“Os jovens não têm paciência para enriquecer de maneira lenta e, em vez disso, decidem empobrecer rapidamente”

A falta de perspetiva de longo prazo dos mais jovens foi um dos temas abordados na ECO Talks – Semana do Investidor. A baixa literacia financeira dos portugueses foi outro dos assuntos discutidos.

O dólar continua a enfraquecer, os ETFs interromperam as vendas de ouro a que vínhamos a assistir em anos anteriores a 2024, os bancos centrais têm vindo a aumentar os seus balanços e, consequentemente, as suas reservas de ouro… estes e outros temas foram abordados na ECO Talk – Semana do Investidor, que aconteceu esta sexta-feira, no Estúdio ECO, em parceria com a XTB.

O sentimento é otimista em torno do mercado acionista e não só. Um dos ativos que tem estado em alta é o ouro, que atingiu recordes numa base diária, ao longo do mês de setembro. Sobre a perspetiva de crescimento deste ativo, Luís Correia Tavares, Analista e Especialista de Trading, diz, em primeiro lugar, que “para qualquer ativo que está em máximos históricos, o céu é o limite”, acrescentando, que é difícil prever onde é que este se vai dirigir. “Tecnicamente, tem objetivos alvo perto dos 2800”, acrescenta.

Como possíveis justificações para o crescimento do mercado do ouro, Luís diz que este ativo é algo “que qualquer pessoa aceitaria como forma de pagamento”.

“Se eu propusesse a uma pessoa ir viajar para a Lua e ficar lá durante 10 anos, se essa pessoa convertesse o seu dinheiro em ouro, seria muito provável que quando regressasse conseguisse comprar as mesmas coisas daqui a 10 anos que compraria hoje”, explica.

Luís Correia Tavares diz que este ativo [o ouro] é algo “que qualquer pessoa aceitaria como forma de pagamento”

Ainda dentro deste assunto, um dos tópicos abordados foi a relação do investidor com o ouro em termos de riscos. Vítor Madeira, Analista da XTB, refere que se deve olhar para três métricas, a começar pelo dólar. “O ouro está inversamente correlacionado com o dólar, em situações em que o dólar dispara, normalmente, este não consegue subir”, explica. A segunda métrica está relacionada com o risco geopolítico, pois a seguir a algum evento desta natureza, como é o caso da invasão da Rússia à Ucrânia, entre outros eventos, “o ouro tende a disparar até aos 100 dias e depois tende a normalizar e a corrigir”. O último parâmetro está relacionado com a reserva de valor em períodos de inflação. “É normal que o ouro consiga acompanhar a inflação”, refere.

Além do ouro, as ações norte-americanas e europeias e a literacia financeira dos portugueses estiveram em discussão.

Vítor Madeira, Analista da XTB

Sobre este último tópico, Nuno Mello, Head Of Sales da XTB, também refere a fraca capacidade dos portugueses em conseguirem poupar, devido aos baixos rendimentos. “A maior parte das pessoas, consegue poupar menos de 500€ por mês, não investe em ativos arriscados e procuram investimentos mais conservadores, como os depósitos a prazo e os certificados de aforro”, diz.

Para o Nuno Mello é importante que se aposte, cada vez mais, na literacia financeira. “O investimento não é jogo, portanto, tentamos sempre dar formação e informação para que os investidores se sintam preparados para investir nos mercados”.

Olhar para o investimento como se fosse um jogo pode ser um dos fatores que contribui para a falta de perspetiva de longo prazo dos mais jovens, que também foi um dos temas em discussão nesta talk.

“A maior parte das pessoas, consegue poupar menos de 500€ por mês, não investe em ativos arriscados e procuram investimentos mais conservadores, como os depósitos a prazo e os certificados de aforro”

“Eu costumo dizer que, muitas vezes, os jovens entram de maneira abrupta, não têm paciência para enriquecer de maneira lenta e, em vez disso, decidem empobrecer rapidamente”, refere Luís Correia Tavares.

No final desta conversa, houve espaço para alguns conselhos para quem está a pensar em investir. Vítor Madeira deixa uma dica para qualquer tipo de investidor: “Antes de entrar, temos de saber quanto é que podemos perder e quanto é que podemos ganhar”. Nuno Mello refere a importância de se ter uma reserva de liquidez para poder aproveitar as oportunidades que possam surgir no mercado, diversificar a carteira quer por classes de ativos, por setores, por indústrias ou por regiões. E, por último, investir em conhecimento. “A parte do conhecimento é essencial. Portanto, não se deve começar a investir sem se ter o conhecimento necessário para o fazer”, explica.

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