Direita pede “esclarecimento claro” sobre ida de Costa a Budapeste para a final da Liga Europa

  • ECO
  • 19 Junho 2023

Liberais salientam que já existem três versões sobre a presença, fora da agenda, de António Costa para assistir a final da Liga Europa, ao lado do primeiro-ministro húngaro. PSD "estranha" a situação.

O PSD e a Iniciativa Liberal (IL) vieram esta segunda-feira pedir um “esclarecimento claro” sobre a polémica presença de António Costa na final da Liga Europa, na Hungria, onde o primeiro-ministro se sentou ao lado do homólogo húngaro, sem nada constar da agenda oficial. O presidente do PSD, Luís Montenegro, considera “muito estranha” a situação. O líder do IL nota que “já há três versões do assunto”.

A situação é muito estranha. Passaram 20 dias sem que houvesse uma nota oficial desta deslocação e do modo como ocorreu. Passaram 72 horas desde a publicitação. Se era assim tão fácil comunicar, não se percebe porque a viagem não esteve no programa oficial e não se justificou a ida“, referiu Luís Montenegro em Palmela, em declarações difundidas pela RTP3.

Para Luís Montenegro, “não há razão para não haver uma explicação de viva voz”. O líder dos sociais-democratas considera “impensável que meios oficiais sejam usados para deslocações particulares”. O PSD, ainda assim, diz que não vai enviar perguntas oficiais ao gabinete do primeiro-ministro. “Suficiente era termos uma resposta cabal”, avaliou Luís Montenegro.

“Passámos dezenas de dias à procura da verdade na comissão parlamentar de inquérito à TAP e nunca tivemos uma resposta clara. Se há tanta dificuldade em contar a verdade, o que se passa no país quando as coisas que parecem simples são sempre envolvidas em tentativas de omissão? Parece algo muito difícil de entender”, sublinhou, por outro lado, o líder dos liberais, Rui Rocha, em declarações no Parlamento.

Ao contrário do PSD, a IL vai enviar duas perguntas ao gabinete do primeiro-ministro: “porque a presença do primeiro-ministro português na final da Liga Europa não constava da agenda oficial?”; “há outros casos em que meios do Estado, nomeadamente o avião Falcon, são usados pelo primeiro-ministro para visitas fora da agenda oficial?”.

Rui Rocha considera que António Costa “ganharia em apresentar a sua versão dos factos em viva voz”, em vez de enviar um comunicado de imprensa. O primeiro-ministro justificou esta segunda-feira a paragem na Hungria para assistir à final da Liga Europa, que se realizou a 31 de maio, ao lado do homólogo húngaro, Viktor Orbán. Em comunicado, António Costa indica, através do seu gabinete, que fez escala em Budapeste, quando estava a caminho de Chisinau (Moldova) para participar na II Cimeira da Comunidade Política Europeia, aproveitando assim o convite do presidente da UEFA para assistir ao jogo.

“Tendo concluído atempadamente os seus compromissos oficiais em Portugal, e situando-se Budapeste na rota para Chisinau, o primeiro-ministro teve oportunidade de fazer uma escala nessa cidade, correspondendo ao convite que lhe tinha sido endereçado pelo presidente da UEFA para assistir ao jogo da final da Liga Europa”, lê-se na mesma nota.

António Costa respondeu ainda às críticas por ter assistido ao jogo na tribuna de honra ao lado do primeiro-ministro da Hungria, apontando que se tratou do “tratamento protocolar” por parte da UEFA e que “mantém, naturalmente, relações de trabalho” com Viktor Orbán, líder do partido Fidesz, associado à extrema-direita.

Como noticiou o Observador (acesso pago) na sexta-feira, a deslocação a Budapeste não constava na agenda pública do chefe de Governo. O Presidente da República chegou a confirmar, em declarações à RTP, que teve conhecimento prévio da paragem de António Costa em Budapeste para assistir à final da Liga Europa, mas alegou que o primeiro-ministro queria “dar um abraço a José Mourinho”, treinador português atualmente no Roma.

No sábado, Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda não ver qualquer “problema político específico” na escala do primeiro-ministro na Hungria, sublinhando que os dois países são aliados na União Europeia. “A Hungria é um Estado da UE. [Viktor Orbán] é um primeiro-ministro da UE. Podemos concordar ou discordar dele nas migrações, na política económica e social e em muita coisa, mas faz parte do grupo de países que são nossos aliados naturais na UE”, afirmou Marcelo.

Durante o fim de semana, também o presidente do Chega já tinha acusado António Costa de “hipocrisia política e imoralidade” devido à escala que fez, quando viajava num Falcon da Força Aérea, em Budapeste. “Querer estar com José Mourinho e apoiar um treinador português, um jogador português, uma equipa portuguesa é sempre louvável, mas António Costa não colocou na agenda pública que ali estaria, o que significa que, de alguma forma, um equipamento do Estado foi utilizado para finalidades que, não sendo secretas, foram mais privadas do que políticas ou públicas”, disse André Ventura, num vídeo divulgado aos jornalistas e citado pela agência Lusa.

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Jornal The Guardian proíbe publicidade de apostas e jogos de azar

O The Guardian também proíbe a publicidade a empresas de combustíveis fósseis desde 2020.

Depois de os clubes da Liga inglesa de futebol terem comunicado que vão retirar da parte da frente das suas camisolas a publicidade a casas de apostas a partir de 2026, também o The Guardian decidiu banir toda a publicidade de apostas e jogos de azar. A decisão foi tomada tendo em conta que o jornal considera que não é ético receber dinheiro por serviços que podem conduzir ao vício e à ruína financeira.

Esta proibição é extensível a todas as formas de aposta, incluindo promoções para apostas desportivas, casinos online ou raspadinha e passa a ser aplicada em todos os meios online e impressos do grupo, incluindo o The Guardian, o Observer e o The Guardian Weekly.

Excluída desta proibição está a publicidade a lotarias, uma vez que as mesmas podem representar benefícios sociais ao juntar dinheiro para boas causas e tendo em conta que normalmente envolvem “sorteios não instantâneos”, refere uma fonte do jornal, citada pelo próprio.

Esta decisão de proibir a publicidade a apostas segue-se a um rápido crescimento das apostas online em eventos desportivos, ajudado pela desregulação e o grande crescimento do número de utilizadores de smartphone, explica o jornal.

Segundo Anna Bateson, diretora executiva do Guardian Media Group, “os jornalistas do Guardian noticiaram sobre o desvastante impacto da indústria de apostas no Reino Unido e na Austrália, ajudando a mudar o rumo e garantindo que o problema se mantém no topo da agenda pública. Os estudos demonstram uma correlação clara entre a exposição a publicidade e o aumento das intenções num envolvimento em apostas regulares“.

Na tomada de decisão também pesa o facto de que o grupo de media inglês depende cada vez mais das contribuições diretas dos leitores do que das receitas provenientes de publicidade: “Nós podemos tomar este tipo de decisões devido à nossa estrutura proprietária independente, equilibrando o propósito e o lucro“, diz Bateson.

“Nós apoiamos totalmente o aproveitamento do desporto e respeitamos as escolhas de cada um de participarem em apostas ocasionais de futebol, corridas de cavalos ou qualquer outro desporto. A nossa preocupação reside na natureza penetrante dos anúncios digitais que prendem num ciclo viciante uma parte dos fãs do desporto”, afirma ainda a diretora executiva.

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Vânia Costa Ramos integra lista de advogados no Tribunal Penal Internacional

A partir de agora, Vânia Costa Ramos passa a ficar elegível para ser nomeada para representar suspeitos e acusados, vítimas ou testemunhas perante o Tribunal Penal Internacional.

A sócia fundadora e membro do Conselho Geral da Carlos Pinto de Abreu e Associados, Vânia Costa Ramos, integrou a lista de advogados do Tribunal Penal Internacional. A partir de agora, a advogada passa a ficar elegível para ser nomeada para representar suspeitos e acusados, vítimas ou testemunhas perante este tribunal.

“A sua admissão foi aceite com base em critérios de mérito, tendo em conta a vasta experiência e comprovada competência nas áreas do direito penal e do direito penal internacional”, refere o escritório em comunicado.

O Tribunal Penal Internacional foi criado em 1998 e iniciou funções em 2002, em Haia, local da sua sede atual, conforme estabelece o artigo 3º do Estatuto de Roma. É um tribunal independente e permanente que julga pessoas acusadas dos crimes mais graves a nível internacional, como os crimes de genocídio, os crimes contra a humanidade e os crimes de guerra.

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Governo prepara incentivo à Autoeuropa para fabricar nova geração de carros elétricos em Palmela, além do modelo híbrido

Ministro da Economia adverte que "o modelo híbrido não basta" e desafia ainda a nova administração da Aicep, liderada por Filipe Santos Costa, a conseguir "atrair o projeto do aço verde da Iberdrola".

O Governo assegurou esta segunda-feira que está a trabalhar para dar um incentivo à Autoeuropa para o fabrico de uma nova geração de carros elétricos em Palmela, além do modelo híbrido que começará a ser produzido em 2025 e chegará ao mercado no ano seguinte.

“Estamos a debater com a Volkswagen e vamos ter um incentivo para que a Volkswagen, além do veículo híbrido que já anunciou, possa fabricar uma nova geração de carros elétricos”, adiantou o ministro da Economia, durante a sessão pública de apresentação dos objetivos para o novo mandato da Aicep.

À margem do evento, o ECO pediu a António Costa Silva mais detalhes relativos a este investimento, mas o ministro da Economia e do Mar declinou fazê-lo nesta fase em que ainda decorrem negociações com a fabricante automóvel. O responsável político respondeu apenas que o “modelo híbrido não basta”.

Estamos a debater com a Volkswagen e vamos ter um incentivo para que a Volkswagen, além do veículo híbrido que já anunciou, possa fabricar uma nova geração de carros elétricos.

António Costa Silva

Ministro da Economia

A partir de 2025, as atuais linhas de produção da Volkswagen Autoeuropa serão redirecionadas para o novo modelo híbrido, como disse o diretor-geral, Thomas Hegel Gunther, ao Público (acesso condicionado). A versão com motor de combustão interna será residual. A marca germânica vai gastar 600 milhões de euros no novo modelo, na modernização e na descarbonização, mais 20% do que os 500 milhões anunciados há ano e meio. Mas, no final desta década, vai ser preciso decidir onde fazer novos investimentos para novos modelos.

No seu discurso, António Costa Silva disse que o país está “a lutar denodadamente com as empresas de indústria automóvel que estão no país para fabricar carros elétricos”, recordando que a “Stellantis já vai fabricar o seu carro elétrico ligeiro em Mangualde”.

Costa Silva deixou ainda um desafio à nova administração da Aicep: “Temos de ser capazes de atrair o projeto do aço verde da Iberdrola, um investimento muito significativo, mas da nova geração de indústrias verdes, baseada na geração de hidrogénio das indústrias renováveis. O país tem todas as condições para estar [na frente] desta transição”.

O ministro da Economia e do Mar saudou ainda o trabalho da anterior administração da Aicep, liderada por Luís Castro Henriques, usando o exemplo de Isaac Newton: “Se vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”. E deixou uma nota de confiança de que Filipe Santos Costa de que fará “ainda mais”.

Por outro lado, sublinhou que o Executivo está a trabalhar em “vários instrumentos” para ajudar a atrair investidores estrangeiros “e que vão ser decisivos para o futuro”. “É o caso do 150 milhões de euros aprovados na resolução do Conselho de Ministros que a Aicep vai gerir para grandes empresas”, porque “os projetos europeus estão formatados para pequenas e médias empresas”, e só alguns projetos de grandes empresas são elegíveis para apoios do Portugal 2030.

Mas também os empréstimos do Plano de Recuperação e Resiliência. “Como o primeiro-ministro anunciou na viagem a Seul, na Coreia do Sul, estamos a mobilizar os 11,5 mil milhões de euros de empréstimos no âmbito do PRR a que o país tem direito para usar grande partes destes recursos para atrair grandes investimentos que já estão mapeados. Temos em cima da mesa 24 a 25 mil milhões de euros de investimento”, disse Costa Silva.

Filipe Santos Costa, novo líder da Aicep, detalhou, à margem do evento, que “em cima da mesa, em termos de grandes investimentos potenciais”, estão perto de 40 projetos que, no total, poderão somar um potencial de investimento “em torno dos 25 mil milhões de euros”.

A agência está a trabalhar para “atrair investimentos em estações de cabos submarinos, em data centers e centros de competência, desenvolvimento de software ou outro centros de competências partilhadas das grandes indústrias automóveis, que vêm para Portugal porque oferece as condições do ponto de vista infraestruturais e mão-de-obra muito qualificada”, avançou o sucessor de Castro Henriques.

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Tivoli estreia-se em Itália com hotel de luxo em Trieste

  • Ana Petronilho
  • 19 Junho 2023

O Tivoli Portopiccolo Sistana Resort fica localizado em Trieste e é composto por 58 quartos, a que se somam 73 apartamentos. Novo investimento tem abertura prevista para o final de junho.

A rede hoteleira Tivoli, que em 2016 foi comprada ao BES pelo grupo tailandês Minor Hotels, vai estrear-se em Itália com uma nova unidade de cinco estrelas em Trieste, no norte do país, junto à costa do Mar Adriático.

Em comunicado, a Minor adianta que o Tivoli Portopiccolo Sistana Resort é composto por 58 quartos, a que se somam 73 apartamentos. Tem abertura prevista para o final de junho.

Este novo resort do Tivoli conta ainda com “quatro restaurantes e dois bares, seis piscinas, um clube de praia com três áreas diferentes, um centro de bem-estar e fitness, e um spa de 3.600 metros quadrados”. Tem ainda 1.200 metros quadrados “para eventos e reuniões, distribuídos por diversos espaços do hotel até ao pavilhão central”, indica o grupo.

O Tivoli Portopiccolo Sistiana Resort foi anteriormente membro da Marriott Luxury Collection e faz parte do complexo Portopiccolo, pertencente ao Porto Piccolo Fund, gerido pela Investire SGR (Grupo Banca Finnat), uma importante empresa italiana de gestão de ativos.

A entrada no mercado italiano continua a expansão da Tivoli Hotels & Resorts na Europa, depois de em março ter aberto o Tivoli Doelen, em Amesterdão. Sendo que, acrescenta a mesma fonte, “muito em breve” vai abrir outra unidade em Espanha, com a inauguração do Tivoli La Caleta, em Tenerife.

Também em março, a rede abriu o primeiro resort tudo incluído em Alvor no Algarve. Além disso, a marca estreou-se na Ásia em 2022 com o lançamento do Tivoli Chengdu Cultural Heritage Park, na China. E está igualmente a expandir sua presença no Médio Oriente, onde a Minor Hotels já opera, atualmente, três propriedades Tivoli no Qatar — e onde estão em desenvolvimento mais duas propriedades: no Bahrein com inauguração prevista para 2025; e em Muscat, Omã, com estreia prevista para 2026.

A comemorar este ano o 90.º aniversário, a marca Tivoli conta atualmente com um portefólio de 16 unidades hoteleiras que fazem parte do grupo Minor Hotels, que detém um total de 530 hotéis e resorts em 56 países da Ásia-Pacífico, Médio Oriente, Europa, Américas, África e Oceano Índico.

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Uma centena de advogados protesta contra revisão dos seus Estatutos

  • Lusa
  • 19 Junho 2023

Colocados por imposição dos agentes da PSP a 100 metros da entrada do Tribunal Central Criminal de Lisboa, a bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro indignou-se com as restrições ditadas pela polícia.

Mais de uma centena de advogados concentrou-se esta segunda-feira no Campus de Justiça, em Lisboa, para protestar contra a revisão do Estatuto da sua Ordem profissional.

Colocados por imposição dos agentes da PSP a 100 metros da entrada do Tribunal Central Criminal de Lisboa, a bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro indignou-se com as restrições ditadas pela polícia lembrando que “o tribunal é a casa da advocacia” e que o seu acesso não pode ser vedado à classe.

“Nós temos o direito de nos manifestarmos contra a ignomínia e de individualmente resistirmos àquilo que é uma flagrante afronta aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos”, declarou a bastonária, aludindo às alterações ao Estatuto da Ordem avançadas pelo Governo.

Na altura, Fernanda de Almeida Pinheiro mostrou-se esperançosa que na conferência realizada uma hora antes pelo Governo sobre o tema das Ordens Profissionais, o executivo viesse a a recuar nas suas pretensões, considerando que isso significaria “bom senso”.

“Não faz sentido retirar atos que são próprios dos advogados e solicitadores”, realçou a bastonária, alertando que as alterações propostas pelo Governo permitem que pessoas com a licenciatura em Direito possam praticar atos até agora exclusivos daqueles profissionais, como sejam elaboração de contratos, cobrança de dívidas e consulta jurídica.

Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/Advocatus - 17JAN23
Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/AdvocatusHugo Amaral/ECO

Numa conferência de imprensa que contou com a presença da ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, do Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, do secretário de Estado Adjunto e da Justiça, Jorge Alves Costa, do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Nuno Santos Félix, e da secretária de Estado da Habitação, Fernanda Rodrigues, o Executivo garantiu que esta é “uma reforma muito importante”, de forma a promover a transparências nas diversas ordens.

Na quinta-feira, o Governo aprovou o diploma que altera os estatutos de 12 ordens profissionais, adaptando-os ao estipulado no regime jurídico de criação, organização e funcionamento das associações públicas profissionais.

“Esta reforma não nasceu hoje nem a sua discussão pública. Desde a troika que a União Europeia recomendava alterações ao regime das LAP. Os grandes objetivos prendem-se com a necessidade de eliminar as barreiras no acesso à profissão. Desde logo, nos aspetos sócio económicos: ninguém pode ficar arredado da inscrição na ordem profissional por questões económicas“, explicou Ana Catarina Mendes.

No campus de Justiça, a bastonária dirigiu-se posteriormente com um pequeno grupo de advogados até ao interior do tribunal, onde, simbolicamente, lavrou uma ata de protesto. Neste protesto, os advogados “pedem respeito pela autonomia da Ordem dos Advogados, como associação de cidadãos que são advogados e que não aceitam ser funcionalizados pelo Estado”.

Na semana passada, os advogados manifestaram-se também contra as alterações ao Estatuto da Ordem dos Advogados, numa carta aberta dirigida ao Presidente da República, primeiro-ministro e presidente da Comissão Europeia em que apontam um “retrocesso civilizacional” no acesso ao direito.

“Permitir que a consulta jurídica, a elaboração de contratos e a negociação de créditos possam ser livremente praticadas por pessoas singulares ou coletivas sem a competência técnica para o efeito, nem sujeitas a regras éticas e deontológicas perfeitamente definidas, é permitir que os direitos dos cidadãos fiquem completamente desprotegidos e à mercê de táticas mercantilistas, que visam não a defesa dos interesses do cidadão mas sim o próprio lucro de quem presta os serviços”, diz OA na carta aberta.

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Antas da Cunha Ecija reforça áreas de TMT, Imobiliário e Laboral

Lídia Neves e Miguel Ramos Ascensão, enquanto of counsel, e Lourenço Fernandes-Thomaz, na qualidade de associado sénior reforçaram as áreas de TMT, Imobiliário e Laboral da Antas da Cunha Ecija.

A Antas da Cunha Ecija reforçou a equipa com três novos advogados: Lídia Neves e Miguel Ramos Ascensão, enquanto of counsels, e Lourenço Fernandes-Thomaz, na qualidade de associado sénior. Os advogados transitam respetivamente da Miranda & Associados, da BRAM e da Vieira de Almeida (VdA).

“É com enorme satisfação que anunciamos a integração da Lídia, do Miguel e do Lourenço, integrações que representam um reforço muito importante de três áreas que têm crescido de forma muito significativa nos últimos anos: a área de TMT, a área de Imobiliário e a área Laboral. Estamos perante três profissionais muito experientes, provenientes de sociedades de reconhecida reputação e competência, que demonstram ter uma grande identificação com os nossos valores e com a forma como entendemos o exercício da advocacia. Nesse sentido, estou certo de que a sua integração resultará num importante contributo para a Sociedade, e consequentemente, para os nossos clientes, nas suas respetivas áreas de atuação”, sublinhou o managing partner Fernando Antas da Cunha.

Lídia Neves transita da Miranda & Associados onde desenvolveu a sua atividade nos últimos 10 anos. A advogada é especialista nas áreas de Direito da Propriedade Intelectual, TMT e Proteção de Dados. Com mais de 20 anos de experiência na área de direito imobiliário, Miguel Ramos Ascensão saiu da BRAM, onde era sócio, para a Antas da Cunha. Por fim, Lourenço Fernandes-Thomaz trabalhou na VdA nos últimos 8 anos e vai reforçar a equipa de Direito do Trabalho e da Segurança Social.

Miguel Ramos Ascenção, Lídia Neves e Lourenço Fernandes-Thomaz, da Antas da Cunha Ecija

A nova of counsel da Antas da Cunha Ecija foi estagiária e associada na CCA Ontier, entre 2007 e 2013. Entre 2013 e 2023 representou a Miranda & Associados, onde se especializou nas áreas de Direito da Propriedade Intelectual, TMT e Proteção de Dados em diversas jurisdições, nomeadamente, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Costa do Marfim, Gabão, Congo, República Democrática do Congo, Camarões e Timor-Leste. Lídia Neves é ainda agente oficial da Propriedade Industrial e European Trade Mark and Design Attorney, desde 2012, árbitra competente para os litígios submetidos a Arbitragem Voluntária junto do ARBITRARE – Centro de Arbitragem para a Propriedade Industrial, Nomes de Domínio, Firmas e Denominações, desde 2015, e perita IP Scan, integrando a lista de peritos do Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia, desde 2022.

Por outro lado, Miguel Ramos Ascensão foi sócio da BRAM – Braga da Costa, Afra Rosa, Ascensão, Mexia, Reynolds, Malta Vacas & Associados que integra a Mackrell International, uma rede internacional de sociedades independentes de advogados, representada em todos os Continentes. Com mais de 20 anos de experiência na área Imobiliária, foi reconhecido, em 2015, pela WWL, como um dos advogados de referência, em Portugal, na área do Direito Imobiliário e na assessoria em transações imobiliárias. Antes de integrar a BRAM, foi sócio fundador da AMBA. Anteriormente, foi advogado da Mullerat, sociedade de advogados espanhola, durante seis anos, após ter representado a Seabra, Gonçalves Ferreira, Cunha e Associados entre 1996 e 2001.

Por fim, Lourenço Fernandes-Thomaz trabalhou como estagiário e, posteriormente, como associado e associado sénior VdA entre 2015 e 2023. O novo associado sénior da Antas da Cunha Ecija é ainda membro da Direção da AJJ – Associação de Jovens Juslaboralistas.

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Ordens profissionais: estagiários não vão poder receber menos de 950 euros por mês

Na quinta-feira, o Governo aprovou o diploma que altera os estatutos de 12 ordens profissionais, adaptando-os ao regime jurídico de criação, organização e funcionamento das associações públicas.

Garantir maior transparência e combater o trabalho precários foram algumas das justificações dadas pelo Governo para aprovar a nova lei das Ordens Profissionais, que abrange em Portugal 20 associações públicas profissionais, como a Ordem dos Advogados, dos Médicos, dos Notários, dos Enfermeiros ou a dos Economistas.

Numa conferência de imprensa que contou com a presença da ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, do Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, do secretário de Estado Adjunto e da Justiça, Jorge Alves Costa, do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Nuno Santos Félix, e da secretária de Estado da Habitação, Fernanda Rodrigues, o Executivo garantiu que esta é “uma reforma muito importante”, de forma a promover a transparências nas diversas ordens.

Na quinta-feira, o Governo aprovou o diploma que altera os estatutos de 12 ordens profissionais, adaptando-os ao estipulado no regime jurídico de criação, organização e funcionamento das associações públicas profissionais.

“Esta reforma não nasceu hoje nem a sua discussão pública. Desde a troika que a União Europeia recomendava alterações ao regime das LAP. Os grandes objetivos prendem-se com a necessidade de eliminar as barreiras no acesso à profissão. Desde logo, nos aspetos sócio económicos: ninguém pode ficar arredado da inscrição na ordem profissional por questões económicas“, explicou Ana Catarina Mendes.

A ministra sublinhou ainda que “devem ser removidas todas as barreiras que têm a ver com a dupla certificação de qualificações, eliminando-se várias provas nas ordens profissionais”. “Temos como objetivo um combate à precariedade. Por isso, acabamos com os estágios gratuitos — e este nunca poderá ser pago com valor inferior e 950 euros”, acrescentou.

Na eliminação das barreiras, frisou, quer que haja o “reconhecimento das qualificações porque somos uma sociedade cada vez mais global e não podemos limitar as profissões aos que aqui chegam também”. “Queremos maior transparência nas ordens. Por isso a criação de órgãos como o provedor ou supervisor, ambos entidades externas. O último objetivo é que mais jovens qualificados consigam entrar no mercado de trabalho, tornando a nossa economia mais competitiva e inovadora. Numa sociedade promove-se o trabalho decente”, concluiu a ministra.

O ministro da Saúde afirmou que os conselhos de supervisão são “uma falsa questão”, alegando que este órgão não terá funções de controlo técnico. “Se há falsa questão neste debate é mesmo a questão da composição do conselho de supervisão”, afirmou Manuel Pizarro, numa conferência de imprensa de vários membros do Governo sobre a reforma dos estatutos das ordens profissionais.

Segundo o ministro, este órgão será composto por 40% de elementos inscritos na respetiva ordem, outros 40% oriundos das “instituições académicas que conduziram à formação das pessoas que estão inscritas na ordem” e os restantes 20% escolhidos entre personalidades de reconhecido mérito.

“Todos eles – os membros da ordem, os oriundos das instituições académicas e as personalidades de reconhecido mérito – são escolhidos e votados pelos membros da ordem”, avançou o governante.

Manuel Pizarro recusou-se ainda a “aceitar que os membros da ordem não sejam capazes de encontrar na sociedade pessoas” que, estando fora da profissão, possam integrar o seu conselho de supervisão.

“Não há nenhuma nomeação por parte de nenhum membro do Governo” para este órgão das ordens profissionais, garantiu ainda o ministro, ao salientar que a escolha dos membros será “livre e democrática”.

A proposta de lei, aprovada em Conselho de Ministros, será agora submetida ao Parlamento e altera os estatutos da Ordem dos Médicos Dentistas, Ordem dos Médicos, Ordem dos Engenheiros, Ordem dos Notários, Ordem dos Enfermeiros, Ordem dos Economistas, Ordem dos Arquitetos, Ordem dos Engenheiros Técnicos, Ordem dos Farmacêuticos, Ordem dos Advogados, Ordem dos Revisores Oficiais de Contas e Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução.

Na quinta-feira, em comunicado, a Presidência do Conselho de Ministros salientou que o diploma visa “eliminar restrições de acesso às profissões e melhorar as condições de concorrência, processo iniciado com a entrada em vigor da lei”, publicada em março, que altera o regime jurídico de criação, organização e funcionamento das associações públicas profissionais e regime jurídico da constituição e funcionamento das sociedades de profissionais que estejam sujeitas a associações públicas profissionais. Segundo a nota, foram “auscultadas todas as entidades relevantes para o processo”.

Algumas das ordens, como a dos Médicos, Enfermeiros, Economistas e Advogados, contestaram as alterações aos estatutos propostas pelo Governo.

O Conselho de Ministros decidiu ainda juntar numa proposta de lei única as alterações esta quinta-feira aprovadas e as anteriormente aprovadas, mas na quinta-feira apreciadas em leitura final, relativas às restantes oito ordens profissionais.

Assim, o diploma único do Governo será remetido ao parlamento, para efeitos de apreciação e aprovação, com as alterações propostas aos estatutos das 20 ordens profissionais.

A Ordem dos Advogados invoca que as alterações propostas pelo Governo não salvaguardam o sigilo profissional, o regime de conflito de interesses e outros princípios éticos e deontológicos.

A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, apontou a “ingerência do Governo” nas ordens profissionais ao criar um órgão de supervisão para “poder controlar e mandar”.

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Educação, água, agroindústria. Impact Journey abre candidaturas e promete prémios de 5.000 euros

Candidaturas decorrem até 24 de setembro. Cada um dos três vencedores recebe prémio de 5.000 euros e incubação na Casa de Impacto. 

Motivar jovens adultos a encontrarem soluções para a agroindústria, água, educação, prevenção e estilos de vida é o objetivo do Impact Journey, programa da Casa do Impacto, em parceria com a Fundação Amélia de Mello, cujas candidaturas decorrem até 24 de setembro. Cada um dos três vencedores recebe um prémio de 5.000 euros e incubação na Casa do Impacto.

“A Casa do Impacto impulsiona um ecossistema que tem as condições para estimular a criação de sinergias entre parceiros, apoiar a criação e o desenvolvimento de projetos inovadores e dotar os jovens do conhecimento necessário para compreenderem e agarrarem as oportunidades do empreendedorismo e inovação. É com grande satisfação que iniciamos esta parceria com a Fundação Amélia de Mello e nos aproximamos a dois grandes grupos empresariais nacionais, que partilham da visão e ambição de criar e promover negócios e iniciativas de impacto para resolver alguns dos problemas societais mais prementes”, afirma Inês Sequeira, diretora da Casa do Impacto sobre a parceria com a Fundação Amélia de Mello, citada em comunicado.

O programa pretende dotar jovens, entre os 18 e os 30 anos, com “conhecimento, ferramentas e financiamento para desenvolverem as suas ideias e darem os primeiros passos no setor do empreendedorismo de impacto”, informa a Casa do Impacto em comunicado.

Sessões de capacitação, acesso a bolsas de empreendedorismo, visitas de estudo a entidades diversas do ecossistema nacional e internacional e a participação em programas da Casa do Impacto é a proposta feita aos participantes.

A iniciativa visa encontrar soluções que respondam aos desafios societais na Agroindústria — “com atividades relacionadas com matéria-prima e transformação, a indústria dos alimentos e a sua distribuição” –; Água — “soluções para a reutilização, redução da perda de água, consumo eficiente e racionalização” –; Educação — “formação das novas gerações” — e, por fim, Prevenção e estilos de vida, isto é, iniciativas que “procurem uma qualidade de vida de modo completo e integrado e comportamentos saudáveis, desde o diagnóstico e a prevenção, à promoção da saúde e modificação comportamental.”

Quem pode candidatar-se

“Poderão candidatar-se projetos em fase de ideação, testing ou startups constituídas num período máximo de dois anos, compostos por equipas de dois a três estudantes universitários e jovens adultos, com idade compreendida entre os 18 e os 30 anos, portugueses ou estrangeiros que pretendam implementar o projeto em território português.
Para a fase de capacitação, vamos selecionar até 12 equipas”, informa fonte oficial ao Trabalho by ECO. Destes 12 projetos, serão escolhidos três como vencedores.

“A cada um dos três projetos vencedores é atribuído um prémio pecuniário no valor de 5.000 euros — 15.000 euros em prémios — a que acresce um ano de Incubação na Casa do Impacto, mais o Alpha Pack para o Web Summit (novembro 2023), a que soma o Inspiring Journey, em Londres em parceria com a LSE Generate da London School of Economics (dezembro 2023)”, refere fonte da Casa do Impacto.

Os interessados podem candidatar-se até 24 de setembro, decorrendo de 9 a 20 de outubro a fase de capacitação dos projetos, com a incubação dos projetos vencedores a realizar-se de 1 de novembro de 2023 até novembro de 2024.

O Impact Journey contribuirá com acesso a financiamento e terá o acompanhamento da equipa da Casa do Impacto, o envolvimento das empresas do Grupo José de Mello — Bondalti, Brisa, CUF, José de Mello Residências e Serviços e, Ravasqueira — e do Grupo Sovena, onde se inclui a Nutrifarms.

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Montenegro lembra que escolha do novo aeroporto é “decisão política”

  • Lusa
  • 19 Junho 2023

O líder do PSD lembra que a comissão técnica não vai escolher a nova localização do aeroporto, vai sim indicar as vantagens e desvantagens, o custo, o prazo e as características de cada opção.

O presidente do PSD afirmou esta segunda-feira em Setúbal que o seu partido só concordou com o Governo sobre a metodologia a seguir para os estudos sobre um novo aeroporto de Lisboa, lembrando que “a escolha é uma decisão política”.

Ao contrário daquilo que às vezes vai passando, esta comissão técnica não vai escolher a nova localização do aeroporto. Isso é um erro. Isso não corresponde ao que está escrito na Resolução do Conselho de Ministros e que foi alvo do entendimento entre o PSD e o Governo”, disse Luís Montenegro num pequeno-almoço com jornalistas, no âmbito da iniciativa “Sentir Portugal”, em Setúbal.

“A comissão técnica não faz escolhas. A comissão técnica diz, do ponto de vista técnico, quais são as vantagens e as desvantagens, quanto é que custa cada opção, qual é o prazo de execução e o que é que são as características de cada opção. Quem escolhe é o poder político e não há acordo ainda quanto à escolha, também convém dizer isto. Há acordo quanto à metodologia, quanto à escolha, veremos no final, quando o estudo estiver feito”, acrescentou o líder social-democrata.

Luís Montenegro disse estar confiante de que as alegadas dificuldades na contratação de estudos de impacto ambiental podem ser geridas pelo Governo, em articulação com a comissão independente.

“O que eu desejo é que isso esteja tudo acautelado. E desejo, sobretudo, que no fim do ano se faça uma rigorosa avaliação – uma avaliação ambiental estratégica, não apenas uma avaliação ambiental -, para que nós possamos tirar conclusões sobre as vantagens e as desvantagens de cada uma das opções”, frisou o dirigente do PSD.

Questionado pelos jornalistas, Luís Montenegro confirmou também que o PSD defende a construção de pontes rodoviárias Barreiro/Montijo e Barreiro/Seixal, como já tinha sido defendido pela Comissão Política Distrital de Setúbal do PSD, que no passado dia 15 de maio criticou o Governo do PS por ter transformado uma promessa de construir pontes rodoviárias em pontes pedonais.

“Mais uma vez, o Governo do PS engana o distrito de Setúbal com propaganda e ilusão. Das prometidas pontes rodoviárias, passamos para pontes pedonais e cicláveis, que não resolvem nenhum problema”, acusou, na altura, a Comissão Política Distrital do PSD de Setúbal.

Sobre os problemas do Serviço Nacional de Saúde na região de Setúbal, da falta de infraestruturas e de profissionais de saúde, entre outros, que são comuns a quase todo o país, Luís Montenegro, disse que o PSD vai apresentar nas próximas semanas mais um conjunto de propostas para a saúde, mas lembrou que os portugueses devem pedir responsabilidade pelo atual estado de coisas, não ao PSD, mas ao Governo do PS que está há oito anos no poder.

Confrontado com a realidade autárquica no distrito de Setúbal, dominado pelo PS e pela CDU, Luís Montenegro admitiu que gostava de ver um quadro diferente. “Vejo um quadro que não quero ver, pintado só a vermelho e a cor-de-rosa”, disse o líder do PSD, salientando que, apesar de tudo, a situação tem vindo a mudar e que a influência do PCP já não é a mesma de outros tempos.

“A preponderância do Partido comunista já não é a mesma de há 25 anos. Dentro dessa evolução, que infelizmente foi mais passando do PCP para o PS, que nós nos possamos intrometer”, disse Luís Montenegro, esperançado de que possa ocorrer um efeito de contágio, depois de o PSD conquistar a primeira câmara municipal no distrito de Setúbal.

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De 40% de dependência face ao gás russo, para 9%: como a Europa fez acontecer, e o que se segue na transição energética

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  • 19 Junho 2023

Conferência internacional debateu a direção estratégica e as soluções no terreno para acelerar a transição climática.

2022 foi um ano sem precedentes para a UE e para o mundo na política energética. A invasão russa da Ucrânia e a crise energética que lhe está associada tornou o caminho da Europa muito claro no que respeita à transição dos combustíveis fósseis para um sistema energético mais limpo. E esta é a única via para construir um continente não só mais sustentável como também mais seguro, como concluíram os líderes presentes, a 30 de março, no segundo evento realizado pela Deloitte, no âmbito do ciclo de eventos “Reshaping Europe to Build a More Sustainable Future”.

A União Europeia tem estado na vanguarda dos esforços globais para combater as alterações climáticas e a transição para um sistema energético de baixo carbono. Estes esforços são guiados pela meta de alcançar uma economia neutra em termos climáticos até 2050, tal como estabelecido no Pacto Verde Europeu.

Lídia Pereira, Membro do Parlamento Europeu para a COP27 com trabalho notável dentro da temática da descarbonização e do combate às alterações climáticas, que se tem destacado como a eurodeputada que mais tem desafiado os Estados-membros e os países do G20 a ter maior ambição nas políticas sobre o clima, vincou no seu discurso e nas conclusões do evento, a necessidade da aceleração do ritmo no que diz respeito à transição energética e climática.

"Para atingir os objetivos da transição energética e climática na UE o ritmo tem de ser acelerado.”

Lídia Pereira, Membro do Parlamento Europeu

A Comissária Europeia para a Energia, Kadri Simson, sublinhou que a Europa tem trabalhado arduamente para garantir fornecedores de gás não russos (dos EUA, Noruega, Azerbaijão, Egipto e Israel, entre outros) e um sistema energético mais limpo. A keynote speaker assegura que a política da UE para eliminar a dependência energética da Rússia está a funcionar. Como comprovam os números: se antes da guerra cerca de 40% dos pipelines e do fornecimento de gás à UE eram provenientes da Rússia, agora são apenas 9%.

"O mundo é hoje um lugar muito diferente do que era há um ano. Assistimos desde o início da guerra a preços dolorosos e à utilização da energia como arma pela Rússia. O desafio mais imediato para a UE é garantir a segurança energética.”

Kadri Simson, Comissária Europeia para a Energia

O foco em assegurar infraestruturas adequadas para acomodar entregas adicionais e acelerar os investimentos em novas estruturas mais ecológicas complementa o regulamento do gás adotado em Junho. Nesse regulamento, a UE apela aos Estados membros para que garantam pelo menos 80% do seu armazenamento de gás e instalem bombas de gás, contadores inteligentes e painéis solares, com vista a reduzir a dependência do combustível fóssil russo e as contas de energia, contribuindo simultaneamente para a mitigação das alterações climáticas.

A UE estabeleceu como objetivo a redução das emissões de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990; mas para atingir este objetivo a UE precisa de aumentar a utilização de energias renováveis, eletrificar o setor dos transportes e aumentar a eficiência energética.

Nesse sentido, Kadri Simson acrescentou ainda que “quando falamos de soluções a longo prazo para a crise temos de recorrer às energias renováveis”, que são “a fonte de energia mais limpa, segura e sustentável”, mas também a que permite “acabar com a nossa dependência estrangeira”.

A transição energética apresenta, por isso, oportunidades significativas para o crescimento económico e a criação de emprego, no entanto, a mudança para um sistema energético de baixo carbono exigirá investimentos significativos em energias renováveis, armazenamento de energia e infraestruturas digitais. Estes investimentos podem criar novas indústrias e empregos, estimular a inovação e aumentar a competitividade da UE.

No painel moderado por Anna Kowalewska, Deloitte Central Europe Sustainability Leader – que enfatizou o facto de o relatório publicado na semana passada, confirma que é premente “trabalhar em conjunto para assegurar uma redução sustentável das emissões em todos os setores, durante a próxima década”Simone Mori, Head of Europe da Enel, multinacional italiana de geração e distribuição de eletricidade e gás, destacou o bom desempenho da Europa no setor da Energia, no atual contexto de guerra. Na sua opinião, assiste-se a um aumento muito relevante dos investimentos em energias renováveis, principalmente a nível do distribuidor. Mas devemos olhar para a reestruturação do sistema energético europeu a longo prazo.

"Fomos capazes de encher os depósitos de gás e atingimos notavelmente o objetivo de reduzir a sua procura em, pelo menos, 15%, sem desvalorização do padrão de vida ou crash no mercado.”

Simone Mori, Head of Europe da Enel

Contudo, a transição energética também apresenta desafios significativos, incluindo garantir a segurança energética e abordar os impactos sociais e económicos da transição. Para superar esses desafios, a UE deve adotar uma abordagem abrangente e integrada da política energética, envolvendo todas as partes interessadas e garantindo uma transição justa para trabalhadores e comunidades afetadas.

Por essa razão, Joe Oliver, Government and Public Services Energy Sector Leader da Deloitte, defendeu que a iniciativa REPowerEU pode ser benéfica, quer a nível de políticas e diretrizes para a transição, quer na redução de custos inerentes e na criação de condições para a expansão da capacidade de transporte e distribuição de energia renovável. E conclui que “a Europa agiu admiravelmente este último ano”, avançando “consistentemente para políticas mais verdes”.

"Ainda é necessário um aumento anual de cerca de 25% da energia proveniente de fontes renováveis.”

Joe Oliver, Government and Public Services Energy Sector Leader da Deloitte

Ainda assim, a transição energética e o clima na UE representam um desafio complexo e multifacetado, bem como uma oportunidade para construir um futuro mais sustentável e próspero para a Europa.

Neste âmbito dos desafios, Kris Peeters, Vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), salientou o facto de a Europa precisar de muito dinheiro para tornar os seus desejos e objetivos realidade. O responsável explicou que desde a crise energética foram estabelecidos dois objetivos importantes na sua política de financiamento: independência da Rússia e ter energia verde. O roteiro bancário “solidifica que em 2030, 50% dos nossos investimentos devem estar relacionados com o clima, bem como investidos no programa “REPowerEU”, conclui, apelando à inovação competitiva e envolvimento do setor privado na luta pela independência energética.

"O Banco Europeu de Investimento fez um investimento significativo de 1,7 mil milhões de euros para garantir que a energia produzida na Ucrânia possa ser estabilizada.”

Kris Peeters, Vice-presidente do Banco Europeu de Investimento

Na conclusão do webinar, Miguel Eiras Antunes, Public Sector, Central Europe Leader da Deloitte, sublinhou o trabalho que é necessário fazer em conjunto, corroborando que é premente “agir agora”.

"Ainda temos um grande salto em frente, mas precisamos de o dar juntos.”

Miguel Eiras Antunes, Public Sector, Central Europe Leader da Deloitte

Reshaping Europe é uma iniciativa da Deloitte que, através de uma série de cinco discussões de alto nível dedicadas às políticas globais, reúne um conjunto de senior stakeholders em torno dos desafios atuais da Europa. Os líderes partilham as suas visões sobre a reconciliação das prioridades da UE com as necessidades de segurança e de uma abordagem humanitária eficaz, e debatem a construção de uma Europa pós-pandémica e em guerra mais verde, mais digital e mais resiliente.

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Lisboa fecha acordo de 322 milhões de euros com IHRU para investir em habitação pública

  • Lusa
  • 19 Junho 2023

Este novo acordo de 322 milhões, destinado a investimento em habitação, vem juntar-se a um que já existia desde 2022, com os dois a perfazerem um total de 800 milhões de euros.

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) fechou um novo acordo com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) no valor de 322 milhões de euros para investimento em habitação pública, anunciou a autarquia esta segunda-feira. Este novo acordo vem juntar-se a um que já existia desde 2022, perfazendo os dois um total de 800 milhões de euros.

“A Câmara Municipal de Lisboa fechou um novo acordo com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) para um investimento em habitação pública que totaliza 800 milhões de euros, sendo 510 milhões de euros financiados até 2028“, lê-se numa nota enviada pela autarquia à agência Lusa.

Segundo a autarquia, dos 322 milhões de euros, cerca de 100 milhões serão destinados a reabilitação da habitação municipal sob gestão da Gebalis – Gestão do Arrendamento da Habitação Municipal de Lisboa.

A Câmara de Lisboa especificou que, desses 100 milhões de euros, 15 milhões serão para continuar o esforço de reabilitação de habitações vagas, beneficiando cerca de 620 frações, e 85 milhões para reabilitar “edifícios com condições de habitabilidade indigna, beneficiando 8.543 habitações e as respetivas famílias residentes”.

Os restantes 222 milhões de euros destinam-se a continuar o esforço de investimento em habitação, entre 2027 e 2028, ou seja, para lá da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com apoio do Orçamento de Estado, acrescentou.

“O município de Lisboa firma assim um ambicioso compromisso para concretizar investimentos necessários na construção e reabilitação de cerca de 14.383 mil habitações até 2028“, é destacado na nota.

Segundo a autarquia, “parte deste investimento está já em concretização, tendo possibilitado, no atual mandato, a atribuição de mais de 1.100 habitações, 487 habitações construídas e 683 habitações reabilitadas”.

Citado na nota, o presidente da Câmara, Carlos Moedas (PSD), sublinhou que a habitação é o maior desafio em Lisboa e uma prioridade para o município, destacando a importância do financiamento agora assegurado junto do IHRU.

“Estamos a dar uma atenção especial aos mais vulneráveis, para garantir que têm uma habitação digna, mas também estamos a apoiar a classe média, para que consiga viver em Lisboa. Queremos uma cidade que não seja só para alguns, mas sim para todos”, afirmou.

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