IA generativa será uma oportunidade ou uma ameaça?
Para Rodrigo Moita de Deus o conteúdo gerado por IA é do Homem. Já Jacinto Bettencourt, sócio da Deloitte Legal, acredita que isto vai ser uma longa discussão que implica várias definições.
Será o conteúdo gerado por inteligência artificial (IA) inovador ou uma junção de ideias? Rodrigo Moita de Deus defendeu na 7ª edição da Advocatus Summit que máquina apenas pega em dados e faz “qualquer coisa que não estava lá antes”, logo inova.
“Se eu pedir ao ChatGPT para fazer um guião para um vídeo institucional do ECO, os direitos de autor são de quem? Do ChatGPT ou sou meus? São meus, eu é que mandei fazer”, exemplificou o diretor do Newsmuseum e consultor da Fundação Champalimaud, sublinhando que o produto não existe sem curadoria. Ou seja, defende que um conteúdo ou produto gerado por um algoritmo pertence ao Homem.
Já Jacinto Bettencourt, sócio da Deloitte Legal, acredita que esta vai ser uma longa discussão uma vez que coloca em causa a forma como pensamos o direito de autor. “Ou mudamos a definição e vai mexer com muita coisa. Ou então os próprios atores, produtores, usuários, fabricantes e designers vão ter que se acautelar e vão ter que se acautelar, por exemplo, criando mecanismos de intervenção na criação de avaliação, desempenho e correção que lhes permitam dizer que, no fundo, aquilo foi uma mera extensão, uma mera ferramenta, como um pincel”, acrescentou.
Para Rodrigo Moita de Deus a IA é uma ferramenta “absolutamente extraordinária”, pese embora a sociedade olhe com “receio”. “Entramos todos nesta psicose de que os computadores vão tomar conta do mundo. Os guionistas em Hollywood entraram em greve, porque os computadores vão tomar conta do mundo, e esquecemos nos que as coisas não são bem assim e que este é um instrumento absolutamente extraordinário de apoio ao homem”, sublinhou.
Questionado se a IA poderá levar a uma redução dos postos de trabalho, o consultor da Fundação Champalimaud considera que estas ferramentas vão apenas libertar os profissionais de tarefas mecanizadas e que antigamente qualquer economista chamaria de “evolução”.
“A ideia de que uma máquina pode substituir um guionista é a mesma que dizer que uma impressora 3D pode substituir um escultor. O problema é que os guionistas já não pensam neles próprios como artistas, pensam como máquinas substituíveis. Mas a máquina tem um limite e a criação não é esse limite”, referiu.
Rodrigo Moita de Deus assegurou que no seu dia profissional a IA está presente. Por exemplo, na Fundação Champalimaud utilizam algoritmos para desenvolver uma plataforma de inteligência artificial para apoiar os médicos.
“A inteligência artificial é o passo seguinte da evolução da tecnologia, do software e dos algoritmos. Dar-lhes a capacidade de aprenderem a fazerem as coisas e de irem muito mais longe do que o ser humano podia ir, nomeadamente na escolha da informação e do conhecimento”, explicou.
Consciente de que as empresas já apostam em IA há algum tempo, Jacinto Bettencourt admite que agora há uma preocupação se o podem continuar a fazer e em que termos devem fazer face ao regulamento europeu. “Agora temos o problema que é o problema regulatório. Como é que nós vamos abordar? Como é que nós vamos navegar?”, questionou.
Sobre a regulação, o sócio da Deloitte Legal revelou que se está a meter um “travão” que é “decalcado” do regime de dispositivos médicos. “Portanto, todo o processo de conformidade é decalcado daquilo que nós temos para o sistema farmacêutico e para os dispositivos médicos”, revelou.
“Mas ao mesmo tempo, a regulação também cria oportunidades interessantes”, acrescentou. Segundo explicou, a preocupação do legislador europeu foca-se em dois pontos: qual é a amostra quando se desenvolve IA e se está em conformidade.
Jacinto Bettencourt acredita que as regras europeias deverão “aliviar o fardo regulatório” e deve haver uma preocupação com o utilizador, com o consumidor e com os negócios feitos com o consumidor e utilizador.
“A IA é uma ameaça para os direitos, liberdades e garantias, mas também é uma oportunidade para Tom Cruise, cedendo a sua imagem e as suas características biométricas, fazer quatro filmes por mês e não um por ano. E não há qualquer disposição neste momento sobre como é que se regula um contrato sobre imagem”, sublinhou.
Relativamente ao setor, Jacinto Bettencourt considerou que a inteligência artificial é algo que já faz parte da advocacia há algum tempo e que no caso da Deloitte possuem duas linhas de serviço: legal management services e legal management consulting que utilizam inteligência artificial.
“A Deloitte Legal é uma rede que investe neste tipo de soluções atempadamente e empenha-se e tem acesso a clientes, a parcerias e projetos bastante relevantes que permitem acelerar a curva de experiência”, disse, avançando que já estão a ser desenvolvidas ferramentas de inteligência artificial generativa.
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