BRANDS' ECO “Queremos posicionar a Porto Tech Hub como uma referência a nível nacional”
A Porto Tech Hub fortifica o tecido empresarial da região e cria pontes internacionais, promovendo partilha de conhecimento no ecossistema tecnológico, com foco na capacitação e retenção de talento.
Luís Silva, presidente da Porto Tech Hub, reflete sobre o impacto da nona edição da conferência que aconteceu no Porto. Com o objetivo de fortalecer o ecossistema tecnológico da região, a associação promove workshops práticos, palestras e debates sobre inteligência artificial e temas emergentes na tecnologia e parcerias com instituições académicas. Nesta entrevista, aborda o papel da conferência na partilha de conhecimento, na valorização do talento nacional e na construção de um ecossistema mais resiliente e inovador.
É a nona edição da Conferência Porto Tech Hub. O que continuam a pretender transmitir com este evento?
Temos tentado, ao longo destes nove anos, criar impacto na cidade, na região e no ecossistema do Norte. Não só trazendo oradores internacionais, mas igualmente dando visibilidade a oradores nacionais. Algo muito importante que promovemos nesta conferência é a partilha de informação, até porque a tecnologia muda muito rapidamente e é difícil estarmos sempre na crista da onda. No fundo, o que pretendemos é trazer excelentes oradores não apenas a nível intelectual e de competências, mas também capazes de partilhar informação. Partilhar, por exemplo, os erros que já cometeram porque isso faz parte da aprendizagem.
O que estão a fazer de diferente?
Nas edições passadas experimentámos diferentes formatos, obviamente muito pelo feedback que vamos recolhendo ao longo dos anos. E algo que começamos a perceber é que este ecossistema procurava algo bastante direcionado para a parte tecnológica, mais vocacionado para programadores, DevOps, testes de qualidade, pessoas que trabalham em infraestruturas e para todos os que agora se dedicam à inteligência artificial, um tema que, de resto, foi explorado por vários oradores, já que é uma tendência muito forte. O nosso intuito é também marcar o ecossistema com temas que estão a ser discutidos no momento. Queremos que os participantes venham aqui absorver novo conhecimento e informações e que depois as transportem para as suas empresas, e assim haja um acréscimo de valor. Não queremos que seja só uma conferência; e também por isso apostamos nos workshops técnicos, nos quais as pessoas podem levar os computadores e aprender na hora, tirar as dúvidas na hora.
Hoje já há uma maior consciencialização da importância de aproximar o mundo académico, de inovação e empresarial?
Acredito que sim. Os jovens quando estão a sair das faculdades já têm mais noção dessa necessidade. Temos muito talento aqui no Porto, que termina o ensino superior muito bem preparado e com essa mentalidade já imbuída. Uma das parceiras da Porto Tech Hub é precisamente o ISEP, Instituto Superior de Engenharia do Porto, com o qual temos quatro cursos de pós-graduação. Temos um objetivo duplo: por um lado, queremos ajudar o ecossistema com pessoas novas; mas, por outro lado, também queremos requalificar as pessoas que já estão inseridas nesse ecossistema. Por isso mesmo, duas das pós-graduações são para as pessoas se especializarem, sendo inclusivamente financiadas a 50% pela Fundação Santander. Outra razão pela qual a aposta nos estudantes é muito importante deriva do facto de continuar a não haver excedente de mão de obra de colaboradores na região do Porto. A ideia é integrar os universitários no mundo do trabalho, com as suas metodologias e novas abordagens, mas que esse conhecimento tenha uma real aplicabilidade e retorno financeiro para as empresas. Os onboarding são cada vez mais curtos para que as pessoas, quando saem das faculdades, entrem efetivamente a produzir e tenham essa consciência. Creio que faltava isto ao ecossistema. Hoje, os processos são muito mais rápidos e ágeis.
O conceito de inovação é bem percebido em Portugal? Ou continuamos a penalizar o erro, tão característico e necessário em processos de experimentação?
É verdade que a nossa mentalidade não é muito dada ao erro; até porque temos ou sempre tivemos falta de empreendedorismo na nossa cultura organizacional. O que tenho assistido, sobretudo nos últimos anos, é pessoas a saírem das empresas e constituírem a sua própria startup. Isto era uma coisa impensável há alguns anos; havia o receio de perder um lugar que porventura já era muito digno dentro da estrutura organizacional. Esse espírito de empreendedorismo, de compreensão do erro e da hipótese de falhar mas recomeçar aprendendo com o erro já se começa a ver também aqui em Portugal, nomeadamente no Porto. A Porto Tech Hub é importante também por isso, porque permite a partilha do conhecimento, do erro e do sucesso.
O que gostava de levar este ano da conferência?
Posicionamento. Esta direção vai já no seu segundo mandato em regime voluntariado, com a missão de fazer do Porto um sítio melhor para trabalhar mas também mais atrativo para viver. Onde seja possível captar, mas sobretudo reter o talento local e atrair talento externo. Gostava que os participantes levassem algo de acréscimo e valor para as empresas onde trabalham. Gostava que não olhassem para este evento como uma mera conferência porque aquilo que nós estamos a fazer aqui no Porto é demasiado importante para só ser visto dessa forma. Queremos não só marcar a região onde estamos, mas posicionar a Porto Tech Hub como uma referência a nível nacional. E por isso temos este evento que reuniu 1400 pessoas com oradores de renome nacionais e internacionais.
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