Indústria automóvel ganha hub de seis milhões para “digitalizar” 400 empresas em dois anos
Novo polo de inovação digital para o setor automóvel pretende “envolver mais de 400 empresas nos próximos dois anos”. Liderado pela Mobinov, projeto para “carro do futuro” é apresentado em Matosinhos.
Com o objetivo de “apoiar as PME para alavancar a transformação digital da cadeia de valor, ao nível do produto e do processo, posicionando empresas e startups no futuro da mobilidade”, vai ser lançado esta terça-feira o projeto DIH 4 Global Automotive, que envolve um total de nove entidades e que se apresenta como um polo de inovação digital para o setor automóvel.
O diretor-geral da Mobinov – Associação do Cluster Automóvel de Portugal, que lidera um consórcio de empresas e entidades do sistema científico, avança ao ECO que este hub digital tem um valor de investimento de seis milhões de euros, com um incentivo de 4,55 milhões proveniente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e pretende “envolver mais de 400 empresas nos próximos dois anos”.
“Até ao final do primeiro trimestre, queremos iniciar a prestação de serviços com, pelo menos, dez empresas”, aponta Miguel Araújo. Centrado no desenvolvimento de conceitos e produtos inovadores para o “carro do futuro”, o DIH 4 Global Automotive quer “auxiliar as PME do setor no desenvolvimento de novos componentes para este automóvel e apoiar as mudanças necessárias nos processos produtivos associados à Indústria 4.0 e ao conceito de Fábrica do Futuro”, detalha.
Além da Mobinov, fazem parte deste consórcio empresas como a Continental Advanced Antenna, a ESI Robotics (engenharia de soluções e inovação), a Matching Ventures (coordena a unidade do acesso ao financiamento) e a proGrow (fornecedora de serviços na área tecnológica). Integra ainda uma incubadora de empresas da Figueira da Foz (IEFF) e entidades como o CEiiA (centro de engenharia e desenvolvimento de produto), o lisboeta Instituto Superior Técnico (IST) e o INESC TEC, instituto de engenharia de sistemas e computadores, tecnologia e ciência ligado à Universidade do Porto.
O líder do cluster automóvel, que tem perto de uma centena de associados, sede em Matosinhos e delegação em Lisboa, perspetiva que estes serviços para acelerar a transição digital em toda a cadeia de valor abrangem desde o próprio modelo de negócios até à automação industrial, digitalização dos processos produtivos, big data, cloud ou cibersegurança. A especialização de cada empresa pode ir desde as tecnológicas até fabricantes de automóveis e fornecedores de componentes, incluindo outras que queiram entrar neste setor de atividade.
Portugal não pode ficar para trás. Temos de estar na linha da frente e ser vanguardistas neste processo de transformação digital que temos de operar no seio da nossa indústria automóvel, que tem um papel diferenciador na economia nacional.
“A transição digital é um fator crítico de sucesso porque é uma locomotiva para a competitividade das nossas empresas. Está também alavancada pela estratégia de uma agenda digital europeia, em que Portugal não pode ficar para trás. Temos de estar na linha da frente e ser vanguardistas neste processo de transformação digital que temos de operar no seio da nossa indústria automóvel, que tem um papel diferenciador na economia nacional”, frisa Miguel Araújo.
Por outro lado, embora admita não estar contabilizado o impacto na criação de emprego, reclama que “há uma componente muito grande [a esse nível] porque a transição digital vai abrir um conjunto de novas oportunidades que vão gerar mais emprego”. “Um eixo importante neste projeto é a qualificação e capacitação de recursos humanos para que, no seio das próprias empresas, possam dar seguimento a este trabalho”, completa o porta-voz da Mobinov, que há poucas semanas apresentou um roteiro para a descarbonização da indústria automóvel e está a medir a pegada carbónica das empresas do setor.
De acordo com um estudo de caracterização da indústria automóvel em Portugal, apresentado em novembro pela Mobinov, com dados relativos ao final de 2022, este cluster conta, a nível nacional, com um volume de negócios direto superior a 16.000 milhões de euros e emprega quase 86 mil pessoas (perto de 11% do emprego da indústria transformadora). As vendas ao exterior representam 99% da faturação total, o que correspondeu a 23% das exportações portuguesas de bens transacionáveis no período em análise.
O kick-off do projeto DIH 4 Global Automotive, acontece esta terça-feira de manhã nas instalações do CEiiA, em Matosinhos, com apresentações de Jorge Rosa (presidente da Mobinov) e de Luís Guerreiro (presidente do IAPMEI). A apresentação oficial do conceito do DIH é assegurada pelo gestor de projeto, Bruno Amaro. O programa da conferência integra ainda uma apresentação sobre cibersegurança e inteligência artificial na transição digital, terminando o evento com uma sessão de matchmaking e um almoço de networking.
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