A economia vai resistir ao abrandamento externo em 2024?

Ainda é uma "incógnita" se a economia portuguesa entrará em recessão, mas mesmo que resista ao abrandamento na Zona Euro, o crescimento será "pequeno".

No início de um ano que se prevê pleno de incertezas, o ECO vai divulgar nos próximos dias 6 trabalhos que tentam responder a questões que mais irão afetar a economia e os mercados, tanto a nível nacional como internacional. Os preços das casas, as descidas nas taxas de juro, o peso do abrandamento externo na economia portuguesa, a evolução dos preços do petróleo, onde investir o seu dinheiro e, claro, o impacto da instabilidade política no país são os temas que serão abordados.

As previsões para a economia portuguesa são otimistas — evitando uma recessão — mas ainda não é certo como vai resistir ao abrandamento externo. Na Zona Euro, a economia está a desacelerar e isso tem prejudicado as exportações portuguesas, que dão um menor impulso à atividade económica. Mas a procura interna poderá compensar este contexto, tanto pelo lado do consumo privado como pelo investimento, que terá a ajuda do Plano de Recuperação e Resiliência. Mesmo que a economia resista, tudo aponta para um crescimento “pequeno”.

“As perspetivas são de um crescimento pequeno”, assume o economista Ricardo Reis ao ECO, mas “se vai chegar a recessão ou não”, ainda é uma incógnita. Portugal vive neste momento uma situação que não é muito diferente da Zona Euro: “ainda temos os preços de energia muito altos e a contração da política monetária, que são duas grandes pressões para que a economia não cresça muito”, explica.

A Comissão Europeia reviu em baixa as previsões para o crescimento da economia portuguesa, para 2,2% em 2023 — o mesmo que o Governo — e para 1,3% em 2024, abaixo dos 1,5% estimados pelo Executivo no Orçamento do Estado para 2024, segundo as previsões de outono. Para a Zona Euro, Bruxelas estima que a economia vai crescer 1,2% em 2024.

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O Banco de Portugal também atualizou as previsões no boletim económico de dezembro, onde está mais pessimista: passou de uma projeção de crescimento da economia portuguesa de 1,5% para 1,2% em 2024. No entanto, mostra-se mais otimista no que diz respeito às exportações, discordando do Governo nos fatores que vão suportar o crescimento.

As exportações têm estado a ressentir-se nos últimos meses. Em outubro, recuaram 3,1%, naquele que foi o sétimo mês consecutivo de quedas. A descida foi justificada pelos combustíveis e lubrificantes, com as exportações a baixarem 22,2%, a refletirem uma redução em termos de volume (-5,9%) e a quebra dos preços destes produtos no mercado internacional.

O Governo demissionário já sinalizou que o crescimento económico vai ter de estar assente na procura interna. Sobre se um crescimento baseado na procura interna é um modelo viável, o economista João César das Neves considera que “é perfeitamente sustentável”. Como diz ao ECO, “tem de ser equilibrado, e é mais fácil basear-se na procura externa, que é mais vasta, mas na falta desta a procura interna é perfeitamente adequada”.

“Mas, claro que em Portugal as exportações, mesmo com o abrandamento europeu, continuam a ser essenciais”, admite. Enquanto em 2022 as exportações cresceram 17,4%, o número cai para 4,3% em 2023 e 2,5% em 2024, segundo as previsões inscritas no OE.

O Governo prevê um crescimento de 2,2% este ano, que desacelera para 1,5% em 2024. Ainda que a procura interna já desse um contributo importante para o desempenho económico, agora vai ter de suportar o crescimento. Isto já que para o próximo ano, o Governo espera que o contributo desta rubrica para o PIB seja de 1,8 pontos percentuais, enquanto a procura externa líquida traz um contributo negativo de 0,3 pontos.

Já o Banco de Portugal considera que “o crescimento da economia portuguesa deverá ser baseado no dinamismo do investimento e das exportações“. “Em contrapartida, o consumo privado e o consumo público deverão continuar a perder peso”, indica o banco central, no boletim de dezembro.

O BdP admite ainda assim que “o crescimento das exportações em 2023–26 deverá ser mais contido do que nos anos anteriores, devido ao menor dinamismo da procura externa”. Será ainda assim suficiente para contribuir para o crescimento da economia. Já a rubrica do investimento será também muito impulsionada pelos fundos europeus, com destaque para o Plano de Recuperação e Resiliência.

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Americanos do falido Sillicon Valley Bank fecham subsidiária em Portugal

SVB Financial Group constituiu sociedade em Portugal em novembro de 2022. Tinha como objetivo a prospeção de investidores e captação de clientes. Fechou um ano depois da sua criação.

O grupo financeiro norte-americano que detinha o Sillicon Valley Bank (SVB), intervencionado pelas autoridades em março após uma corrida aos depósitos, encerrou nos últimos dias do ano passado a subsidiária que tinha em Portugal desde 2022.

A SVB Capital Portugal foi formalmente dissolvida no passado dia 28 de dezembro, de acordo com o portal de atos societários do Ministério da Justiça consultado pelo ECO.

Esta empresa era detida a 100% pelo SVB Financial Group, com sede em Nova Iorque, EUA. Este grupo financeiro tinha como principal ativo o SVB, conhecido como “o banco das start-ups” e que foi resgatado pelo fundo de garantia de depósitos em março depois de uma corrida intensa aos depósitos ter deixado a instituição financeira à beira do colapso e quando se temia um efeito sistémico agravado pela subida repentina das taxas de juro.

Constituída em novembro de 2022, a SVB Capital Portugal tinha como atividades principais a prospeção de investidores profissionais no mercado nacional com o objetivo de captar clientes para os seus serviços de intermediação financeira, incluindo a receção e transmissão de ordens, colocação e consultoria sobre instrumentos financeiros.

Das mais de 160 empresas que o SVB Financial Group detinha, Portugal era uma das poucas subsidiárias com jurisdição fora dos EUA, estando presente ainda no Reino Unido, Índia, Israel, Irlanda, Canadá, China e Ilhas Caimão, de acordo com o último relatório e contas do grupo.

O SBV acabou por ser vendido ao First Citizens Bank no final de março, mas o maior colapso de um banco americano desde a crise financeira de 2008 gerou repercussões que foram sentidas em todo o mundo, tendo empurrado o Credit Suisse para uma situação caótica e cuja queda teve de ser amparada pela fusão com o eterno rival UBS.

Por causa da queda do seu banco, o SVB Financial Group acabou também por avançar com um pedido voluntário para uma recuperação judicial ao abrigo do Capítulo 11 do Código de Falências dos EUA.

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Grupo Mercan investe 450 milhões para construir mais oito hotéis em Lisboa e no Algarve

  • Ana Petronilho
  • 3 Janeiro 2024

As obras arrancam este ano, prevê ao ECO a Mercan. Um dos novos projetos é o primeiro Hard Rock Hotel no país que vai nascer na praia do Vau. Este ano, o grupo canadiano inaugura três hotéis.

O grupo canadiano Mercan continua a apostar em Portugal e vai investir 450 milhões de euros para construir mais oito hotéis no país, localizados, sobretudo, nas zonas de Lisboa e no Algarve.

As obras, conta ao ECO Miguel Gomes, Construction & Development General Manager da Mercan Properties, vão arrancar em 2024. No entanto, “prever o início exato das obras é sempre um desafio” tendo em conta que “os inícios de obra estão diretamente relacionados com os processos de licenciamento”, lembra Miguel Gomes, que está aos comandos de uma das maiores promotoras de imobiliário no segmento da hotelaria em território nacional.

No total, estas novas oito unidades hoteleiras vão contar com 1.400 quartos ou alojamentos.

Para já, a Mercan Properties escusa revelar as localidades exatas dos novos oito hotéis mas um dos projetos é o primeiro Hard Rock Hotel no país, que vai nascer na praia do Vau, em Portimão.

Projeto do Hard Rock Hotel Algarve na praia do Vau, em Portimão.

 

O novo hotel, com a abertura prevista para o verão de 2026, vai criar 400 postos de trabalho e será composto por cerca de 452 quartos e suites de luxo. Além do acesso direto à praia do Vau, os hóspedes vão poder contar com o Hard Rock Roxity Kids Club, com três restaurantes, três bares, três piscinas exteriores, um Rock Spa, ginásio, uma Rock Shop, uma área de desporto e um clube de praia, sendo que o novo Hard Rock Hotel Algarve vai disponibilizar ainda uma sala de conferências.

A somar a estas novas construções, antes do verão de 2024, a Mercan Properties vai inaugurar três hotéis que colheram um investimento que ronda os 54,6 milhões de euros.

Em causa estão o Holiday Inn Express Porto-Boavista, com 91 quartos e um investimento de 21 milhões de euros, o Holiday Inn Express Évora – a segunda unidade da Mercan nesta cidade – com 76 quartos e um investimento de 16,8 milhões.

Já o Holiday Inn Beja, vai contar com 95 quartos com investimento também de 16,8 milhões. Estas três unidades vão ficar sob a gestão da AHM – Ace Hospitality Management, uma empresa do grupo Mercan.

Com os novos projetos, no total, a Mercan Properties – que entrou em Portugal em 2015 – vai passar a contar com um portfólio de 30 hotéis em diversas localidades do país como Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Lisboa, Amarante, Santiago do Cacém, Évora, Beja, Algarve e Madeira.

Além de Portugal, o grupo canadiano Mercan marca presença na China, na Índia, nos Emirados Árabes Unidos e nos Estados Unidos da América.

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