A formação de novos profissionais qualificados é fundamental para a evolução da indústria do entretenimento em Espanha, segundo a PwC

  • Servimedia
  • 19 Junho 2024

O recente relatório da PwC sobre o setor do entretenimento e dos meios de comunicação social (E&M) salienta a necessidade crescente de formar mais profissionais qualificados em Espanha.

De acordo com o estudo, o mercado espanhol do entretenimento, que deverá atingir 35 011 milhões de euros até 2027, exigirá um número significativo de novos talentos com formação em tecnologias emergentes e gestão dos meios de comunicação social.

A digitalização e a adoção de tecnologias avançadas, como a Inteligência Artificial (IA) e a Realidade Virtual (RV), estão a transformar o setor do entretenimento, o que exige novas competências de formação. Esta mudança está a criar uma procura urgente de trabalhadores com competências específicas nestas áreas. O ensino e a formação profissionais (EFP) e as escolas especializadas desempenham um papel crucial na preparação da próxima geração de profissionais para enfrentar estes desafios.

O relatório da PwC sublinha que o ensino do entretenimento deve adaptar-se rapidamente às necessidades do mercado. As instituições de ensino e formação profissional, as escolas especializadas e as universidades devem atualizar os seus programas de modo a incluir formação em tecnologias emergentes, produção de conteúdos digitais e gestão de meios de comunicação interativos. Esta atualização não só ajudará a satisfazer a procura da indústria, como também garantirá que os licenciados estejam bem preparados para entrar num mercado de trabalho competitivo e em constante evolução.

A necessidade de profissionais qualificados também se reflete nas perspetivas salariais. De acordo com o relatório, as profissões do setor do entretenimento serão das mais bem pagas no futuro próximo, à frente dos advogados ou médicos e ao mesmo nível que os engenheiros e programadores. As funções de produção de conteúdos digitais, gestão de eventos ao vivo, desenvolvimento de jogos de vídeo e aplicações de IA generativa estão entre as que registarão um maior crescimento salarial.

Além disso, o estudo sublinha a importância da colaboração entre o setor da educação e a indústria do entretenimento. As empresas devem trabalhar em conjunto com as instituições de ensino para desenvolver programas de formação que respondam às necessidades reais do mercado. Esta abordagem colaborativa não só beneficiará os estudantes, como também ajudará as empresas a encontrar talentos qualificados que possam impulsionar a inovação e o crescimento do setor.

É o caso de The Core, a escola audiovisual do Grupo Planeta, que faz parte de um dos mais importantes centros de produção audiovisual da Europa, Madrid Content City. Este pólo em Tres Cantos é a sede da Netflix, Secuoya e Atresmedia, entre outros. Outras escolas relevantes para a formação desta nova base de profissionais do espetáculo são a ECAM, a TAI, a UTAD e a UDIT, também em Madrid.

Diferentes vozes do setor indicam que a indústria do entretenimento em Espanha se encontra num ponto de viragem e que a formação de profissionais qualificados através do ensino e formação profissional e de escolas especializadas é crucial para garantir o crescimento e a competitividade do setor. Assim, com o apoio e a colaboração adequados entre a indústria e as instituições de ensino, a Espanha pode posicionar-se como líder no mercado global do entretenimento, oferecendo oportunidades de emprego atrativas e bem remuneradas à próxima geração de profissionais.

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Preço da água deve aumentar 25% até 2030 para manter atual consumo urbano

  • Lusa
  • 19 Junho 2024

Estudo inédito em Portugal analisa o valor económico da água. Não sendo "algo simpático", aumentos de preços não terão grande impacto "na esmagadora maioria" das famílias, frisa Miguel Gouveia.

O preço da água deverá aumentar 25,7% até 2030 para manter o consumo urbano aos níveis de 2022, segundo um estudo no qual pela primeira vez se faz uma análise do valor económico da água em Portugal.

O estudo “O valor económico da água em Portugal” é apresentado esta quarta-feira na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, tendo sido coordenado pelo economista e professor da Universidade Católica, Miguel Gouveia. As duas instituições patrocinaram a investigação que, dizem, pretende contribuir para a procura de soluções sustentáveis para a gestão da água.

Segundo o documento, em 2015 os agregados familiares gastaram em média 1,3% do orçamento em despesas com a água e serviços conexos (resíduos sólidos e águas residuais), um valor mais baixo se comparando com outros países. Aumentar as tarifas não será incomportável para a maioria das famílias, diz o documento.

A análise conjugada dos dados indica que o consumo urbano de água deverá aumentar cerca de 5,7% até 2030. “Para manter o consumo ao nível de 2022, o preço da água terá de subir 25,7% até 2030, para uma média de 3,2 euros o metro cúbico, o que pode ser visto como o valor económico da água em consumo urbano”, diz o documento.

Miguel Gouveia, em declarações à agência Lusa, disse que para a redução de consumos são necessárias muitas campanhas de informação e sensibilização. Esforços que terão de ser acompanhados por aumentos de preços, que não sendo “algo simpático”, não terão grande impacto “na esmagadora maioria dos agregados”.

“Também percebo que se peça mais aos que têm mais”, disse, referindo-se ao que alguns municípios já fazem, que é aumentar os preços nos escalões superiores de consumo.

A agricultura, o setor que mais consome, também terá de fazer um uso mais racional da água. “Tem de haver um esforço em todas as frentes”.

Miguel Gouveia lembrou que o progresso tecnológico levou a melhorias no consumo de água, que as máquinas de lavar consomem hoje muito menos água, ou que na agricultura o percurso é o mesmo. “Há 30 ou 40 anos o regadio gastava 14 mil metros cúbicos por hectare, hoje gasta quatro mil metros cúbicos”.

Na agricultura, salientou, o valor da água é muito superior ao custo na maior parte das vezes, explicando que o estudo serviu para estabelecer um valor da água, algo que estava a faltar em Portugal. Segundo o estudo, o valor económico médio da água usada na agricultura em todo o país e todas as culturas, a preços de 2022, foi estimado em 0,585 euros.

Os valores dependem da região do país e do tipo de cultura. Por exemplo a estimativa para o valor da água usada no arroz apontava para 0,08 euros, um valor positivo apenas devido às ajudas da Política Agricultura Comum (PAC), enquanto no abacate o valor da água era de 2,65 euros o metro cúbico.

Na base do trabalho, referiu o responsável, está o facto de em Portugal a precipitação anual média ter diminuído 20% nos últimos 20 anos, prevendo-se que diminua mais 10 a 25% até final do século.

Além de outros, a escassez hídrica terá impacto direto no potencial de geração de hidroeletricidade, tornando a eletricidade mais cara, e “terá impactos macroeconómicos significativos, nomeadamente no PIB (num cenário de efeitos climáticos mais severos, o PIB poderá cair 3,2%), em aumentos das taxas de desemprego e inflação, e numa deterioração da balança comercial.”.

“Vamos ter menos água, vai ser um processo gradual, apesar de em Portugal haver mais chuva do que em vários países da Europa”, notou o responsável, salientando que caso se invista em formas de não perder a água (mais albufeiras) poderá haver uma maior oferta. Sem investimento será o deserto a avançar pelo sul do país, alertou.

“Nem todos os investimentos são rentáveis e isso pode ver-se com este valor da água”,disse, salientando a importância de haver uma “boa análise custo benefício” das políticas publicas em discussão, para impedir riscos de desperdício.

Nas palavras de Miguel Gouveia, que cita a opinião de peritos, a reutilização de águas residuais tratadas faz sentido no Algarve, mas menos em outras regiões, porque a elevação dessas águas (as estações de tratamento, ETAR, ficam perto do nível do mar) tem um custo.

Da mesma forma as melhorias nas redes para evitar fugas também ficarão muito caras. “Não significa que não vale a pena investir, significa que não vamos ter grande retorno”, explicou.

Os transvases podem ser uma solução e a construção de dessalinizadoras pode ser também uma opção, apesar de cara, especialmente por ser um seguro em casos de falta extrema, “mas não pode ser uma estratégia cega”.

Miguel Gouveia insiste numa “análise sistemática do que é que das várias opções vale a pena”. E reforça : “Essa é a mensagem principal, respostas o mais racionais possíveis”. O estudo é apresentado hoje à tarde numa sessão que também debaterá temas como a estratégia da água para o setor agrícola ou as desigualdades pluviais.

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MRM Espanha transforma a sua estratégia para se tornar um líder de experiência com a metodologia Business Agility

  • Servimedia
  • 19 Junho 2024

A MRM Espanha, uma agência digital avançada que faz parte do McCann Worldgroup iniciou um projeto de transformação em 2022, com o objetivo de se tornar uma agência líder em Experience.

A ideia era encontrar um modelo que lhes permitisse estruturar-se com base em unidades com uma visão muito mais transversal, inovadora e proativa do que as áreas tradicionais de uma agência. Para o efeito, incorporaram a metodologia Business Agility em resposta à necessidade de integrar dados, tecnologia e criatividade de forma mais eficaz nas suas operações. Este sistema permitiu-lhes trabalhar de forma mais transversal e proativa, eliminando os silos e as hierarquias que impediam uma resposta ágil e eficiente às necessidades dos seus clientes.

O modelo torna as organizações mais competitivas na era da transformação digital e mais bem-sucedidas. A metodologia Business Agility requer a participação de todos os departamentos da empresa no desenvolvimento de soluções e tem de colocar o cliente no centro de todas as estratégias.

Para María Martínez, CEO da MRM, o objetivo da aplicação da metodologia “não era aumentar a produtividade ou a eficiência da operação”, mas sim encontrar um modelo capaz de integrar as diferentes capacidades da agência, permitindo-lhe ganhar em inteligência, inovação e velocidade para se adaptar ao contexto em mudança.

O impacto do Business Agility na satisfação dos clientes da MRM tem sido muito significativo. Numa escala de 0 a 10, a pontuação TRR da agência era de 8,0, o que implicava um desempenho notável, mas após a implementação da metodologia Business Agile situa-se agora em 8,7, ou seja, 10% acima do benchmark do mercado.

“O trabalho das equipas, cada uma delas com os seus clientes no centro, fez com que a perceção do valor que a MRM Espanha traz às marcas locais e globais para as quais trabalhamos evoluísse de uma forma muito positiva”, afirma Martínez.

O executivo da MRM especifica que, antes de iniciar a mudança, “é preciso ter a certeza de que a agência tem uma razão de ser comum: “Uma aspiração tão poderosa que faz com que valha a pena questionar o modus operandi atual, ser resistente às pequenas dores que a mudança sempre cria e tolerar o fracasso e a frustração que todos sentimos ao percorrer o caminho da exploração. Se essa razão for encontrada, o Business Agility é a forma mais rápida e mais rica que conheço para que todas as pessoas de uma agência, em conjunto, se aproximem desse objetivo”.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 19 de junho

  • ECO
  • 19 Junho 2024

Ao longo desta quarta-feira, 19 de junho, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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OPPO leva a IA a todos os utilizadores com a nova série de smartphones OPPO Reno12

  • Servimedia
  • 19 Junho 2024

A empresa tecnológica chinesa OPPO apresentou em Espanha os novos smartphones OPPO Reno12 Pro 5G e OPPO Reno12 5G, com funcionalidades de IA para aumentar a produtividade e a criatividade.

Ambos os modelos marcam um novo capítulo na série Reno que, segundo a empresa, se concentrou em tornar a IA mais acessível aos utilizadores.

Como parte dessa abordagem, a OPPO firmou parcerias com outras grandes empresas de tecnologia, incluindo Google, Microsoft, MediaTek e Qualcomm. Tudo com o objetivo de levar os recursos de IA a mais pessoas, sem necessariamente possuir smartphones de última geração, como a empresa chinesa prometeu no início deste ano.

Quanto à recém-revelada série OPPO Reno12, as capacidades de IA que os utilizadores terão à sua disposição incluem a remoção de elementos indesejados nas fotografias, graças à funcionalidade AI Eraser 2. 0; a restauração facial de alta definição com o AI Clear Face; a criação de avatares e retratos artísticos com o AI Studio; a ferramenta AI Toolbox que, seguindo o Modelo de Linguagem Ultra Grande Google Gemini 1.0, sugere funções de IA para redes sociais e resumos de artigos longos; ou a ferramenta AI Recording Summary para organizar gravações de voz em notas claras e legíveis.

Para além das funcionalidades avançadas de fotografia AI, a série OPPO Reno12 também incorpora a tecnologia AI LinkBoost para melhorar a receção do sinal e alcançar uma conetividade mais estável. Outras características incluem a melhoria do atraso da rede em áreas com sinal fraco ou redes congestionadas, melhorando a comutação contínua entre WiFi e redes móveis, e acelerando a velocidade de recuperação do sinal ao sair de elevadores ou caves.

Para situações como voos, passeios de metro ou caminhadas nas montanhas onde a cobertura de rede móvel não está disponível, a OPPO introduziu o BeaconLink no OPPO Reno12 Pro 5G e no OPPO Reno12 5G. Utilizando protocolos de comunicação proprietários, o BeaconLink utiliza a transmissão Bluetooth para permitir comunicações até 200 metros de distância, tornando possível fazer chamadas telefónicas em situações de emergência sem a necessidade de cobertura de rede.

Ambos os modelos apresentam um ecrã AMOLED de 6,7 polegadas e 120Hz, incluindo proteção para os olhos. Além disso, o ecrã do OPPO Reno12 Pro 5G está equipado com vidro protetor Corning® Gorilla® Glass Victus® 2 e o OPPO Reno12 5G com Corning® Gorilla® Glass 7i, garantindo a máxima projeção anti-queda. Além disso, graças à classificação IP65, ambos os modelos oferecem uma forte resistência ao pó e à água. Finalmente, a OPPO incorporou a tecnologia Splash Touch em ambos os dispositivos para garantir um desempenho ótimo mesmo com as mãos molhadas.

Em termos de capacidades fotográficas, tanto o OPPO Reno12 Pro 5G como o OPPO Reno12 5G possuem câmaras equipadas com sensor Sony LYT-600. A câmara do OPPO Reno12 Pro 5G possui AI Portrait Retouching, que permite ajustes em tempo real às características faciais, como a forma do rosto, a linha do cabelo e as maçãs do rosto. Além disso, ambos os modelos possuem um modo de retrato com zoom até 2x, para capturar retratos realistas.

O novo processador MediaTek Dimensity 7300-Energy que equipa a série OPPO Reno12 oferece uma maior eficiência e estabilidade do sistema. Combinado com a tecnologia de carregamento rápido SUPERVOOCTM de 80W e a bateria de 5.000mAh de maior densidade de energia da série Reno, os novos OPPO Reno12 Pro 5G e OPPO Reno12 5G permitem um carregamento ultrarrápido e até quatro anos de duração ótima da bateria.

O OPPO Reno12 Pro 5G já está disponível nos principais canais de vendas da OPPO a um preço de 549 € e com ofertas exclusivas. Por outro lado, o OPPO Reno12 5G está disponível para pré-encomenda com um desconto de 20 euros e outras ofertas até 30 de junho, a um preço de 449 euros.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 19 Junho 2024

Mário Centeno e Cristina Dias vão ser ouvidos no Parlamento e o INE divulga dados sobre as taxas de juro do crédito à casa. IGCP emite Bilhetes Tesouro.

Mário Centeno será ouvido no Parlamento sobre os prejuízos do Banco de Portugal em 2023. A secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias, também será ouvida relativamente à polémica indemnização de 79 mil euros que recebeu quando saiu da administração da CP. O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai medir o pulso às taxas de juro no crédito à habitação, enquanto a proposta do PS para alargar a taxa reduzida do IVA na eletricidade será votada na especialidade. Conheça algumas das coisas que poderão marcar o dia esta quarta-feira.

Governador Mário Centeno responde aos deputados

O Governador do Banco de Portugal (BdP) e ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, vai ser ouvido na Assembleia da República, na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, no âmbito do Plano de Atividades e ao abrigo de um requerimento apresentado pelo Chega. Em causa estão os prejuízos do BdP em 2023. O Chega vai questionar o governador sobre que medidas tomou para amenizar potenciais prejuízos e que medidas já deveriam ter sido tomadas ou podem vir a ser tomadas para enfrentar eventuais problemas económicos para o país.

Mais uma indemnização discutida no Parlamento

A secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Pinto Dias, vai ser ouvida na Assembleia da República esta quarta-feira, às 10h30, numa audição a pedido do PS, devido às circunstâncias em que deixou os quadros da CP. Em causa está uma polémica indemnização de 79 mil euros que recebeu em 2015 aquando da sua saída do cargo de administradora, para ocupar o mesmo cargo na Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, por convite do Governo então liderado por Pedro Passos Coelho. Os socialistas quem saber se houve algum parecer jurídico que fundamente os termos da indemnização e entender os contornos éticos, políticos e morais dessa decisão.

IGCP volta ao mercado obrigacionista com BT a 3 e 11 meses

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) realiza, pelas 10h30, dois leilões de Bilhetes do Tesouro, a três meses e a 11 meses, com maturidades a 20 de setembro e 2024 e 16 de maio de 2025, num montante indicativo global entre 1.250 milhões de euros e 1.500 milhões de euros.

Como evoluíram os juros da casa?

O INE vai divulgar esta quarta-feira dados referentes às taxas de juro implícitas no crédito à habitação relativas a maio. Os últimos dados divulgados dão conta de que a prestação média da casa se agravou em um euro em abril, para os 404 euros, apesar de as taxas de juro para o conjunto de empréstimos à habitação terem descido pelo terceiro mês consecutivo, atingindo 4,606%.

Proposta do PS sobre IVA da luz votada na especialidade

Será votada na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública a proposta do PS que prevê o alargamento do consumo de eletricidade que está sujeito à taxa reduzida de IVA, de 6%. A proposta já foi aprovada na generalidade no Parlamento com a abstenção do Chega e votos contra do PSD e do CDS. Os socialistas propuseram um alargamento dos consumos sobre os quais se aplica uma taxa reduzida de IVA para os primeiros 200 kWh de energia elétrica consumida em cada mês (duplicando os atuais 100 kWh), ou de 300 kWh mensais no caso das famílias numerosas (duplicando os atuais 150 kWh).

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Empresas portuguesas são das que têm maior dificuldade em reter e atrair trabalhadores

Mais de metade dos diretores de recursos humanos portugueses consideram que o recrutamento é o principal problema das empresas. Portugal está na pior posição entre nove países estudados.

As empresas portuguesas não são as únicas que têm tido dificuldade em atrair e reter trabalhadores, mas por cá o desafio tem sido bem maior do que noutros países. O cenário é traçado num novo estudo da empresa de formação CEGOC, a que o ECO teve acesso em primeira mão, e é explicado pelos salários oferecidos em Portugal, pelo envelhecimento da população nacional, bem como pela carga fiscal.

A “Radioscopia aos departamentos de recursos humanos” teve por base as respostas de 5.052 trabalhadores, 554 decisores da área de recursos humanos, e organizações do setor privado e público em nove países (França, Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido, Portugal, Chile, México e Brasil).

Ora, de acordo com esse estudo, em termos globais, 45% dos decisores da área de recursos humanos apontam a atração e recrutamento de talento como o principal problema das organizações para a qual trabalham, sendo esse o principal desafio estratégico. Segue-se a retenção de trabalhadores, problema que foi realçado por 41% dos diretores de recursos humanos ouvidos.

Contudo, em Portugal, o cenário é ainda mais crítico: mais de metade (55%) dos decisores de recursos humanos identifica o recrutamento de trabalhadores como o principal problema das organizações. Portugal é mesmo o país com o pior desempenho neste ponto. Em Espanha, por exemplo, só 40% dos responsáveis ouvidos realçam essa questão.

Além disso, 47% dos decisores de recursos humanos mencionam dificuldades na retenção da mão de obra em Portugal, o que também supera a média global, ainda que não seja o pior registo entre os vários países (é o segundo pior, sendo ultrapassado por Espanha e pela Alemanha).

Desde que arrancou a recuperação pós pandemia que os empregadores nacionais se têm queixado sobre a escassez de trabalhadores, revelando dificuldade em encontrar as mão certas. Portugal não está, portanto, sozinho nesse desafio, mas por cá a dificuldade é maior do que noutros países. Mas o que explica esse cenário?

“Por um lado, temos o acelerado envelhecimento da população, maior que na maioria dos países europeus, que nos deixa numa situação especialmente critica quando se pensa na injeção de ‘sangue novo’ nas organizações, à medida que as reformas forçam a necessidade do mesmo”, identifica Gonçalo de Salis Amaral, head of people & culture consulting da CEGOC, em declarações ao ECO.

Temos as próprias condições oferecidas, em termos de compensação e benefícios, carga fiscal e até condições de trabalho, o que leva os jovens, e por vezes outros não tão jovens, a procurar oportunidades noutros mercados.

Gonçalo de Salis Amaral

Head of people and culture consulting da CEGOC

Outro fator, observa o responsável, são as condições oferecidas aos trabalhadores, em termos de salário, benefícios, carga fiscal, “e até condições de trabalho”. “Isto numa sociedade onde o custo de vida não difere muito face a outros países europeus, nomeadamente, em componentes básicas como a habitação, o que leva os jovens, e por vezes outros não tão jovens, a procurar oportunidades noutros mercados mais atrativos e muito acessíveis, face à quebra de fronteiras também no mercado de trabalho”, salienta Gonçalo de Salis Amaral.

O head of people nota ainda que os profissionais portugueses têm boas qualificações, o que facilita esse encontro de alternativas e dificulta, à boleia, “a vida das organizações” nacionais.

Questionado sobre o que podem fazer, então, as empresas portuguesas para lutar contra este problema, Gonçalo de Salis Amaral atira que os outros países “onde a situação não é tão grave têm uma combinação de fatores que permitem a oferta de melhores condições, algo que não depende só das organizações, mas também dos governos e da economia em geral”.

Achar-se que bastaria aumentar os ordenados e teríamos o problema resolvido é uma abordagem altamente simplista e fora da realidade“, argumenta. Como recomendação aos empregadores, este empregador deixa, então, a indicação de que é preciso apostar no crescimento e rentabilidade para posterior investimento no capital humano.

“Esta é a única forma sustentável de terem ofertas mais competitivas. Mais uma vez, não é fácil, numa economia dominada por pequenas, muito pequenas e médias empresas; mas é possível, mediante a inovação, a transformação digital e agilização dos modelos e processos de negócio, na contínua aposta na formação e desenvolvimento, acompanhada por uma visão estratégica e de mercado mais global”, assevera.

Menos formação, mas mais redes sociais

Num mercado de trabalho em mudança, os diretores e gestores de recursos humanos também têm sido obrigados a adaptar as suas competências. E 62% dos inquiridos a nível global garante que o faz através de ações de formação.

Em Portugal, contudo, a fatia de decisores de recursos humanos que aposta em soluções formativas é inferior: 48% contra os tais 62%. É o pior registo dos nove países estudados. Em Espanha, mais de 64% dos diretores e gestores de recursos humanos participam em ações de formação.

Portugal sai mal na fotografia (isto é, abaixo da média) também na formação através de recursos disponíveis online (56% contra 59%), na participação em eventos do setor (52% contra 53%), na participação em associações profissionais (24% contra 29%) e até na leitura de revistas profissionais (5% contra 8%).

Aliás, Portugal só consegue superar a média global num dos pontos estudados, quanto às vias utilizadas pelos decisores de recursos humanos para desenvolverem as suas competências: o uso de redes sociais. Por cá, 52% dos diretores e gestores revelam que se mantêm atualizados através das redes sociais o que compara com os 46% da média global.

“O facto de lermos menos jornais não significa que ficamos menos informados sobre a atualidade. Passamos é a usar um diferente mix de formatos e fontes que nos ajudam a obter a informação que precisamos ou a desenvolver as competências necessárias. O que é importante é assegurarmos a qualidade dessas fontes e formatos“, comenta Gonçalo de Salis Amaral, quando confrontado com o peso das redes sociais na formação dos decisores de recursos humanos portugueses.

De modo global, o estudo a que o ECO teve acesso mostra que, do ponto de vista dos trabalhadores, os decisores de recursos humanos devem ter, acima de tudo, ética e respeito pelos outros, escutar e ter inteligência relacional e cumprir os compromissos. Já as principais críticas deixadas pelos trabalhadores ouvidos são a falta de empatia (25%), a falta de consideração do fator humanos (20%), e a falta de envolvimento com as equipas (23%).

Do lado dos próprios decisores, entre as principais dificuldades no trabalho do dia a dia está à cabeça o gastar “muito tempo a reagir e a resolver emergências” (70%).

“A gestão do dia-a-dia não deixará de existir, assim como a reação a emergências. No entanto, deverá ser controlada mediante um maior e melhor planeamento e antecipação de situações possíveis, mas também no garantir tempo de qualidade para pensar futuro, não deixando que essa gestão do dia-a-dia e das emergências absorva toda a atuação das equipas“, recomenda o head of people da CEGOC.

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Alargamento do IVA reduzido na luz poupa até 3,8 euros mensais

De acordo com estimativas do Comparajá, a poupança que resulta da proposta do PS para o IVA da luz deverá oscilar entre os 1,5 euros e os 3,82 euros por mês, tendo como referência os consumos típico.

Vai ser votado esta quarta-feira o projeto de lei do PS que prevê um alargamento da aplicação da taxa reduzida do IVA da eletricidade. A proposta, de acordo com as simulações do ComparaJá, resulta numa poupança mensal que oscila entre cerca de 1,50 euros até cerca de 3,82 euros, consoante o perfil de consumo.

Todos os partidos apresentaram as respetivas propostas em relação à redução do IVA da eletricidade, exceto aqueles que suportam o Governo (PSD e CDS-PP). No entanto, foi a proposta do PS a única a angariar suficiente consenso para baixar à especialidade, tendo as restantes sido rejeitadas.

De acordo com a proposta dos socialistas, a taxa reduzida de 6% deverá aplicar-se aos primeiros 200 kWh de energia elétrica consumida em cada mês (duplicando os atuais 100 kWh), ou de 300 kWh mensais no caso das famílias numerosas (duplicando os atuais 150 kWh). Em paralelo, prevê que a redução deixe de ter um caráter transitório.

Nas simulações avançadas pelo Comparajá, para o consumo típico de um casal sem filhos, que receberá atualmente uma fatura média de 26,60 euros, a redução expectável com a aplicação desta medida é de 1,48 euros. Já um casal com filhos, que gasta tipicamente cerca de 74 euros mensais com eletricidade, a redução na fatura será de 2,55 euros. Por fim, uma família numerosa, com quatro filhos, deverá conseguir poupar 3,82 euros, que se subtraem da conta atual de 163,70 euros.

É de ressalvar que estão em causa valores médios tendo em conta consumos típicos, pelo que a poupança poderá ser diferente consoante o consumo específico de cada agregado e o comercializador contratado.

“É importante saudar este tipo de medidas” mas “esta medida por si só não é suficiente”, considera o Comparajá. Já do ponto de vista da associação Deco Proteste, as reduções que têm sido aprovadas quanto ao IVA da eletricidade são “uma sucessão de remendos”, quando “serviços públicos essenciais de energia devem ser tributados como tal, ou seja, à taxa reduzida de IVA de 6 por cento: para todos os consumidores, em toda a fatura e em todas as energias domésticas”, defende Pedro Silva, especialista na área de energia nesta entidade.

Em 2011, com a chegada da troika a Portugal, a taxa do IVA da eletricidade e do gás natural passou do mínimo (6%) para o máximo (23%). Em 2019, o Governo baixou para 6% o IVA da eletricidade e do gás natural sobre uma das componentes do preço da luz, as tarifas de acesso, e também nos chamados termos fixos de alguns escalões. Na eletricidade, aplicou-se até à potência de 3,45 quilovolts-ampere (kVA). Em 2020, o IVA desceu para a taxa intermédia (13%) nos lares com uma potência elétrica contratada até 6,9 kVA e para os primeiros 100 kWh (ou 150 kWh, para famílias numerosas) gastos em cada mês. Em 2022, houve nova revisão, com os intervalos de consumo anteriormente taxados a 13% a passarem para 6%.

Em 2025, e de acordo com a proposta ainda não definitivamente aprovada, existirá uma duplicação nos valores de consumo abrangidos pela taxa de IVA reduzida“, assinala ainda a Deco Proteste.

Tendo em conta a ambição de eletrificação dos consumos, passando da mobilidade tradicional para a elétrica ou substituindo equipamentos a gás por outros elétricos nas casas, Pedro Silva assinala alguma incoerência entre os objetivos e as políticas. “Penalizar por via fiscal está desalinhado com a própria estratégia do país“, remata.

 

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Nova linha de crédito do Banco de Fomento com spread máximo de 4,3%

Banco de Fomento vai cobrar uma comissão de garantia às PME que oscilará entre 0,856% e 2,583%, ao que o ECO apurou. Empréstimos podem chegar aos 15 anos, com um período de carência superior a um ano.

As empresas que pretendam aceder à nova linha de crédito de 3,55 mil milhões de euros do Banco Português de Fomento (BPF), garantida pelo programa europeu de investimentos InvestEU, vão ter de pagar um spread que pode variar entre 1,35% e 4,338% para as operações de risco e maturidade máxima, apurou o ECO.

Esta terça-feira, a Comissão Europeia e o Banco Português de Fomento assinaram um acordo de garantia de 210 milhões de euros, no âmbito do programa europeu de investimentos InvestEU, que permitirá desbloquear 3,6 mil milhões em investimentos em Portugal.

A UE fornece uma garantia InvestEU até 210 milhões de euros ao BPF para partilhar os riscos de financiamento. Isto permite ao Banco de Fomento, em cooperação com o Fundo de Contragarantia Mútua nacional e sociedades de garantia, oferecer garantias aos bancos comerciais que emprestam às empresas para que façam os seus investimentos.

A 18 de junho de 2024, Paolo Gentiloni, Comissário Europeu da Economia, assina o acordo de garantia InvestEU com o Banco Português de Fomento (BPF) com Pedro Reis, Ministro da Economia português. Participam também na cerimónia Maria Celeste Hagatong, Presidente do Conselho de Administração do Banco Português de Fomento (BPF) e Luís Montenegro, Primeiro-Ministro designado de Portugal.European Union, 2024

O dinheiro chegará às empresas nos próximos meses”, disse o ministro da Economia, à margem da cerimónia de assinatura do acordo, em declarações transmitidas pela RTP. O próximo passo será protocolar a linha com os bancos à semelhança do já feito no passado com outras linhas de créditos.

Ora nesse protocolo, o Banco de Fomento vai exigir um spread máximo de 4,338% para as operações de risco e maturidade máxima, ao qual acresce o valor das taxas Euribor. Se a linha já estivesse operacional, significaria que uma empresa arriscava pagar, mensalmente, na pior das hipóteses, 8,055%, isto porque a taxa Euribor a três meses é a mais elevada (3,717%, esta terça-feira).

Em termos de custos, as PME têm ainda de suportar uma comissão de garantia que pode ir de 0,856% a 2,583%, avançou ao ECO fonte oficial do Banco de Fomento, depois de publicado este artigo. “As comissões de garantia máximas nas Linhas de Garantias BPFInvestEU são determinadas consoante alguns fatores específicos, designadamente a sublinha do produto, o rating atribuído, a dimensão da empresa e a maturidade do empréstimo”, explicou a mesma fonte.

“A título de exemplo, na Linha da Mobilidade Urbana Sustentável, uma PME com rating médio (nível de risco médio), e com um empréstimo de 20 anos, contará com comissão de garantia máxima de 1,015%. No caso da mesma empresa pretender um empréstimo por um menor prazo, por exemplo por 12 anos, a comissão de garantia máxima será de 1,011%”, detalhou a mesma fonte.

Por outro lado, cada PME pode pedir, no máximo, um empréstimo de 8,25 milhões de euros, mesmo que combinem várias linhas.

Os 3,55 mil milhões de euros estão distribuídos em diversas gavetas — as “janelas políticas”. Para a área de investigação, inovação e digitalização estão reservados 711,11 milhões de euros; para a mobilidade urbana sustentável 284,4 milhões e para as PME e pequenas empresas de média capitalização 2,56 mil milhões de euros. Esta é a fatia de leão do programa. Mas esta última gaveta subdivide-se em três: 1,28 mil milhões de euros para investimento sustentável, 640 milhões para investimento e outros 640 milhões para fundo de maneio.

Os empréstimos podem variar de um a 15 anos, dependendo da linha. Mas, no caso da mobilidade sustentável, até podem chegar aos 20 anos. As empresas podem usufruir de um período de carência de seis meses, no caso da linha de fundo de maneio, mas noutras poderá ser superior a um ano.

Outra das condições impostas nesta linha, ao que o ECO apurou, é a de que a garantia é de 75 a 80%, ao contrário do que aconteceu em linhas anteriores em que a garantia chegou a ser de 90%. No caso das operações para investimento e fundo de maneio a garantia cobre apenas 50% das perdas.

Nota: Notícia atualizada com declarações de fonte oficial do Banco de Fomento e correção do valor máximo da comissão de garantia que em vez de 2,35% é de 2,583%.

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Administradores de insolvência dão murro na mesa. “Pagamos para trabalhar”

Remunerações, despesas, taxas, acesso a dados do Fisco e seguro de responsabilidade civil integram caderno reivindicativo levado ao Ministério da Justiça pela Associação dos Administradores Judiciais.

É mais um grupo profissional, neste caso ligado ao setor da justiça (e com implicação direta no funcionamento das empresas), que assume “não estar satisfeito com as atuais condições de exercício do seu trabalho”. Com reivindicações que vão desde a remuneração fixa e variável ao modelo de pagamento de despesas, passando pela taxa suportada por cada novo processo, pelo acesso às bases de dados e pelo seguro de responsabilidade civil, os administradores judiciais já apresentaram este dossiê ao novo Governo, durante uma reunião realizada na semana passada.

Nomeados para gerir ou administrar os processos de insolvência e outros anteriores a essa fase, como o PER (Processo Especial de Revitalização) e o PEAP (Processo Especial para Acordo de Pagamento), os administradores judiciais acabam por ser o braço (e os olhos) do juiz no exterior dos tribunais.

Podem administrar a empresa durante determinado período e elaborar ou supervisionar a implementação e cumprimento dos planos e dos processos de recuperação. Não havendo solução, cabe-lhes liquidar o património dos insolventes, fazendo regressar os bens ao mercado e maximizando a satisfação dos créditos dos diversos credores.

Em entrevista ao ECO, o presidente da direção da APAJ – Associação Portuguesa dos Administradores Judiciais, António Emílio Pires, dá voz à revolta com as atuais condições de trabalho, até “face à responsabilidade e exigências que têm na tramitação dos processos”.

A começar pelo valor da remuneração fixa (2.000 euros) não ser atualizado há duas décadas, enquanto “os custos que suportam aumentam todos os anos, como os de qualquer outro cidadão”. Além disso, nos chamados processos de caráter limitado este valor baixa para 500 euros e “em algumas comarcas ou juízos há o entendimento de que, quando um processo é encerrado por insuficiência da massa insolvente, apenas tem direito a 50%” da remuneração fixa.

Face aos enormes desafios da profissão e às metas ambiciosas que temos, não podemos estar satisfeitos com as atuais condições de exercício do nosso trabalho. Desde logo, com as condições remuneratórias, face à responsabilidade e exigências que temos na tramitação dos processos.

António Emílio Pires

Presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Judiciais (APAJ)

 

Por outro lado, a remuneração variável, indexada à liquidação de bens ou à recuperação de devedores, “está envolta em tamanha controvérsia – com posições de juízes e do Ministério Público desnecessária e inacreditavelmente contrárias às dos administradores judiciais –, em incerteza e numa gigantesca falta de rigor e clareza do legislador, que se traduz num enorme fator de preocupação e desmotivação” para estes profissionais.

É que a legislação relativa ao estatuto do administrador judicial (Lei nº 22/2013, de 26 de fevereiro) “não é clara, motivando as mais diversas interpretações e, acima de tudo, suscitando conflitos entre as partes e recursos jurídicos”. “Ainda que sejam escassas as situações em que se coloca a possibilidade da remuneração variável, naturalmente que o administrador judicial aspira a recebê-las. Todavia é confrontado com a frustração dos valores a receber”, acrescenta.

António Emílio Pires dá o exemplo da norma que prevê um montante variável a receber em função do resultado da recuperação do devedor ou da liquidação da massa insolvente, equivalente a 10% da situação líquida, calculada 30 dias após a homologação do plano. “Mas, afinal, como se lê esta norma e como se operacionaliza? Será que situação líquida significa capitais próprios do devedor ou tem outro significado? E qual será?”, questiona. Também a majoração de 5% em função do grau de satisfação dos créditos reclamados e admitidos é de “enorme imprecisão” e tem visto a jurisprudência dividir-se.

“Os incidentes jurídicos na esfera do cálculo da remuneração variável são inúmeros, causando atrasos na tramitação processual, pelo que urge a intervenção do legislador. (…) Dito isto, a maior parte dos administradores judiciais vive, ou sobrevive, apenas com a remuneração fixa, uma vez que desse rendimento (bruto) terão de ser deduzidos os encargos de estrutura profissional – despesas dos escritórios e pessoal contratado –; a taxa paga à Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça (CAAJ) que absorve 5% ou 10% do rendimento bruto, em função da remuneração fixa definida pelo tribunal; e ainda o prémio de seguro de responsabilidade civil”, desabafa o líder da APAJ.

António Emílio Pires, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Judiciais (APAJ)Hugo Amaral/ECO

Também o regime de pagamento de despesas aos administradores da insolvência “importa ser revisto ou revertido”, eliminando a “recente tramitação processual acrescida absolutamente desnecessária e quase ridícula”, como classifica António Emílio Pires.

Em termos práticos, o organismo responsável pela gestão financeira e patrimonial do Ministério da Justiça (IGFEJ ) adianta 204 euros por cada processo em que é nomeado um administrador judicial. Que tem de devolver essa importância deduzida de eventuais despesas, mediante apresentação das faturas e da respetiva justificação.

Porém, “a maioria dos tribunais desconsidera a maior parte das despesas apresentadas por considerar que não são elegíveis”. Portanto, os administradores judiciais têm vindo a devolver total ou parcialmente a provisão que recebem, algo que o dirigente associativo refere ser “uma tarefa administrativa pesada” quer para os próprios, quer para os tribunais. “Naturalmente, dentro do cenário existente, deve ser equacionado acabar com o processamento da provisão e cada administrador judicial apresentar as despesas por cada processo ou, alternativamente, não ser necessário comprovar despesas”, sugere.

Quantos são e quanto pagam em taxas e seguros?

Depois de dois anos com valores anormalmente baixos que refletiram o efeito de “almofada” de muitas das medidas de apoio às empresas implementadas no período da pandemia de Covid-19, o número de insolvências em Portugal disparou a dois dígitos durante o ano passado, atingindo quase 2.000 empresas.

Evolução dos processos de insolvência em Portugal

Insolvências de empresas e outras organizações: entidades com processos de insolvência iniciados no período considerado, com publicação no portal Citius do Ministério da Justiça até 31 de janeiro de 2024 (exclui empresários em nome individual)

A subida dos custos de financiamento e das matérias-primas, os problemas nas cadeias de abastecimento, a perda de velocidade das principais economias europeias, a instabilidade resultante dos conflitos armados na Europa e no Médio Oriente ou o reforço das tensões geopolíticas e das rivalidades comerciais formam uma “tempestade perfeita” nos fatores de risco, agravada pelo cenário de incerteza política. Tal leva os especialistas a anteciparem para este ano um novo aumento de casos, já para níveis superiores aos registados antes da pandemia.

De acordo com os dados que foram divulgados esta semana pela Allianz Trade, nos primeiros cinco meses deste ano foram registadas 1.026 insolvências em Portugal, o que corresponde a um aumento de 11,8% face ao mesmo período do ano anterior.

Em termos geográficos e na comparação homóloga, o agravamento de casos até maio verifica-se em maior escala nos grandes centros urbanos, com as maiores subidas nos distritos do Porto (38,4%), de Braga (19%) e de Lisboa (3,3%).

Atualmente, as listas de administradores judiciais contam com 336 inscritos, dos quais apenas 301 estão em exercício de funções – sendo que, destes, 272 são associados da APAJ.

Apesar do aumento no número de processos de insolvência, PER’s e PEAP’s, a associação assegura que este número é “suficiente” e “[não é] expectável que possa vir a existir necessidade de se abrir um novo concurso para admissão” destes profissionais. Como aconteceu em 2015, na sequência de um concurso extraordinário e urgente iniciado dois anos antes, cujas entradas “vieram fazer face às necessidades decorrentes daqueles que por força da idade ou vontade própria foram saindo da profissão”.

Por outro lado, a associação exige que a entidade que acompanha, supervisiona e fiscaliza os administradores judiciais (CAAJ) passe a ter “intervenções firmes e muito céleres junto dos profissionais incumpridores”. Em entrevista ao ECO, António Emílio Pires sublinha que “são uma pequena minoria, mas mancham a imagem dos colegas cumpridores, causam perturbações graves no normal andamento dos processos e, noutros casos ainda, causam graves prejuízos aos credores e às massas insolventes”.

Os profissionais incumpridores são uma pequena minoria, mas mancham a imagem dos colegas cumpridores, causam perturbações graves no normal andamento dos processos e, noutros casos ainda, graves prejuízos aos credores e às massas insolventes.

António Emílio Pires

Presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Judiciais (APAJ)

Outro aspeto que continua a gerar “forte controvérsia”, com os administradores judiciais a questionarem a própria constitucionalidade, é a taxa de 100 euros por cada nomeação em novo processo que têm de pagar “à cabeça e sem nada terem recebido ainda”.

“Trata-se de uma taxa de valor elevadíssimo, que deveria ser atualizado em significativa baixa, e, por outro lado, deveria ser outro o momento do seu pagamento. Pode-se dizer que os administradores judiciais ‘pagam para trabalhar’. Será difícil encontrar uma qualquer outra classe profissional que tenha de suportar tão pesados encargos por processo para trabalhar, estando obrigado a pagar taxas tão elevadas”, denuncia o líder da APAJ.

E com os administradores judiciais a precisarem frequentemente de obter informação, designadamente sobre os bens e sobre os rendimentos dos devedores ou dos insolventes, outro problema apontado é que, ao contrário de outros atores do sistema judicial, só há pouco tempo passaram a ter acesso – e “bastante limitado” – às bases de dados das conservatórias, designadamente predial e automóvel, e da Segurança Social.

No entanto, lamenta o porta-voz, “não têm ainda, inacreditavelmente, apesar de tal já se encontrar legislado, acesso à principal das bases de dados, ou seja, a da Autoridade Tributária”.

Administradores de insolvência ainda não têm acesso às bases de dados da Autoridade Tributária. Consulta de informação na conservatórias e da Segurança Social é “bastante limitado”.

Finalmente, continua por resolver a “preocupação antiga” da classe relativa ao seguro de responsabilidade civil profissional, que é obrigatório e custa “milhares de euros por ano a cada administrador judicial, contrariamente às dezenas de euros que tal seguro importa a outros profissionais”. E que, aponta o mesmo responsável, apenas é disponibilizado por uma única companhia de seguros. Uma situação que “também necessita de ser alterada com urgência, a começar com uma necessária alteração legislativa que exclua o dolo na portaria que regulamenta” este seguro.

É que a norma do estatuto dos administradores judiciais nada refere sobre a necessidade de se encontrarem cobertos as “omissões e atos dolosos eventualmente praticados” por estes profissionais, não havendo qualquer regulamentação por parte do membro responsável pela área da justiça, designadamente sobre o âmbito, as coberturas ou a retroatividade; e, ao mesmo tempo, o número 2 do artigo 148º da Lei do Contrato de Seguro (Decreto-Lei no 72/2008, de 16 de abril) impõe que, caso ocorra a celebração de contratos de seguro, os mesmo cubram obrigatoriamente tais atos e omissões.

“Como consequência deste problema, e consultado o mercado, só existe uma companhia de seguros disponível, a Hiscox/AIG, (…) que fazendo-se valer da recusa das demais em cobrir as situações de dolo, pratica preços exorbitantes. Para limites indemnizatórios de 500 mil euros, tem prémios anuais que variam entre os 2.516,80 e os 3.357,20 euros, consoante se opte por franquias de 1.500 ou 15 mil euros. Nos casos em que optem pela cobertura máxima de um milhão de euros, e com as mesmas franquias, o prémio de seguro varia entre 4.417 e os 5.530,80 euros”, calcula António Emílio Pires.

António Emílio Pires, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Judiciais (APAJ)Hugo Amaral/ECO

O presidente da direção da APAJ fala num “verdadeiro absurdo e que só poderá ser corrigido quando a portaria deixar de exigir a cobertura das situações de dolo, permitindo dessa forma a concorrência entre as demais seguradoras”. “Tal preocupação tem sido sistematicamente reportada ao Ministério da Justiça e à CAAJ, mas a verdade é que nada foi feito, obrigando os administradores judiciais a assumirem riscos que não estão cobertos pelo seguro e a suportar custos irracionais e incompreensíveis para a atividade”, conclui.

Todos estes problemas relativos às remunerações, às despesas, à taxa ou ao seguro de responsabilidade civil foram levados pela APAJ à primeira reunião com a nova tutela, realizada a 11 de junho com Maria Clara Figueiredo, secretária de Estado Adjunta e da Justiça.

António Emílio Pires diz ao ECO que saiu desse encontro com a promessa de que são situações já “identificadas” e que serão “apreciadas e revistas brevemente”, estando “algumas das medidas já na calha para o dossiê sobre a transparência e corrupção”, que o Governo deve aprovar esta quinta-feira em Conselho de Ministros.

Esta terça-feira, a ministra da Justiça esteve novamente na Assembleia da República a ouvir os partidos com assento parlamentar sobre a prometida agenda anticorrupção, que irá incluir a regulamentação do lóbi e que já no final de maio dizia estar numa “reta finalíssima”.

No primeiro Conselho de Ministros, o Governo liderado por Luís Montenegro mandatou Rita Alarcão Júdice, para falar com os partidos, agentes do setor e sociedade civil, a fim de elaborar um pacote de medidas contra a corrupção num prazo de 60 dias.

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Mais de 2.500 pessoas e 50 organizações participam nas atividades dos Bluewave Days para proteger e restaurar o Mar Mediterrâneo

  • Servimedia
  • 19 Junho 2024

A Aliança Bluewave, promovida pelo ISDIN, realizou a segunda edição dos cinco dias Bluewave Days, com mais de 60 atividades programadas ao longo da costa espanhola.

A segunda edição dos Bluewave Days, organizada pela Bluewave Alliance, encerrou com a participação de 2500 pessoas e a colaboração de mais de 50 organizações com um objetivo comum: sensibilizar o público para a necessidade de recuperar o Mediterrâneo.

Este é um dos mares mais apreciados e admirados do mundo, mas também o que se encontra na situação mais extrema, segundo os especialistas: é o mar mais poluído, com maior presença de plásticos, o mais sobreexplorado, o que está a aquecer mais rapidamente – 20% mais do que o resto dos mares e oceanos – e o que está a perder mais biodiversidade.

Para sensibilizar as pessoas para esta realidade, entre 8 e 13 de junho, a aliança, promovida pelo laboratório ISDIN, organizou mais de 60 atividades ao longo da costa mediterrânica espanhola. Um exemplo é a Semana do Mergulho Sustentável, realizada em diferentes cidades da Costa Brava, que foi acompanhada de conferências, exposições, limpezas marinhas e subaquáticas, workshops e passeios para grupos com necessidades especiais.

Atividades subaquáticas, como jornadas de fotografia subaquática e limpezas de praias e portos, também foram realizadas na costa de Barcelona, nas Ilhas Baleares e na costa de Málaga. Além disso, 400 estudantes de escolas e institutos receberam formação direta e os projetos de desporto sustentável chegaram a mais de mil crianças.

As diferentes ações permitiram aos participantes conhecer em primeira mão as jóias do Mediterrâneo, bem como os desafios que este mar enfrenta e descobrir diferentes formas de contribuir para a sua solução. Além disso, os Bluewave Days serviram para aproximar o público e o mundo empresarial de várias iniciativas de investigação neste domínio.

Neste contexto, o Simpósio Bluewave, o principal evento da conferência realizada em Barcelona, reuniu cientistas de renome como Enric Ballesteros e Emma Cebrián, do Centro Nacional de Investigação de Espanha (CSIC), Joaquim Garrabou e Josep Lluís Pelegrí, do Instituto de Ciências do Mar (CSIC), e Miquel Canals da Universidade de Barcelona, bem como o biólogo marinho Manu San Félix, com empresários ambientais e organizações empresariais.

O simpósio serviu para debater os principais desenvolvimentos e projetos no domínio da proteção das zonas marinhas e para apelar à proteção de 30% do Mediterrâneo até 2030. De acordo com os especialistas, se esta percentagem de áreas protegidas fosse atingida, os restantes 70% seriam capazes de se regenerar.

Após o evento, foram entregues os Bluwave Awards 2024, que reconhecem os profissionais que são referências mundiais na contribuição para a conservação e proteção dos mares e oceanos. Os prémios foram atribuídos ao Dr. Iosune Uriz, profissional especializado na taxonomia, biologia e genética das populações de esponjas marinhas, ao Dr. Michel André, pela sua investigação e contribuição para o desenvolvimento de tecnologias acústicas para a proteção do ambiente subaquático, e ao escultor Lorenzo Quinn, pela sua contribuição artística para a sensibilização para a necessidade de cuidar dos mares e oceanos.

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Maiores de 35 anos têm acesso a desconto no IMT desde que comprem casa com um jovem

A benesse fiscal na compra da primeira casa em sede de IMT e de Imposto do Selo (IS) beneficia também quem tem mais de 35 anos, desde que adquira um imóvel em conjunto com um jovem elegível.

O acesso à habitação em Portugal é uma das questões mais prementes para os jovens. Reconhecendo esta realidade, o Governo aprovou recentemente em Conselho de Ministros um decreto-lei que isenta os jovens até aos 35 anos do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e do Imposto de Selo (IS) na compra da primeira casa.

A autorização desta medida, que visa facilitar a aquisição de habitação própria e permanente, aliviando um dos maiores encargos financeiros associados à compra de casa, foi votada favoravelmente no Parlamento a 12 de junho e promulgada esta terça-feira pelo Presidente da República.

Desta forma, é esperado que dentro de dois meses, os jovens até aos 35 anos e não dependentes poderão usufruir de uma isenção fiscal na compra da primeira casa em regime de habitação própria e permanente, até um valor de aquisição de 316.772 euros, e de um desconto fiscal significativo para imóveis até 633.453 euros.

Na prática, porém, esta medida beneficiará também quem tenha mais de 35 anos, desde que adquira o imóvel em conjunto com um jovem elegível. Nestes casos, a isenção de IMT e do IS aplica-se apenas à parte correspondente ao jovem com idade igual ou inferior a 35 anos, esclarece o Ministério das Finanças ao ECO. A restante parte da transação será sujeita à tabela atual do IMT e à taxa do IS, considerando a totalidade do valor do imóvel para efeitos de aplicação da isenção e redução de taxa.

Por exemplo, a aquisição de um imóvel de 300 mil euros por alguém com mais de 35 anos pressupõe o pagamento de uma fatura de 13.377,58 euros com despesas de IMT e IS, segundo as taxas em vigor. Mas, se esse imóvel for adquirido por um casal em que um dos membros tenha até 35 anos de idade, a fatura com esses impostos desce para metade, para 6.688,79 euros, por conta da isenção fiscal do proprietário mais novo.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Este modelo de isenção parcial alivia significativamente a carga fiscal inicial da compra da primeira casa dos casais, criando uma sinergia familiar financeira benéfica. Além de facilitar a aquisição de habitação para os jovens com menos de 35 anos, esta medida tem um impacto positivo na dinâmica familiar e no planeamento a longo prazo.

Mesmo na compra de uma casa acima dos 316.772 mil euros, em que deixa de haver uma total isenção do IMT e do IS, esta medida revela-se proveitosa nas contas dos agregados familiares. Numa habitação de 500 mil euros, por exemplo, em que até agora exigiria o pagamento de quase 31 mil euros de IMT e IS, a aplicação desta medida gerará uma poupança de 24% para um casal constituído por um jovem até aos 35 anos e outro com uma idade superior. Trata-se de uma poupança de 7.343 euros.

Casais onde a diferença de idade pode ter anteriormente representado um obstáculo financeiro para a compra de casa (desde logo, pela limitação do prazo do crédito à habitação pela idade do membro mais velho), agora encontram uma nova oportunidade de equilibrar as suas finanças.

Com a promulgação do Presidente da República esta terça-feira da autorização para o Governo isentar de IMT e IS a compra de habitação própria e permanente por jovens até aos 35 anos, fica a faltar a promulgação e publicação em Diário da República o respetivo decreto-Lei, para que a medida possa entrar em vigor 60 dias depois.

Segundo estimativas do Governo, esta benesse fiscal em sede de IMT e IS deverá ter um impacto orçamental anual de 100 milhões de euros e, além de se aplicar exclusivamente à aquisição da primeira casa de ambos os proprietários, é também restrita à compra de prédios urbanos ou de frações autónomas de prédio urbano destinadas, exclusivamente, a habitação própria e permanente, ficando de fora a aquisição de terrenos para construção.

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