Saídas na bolsa? Negócio da Euronext em Portugal é para manter
A gestora da bolsa portuguesa mantém o "compromisso" com o mercado português, reiterando a importância estratégica do centro tecnológico no Porto, onde quer continuar a crescer.
A bolsa portuguesa despede-se de quatro empresas este ano, com o índice de referência PSI reduzido a 15 cotadas após a exclusão da Greenvolt na sequência da aquisição pelos americanos da KKR. Apesar de mais esta onda de saídas, a gestora da bolsa portuguesa garante que a praça portuguesa é para manter. E o centro tecnológico do Porto continua a ser estratégico para o crescimento da Euronext.
“Portugal tornou-se parte da Euronext em 2002 e vai manter-se no negócio“, garantiu Stéphane Boujnah, CEO do grupo responsável pela gestão da bolsa de Lisboa. O responsável adiantou ainda que, na Europa, “não há pequenos países e países grandes, há mercados mais pequenos e outros maiores”.
Boujnah, que assume que a Euronext quer ser o “campeão” da negociação em 2027, adiantou que há, neste momento, duas empresas brasileiras que estão a avaliar a dispersão de capital na Europa, ponderando fazer esta entrada através de Lisboa, ou de Paris. “O facto de empresas do Brasil decidirem que querem listar na Europa e que o facto de para eles o melhor mercado para o fazer seja Portugal diz muita coisa, porque isto é o que a Europa é, interações com o resto do mundo com base no legado da história”, apontou.
Mas a maior contribuição de Portugal para o grupo continua a ser o centro tecnológico no Porto, que arrancou com cerca de 60 pessoas e tem hoje mais de 300 e que vai ser transferido, juntamente com a ex-Interbolsa, para um novo edifício no centro da cidade, para acomodar a expansão prevista para os próximos anos. Segundo avançou ao ECO, a empresa vai contratar cerca de duas centenas de pessoas para o Porto, nos próximos três anos.
“O nosso negócio e o número de colaboradores em Portugal está a crescer massivamente e é o local onde estamos a criar mais postos de trabalho nos últimos anos”, destacou o CEO da Euronext, adiantando que o grupo mantém “o compromisso com Portugal, pela capacidade de Portugal para comunicar com o resto do planeta e também pelo tamanho, relevância e sucesso da plataforma tecnológica“.
Apesar do número de empresas da bolsa continuar a reduzir-se – este ano saíram Inapa, Reditus e Greenvolt, com a Lisgráfica a dizer adeus ao mercado na próxima semana –, o negócio do grupo no país assume particular relevância. Além do centro tecnológico, a antiga Interbolsa, que integra agora um dos quatro mercados de liquidação e custódia de títulos, a Euronext Securities, é uma das apostas do grupo para crescer nos próximos anos.
A Euronext prevê, no seu plano estratégico para 2027, apresentado esta quinta-feira, continuar a reforçar na diversificação e na inovação, alargando a liderança da gestora de bolsas a novas atividades e classes de ativos na Europa. Boujnah garante que a empresa, hoje muito diferente do que era em 2020, quer assumir-se como um “campeão mundial” de negociação, procurando atrair para a Europa “empresas mais internacionais, especialmente empresas tecnológicas”.
“Até 2027, a Euronext será maior, mais forte e mais diversificada. A nossa liderança será alargada a novas atividades e classes de ativos na Europa. O Grupo posicionar-se-á como a porta de entrada única e mais eficiente para os mercados de capitais europeus para cotar em bolsa, negociação, compensação, liquidação e custódia“, adiantou Stéphane Boujnah, CEO do grupo que gere a bolsa de Lisboa e que detém a Euronext Securities (liquidação e custódia de títulos) e a Euronext Technologies (centro tecnológico), onde quer contratar mais 200 pessoas nos próximos três anos.
“A Euronext cobre agora toda a cadeia de valor dos mercados de capitais na Europa, com um alcance global. Estamos totalmente equipados para aproveitar os ventos favoráveis e capturar oportunidades em negócios de volume e não volume”, acrescenta Boujnah.
O CEO adiantou que a estratégia de crescimento do grupo para os próximos três anos é assente em três prioridades:
- acelerar o crescimento em negócios sem volume, posicionando a Euronext Securities como a principal escolha nos mercados europeus;
- expandir os serviços de negociação e compensação de títulos de dívida, moedas e matérias-primas;
- e desenvolver liderança em negociação, aproveitando a sua posição para criar novos serviços de negociação e construindo um mercado de ETF na Europa.
Buyback de 300 milhões de euros
Além da nova estratégia, a Euronext apresentou ainda os resultados do terceiro trimestre. Os lucros baixaram 4,2% para 159,5 milhões de euros, “refletindo uma comparação negativa de base relacionada com ganhos de capital de 41,6 milhões de euros recebidos no terceiro trimestre de 2023 pela venda da participação de 11,1% da LCH pela Euronext”, justifica a empresa em comunicado.
Já as receitas subiram 10% para 396,3 milhões de euros, impulsionadas pelas receitas não relacionadas com volume, receitas de negociação e pela expansão do segmento de liquidação.
No plano estratégico para 2027, o grupo prevê manter um crescimento anual das receitas e do EBITDA ajustado superior a 5%, uma estratégia focada no controlo de custos e no investimento para o crescimento futuro.
A companhia compromete-se ainda a manter a sua política de distribuição de dividendos e adiantou que vai avançar com um plano de recompra de ações até 300 milhões de euros, que vai arrancar no dia 11 de novembro.
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