Reunião do BCE em setembro será “fácil”, já a de outubro será “engraçada”, diz Centeno

Governador do Banco de Portugal considerou que a próxima decisão do BCE sobre o corte dos juros será "fácil" e destacou que a economia da zona euro não está a crescer.

O governador do Banco de Portugal (BCE) disse esta sexta-feira que a reunião do Banco Central Europeu (BCE) de setembro será “fácil” e a de outubro “engraçada”. Em declarações à Bloomberg TV, à margem do simpósio anual de Jackson Hole, nos EUA, Mário Centeno garantiu ainda que o banco central está a trabalhar para evitar que se regresse a taxas de juro negativas no futuro.

“É claro que o movimento mais provável em termos de política monetária é continuar a cortar as taxas, disse, momentos antes do discurso do presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Jerome Powell. Para Centeno, “setembro é fácil, outubro será uma reunião engraçada”, disse, realçando que o BCE “olha sempre para os dados como um todo”, avaliando “tendências” e não apenas um dado isolado, mas realçou, ainda assim, que “a economia europeia não está a crescer”.

Para Centeno, o banco central deve procurar reduzir a inflação com “o menor sacrifício possível” e considerou que é necessária maior coordenação entre política monetária e orçamental. Questionado sobre se no futuro a zona euro irá voltar a ter taxas de juro negativas, o governador garantiu que o BCE não o quer e que está “a trabalhar seriamente para o evitar”.

As declarações de Centeno ocorreram minutos antes do aguardado discurso de Powell esta sexta-feira no simpósio anual da Fed, em Jackson Hole, na qual afirmou que “chegou o momento para a política ajustar”. “A direção a seguir é clara e o momento e o ritmo dos cortes nas taxas dependerão dos dados recebidos, da evolução das perspetivas e do equilíbrio dos riscos”, disse.

O BCE decidiu manter as taxas diretoras inalteradas na reunião de julho, após em junho ter efetuado o primeiro corte das taxas de juro em quase cinco anos. A decisão não foi uma surpresa pelo mercado que já antecipava esta decisão. Desta forma, a taxa de facilidade permanente de depósito mantém-se nos 3,75% enquanto a taxa de juro aplicada às operações principais de refinanciamento e a taxa de juro aplicada à facilidade permanente de cedência de liquidez permanecem nos 4,25% e 4,50%, respetivamente.

As atas da última reunião do BCE, divulgadas na quinta-feira, indicam que o Conselho de Governadores considerou que a reunião de setembro irá ser “um bom momento para reavaliar o nível de restrição da política monetária”, abrindo assim a possibilidade a um corte de juros. Contudo, têm vindo a salientar a decisão será tomada com base em dados e o banco central irá manter os juros “suficientemente restritivos durante o tempo necessário”.

Os dados mais recentes sobre os aumentos salariais também deram confiança aos analistas que o banco central irá avançar com um corte nos juros. No segundo trimestre, o aumento homólogo dos salários negociados no euro foi de 3,55%, o mais baixo desde o último trimestre de 2022, depois de terem subido 4,74% no primeiro trimestre.

(Notícia atualizada às 15h34)

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