Apenas 24% dos CEO portugueses esperam atingir metas ambientais de 2030
Estudo Global CEO Outlook da KPMG revela pessimismo entre os gestores de topo portugueses sobre os objetivos ambientais traçados para o final da década
Menos de um em cada quatro presidentes executivos em Portugal consultados pelo estudo Global CEO Outlook, da consultora KPGM, estão confiantes de que irão atingir as metas ambientais net zero até 2030. Em comparação, 52% dos CEO consultados a nível global revelaram acreditar que essas metas poderão ser alcançadas.
Na 10ª edição do estudo, no capítulo ESG (Environment, Social and Governance, na sigla em inglês), a que o ECO teve acesso, 18% dos 50 entrevistados portugueses “concorda fortemente” com a frase: “estamos confiantes que podemos atingir os nossos objetivos net zero 2030″, enquanto 6% respondeu com o mais moderado “concorda”.
Já 20% dos inquiridos portugueses discorda da possibilidade de cumprir as metas, e 10% discorda fortemente, sendo que 46% dos CEO optaram por responder que nem concorda nem discorda totalmente com a hipótese.
Em contraste, entre os 1.325 CEO consultados a nível global, 11% dos inquiridos concorda fortemente com o cenário de cumprimento das metas e 41% concorda. Apenas 20% revelou que discorda que será possível atingir as metas comunitárias estabelecidas em 2030 em matéria de clima, energia, transportes e fiscalidade aptas a reduzir as emissões líquidas de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 55% até 2030.
Para Pedro Cruz, ESG Coordinator Partner da KPMG, há duas explicações para esse “desalinhamento e esse eventual maior pessimismo” dos nossos CEO. “Por um lado, conseguir atingir metas net zero implica níveis muito significativos de investimento, aliás a União Europeia estima níveis de investimento muito acima do que são os níveis que temos hoje na Europa“, referiu ao ECO.
“Quando comparamos países como Portugal onde a capacidade de investir é mais limitada, com outros países com maior capacidade, confrontados com escolhas de onde investir dinheiro que é escasso em Portugal, se calhar há outras áreas para onde efetivamente algum pragmatismo vai obrigar a canalizar o investimento”, sublinhou.
Quando comparamos países como Portugal onde a capacidade de investir é mais limitada, com outros países com maior capacidade, confrontados com escolhas de onde investir dinheiro que é escasso em Portugal, se calhar há outras áreas para onde efetivamente algum pragmatismo vai obrigar a canalizar o investimento.
“Maior realismo”
Segundo Pedro Cruz, em alguns casos os CEO portugueses “revelam maior dose de realismo do que alguns CEO europeus, porque em muitos negócios a ambição net zero em 2030 é altamente improvável”
O partner da KPMG aponta para outra pergunta do estudo sobre o principal obstáculo para atingir as metas 2030. Entres os CEO portugueses, mais de um terço, 34%, vê a ausência de soluções ou tecnologia apropriadas como a maior barreira, com a complexidade da descarbonização em segundo lugar (22%).
Entre os 1.325 entrevistados a nível global, essa complexidade é vista como a barreira principal (30%), seguida da escassez de competências e perícia para implementar soluções (22%) e em terceiro a ausência de soluções (16%).
“Em muitos casos, na verdade, nem é só uma capacidade de poder investir, é uma capacidade de sobretudo poder investir em áreas completamente inovadoras que hoje não se sabe se vão ser bem-sucedidas e se esse investimento dá algum retorno”, conclui Pedro Cruz.
Outra vertente na qual a resposta dos gestores portugueses é clara, e em contraste com a resposta global, é a do principal impacto positivo da estratégia ESG nos próximos três anos. Para 34% dos CEO portugueses, a atração da próxima geração de talento deverá ser o maior ganho na estratégia ESG, enquanto a nível global 34% dos líderes vê o desenvolvimento da ligação com os clientes e a associação positiva à marca como o principal benefício.
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