Crise no Mar Vermelho atinge setor químico na Alemanha

  • Joana Abrantes Gomes
  • 22 Janeiro 2024

Maior indústria química da Europa é o mais recente setor afetado pela crise no Mar Vermelho. Pelo menos um terço das suas importações provêm da Ásia.

A indústria química da Alemanha, considerada a maior da Europa, é a mais recente área de atividade a sentir o impacto dos atrasos nos fornecimentos através do Mar Vermelho, que têm obrigado várias empresas do setor a reduzir a produção, noticia a Reuters (acesso pago).

Desde peças para automóveis e equipamento de engenharia a produtos químicos, as importações da Ásia para a Europa estão a demorar mais tempo a chegar, uma vez que os transportadores de contentores desviaram os navios para uma rota em África para escapar ao Mar Vermelho e ao Canal do Suez, na sequência dos ataques de houthis do Iémen.

Embora a indústria alemã se tenha habituado a interrupções no abastecimento durante a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia, o impacto da redução do tráfego através desta artéria comercial está a começar a fazer-se sentir, sendo a fábrica da Tesla em Berlim uma das vítimas mais proeminentes.

Depois dos automóveis e da engenharia, o setor químico alemão é a terceira maior indústria do país, com vendas anuais de cerca de 260 mil milhões de euros, e depende da Ásia para cerca de um terço das suas importações de fora da Europa.

“O meu departamento de aprovisionamento está a trabalhar três vezes mais para conseguir alguma coisa”, disse Martina Nighswonger, diretora-geral e proprietária da Gechem GmbH & Co KG, que mistura e engarrafa produtos químicos para grandes clientes industriais, citada pela Reuters.

Consequentemente, a Gechem reduziu a produção de pastilhas para máquinas de lavar a louça e sanitários por não conseguir obter citrato trissódico suficiente, bem como ácido sulfâmico e ácido cítrico. Agora, a empresa está a rever o seu sistema de três turnos, já que os efeitos da crise poderão continuar a ser um problema, pelo menos, durante a primeira metade de 2024.

Outra empresa, a Evonik, fabricante de especialidades químicas, também afirmou que está a ser atingida por “alterações de rota e atrasos de curto prazo”, acrescentando que alguns navios tinham mudado de direção até três vezes em poucos dias. Para atenuar o impacto da crise, tem procurado fazer encomendas mais cedo e mudar para o transporte aéreo, embora alguns produtos químicos não possam ser transportados por avião.

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