BRANDS' ECOSEGUROS Oportunidades além dos seguros obrigatórios
João Miguel Gomes, da NTT DATA Portugal, explica como as seguradoras podem ir além dos seguros obrigatórios, reforçando o seu papel na construção de um futuro mais seguro e sustentável.
As seguradoras têm um papel crucial na sociedade moderna, não apenas como entidades que oferecem proteção contra riscos, mas também como agentes de mudança que podem contribuir para a literacia financeira e a consciencialização da população sobre riscos emergentes. Isso implica ir além dos seguros obrigatórios, manter uma atitude vigilante e proativa em relação ao contexto, ser flexível para modelar ofertas e aproveitar as novas tendências.
Mas antes de tudo isto, há algo de muito importante que têm de se assegurar: a confiança, que é o alicerce de qualquer relação comercial, ainda mais na indústria seguradora. Como tal, os seus agentes têm de garantir que esse vínculo é preservado e reforçado, não só através de uma comunicação clara e transparente entre as partes, mas também através de uma boa gestão de expectativas, tempo de reação e multiplicação de experiências positivas. Tudo dimensões nas quais a tecnologia pode ajudar e cuja articulação pode, por si, contribuir para o alargamento das coberturas de risco e para o aumento das receitas da indústria.
Investir na Literacia em Seguros
Um dos maiores desafios que as seguradoras enfrentam é a falta de compreensão sobre os seus serviços. Investir no desenvolvimento da literacia em seguros é, por isso, essencial. Isso envolve consciencializar a população sobre os riscos emergentes, como mudanças climáticas, cibersegurança e outros fenómenos que podem impactar a sua vida. Ao sensibilizar os cidadãos para a importância de terem coberturas adequadas, as seguradoras podem ampliar o seu mercado, mas também ajudar a reduzir o chamado “Protection Gap“, ou seja, a diferença entre ativos segurados e não segurados.
Atitude vigilante para mais consciencialização
Enquanto agentes económicos e sociais, as seguradoras têm também a possibilidade de adotar um papel mais ativo na sociedade, mostrando-se vigilantes em relação ao contexto e alertando a população e os seus clientes para os riscos emergentes. Essa proatividade posiciona as seguradoras como fontes de informação relevantes e como parceiras de confiança para famílias e empresas, o que poderá funcionar como uma alavanca para a subscrição de novos seguros.
Transformação Digital e Ecossistemas
A transformação digital é uma outra oportunidade para as seguradoras alargarem a oferta das suas coberturas, nomeadamente, através do desenvolvimento de ecossistemas que integrem diversos agentes económicos. Isso pode incluir áreas como mobilidade inteligente, saúde, habitação e proteção empresarial. Por outro lado, o aproveitamento da economia de dados e da inteligência artificial, assim como outras tecnologias emergentes, permite às seguradoras criar novos produtos e serviços, como apólices personalizadas, que melhoram significativamente a experiência dos segurados. A mesma fórmula – dados e inteligência artificial -, permite às seguradoras oferecer as melhores ofertas para cada cliente e circunstância, assim como calcular e antecipar riscos, o que assegura não só serviços mais eficazes e apreciados, como também melhora o balanço das operações.
Cobertura de riscos emergentes
Numa sociedade cada vez mais polarizada, os fenómenos de vandalismo e terrorismo tornam-se mais frequentes. Por outro lado, as alterações climáticas provocam o aumento de fenómenos climáticos extremos, como os que assistimos recentemente no país vizinho. Em paralelo, torna-se cada vez mais evidente o envelhecimento da população e a necessidade mais presente e intensa de cuidados médicos, assim como a pressão sobre o sistema de segurança social e a perspetiva de reformas. Todas estas circunstâncias configuraram áreas nas quais as seguradoras podem desempenhar um importante papel social, disponibilizando serviços, alertando para os riscos e aconselhando a população sobre as melhores soluções a adotar.
Protection Gap e benefícios fiscais
Por fim, e tendo em conta o Protection Gap existente em Portugal, com várias atividades e circunstâncias não cobertas por seguros, porque não defender benefícios fiscais que incentivem a população a reduzir o risco através de seguros específicos? Essa abordagem permite aumentar a adesão a produtos de seguros, mas também contribui para uma sociedade mais segura e resiliente.
As seguradoras têm a oportunidade de ir além dos seguros obrigatórios, transformando-se em verdadeiros aliados da sociedade. Ao preservar a confiança, investir na literacia em seguros e adaptar-se às novas realidades, podem aumentar as suas receitas e, ao mesmo tempo, assumir um papel ainda mais importante na construção de um futuro mais seguro e sustentável.
João Miguel Gomes, Senior Manager NTT DATA Portugal
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