Como o mundo se está a reerguer do apagão informático
Falha de software da CrowdStrike causou caos global, afetando voos, portos e serviços essenciais. Milhares de cancelamentos e atrasos persistem, com recuperação prevista para as próximas semanas.
O mundo ainda tenta recuperar do apagão informático que na sexta-feira lançou o caos em aeroportos, empresas e serviços essenciais um pouco por todo o globo. A falha, provocada por uma atualização do software de cibersegurança da CrowdStrike afetou milhares de computadores com o sistema operativo Windows da Microsoft, deixando um rasto de perturbações que se fazem sentir ainda este sábado.
As companhias aéreas foram das mais afetadas, com milhares de voos cancelados ou atrasados. Só na sexta-feira, mais de 5.000 voos foram cancelados em todo o mundo, com cerca de 3.400 nos EUA. O aeroporto de Amesterdão, um dos mais afetados na Europa, contou com 12% dos voos previstos para levantar voo cancelados e 55% com saída para lá da sua hora prevista.
Este sábado, a situação melhorou, mas ainda se registaram mais de 1.500 cancelamentos em todo o mundo, cerca de 1000 em território norte-americano, segundo a plataforma Flightaware.
As principais transportadoras aéreas dos EUA — Delta, United e American Airlines — encabeçaram a lista global de cancelamentos. A Delta Airlines, por exemplo, cancelou 31% dos seus voos na sexta-feira, reduzindo para 13% este sábado, de acordo com dados recolhidos pela Flightaware. Já a europeia KLM, depois de na sexta-feira ter cancelado 129 voos (18% dos voos marcados), conta este sábado com apenas 7 voos cancelados (1% das marcações)
A cadeia de abastecimento global foi particularmente atingida pela falha informática da CrowdStrike, com o transporte de carga aérea a enfrentar dias ou mesmo semanas para recuperar totalmente, alertam os especialistas.
Mas o impacto do apagão não se limitou aos céus. Portos, caminhos-de-ferro e até os preparativos para os Jogos Olímpicos sentiram os efeitos desta falha sem precedentes. A cadeia de abastecimento global foi particularmente atingida, com o transporte de carga aérea a enfrentar dias ou mesmo semanas para recuperar totalmente, alertam os especialistas.
Niall van de Wouw, diretor de carga aérea da consultora Xeneta, citado pela CNBC, alertou que “aviões e carga não estão onde deveriam estar e levará dias ou até semanas para resolver completamente”. Este incidente vem agravar uma situação já de si complicada, com a procura global de transporte a aumentar 13% em junho face ao ano anterior, enquanto a oferta cresceu apenas 3%.
A recuperação promete ser um processo “longo e árduo”, segundo os especialistas. O problema, embora recuperável, exige um trabalho meticuloso: cada dispositivo afetado deve ser acedido por um administrador e reiniciado manualmente no modo de segurança, seguido da eliminação manual do ficheiro CrowdStrike incorreto.
Este incidente serve como um alerta para a vulnerabilidade das cadeias de abastecimento aéreas e marítimas face a falhas informáticas. Também levanta questões sobre a necessidade de maior rigor nos testes de atualizações de software crítico, com vários especialistas a criticarem a CrowdStrike por lançarem a nova versão sem fazerem testes suficientes.
À medida que o mundo tenta voltar à normalidade, fica claro que os efeitos deste apagão informático se farão sentir ainda por alguns dias. As empresas e os consumidores terão de se adaptar a possíveis atrasos e perturbações, enquanto as equipas técnicas trabalham arduamente para resolver os problemas remanescentes.
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