BRANDS' CAPITAL VERDE Sara Sanford: “Recrutar equipas diversas só importa se realmente as ouvirem”

  • BRAND'S CAPITAL VERDE
  • 8 Julho 2024

A fundadora do Gender Equity Now (GEN) esteve na Conferência BCSD Portugal 2024, em Lisboa, para mostrar que as empresas beneficiam de ambientes de trabalho com diversidade.

Foram os barulhos e as luzes dos helicópteros a sobrevoar Seattle, nos Estados Unidos, durante os protestos em defesa de George Floyd que serviram de arranque para a intervenção de Sara Sanford na Conferência BCSD Portugal 2024. A fundadora do Gender Equity Now (GEN) esteve na Cordoaria Nacional, em Lisboa, para falar sobre a importância de criar equipas diversas e da sua relação direta com negócios mais prósperos. “As empresas no quartil superior de diversidade têm 39% mais probabilidade de superar os seus concorrentes menos diversos em desempenho financeiro”, apontou.

Sara Sanford,‍ Fundadora do Gender Equity Now (GEN) © Fotografia: Filipa Lima Gomes

As vantagens são claras em todas as dimensões, nomeadamente na capacidade das empresas na recuperação de crises quando têm uma força de trabalho mais equilibrada entre géneros. “A McKinsey descobriu que as empresas com pelo menos 30% de mulheres em cargos de administração recuperam mais rapidamente após uma crise e superam a concorrência”, continua a empreendedora.
Porém, avisa que não basta às organizações dizerem que se preocupam com a diversidade se não passarem das palavras aos atos. “Recrutar equipas diversas só importa se realmente as ouvirem”, sublinha, dando como exemplo o que viu acontecer durante os protestos sobre o caso de George Floyd. Nesta altura, lembra Sanford, muitas multinacionais apressaram-se a publicar mensagens de apoio à comunidade afroamericana nas redes sociais, mesmo quando as suas declarações não correspondiam à forma como geriam as suas equipas. “Chegou-se à conclusão de que as empresas que fizeram essas declarações públicas tinham menos progressos feitos [em matéria de diversidade] e tinham 20% menos funcionários negros do que as empresas que não tinham feito esse tipo de declarações públicas”, destaca. E apesar da evolução em muitas áreas no que respeita à igualdade de género, Sara Sanford diz que, no último ano, apenas 1,7% do financiamento de capital de risco foi dirigido a empreendedoras e que apenas 10% dos investigadores em inteligência artificial na Google são mulheres. “Estas empresas estão a dificultar o nosso caminho para a sustentabilidade”, lamenta.

Mas se as empresas diversas são mais competitivas e se as suas equipas apresentam melhor produtividade e bem-estar, o que falta fazer para que mais organizações sigam os bons exemplos? A fundadora do GEN defende que a solução passa por criar um futuro do trabalho regenerativo, em que não só se criam equipas mais diversas, mas se aplicam medidas de transformação cultural para que as suas vozes sejam realmente ouvidas.
“Os indivíduos historicamente menos representados demoram mais tempo a participar [numa reunião]. A próxima vez que tiverem uma reunião de grupo e quiserem mesmo a participação de todos, digam que não querem que as pessoas respondam logo, mas que demorem dois ou três minutos a fazê-lo. Vão ter maior participação de mulheres, pessoas racializadas, introvertidos e pessoas neurodivergentes”, explica.

Foi por tudo isto que Sara Sanford quis fundar a GEN, uma certificação que pretende apoiar as empresas a fazer o caminho da inclusão e mostrar ao mercado que, mais do que palavras, são aplicadas medidas sérias de diversidade. “A certificação GEN fornece 200 alavancas culturais para projetar um futuro regenerativo do trabalho. Agora temos as ferramentas. Sabemos o que fazer”, conclui.

Assista aqui à intervenção completa de Sara Sanford na Conferência BCSD Portugal 2024:

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