Lucro das empresas públicas dispara 67% e dívida baixa 23%
A UTAO revela que as empresas públicas tiveram uma melhoria significativa dos seus resultados durante o primeiro semestre de 2024, que é espelhado por um lucro agregado de 556 milhões de euros.
As empresas públicas apresentaram uma melhoria significativa nos seus resultados financeiros durante o primeiro semestre de 2024, segundo o mais recente relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), publicado esta sexta-feira.
O relatório da UTAO, que teve por base as contas de 117 das 142 empresas que compõem o SEE, revela um aumento de 22% do EBITDA, uma subida de 67% do resultado líquido e uma queda de 23% da dívida.
Segundo os dados compilados pela UTAO, o EBITDA alcançado pelo conjunto de empresas públicas que integram o SEE “aumentou 288 milhões de euros no primeiro semestre de 2024, face ao período homólogo anterior: passou de 1.296 milhões de euros no primeiro semestre de 2023 para 1.584 milhões de euros no primeiro semestre de 2024″, destaca o documento.
Já o resultado líquido destas empresas registou um aumento de 223 milhões de euros relativamente aos primeiros seis meses do ano passado, “tendo o conjunto de empresas em análise recuperado de 333 milhões de euros no primeiro semestre de 2023 para 556 milhões de euros no primeiro semestre de 2024″, refere o relatório.
É interessante notar que os segmentos empresariais que apresentam melhores indicadores de rentabilidade (Empresas Públicas Financeiras e Empresas Públicas Não Reclassificadas) foram os que aumentaram a dívida e vice-versa, ainda que não sejam aqueles que acumulam os maiores stocks de dívida.
No entanto, nem todos os segmentos do SEE apresentaram um desempenho uniforme. As Empresas Públicas Financeiras (EPF) e as Empresas Públicas Não Reclassificadas (EPNR) foram as que registaram os melhores resultados, enquanto as Empresas Públicas Não Financeiras (EPNF) e as Empresas Públicas Reclassificadas (EPR) viram os seus indicadores piorarem.
Um ponto de preocupação destacado no relatório da UTAO, orientado e revisto por Rui Nuno Baleiras e elaborado por António Antunes, é o aumento da dívida em alguns segmentos do SEE. “O stock global de dívida das empresas que integram o SEE diminuiu significativamente no primeiro semestre de 2024, embora este não tenha sido um resultado uniforme”, refere o relatório da UTAO.
Embora o stock global de dívida tenha diminuído 23%, passando de 25.343 milhões de euros no primeiro semestre de 2023 para 19.533 milhões de euros no mesmo período de 2024, as EPF e as EPNR registaram aumentos nos seus níveis de endividamento.
- As EPNF (110 empresas de um total de 132) registaram uma redução de 6.344 milhões de euros (-27,5%) no seu stock de dívida, enquanto as EPF (7 de um total de 10) aumentaram a sua dívida em 535 milhões de euros (+24%);
- As EPR (63 empresas de um total de 78) reduziram o stock de dívida em 6.350 milhões de euros (-30,3%), enquanto as EPNR (54 empresas de um total de 64) registaram um aumento da sua dívida em 541 milhões de euros (+12,2%);
“É interessante notar que os segmentos empresariais que apresentam melhores indicadores de rentabilidade (Empresas Públicas Financeiras e Empresas Públicas Não Reclassificadas) foram os que aumentaram a dívida e vice-versa, ainda que não sejam aqueles que acumulam os maiores stocks de dívida”, observa a UTAO.
O relatório também destaca que o período de janeiro a junho de 2024 registou um aumento homólogo da atividade económica das empresas que integram o SEE, “quer por via do aumento da receita total quer dos gastos totais, com um impacto (líquido) agregado positivo (mais 288 milhões de euros), com reflexo direto no acréscimo do EBITDA alcançado”.
Apesar da notável melhoria nos resultados financeiros globais nos primeiros seis meses do ano, com aumentos significativos no EBITDA e no resultado líquido, bem como uma redução expressiva da dívida total, persistem desafios importantes para o Setor Empresarial do Estado.
O desempenho heterogéneo entre os diferentes segmentos do SEE merece especial atenção. Enquanto as Empresas Públicas Financeiras e as Não Reclassificadas apresentaram resultados robustos, as Não Financeiras e as Reclassificadas enfrentaram dificuldades. Esta disparidade sublinha a necessidade de uma abordagem diferenciada na gestão e supervisão destas entidades.
Particularmente preocupante é o aumento da dívida nos segmentos mais rentáveis do SEE, nomeadamente as EPF e as EPNR. Este fenómeno levanta questões sobre a sustentabilidade a longo prazo destas empresas.
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