean do ISEG. No ranking mais recente do FT, a escola de gestão surge como umas das 23 melhores escolas a nível global, com o mestrado de Finanças a dar, num ano, um salto de 11 posições. É a maior subida entre as escolas classificadas a nível global.

Chegar aqui é difícil, e manter o lugar ou melhorá-lo ainda é mais difícil“, admite, trazendo para o debate o tema da contratação de docentes, onde o ISEG sente a maior dificuldade em manter-se em competição. E explica porquê.

“Os meus colegas têm regimes diferentes, mas eu tenho um regime de contratação que é muito rígido e que me torna muito difícil a competição no mercado internacional. Fico fora do mercado de trabalho internacional, não tenho possibilidade de dar uma remuneração competitiva no mercado internacional (…) Se não nos derem instrumentos para estar no mercado, não temos capacidade para nos aguentarmos”, justifica o economista.

Atrair corpo docente internacional

A captação de docentes estrangeiros é, de facto, para qualquer uma das três business schools uma das estratégias mais importantes ao nível da internacionalização, fator de atração dos alunos.

Na Nova SBE, a maioria dos professores já só fala inglês. “Este ano vamos contratar 20 professores que chegam em setembro, sendo que 19 são estrangeiros. Há apenas um português e, mesmo esse, tem uma carreira internacional”, adianta o dean da escola.

Os meus colegas têm regimes diferentes, mas eu tenho um regime de contratação que é muito rígido e que me torna muito difícil a competição no mercado internacional. Fico fora do mercado de trabalho internacional, não tenho possibilidade de dar uma remuneração competitiva no mercado internacional (…) Se não nos derem instrumentos para estar no mercado, não temos capacidade para nos aguentarmos.

João Duque

Dean do ISEG

Pedro Oliveira reconhece que a estratégia “corajosa” adotada há uns anos de não recrutar os seus próprios doutorados tem dado frutos. “Só temos 4% de professores doutorados na Nova. A capacidade de trazer sangue novo e de não estarmos só a aprender com os nossos é absolutamente essencial”, defende.

Também a Católica-Lisbon reconhece a importância de contar com um corpo docente internacional. “Atrair e reter esses professores, que são os melhores do mundo nas suas áreas de investigação, é fundamental”, afirma Filipe Santos, dean da Católica-Lisbon. E acrescenta: “O facto de os portugueses estarem confortáveis com o inglês é também uma vantagem em abrir a escola ao mercado internacional.” A escola de economia e gestão viu o seu mestrado de Finanças saltar para o 21.º lugar a nível global.

Exportar serviços altamente qualificados

Mas esta é apenas uma das formas de internacionalização. Há muitas outras. “Expor a escola ao mercado internacional, ir a feiras internacionais, como já vão as empresas do calçado a Milão… Nós vamos às feiras de educação na Alemanha, Itália, Reino Unido, Paris”, exemplifica o líder da Católica-Lisbon.

“No fundo, é o processo de exportação. Há quem exporte produtos, nós exportamos serviços. Serviços que são altamente qualificados e que têm a vantagem de a pessoa que recebe o serviço ter de deslocar-se a Portugal e viver cá durante dois anos”, continua Filipe Santos, referindo-se ao impacto económico, em especial no setor do turismo.

Há quem exporte produtos, nós exportamos serviços. Serviços que são altamente qualificados e que têm a vantagem de a pessoa que recebe o serviço ter de deslocar-se a Portugal e viver cá durante dois anos.

Filipe Santos

Dean da Católica-Lisbon

E não há nada de mal nessa exportação. “Não temos capacidade para absorver todos os alunos que veem estudar para cá. E não tem problema nenhum”, considera João Duque.

Além disso, defende, “se fizermos bem o nosso trabalho, é difícil os nossos alunos não serem tentados para ir para quem tem capacidade de remuneração. Não me peçam para formar mal pessoas que entram no mercado de trabalho para serem mal pagas e terem como objetivo de vida servir cafés na baixa de Lisboa“. “Uma escola não se pode substituir ao Governo”, acrescenta ainda.

Oferecer atividades de formação noutras geografias

Com alunos de um total de 92 nacionalidades diferentes, sendo a maioria oriunda da Europa, a Nova SBE quer, contudo, continuar a garantir que nenhum aluno português fica de fora. As bolsas de estudo foram criadas também para servir esse propósito.

Este ano, vamos dar dois milhões de euros para alunos portugueses, com qualidade académica para estudar na Nova. São cerca de 400 bolsas de diferentes tipos, e estamos disponíveis para aumentar esse número se houver bons candidatos”, adianta Pedro Oliveira.

Contudo, “não se trata apenas de atrair alunos estrangeiros para estudarem em Carcavelos, é também oferecer muitas das nossas atividades de formação, da formação de executivos aos programas de grau, noutras geografias”.

Não se trata apenas de atrair alunos estrangeiros para estudarem em Carcavelos, é também oferecer muitas das nossas atividades de formação, da formação de executivos aos programas de grau, noutras geografias.

Pedro Oliveira

Dean da Nova SBE

Exemplo disso são as parcerias estratégicas no mundo, nomeadamente com escolas nos Estados Unidos e no Brasil, um dos pilares cuja universidade tem vindo a desenvolver. Também a criação de um novo campus no Cairo (Egipto), que arrancou com o ano zero, materializa a aposta da universidade na internacionalização. “Vamos começar agora uma licenciatura em Gestão”, diz.

Veja a talk “Escolas de gestão nacionais no top mundial. E agora?” completa aqui.

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Revive conta com mais 15 imóveis. Hotel do Buçaco e antigo matadouro de Barcelos estão na lista

O antigo Hospital da Santa Casa da Misericórdia na Ribeira Grande e o antigo matadouro em Barcelos estão na lista dos 15 imóveis do Estado que serão reabilitados para fins turísticos.

O Governo avança com a terceira fase do Programa Revive que tem como objetivo a requalificação de património do Estado para fins turísticos. Para além dos sete imóveis já anunciados, o Executivo acaba de confirmar ao ECO que tem mais oito imóveis do Estado para entrar na lista de edifícios que serão transformar em hotéis.

Entre a lista de novos imóveis que vão entrar no Revive estão o antigo Hospital da Santa Casa da Misericórdia na Ribeira Grande (Açores), o antigo sanatório de Portalegre (Portalegre), a quinta e palacete da Ponte da Pedra (Matosinhos), a antiga colónia de férias da Torreira (Murtosa), antigo Convento da Senhora da Alegria e antigos quartéis do Burgo Medieval (Castelo de Vide), antigo matadouro (Barcelos), antigo centro psiquiátrico de Arnes (Soure) e o Palace Hotel do Buçaco (Mealhada).

A estes imóveis juntam-se as termas das Caldas de Moledo (em Peso da Régua e Mesão Frio), Casa do Brasileiro (São João da Pesqueira), Quinta do Mosteiro de São Pedro de Folques (Arganil), antigo sanatório infantil do Caramulo (Tondela), Casa dos Almeidas (Sardoal), Castelo e Casa Portilheiro (Crato) e Convento de Nossa Senhora do Desterro (Monchique) que já tinham sido referenciados no âmbito da agenda do Turismo para o Interior.

O Programa Revive é uma iniciativa lançada do Governo lançada em 2016 para abrir “o património ao investimento privado para o desenvolvimento de projetos turísticos, através da concessão da sua exploração por concurso público”, como se lê na página oficial. O programa contava até agora com 52 imóveis.

Simultaneamente, o secretário de estado do turismo, comércio e serviços, Nuno Fazenda, no âmbito da iniciativa “Governo + Próximo”, vai anunciar esta quarta-feira, em Estremoz, a abertura do novo concurso público para a concessão, por um período de 50 anos, do conjunto edificado de Estremoz que integra a Casa das Fardas, antigo Assento Real utilizado como Armazém de Fardas do Exército da Província do Alentejo. Os investidores interessados terão agora um prazo de 120 dias para apresentação de propostas.

A futura concessão deste imóvel tem que ficar responsável pela reconstrução, realização de obras e subsequente exploração turística, do qual fazem parte o Paiol, o anexo cozinhas e a casa do guarda, num total de 2.391 metros quadrados, que poderá resultar num número estimado de 53 unidades de alojamento – caso se pretenda instalar uma unidade hoteleira.

A Casa das Fardas é um dos imóveis inscritos na segunda fase do Revive, integrando o total dos 49 imóveis que compreendem as duas fases já lançadas do Programa, dos quais 23 estão inseridos em territórios de baixa densidade. Vigoram, à data, 18 contratos que representam cerca de 142,5 milhões de euros de investimento, a que correspondem rendas anuais de cerca de 2,5 milhões de euros.

(Notícia atualizada às 10h07 com mais informação)

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Morais Leitão assessorou a Generali na aquisição da Liberty Seguros à Liberty Mutual

A equipa da Morais Leitão envolvida na operação foi liderada pelo sócio Eduardo Paulino e pela sócia e coordenadora da equipa de seguros, resseguros e fundos de pensões, Margarida Torres Gama.

A Morais Leitão, em conjunto com a Clifford Chance e a Matheson, assessorou a Generali no processo de aquisição da Liberty Seguros, companhia de seguros espanhola que opera em Portugal, Espanha, Irlanda e Irlanda do Norte, à Liberty Mutual. Em comunicado, o escritório refere que o valor da transação foi de 2,3 mil milhões de euros e que representa um “passo relevante para a Generali”.

A equipa da Morais Leitão foi liderada pelo sócio Eduardo Paulino e pela sócia e coordenadora da equipa de seguros, resseguros e fundos de pensões Margarida Torres Gama, e contou com a participação da associada coordenadora Marta Pereira Rosa e associado principal Nuno Sobreira, bem como de uma vasta equipa multidisciplinar.

A equipa de direito da concorrência foi liderada pelo sócio Luís do Nascimento Ferreira e contou com a participação do associado coordenador Dzhamil Oda e da estagiária Joana Simões Coelho, que assumiu a responsabilidade pela coordenação global dos aspetos de direito da concorrência em todas as jurisdições envolvidas.

O Citigroup e o Credit Suisse atuaram como consultores financeiros.

“A concretização da aquisição está sujeita a aprovações regulatórias, conforme habitualmente exigido neste tipo de transações”, refere a Morais Leitão.

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Comissária da UE Margrethe Vestager candidata a presidente do BEI

  • Lusa
  • 21 Junho 2023

A comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, anunciou que é candidata a assumir no próximo ano a presidência do Banco Europeu de Investimento, instituição de financiamento da UE.

A comissária europeia para a Concorrência, a dinamarquesa Margrethe Vestager, anunciou nesta quarta-feira que é candidata a assumir, no próximo ano, a presidência do Banco Europeu de Investimento (BEI), a instituição de financiamento da União Europeia (UE).

“Estou feliz por o Governo dinamarquês ter proposto o meu nome como possível candidata ao cargo de presidente do Banco Europeu de Investimento”, disse Margrethe Vestager, em comunicado. A ex-ministra dinamarquesa de 55 anos declarou-se “disponível” para o processo de seleção que o banco terá de realizar.

Os nove membros da Comissão de Gestão do BEI, incluindo o seu presidente, são nomeados para um mandato de seis anos renovável por igual período. O do atual presidente, o alemão Werner Hoyer, de 71 anos, já foi renovado uma vez, em 2018.

O BEI, cujos acionistas são os Estados-membros da União Europeia, é a instituição de financiamento a longo prazo do bloco comunitário e afirma ter investido desde a sua criação, em 1958, mais de um bilião de euros nos setores do clima e ambiente, na coesão social e territorial, na inovação ou ainda no apoio às pequenas e médias empresas (PME).

Margrethe Vestager está encarregada da Concorrência no executivo europeu há quase nove anos, durante a presidência Juncker (2014-2019) e, depois, a de Ursula von der Leyen. Com a pasta, tem a responsabilidade de sancionar práticas anticoncorrenciais e outros abusos de posição dominante das multinacionais e adquiriu uma reputação de intransigência, em particular junto das gigantes tecnológicas norte-americanas como a Amazon, a Apple ou a Google.

A Google detém o recorde das três maiores multas alguma vez infligidas por Bruxelas, a maior das quais no valor de 4,1 mil milhões de euros, para punir, em 2018, o abuso de posição dominante do seu sistema operativo Android. Uma multa validada no ano passado pela justiça da UE e que foi considerada uma das grandes vitórias da Comissão Europeia no seu papel de polícia da concorrência no mercado único.

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Defesa de Frederico Pinheiro exige esclarecimentos da PGR sobre investigação

  • ECO
  • 21 Junho 2023

Defesa de Frederico Pinheiro exige mais clareza da parte da Procuradoria Geral da República sobre investigação do caso do ministério das Infraestruturas.

A defesa de Frederico Pinheiro solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que esclareça os detalhes específicos da investigação em andamento sobre os acontecimentos ocorridos no Ministério das Infraestruturas no final de abril.

Em entrevista à TSF, o advogado João Nabais expressou preocupação com a falta de informações fornecidas pela PGR um mês após a abertura do inquérito. A defesa de Frederico Pinheiro queixa-se de não saber ao certo o que está a ser investigado: “A esta altura não sabemos absolutamente nada. A informação que temos, que é a que toda a gente tem, é a de que se passaram muitas coisas naquela noite no Ministério das Infraestruturas”, declarou o advogado.

Frederico Pinheiro não foi ainda convocado para prestar depoimentos nem sabe se será já que o âmbito da investigação ainda é desconhecido. “Frederico Pinheiro ainda não foi ouvido. Em rigor, nem sequer fazemos a mínima ideia se vai ser ouvido. Até agora ele não recebeu nenhuma ligação nem nenhum contacto por parte da PGR ou, em geral, dos serviços do MP”, disse João Nabais.

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Secretário de Estado da Defesa recebeu 50 mil euros por quatro dias de assessoria

  • ECO
  • 21 Junho 2023

Marco Capitão Ferreira cobrou 50 mil euros por uma assessoria de quatro dias relacionada com a gestão dos contratos de manutenção dos helicópteros EH-101. Nega acumulação de funções com a Empordef.

Marco Capitão Ferreira, atual secretário de Estado da Defesa, cobrou ao Ministério da Defesa 50 mil euros, mais IVA, por uma assessoria de quatro dias, em março de 2019, relacionada com a gestão dos contratos de manutenção dos helicópteros EH-101, utilizados em operações de busca e salvamento e evacuações médicas.

Em abril de 2019, o responsável assumiu a presidência da comissão liquidatária da Empordef, antiga empresa estatal para a Defesa. Foi nomeado para o cargo por João Gomes Cravinho, então ministro da Defesa e atual ministro dos Negócios Estrangeiros. Capitão Ferreira celebrou o contrato com a Direção-Geral de Recurso da Defesa Nacional (DGRDN), então liderada por Alberto Coelho, em 25 de março de 2019. O contrato tinha um prazo de 60 dias, mas quatro dias depois estava executado.

Em declarações ao CM, o atual secretário de Estado da Defesa defende: “O objeto principal do contrato era acompanhamento e assessoria à equipa de negociação dos contratos relativos aos EH-101. Essa negociação cessou com o envio do processo, pela DGRDN, para visto prévio do Tribunal de Contas nos termos da lei em vigor, a 29 de março de 2019, tendo o recibo por essa prestação de serviços sido emitido no final de março”. Apesar da proximidade temporal entre a assinatura do contrato e o início das funções como presidente da comissão liquidatária da Empordef, Marco Capitão Ferreira diz que “não acumulou essa assessoria com a DGRDN com as funções na Empordef“. Garante que iniciou funções como presidente da comissão liquidatária da Empordef a 29 de abril de 2019.

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