Marcelo pede que Israel “reconsidere” decisão “desproporcional” sobre Guterres
Para o Presidente da República trata-se de "uma questão de bom senso" por ser "importante continuar a fazer um esforço no sentido de ultrapassar a situação" no Médio Oriente.
O Presidente da República considera que a decisão de o Governo de Israel em declarar António Guterres como persona non grata “foi desproporcional” e “sem precedentes”, tendo, por isso, instado as autoridades israelitas a “reconsiderar” a deliberação. “É uma questão de bom senso”, afirmou esta quinta-feira em declarações aos jornalistas, em Viseu.
As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa surgem um dia depois de o Governo ter apelado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel a “rever a sua decisão”, argumentando que a missão enquanto secretário-geral das Nações Unidas “é indispensável para assegurar o diálogo, a paz e o multilateralismo” no Médio Oriente.
“O Governo tomou uma decisão que acompanho. É uma situação sem precedentes“, disse o chefe de Estado, esta manhã, informando ter tido a oportunidade de falar com António Guterres sobre a situação. “É importante continuar a fazer um esforço no sentido de ultrapassar a situação. Seria muito sensato que as autoridades israelitas reconsiderassem a atitude por ser desproporcional“, disse Marcelo.
Além do Governo, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, repudiou igualmente a decisão do governo israelita, manifestando “total solidariedade” e “apoio” a António Guterres “pela forma corajosa como tem defendido a paz e condenado todas as formas de violência no Médio Oriente”.
As reações surgem depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, ter declarado o secretário-geral da ONU, António Guterres, persona non grata no país, criticando-o por não ter condenado o ataque massivo do Irão a Israel na noite de terça-feira.
“Qualquer pessoa que não possa condenar inequivocamente o ataque hediondo do Irão a Israel não merece pôr os pés em solo israelita. Estamos a lidar com um secretário-geral anti-Israel, que apoia terroristas, violadores e assassinos”, disse Katz num comunicado.
Terça-feira, na rede social X, Guterres condenou o alargamento do conflito no Médio Oriente, e esta tarde, após a decisão do executivo israelita, o secretário-geral das Nações Unidas reiterou a condenação.
“Tal como fiz em relação ao ataque iraniano de abril, e como deveria ter sido óbvio que fiz ontem [terça-feira] no contexto da condenação que expressei, condeno veementemente o ataque massivo com mísseis do Irão contra Israel”, sublinhou Guterres durante uma reunião do Conselho de Segurança realizada na ONU, na passada quarta-feira.
Guterres falava numa reunião de emergência convocada para discutir a situação no Líbano foi feita pouco depois de Israel o ter declarado persona non grata e ter proibido a sua entrada no país por não ter condenado o ataque iraniano. “Qualquer pessoa que não condene inequivocamente o ataque hediondo do Irão a Israel não merece pôr os pés em solo israelita. Estamos a lidar com um secretário-geral anti-Israel, que apoia terroristas, violadores e assassinos”, referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, num comunicado divulgado esta manhã.
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