Famílias em dificuldade aumentam e muitas pedem crédito para pagar renda

  • Lusa
  • 22 Dezembro 2024

A subida do custo de vida ultrapassou o aumento dos rendimentos e a Deco observa um acréscimo de famílias em dificuldade, com cada vez mais pessoas a recorrerem ao crédito para pagar a renda.

A subida do custo de vida ultrapassou o aumento dos rendimentos e a Deco tem observado um significativo acréscimo de famílias em dificuldade, com cada vez mais pessoas a recorrerem ao crédito para pagar a renda e até a prestação. O alerta para esta realidade é dado pela coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira (GPF) da Deco, Natália Nunes, que, em declarações à Lusa, referiu que esta é uma situação que acaba a contribuir para um cenário de maior endividamento.

Temos muitas famílias a recorrer a crédito para conseguir manter não só a prestação da casa, mas também a própria renda da casa“, precisou Natália Nunes, notando que, apesar de esta solução se poder tornar um perigo para a gestão do orçamento familiar, é muitas vezes a única alternativa.

Segundo a coordenadora do GPF, são muitas as famílias que estão no mercado de arrendamento e com contratos a termo que, quando estes terminam, se veem confrontadas com a necessidade de procurar uma nova casa, com valores de renda elevados. E, muitas vezes, “a forma que têm para conseguir pagar o mês da caução, o primeiro mês de renda, é recorrer a crédito“, acentua, precisando ques perante a falta de resposta do mercado, as famílias acabam por se sujeitar a pagar valores que estão muito para lá daquilo que é o seu orçamento.

Ainda sem dados fechados sobre o ano de 2024, a coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira assinala que ao longo dos últimos quatro anos se tem registado “um aumento significativo do número de famílias em situação de dificuldade”.

É verdade que estamos com as taxas [de juro] a descer, mas a verdade é que as prestações [do empréstimo da casa] ainda estão significativamente elevadas face àquilo que tínhamos em 2021″, diz Natália Nunes, acrescentando que as dificuldades vêm do facto de ao elevado custo da fatura da casa se somar a cada vez mais cara conta do supermercado ou dos serviços essenciais — despesas que “subiram de forma bastante significativa“, lembra.

A par deste agravamento das dificuldades causado pela subida do custo de vida acima do aumento dos rendimentos, Natália Nunes nota ainda outra diferença face à situação vivida nas crises de 2008 e 2012.

Agora, refere, “estamos a falar de outra realidade” porque olhando para as famílias que recorreram ao apoio da Deco ao longo deste ano, em 2024, verifica-se “que mais de 75%” está a trabalhar, tem rendimentos do seu trabalho. “Portanto, não é a questão do desemprego, não é a questão da diminuição dos rendimentos por esta via que está a levar as famílias a estar em dificuldades. É precisamente pelo lado da despesa, ou seja, as despesas estão a aumentar muito para além daquilo que é o aumento dos rendimentos“, sublinha.

Hoje, eu diria que para as famílias que têm rendimentos mais baixos é uma aventura conseguirem sobreviver e fazer face a tudo aquilo que é as despesas essenciais para a sobrevivência da própria família“, acentua a coordenadora do GPF. A única vantagem face às anteriores crises, remata, é que houve alguma aprendizagem por parte das famílias para se prepararem, dos bancos e do próprio regulador que acabou por ganhar outras ferramentas.

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