Fed distancia-se do BCE e mantém taxas de juro inalteradas em máximos de 2001
As estimativas dos membros do Comité apontam para, pelo menos, uma descida de juros em 2024. O banco central prevê agora uma taxa de inflação de 2,8% no final do ano, acima dos 2,6% previstos antes.
Tal como era esperado, tudo igual nas taxas de juro nos Estados Unidos. Sem confiança para iniciar um ciclo de descidas de juros no país, a Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) voltou a manter a taxa dos fundos federais inalterada, distanciando-se do Banco Central Europeu, que desceu juros pela primeira vez em quase cinco anos na semana passada. Projeções apontam para um ou dois cortes de juros em 2024, mas Powell reforça que inflação continua elevada e quer ter mais confiança antes de baixar juros.
O Comité de Política Monetária da Fed (FOMC, na sigla em inglês) manteve esta quarta-feira a taxa dos fundos federais no intervalo de 5,25%-5,5%, o que representa o nível mais elevado desde 2001.
“Indicadores recentes sugerem que a atividade económica continuou a expandir-se a um ritmo sólido”, justifica o comité da Fed no seu comunicado, acrescentando que o mercado laboral mantém-se forte e a taxa de desemprego permaneceu baixa.
O banco central acrescenta que a inflação tem diminuído ao longo do último ano, mas permanece elevada. “Nos últimos meses registaram-se progressos adicionais modestos em direção ao objetivo de inflação de 2%“, refere a Fed.
As previsões dos membros do Comité apontam agora para entre uma a duas descidas das taxas de juro em 2024. Dos 19 membros que compõem o FOMC, quatro não antecipam cortes de juros este ano, sete antecipam apenas uma descida e oito estão a prever dois cortes. Em março, as projeções apontavam para três cortes de 25 pontos percentuais, enquanto agora a maioria só vê uma redução de 25 pontos.
O comunicado do banco central reforça que a Fed vai manter os seus esforços para conduzir a taxa de inflação para os 2%, fazendo depender as suas decisões futuras sobre juros da divulgação de informação que a entidade vai receber, nomeadamente em relação às condições do mercado laboral, às pressões inflacionistas e às expectativas de inflação, assim como desenvolvimentos financeiros e internacionais.
Fed prevê inflação mais elevada este ano
As novas projeções publicadas pela Fed mostram uma previsão mais cautelosa para a inflação. Os membros do FOMC preveem que a taxa de inflação termine nos 2,8% este ano, uma estimativa superior aos 2,6% antecipados em março, antecipando que o índice de preços desça para 2,3% e para 2% em 2025 e 2026, respetivamente. Isto mostra que o banco central poderá considerar necessário manter uma política monetária restritiva por um período mais longo.
Já as previsões para a economia mantiveram-se inalteradas, numa projeção de 2,1% para este ano e 2% para os próximos dois anos. No que diz respeito à taxa de desemprego, a Fed estima um desemprego de 4% em 2024 e 4,2% e 4,1%, em 2025 e 2026, respetivamente.
Jerome Powell reiterou, na conferência de imprensa, que “não consideramos apropriado reduzir taxas e começar a aliviar a política antes de estarmos mais confiantes que a inflação está a descer para 2% numa base sustentável”, reforçando que se a taxa de inflação para valores em torno de 2,6% a 2,7%, esses são bons valores para estar.
O presidente da Fed admitiu que a leitura desta quarta-feira da inflação é mais positiva, mas terá que continuar a acompanhar a evolução do índice de preços. O Índice de Preços no Consumidor nos Estados Unidos manteve-se inalterado em maio, numa base mensal ajustada sazonalmente, depois de ter aumentado 0,3% em abril, informou o Gabinete de Estatísticas do Trabalho. Nos últimos 12 meses, o índice de todos os itens aumentou 3,3% antes do ajuste sazonal, face aos 3,4% de abril.
Mesmo apesar destes números, o presidente da Fed reiterou que “se a economia permanecer sólida e a inflação persistir, estamos preparados para manter a taxa dos fundos federais enquanto for apropriado“. Contudo, “se o mercado de trabalho enfraquecer inesperadamente ou se a inflação cair mais rapidamente do que o previsto, estamos preparados para responder”.
“Provavelmente levará mais tempo a termos confiança” para começar a descer juros, diz Powell
A comentar as projeções para a inflação, Powell referiu que “provavelmente levará mais tempo para termos a confiança necessária para começar a flexibilizar a política” monetária, adiantando que as previsões de cortes de juros que existiam para este ano poderão ser adiadas para 2025.
O presidente do banco central acrescentou ainda que “a política é restritiva e está a ter os efeitos que esperávamos“, reiterando que os objetivos da Fed são a estabilidade de preços e o emprego pleno. “Não podemos saber o que o futuro nos reserva, mas até agora fizemos bons progressos”.
“Desde que subimos taxas, sempre apontamos para cortes a um determinado ponto”, contudo, a Fed tem conseguido “um bom progresso na inflação, com um crescimento num bom nível e um mercado de trabalho forte”, acrescentando que, face a esta conjuntura, não sentiu necessidade de baixar juros. Segundo Jerome Powell, a Fed não está a identificar para já “sinais de fraqueza”, apontando que está a alcançar “um reequilíbrio gradual no mercado de trabalho enquanto continuamos a fazer progressos na inflação. Estamos a ter bons resultados aqui.”
Sobre a possibilidade da entidade anunciar um corte de juros este ano, Powell foi perentório: “queremos ter a certeza de que estamos confiantes de que a inflação está realmente a descer para 2%. E quando estivermos, poderemos considerar a flexibilização da política [monetária]“.
(Notícia atualizada às 20h10)
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