“Ficha” da competitividade energética “ainda não caiu” junto dos políticos, diz administrador da EDP
O administrador da EDP, Pedro Vasconcelos, aponta as energias renováveis como uma "vantagem competitiva única" para Portugal. Diz ainda que se revê na agenda energética de Kamala Harris.
O administrador da EDP, Pedro Vasconcelos, afirma que apesar de Portugal e Espanha terem uma “vantagem competitiva” no que toca à capacidade de produzir energia limpa, essa “ficha ainda não caiu” junto da classe política.
Existe um certo “consenso” que Portugal e Espanha têm uma “vantagem competitiva única” no campo das energias renováveis, mas “sinto que essa ficha ainda não caiu”, pelo menos no que diz respeito “aos nossos políticos” afirmou Pedro Vasconcelos na conferência Energy 2024, que decorreu esta quinta-feira, no Centro Cultural de Belém, e foi organizada pelo ECO.
A relação da área da energia com a competitividade a nível europeu ficou esta semana debaixo de holofotes depois de ter sido publicado um relatório sobre o futuro do Velho Continente, da autoria de Mario Draghi, no qual o antigo presidente do BCE coloca estas questões em destaque. Em relação a este documento, o administrador da EDP mostrou-se alinhado em linhas gerais com as posições descritas mas mostrou-se mais avesso a sugestões relacionadas com o “controlo de preços da energia”.
“A partir do momento que existem intervenções excecionais [no preço], penaliza-se o investimento”, alertou. Em paralelo, defendeu que a desacopulação da eletricidade de fonte renovável da eletricidade de origem fóssil, na hora de definir preços no mercado grossista, “não funciona”. Prevê que acabe por se verificar de forma natural, à medida que cresce a penetração de renováveis e que as centrais a gás e a carvão são menos chamadas a contribuir. Mas este cenário “não é para agora”, indica, acrescentando que até 2030 não será possível aquela desacopulação.
De um ponto de vista mais global, também há ameaças ao investimento: “[Donald] Trump é contra a transição. Tudo o que afirma vai contra a estabilidade que os investidores precisam“, indicou, confrontado com o contexto de eleições presidenciais nos Estados Unidos, acrescentando que se revê na agenda da candidata pelo Partido Democrata, Kamala Harris.
Pedro Vasconcelos criticou ainda o “protecionismo muito violento” da parte dos Estados Unidos em relação aos painéis solares chineses e afirma que a Europa está “algures no meio”, algo “perdida”. Na sua visão, “qualquer destes movimentos é penalizador para a transição energética“.
Com o custo do financiamento a descer e o preço da eletricidade com tendência para subir, o administrador executivo da EDP garantiu que a elétrica não irá voltar a rever os investimentos previstos no plano estratégico 2023 – 2026, como aconteceu em maio. Afirmou ainda que não está em cima da mesa juntar a EDP e a EDP Renováveis numa só empresa, considerando que a reorganização realizada já permite captar valor.
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