Agricultores gregos bloqueiam as principais autoestradas do país
O primeiro-ministro grego está disponível para dialogar, mas apenas se terminarem os bloqueios. "Ninguém pode chantagear a sociedade, nem perturbar a vida social e económica do país", disse.
Os agricultores gregos prosseguiram esta quarta-feira pela terceira semana com as ações de contestação e bloquearam as principais autoestradas do país, com o Governo conservador a assinalar disposição para negociar caso terminem os protestos, indicou a televisão grega SKAI.
Agricultores dos arredores de Salónica (norte), a segunda cidade da Grécia, bloquearam durante várias horas a autoestrada em direção à capital Atenas, que seria novamente cortada durante o período da tarde por trabalhadores agrícolas oriundos da região central do país. As autoestradas que unem Salónica a outras cidades da zona norte do país também foram bloqueadas no final da manhã durante várias horas.
Em paralelo, agricultores da Grécia ocidental conduziram os respetivos tratores em direção ao porto de Igumenitsa, o terceiro maior do país, infraestrutura que ameaçaram bloquear. O portal noticioso grego News274 avançou que agricultores da região de Serres (norte) bloquearam a passagem fronteiriça com a Macedónia do Norte, enquanto se verificavam também cortes de estradas no centro do país e na ilha de Creta.
Os agricultores gregos reivindicam, entre outras medidas, a “renegociação” da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia (UE), subsídios estatais para a alimentação animal e outros produtos, bem como uma indemnização “que cubra totalmente” os danos causados às colheitas por uma série de catástrofes naturais.
O primeiro-ministro grego, o conservador Kyriakos Mitsotakis, anunciou que o Governo está disponível para dialogar, mas apenas se terminarem os bloqueios. “Ninguém pode chantagear a sociedade, nem perturbar a vida social e económica do país por muito justas que sejam as suas reivindicações”, sublinhou o governante.
Na semana passada, o líder conservador anunciou o aumento dos atuais 2.000 euros até um máximo de 10.000 euros em ajudas a cada produtor da Grécia central, onde se registaram graves inundações em setembro. O executivo grego também anunciou que vai devolver este ano, como sucedeu em 2023, o valor de um imposto especial que agravou o preço do combustível a cerca de 300.000 agricultores.
No entanto, as associações de agricultores consideraram estas medidas “insuficientes” e pedem combustível livre de impostos, enquanto pedem ao executivo que proceda ao imediato pagamento de todas as indemnizações pelo facto de estarem a “lutar para sobreviver”.
Os produtores agrícolas assinalaram estar decididos a prosseguir e intensificar as suas mobilizações caso não sejam cumpridas as suas reivindicações. Na terça-feira, mais de 70 associações agrícolas decidiram convocar para a próxima semana uma manifestação nacional em Atenas.
Os agricultores europeus, incluindo em Portugal, saíram à rua nas últimas semanas, cortando estradas com tratores e promovendo protestos de rua, para exigir a flexibilização da PAC e mais apoios para o setor, ações que já levaram alguns Governos a adotar novas medidas.
Também a Comissão Europeia cedeu perante as reivindicações dos agricultores europeus, com a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, a anunciar na terça-feira que vai retirar a proposta da instituição visando reduzir para metade o uso de pesticidas na agricultura até 2030, peça central da legislação ambiental europeia.
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