“Não, não há turismo a mais e precisamos de continuar a crescer”, diz governante

  • Lusa
  • 20:56

O Secretário de Estado Turismo, Pedro Machado, quer o setor a combater "mitos urbanos", como "turismo em excesso" ou "associar o turismo a baixas qualificações e baixos salários”.

O secretário de Estado do Turismo disse esta segunda-feira, em Faro, que o setor tem de combater “mitos urbanos” relacionados com turismo em excesso, falta de qualificações e baixos salários, e ameaça dos imigrantes aos empregos dos portugueses. “Sendo uma indústria que representa 20% do produto interno [bruto], sendo uma indústria que é transversal e aquela que mais cresce, é do meu ponto de vista um mau serviço que se deixa prestar ao país se nós não combatermos estes mitos urbanos”, disse Pedro Machado.

O governante falava na sétima e última sessão do ciclo de conferências “Estratégia Turismo 2035: construir o turismo do futuro”, no âmbito do processo de construção da Estratégia de Turismo 2035, que sucede à Estratégia de Turismo 2027. Este referencial estratégico para o turismo em Portugal e os números recordes de dormidas nos últimos anos “têm de ser uma oportunidade para quebrarmos alguns mitos urbanos” ligados ao setor, sustentou o secretário de Estado, que abordou especificamente três temas.

O primeiro mito urbano, referiu, “é que há turismo a mais”. “De todo, é bom termos consciência disto. Faz parte de uma certa elite caviar dizer que em Portugal há turismo a mais, porque incomoda nalguns sítios. Não, não há turismo a mais e precisamos de continuar a crescer”, avaliou.

Segundo Pedro Machado, o turismo é uma “indústria poderosa”, que exporta “em qualquer um dos nossos recantos, não apenas nos destinos mais maduros, não apenas nas marcas mais consagradas”, e essa transversalidade do setor tem de ser realçada.

O segundo mito urbano, prosseguiu, “é associar o turismo a baixas qualificações e baixos salários”, ou “a pessoas que não sabem fazer mais nada”.

O secretário de Estado do Turismo lembrou que, atualmente, mais de 54% [das pessoas] que trabalham no setor do turismo têm qualificações de ensino secundário ou ensino superior e que, enquanto a economia do país cresceu nos últimos seis anos entre 2% a 2,3%, “os salários médios cresceram acima dos 5%”.

O terceiro mito urbano, indicou o governante, “é o da ameaça dos migrantes que chegam a Portugal num país que não tem capacidade objetiva de responder a este crescimento com os seus próprios”.

“Portugal não tem portugueses suficientes que possam hoje estar ao serviço da indústria do turismo, se não tivermos a mais-valia de podermos agregar pessoas de outras nacionalidades. Ponto. Não temos. É um facto, não vale a pena discutir o assunto”, frisou Pedro Machado.

Considerando que é possível discutir “se é mais Cabo Verde, se é mais Angola, se é mais Moçambique, se é mais Brasil, se é mais Nepal, se é mais Índia, se é mais Uruguai”, o secretário de Estado sustentou que é preciso “acabar com esse mito de que os estrangeiros que chegam a Portugal vêm pôr em risco os empregos dos portugueses que cá estão” e que é necessário “reforçar uma capacidade de absorção qualificada e capacitada”.

Pedro Machado manifestou-se ainda “satisfeito e orgulhoso” pelos 19 galardões atribuídos a Portugal na 31.ª edição dos World Travel Awards, os chamados “Óscares” do turismo, em cerimónia realizada no domingo, no Funchal.

Portugal está num momento francamente positivo. Esse momento positivo resulta da excelência das suas empresas, dos seus empresários e, estou certo, do reconhecimento internacional do serviço que estamos. Esperamos todos que isso possa significar crescimento e crescimento em valor”, disse aos jornalistas.

O governante espera que, com a Estratégia de Turismo 2035, o país aproveite a oportunidade para “continuar a fazer crescer” o setor, “em qualidade e de forma sustentável”.

Depois de concluídas as conferências regionais, vão realizar-se reuniões temáticas, aprofundando mais dimensões na construção da Estratégia Turismo 2035, que deverá estar pronta em janeiro de 2025, para depois ser validada pelo Governo, sujeita a discussão pública e aprovada oficialmente em fevereiro do próximo ano, segundo o calendário previsto.

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