TAP baixa juro em emissão de dívida e fica perto da Air France – KLM

Companhia aérea portuguesa passou teste dos investidores antes da privatização e conseguiu baixar custos de financiamento. Lufthansa é, dos três pretendentes, a que consegue juro mais baixo.

A TAP foi a semana passada ao mercado para emitir 400 milhões de euros em obrigações colocadas junto de investidores institucionais. O juro fixado é menor do que o da emissão anterior e ficou perto do que a Air France – KLM aceitou pagar este ano. Dos três pretendentes, a Lufthansa é a que tem custos de financiamento mais baixos.

Foi uma espécie de teste ao apetite dos investidores antes do processo de privatização, e a companhia aérea superou-o. Conseguiu vender 400 milhões de euros em títulos de dívida sénior, a reembolsar daqui a cinco anos, com uma taxa de cupão de 5,125%, inferior aos 5,625% que aceitou pagar em novembro de 2019 para emitir 375 milhões de euros, também com um prazo de cinco anos. O encaixe da nova emissão permitirá saldar a anterior.

Na altura, as taxas de mercado eram muito mais baixas: a referência, a taxa de juro de depósitos do BCE, era então de -0,5% e agora está em 3,25%. O que justifica então o juro mais reduzido? O risco financeiro da TAP, que é bem menor.

A TAP tem vindo a baixar o endividamento e a melhorar os resultados, o que se traduz numa desalavancagem das contas. Se há cinco anos, a dívida líquida era equivalente a 5,2 vezes o EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), no final de junho deste ano era 2,1 vezes.

Uma evolução que tem sido reconhecida pelas agências de rating, que desde março de 2022 têm vindo a melhorar a classificação da TAP. É o caso da Moody’s, que na última avaliação, feita em julho, elevou o rating para Ba3 e destacou o “perfil de liquidez muito mais forte, com a TAP a ter cerca de 1,1 mil milhões de euros no balanço, contra 426 milhões em 2019″.

Perto da Air France – KLM, mas ainda longe de IAG e Air France

O juro anual que a TAP ficará a pagar nos próximos cinco anos (5,125%) não ficou longe do que a Air France – KLM aceitou pagar em maio, quando emitiu 650 milhões, também a reembolsar em 2029, com uma taxa de 4,625%. Uma diferença de apenas 50 pontos base que reflete também o facto de a companhia franco-neerlandesa ter um rating da S&P Global dois níveis acima do da portuguesa.

Ao contrário da TAP, cujas obrigações só no dia 7 deverão chegar às mãos dos investidores, os títulos da Air France – KLM são transacionados no mercado. Aí, os investidores estavam a exigir uma taxa de 4,34%, já mais distante do cupão fixado para a emissão da transportadora aérea portuguesa, segundo dados da Refinitiv.

A Air France – KLM é um dos dois pretendentes à privatização, que o Governo pretende relançar até ao final do ano. Os outros dois, IAG e Lufthansa, têm custos de financiamento mais baixos.

A emissão do grupo dono da IAG e British Airways, com maturidade em março de 2029 (um prazo menor que a da TAP) tinha, na negociava sexta-feira a uma yield de 3,655%. Já a companhia alemã apresentava uma taxa de 3,359% para uma emissão com reembolso em julho de 2029. Ambas têm um rating de BBB-, já dentro das classificações de menor risco.

O futuro comprador da TAP irá ter influência nos custos de financiamento da companhia portuguesa.

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