Veja aqui a agenda das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril
Os 50 Anos da “madrugada que eu esperava” são celebrados um pouco por todo o país com uma agenda cheia de momentos culturais, recriações da revolução e a habitual cerimónia no Parlamento.
As comemorações dos 50 Anos da Revolução dos Cravos acontecem um pouco por todo o país durante os próximos dias. Desde peças de teatro, concertos, exposições e visitas guiadas a locais emblemáticos da data, à habitual cerimónia na Assembleia da República e ao desfile que desce a Avenida da Liberdade, são muitas as iniciativas que assinalam o nascimento da democracia.
Veja a agenda:
24 de abril
Ainda que as celebrações do cinquentenário tenham tido início em 2022 e decorram até 2026, é a partir desta quarta-feira que arrancam de forma oficial. Pelas 11 horas, a Comissão Comemorativa da data organiza uma visita guiada (em inglês) ao Quartel do Carmo, em Lisboa. O lugar onde se refugiou e se deu a rendição de Marcelo Caetano vai estar aberto até 12 de maio, com entrada gratuita.
O Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) também se junta às celebrações, através da inauguração de uma exposição coletiva que reúne obras de artistas que marcaram o período posterior ao momento fundador da democracia portuguesa, entre os quais Maria José Oliveira e Julião Sarmento.
Ainda na capital, ao mesmo tempo que decorre um concerto de comemoração da data no CCB, as fachadas dos edifícios do Terreiro do Paço exibem, pelas 22 horas, uma narrativa em videomapping que junta fotografias de Alfredo Cunha, o “fotógrafo de Abril”, à música de Rodrigo Leão. Entram depois em palco 180 músicos para cantar a banda sonora da Revolução, aos quais se juntarão, mais tarde, outros convidados para interpretar uma nova canção, “Abril é Sempre Primavera”, escrita especialmente para a ocasião. À meia-noite, tem lugar um momento piromusical sobre o rio Tejo.
Pouco antes da praça lisboeta, a antiga Escola Prática de Cavalaria de Santarém também vai ser palco da projeção audiovisual “25 de Abril, quinta-feira”, seguindo-se, pelas 21h30, um teatro cujo título ecoa as palavras da escritora Sophia de Mello Breyner. “Esta é a madrugada que eu esperava” reconstitui o que aconteceu neste lugar antes da saída da coluna militar rumo a Lisboa, liderada por Salgueiro Maia.
Uma hora depois, às 22h30, tem início a recriação histórica da “Operação fim de Regime”, com a partida de uma coluna militar (composta por viaturas da época) até aos limites da cidade, transportando cerca de 100 antigos militares que, há cinco décadas, participaram na queda da ditadura do Estado Novo.
Mais a norte, a Avenida dos Aliados, no Porto, recebe um concerto comemorativo da data combinado com momentos de poesia, além do espetáculo de videomapping que também passa em Lisboa e Santarém. No Cineteatro de Amarante, Gisela João junta-se ao guitarrista espanhol Carles Rodenas Martinez e a Luís “Twins” Pereira para exaltar músicas dos autores e compositores de Abril.
Numa iniciativa do Ateneu de Coimbra, a capital dos estudantes comemora a “Noite do Derrube do Fascismo” com concertos, poesia e festa na Sé Velha, enquanto o distrito de Évora, por seu lado, acolhe um concerto de Sérgio Godinho e Os Assessores, no âmbito do périplo de espetáculos que o músico português tem feito a propósito das celebrações do 25 de Abril. Durante a ditadura, Sérgio Godinho foi alvo de censura, teve discos proibidos e esteve no exílio.
Em Setúbal, no município de Grândola, “terra da fraternidade” cantada por Zeca Afonso, sobe ao palco o autor de outra canção que abriu caminho à Revolução dos Cravos. Às 22h30, no Parque de Feiras e Exposições, ouve-se “E depois do adeus”, na voz de Paulo de Carvalho.
Nos Açores, é apresentado o livro “50 Anos de Abril — Democracia & Autonomia”, que reúne os testemunhos de todos os presidentes do governo regional e da assembleia legislativa da região acerca dos 50 anos da democracia portuguesa na perspetiva da autonomia açoriana. A apresentação é às 18 horas locais (19 horas em Lisboa), na Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro. À noite, é exibido o filme “Revolução [sem] sangue”, de Rui Pedro Sousa.
É também de assinalar a estreia da série documental “A Conspiração”, que será lançada pela RTP1 às 21h30. O projeto televisivo de nove episódios do cineasta António-Pedro Vasconcelos, que morreu em março, resulta de “uma meticulosa investigação” sobre as horas que antecederam a Revolução dos Cravos, com “depoimentos exclusivos de protagonistas que conseguiram concretizar em menos de 24 horas o que em 48 anos muitos outros não haviam conseguido”, descreve a estação pública.
25 de Abril
As comemorações oficiais arrancam às 9h30 na Praça do Comércio, com a cerimónia militar, presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Ali vão estar cerca de 1.100 militares, dos três ramos das Forças Armadas, 430 dos quais em parada. As aeronaves da Força Aérea vão sobrevoar o local e a Marinha vai trazer para perto duas fragatas e dois navios patrulha.
A recriação histórica de momentos simbólicos da operação militar que deitou abaixo o regime ditatorial, iniciada na noite anterior em Santarém, continua depois em Lisboa, entre as 10 horas e o meio-dia, com a chegada da coluna de veículos militares ao Terreiro do Paço, que depois ficarão estacionados para quem as quiser ver de perto.
Segue-se a cerimónia solene na Assembleia da República, que este ano começa mais tarde do que o habitual, às 11h30. O Presidente da República e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, vão estar presentes, assim como os partidos com assento parlamentar, que terão a palavra no Parlamento. As comemorações contam também com a presença de vários chefes de Estado dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), nomeadamente de Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e ainda de Timor-Leste.
Após a hora de almoço, continua a reconstituição do trajeto efetuado em 25 de Abril de 1974 na “Operação fim de Regime”, com a saída do Terreiro do Paço até ao Rossio, que culmina na marcha sobre o Quartel do Carmo e o cerco do mesmo. A recriação histórica termina com a marcha da coluna, que neste momento transportava o presidente do Conselho deposto, até ao Quartel da Pontinha.
Para as 15 horas, está agendado o desfile que começa na Praça Marquês de Pombal, segue pela Avenida da Liberdade e termina no Rossio, onde terão lugar intervenções, momentos culturais e atuações musicais, enquanto a partir das 18h30 são divulgados, na Cinemateca, imagens amadoras inéditas do dia da Revolução, no âmbito da campanha “Filmou o 25 de Abril?”.
Além das iniciativas organizadas pela Comissão Comemorativa do cinquentenário do 25 de Abril de 1974, que se centram neste dia na capital lisboeta, o feriado é celebrado no resto do país de diferentes formas. Em Coimbra, por exemplo, o ponto alto é uma manifestação popular, com início às 15 horas na Praça da República, enquanto a Covilhã inaugura a instalação artística “Cravos de Abril” e a exposição documental “A Covilhã de Abril de 1974”.
No Porto, as comemorações combinam uma homenagem aos resistentes antifascistas, a que se sucede o Desfile da Liberdade, que partirá do Largo Soares dos Reis (junto à ex-sede da PIDE) e terminará na Avenida dos Aliados, onde, por sua vez, haverá o concerto “Comemorar os 50 anos do Dia da Liberdade”. Também neste dia, estreia a peça “A Noite”, uma adaptação do texto teatral de José Saramago, no Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery.
A população de Almada também se junta na rua para um desfile que, além de festejar o meio século do 25 de Abril, homenageará os cerca de 425 almadenses que foram presos pelo combate aos 48 anos de ditadura em Portugal. Portimão, em vez de um desfile, optou por fazer uma “Corrida da Liberdade” para comemorar o cinquentenário da data.
Já em Santarém, no âmbito da exposição “Viva a Liberdade”, do fotojornalista Alfredo Cunha, é inaugurado um mural de azulejos, com cinco metros de largura e quatro de altura. O autor é o Pedrita Studio, a partir de uma fotografia de uma multidão tirada por Alfredo Cunha no dia 25 de Abril de 1974.
Voltando a Lisboa, o Cinema São Jorge transmite o espetáculo multimédia “O triunfo do cravo”, uma homenagem à Revolução dos Cravos, aos seus artistas, à sua música, aos seus heróis e acontecimentos históricos, antes, durante e depois do dia 25 de Abril de 1974.
Viana do Castelo dá palco à história de Leninha, “a mais temida e poderosa figura feminina” da PIDE, e uma das suas vítimas. “Noites de Caxias” estará em cena entre 25 e 28 de abril no Teatro Municipal Sá de Miranda.
26 de Abril
Na sexta-feira, para assinalar o 50.º aniversário do “Comício 26 de Abril de 1974”, os alunos das várias escolas de todo o país, com destaque para as encenações que serão levadas a cabo em Braga, na Figueira da Foz e na Marinha Grande, manifestam-se nas ruas, recuperando palavras de ordem que marcaram a Revolução de Abril e outras criadas por eles.
“Abril, Cravos Mil – Histórias de Liberdade”, uma antologia de oito bandas desenhadas, é apresentada no Montijo, como parte das festividades da cidade do quinquagésimo aniversário do 25 de Abril de 1974.
Em Sintra, estreia o espetáculo “A Revolução que me Ensinaram”, que parte de uma investigação pessoal desenvolvida ao longo dos últimos anos e que serve de trampolim para a reflexão sobre o processo revolucionário logo após o 25 de Abril.
Na capital, além de o Quartel do Carmo receber uma nova visita guiada, a Associação dos ex-deputados à Assembleia da República vai apresentar um “contributo de reflexão” para o aprofundamento da democracia. Na conferência, sobre o antes e o depois da Revolução, é divulgada uma declaração da associação que assumirá “um conjunto de temas considerados relevantes para a qualidade da democracia”.
27 de Abril
Para as 11 horas de sábado, 27 de abril, está previsto o regresso da coluna militar à Escola Prática de Cavalaria de Santarém, que marca o fim da recriação histórica da “Operação fim de Regime”. Mais a litoral, na Fortaleza de Peniche, que funcionou como uma prisão política no período ditatorial, é inaugurado o Museu Nacional Resistência e Liberdade.
Não só neste dia, mas até 26 de junho, a Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, tem em exposição “O MFA e o 25 de Abril”, que pretende ilustrar o papel do Movimento das Forças Armadas no derrube da ditadura e na construção da democracia através do recurso a materiais iconográficos, audiovisuais e sonoros. A entrada é livre.
Há ainda exposições itinerantes pelo país que evocam alguns dos movimentos sociais e políticos da época, como “Primaveras Estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril de 1974”, atualmente exposta na Universidade da Beira Interior, e “50 passos para a Liberdade, da Ditadura ao 25 de Abril”.
Entre 2 e 4 de maio, a Universidade de Lisboa recebe o Congresso Internacional 50 Anos do 25 de Abril para “fazer um ponto da situação e discutir, a partir de uma perspetiva interdisciplinar, o futuro dos estudos sobre a Revolução”.
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