Só 3,7% das grandes empresas em Portugal pagam a tempo aos fornecedores
Estudo mostra que as empresas de menor dimensão são mais cumpridoras do que as grandes. A média de atraso nos pagamentos é de 23,1 dias e Portugal continua a afastar-se do registo dos países europeus.
Os atrasos nos pagamentos são transversais a todas as empresas em Portugal, independentemente da dimensão. Ainda assim, a percentagem de cumpridoras é maior entre as microempresas (21,6%) e vai diminuído à medida que aumenta o tamanho da empresa, com apenas 3,7% das grandes empresas a cumprirem os prazos acordados com os fornecedores.
De acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pela Informa D&B, que descreve um problema comum a todos os setores e a todas as regiões do país, só 18,1% das empresas portuguesas cumprem os prazos acordados com os fornecedores. Dois terços pagam com atrasos até 30 dias e em 5,5% dos casos ultrapassa os 90 dias face ao compromisso assumido.
O montante agregado por pagar aos fornecedores rondava os 68,2 mil milhões de euros no final de maio, calcula a mesma consultora, notando que “os atrasos nos pagamentos podem gerar graves constrangimentos na liquidez das empresas credoras, sobretudo nas de menor dimensão, afetando a sua disponibilidade para fazer frente aos compromissos já assumidos ou a investimentos”.
Seguindo a tendência crescente que se regista desde o final de 2022, a média de atraso nos pagamentos ascende agora a 23,1 dias. E Portugal continua a afastar-se do registo dos restantes países europeus, que tem melhorado desde a implementada da chamada diretiva de pagamentos. O diferencial é agora de 29 pontos percentuais, o maior desde, pelo menos, o início da crise do subprime em 2007.
“O comportamento de pagamento das empresas em Portugal terá necessariamente de melhorar e tem, infelizmente, uma enorme margem para o fazer. O cumprimento dos prazos acordados com os fornecedores é um dos fatores considerados nas práticas ESG (…), que terão um peso cada vez maior na avaliação das empresas, com consequências na sua reputação, no acesso a parcerias ou a financiamento e, portanto, na sua capacidade de crescimento”, aponta Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, citada em comunicado.
Por outro lado, de acordo com o indicador de Risco Delinquency, que reflete a probabilidade de, nos próximos 12 meses, uma entidade registar um atraso de pagamentos superior a 90 dias a, pelo menos, um dos seus credores, quase 9% de empresas mostra um risco médio-alto ou elevado. Cruzando este dado com o indicador de resiliência financeira, considerando as empresas com níveis de resiliência mais baixos, a consultora identifica cerca de 41 mil empresas em Portugal com risco de atrasos significativos nos seus pagamentos aos fornecedores.
Estes dados fazem parte da 9.ª edição do estudo sobre comportamentos de pagamento das empresas, que vai ser divulgado a partir desta quarta-feira através de um conjunto de conferências em diferentes pontos do país, com o título “Programa Compromisso Pontual”, numa iniciativa promovida pela ACEGE, pela CIP, pelo IAPMEI, pela Ordem dos Contabilistas Certificados e pela Apifarma, com o apoio da Informa D&B e do banco Santander.
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