Sindicatos e Metro de Lisboa assinam novo Acordo de Empresa

  • Lusa
  • 8 Março 2024

Embora “não tenha sido o acordo que todos ambicionavam, foi o acordo possível e que garante o Acordo de Empresa (AE) dos trabalhadores até 2030”, defende sindicalista.

Os sindicatos representativos dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa e a administração da empresa chegaram esta sexta-feira a acordo no processo de negociação coletiva de trabalho de 2024, com a assinatura do Acordo de Empresa.

Em declarações à agência Lusa, Sara Giglo, sindicalista da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) explicou que, embora “não tenha sido o acordo que todos ambicionavam, foi o acordo possível e que garante o Acordo de Empresa (AE) dos trabalhadores até 2030”.

Segundo Sara Giglo, as organizações sindicais tinham “mais objetivos e propostas” que iam além do que foi hoje aprovado, mas “tendo à porta um ato eleitoral no próximo domingo, entenderam fechar o processo negocial”. Esta sexta, as organizações tiveram uma derradeira reunião, depois das rondas iniciadas na segunda-feira com a empresa e cujas propostas não foram aceites pelos representantes dos trabalhadores.

De acordo com Sara Giglo, a empresa aceitou a contraproposta apresentada pelos sindicatos no que diz respeito “a mais dois anos de vigência do Acordo de Empresa, ficando válido até 2030”. Além disso, segundo a sindicalista, a empresa aceitou antecipar a atribuição de um ponto que faz progredir a carreira aos trabalhadores, por força da avaliação, já em março.

Sara Giglo disse ainda que o Metropolitano de Lisboa aceitou antecipar aos trabalhadores a quem “falte apenas um ponto para subir de nível”, a concretização, já no final do mês de março, dessa subida. De acordo com a sindicalista, tal progressão traduz-se numa subida “entre a 50 a 100 euros de salário não para todos, mas para alguns trabalhadores”.

A empresa também “não fechou a porta à possibilidade de retoma da negociação a partir da constituição do novo Governo”, mas considerou que é “ainda tudo uma incerteza”, acrescentou. “Foi o acordo possível e que garante o AE dos trabalhadores até 2030”, disse, salientando que, além do Conselho de Administração, os sindicatos não têm agora outro interlocutor, tendo em conta que “não há governo”.

Depois do ato eleitoral, a sindicalista afirmou que se verá o que pode ser feito, lembrando também que o regulamento de carreiras está “em suspenso desde janeiro por força da demissão do governo. A responsável adiantou ainda que a contratação de novos trabalhadores “já esta a decorrer”, lembrando que a empresa já começou a “selecionar alguns candidatos”.

Em comunicado, o Metro de Lisboa considerou que o acordo “reflete o compromisso do Metropolitano de Lisboa com a estabilidade, qualidade do serviço de transporte, expansão e modernização da rede, bem como com a melhoria das condições de trabalho e bem-estar dos seus colaboradores”.

A assinatura deste acordo “reafirma o comprometimento contínuo do Metropolitano de Lisboa e das organizações representativas dos trabalhadores em melhorar as condições de trabalho e fomentar um ambiente laboral justo e eficaz”, prossegue a nota. A empresa considerou ainda que os colaboradores do Metro de Lisboa “desempenham um papel fundamental na promoção da mobilidade sustentável na cidade, sendo essenciais para o sucesso da empresa como principal meio de transporte da cidade”.

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Ventura responde a Marcelo e pede explicações: “Não é o Presidente que escolhe o Governo”

André Ventura afirmou que a notícia avançada pelo Expresso é "muito negativa" e acusa Marcelo de "se meter" na campanha eleitoral a dois dias das eleições.

O líder do Chega pediu explicações ao Presidente da República depois de o Expresso ter avançado que Marcelo Rebelo Sousa não permitirá uma substituição de Luís Montenegro para um eventual Governo com o Chega.

Numa arruada em Lisboa, no último dia de campanha eleitoral, André Ventura afirmou que a notícia é “muito negativa” e que o próprio timing levanta sérias questões “democráticas”.

Das duas uma: ou é mau jornalismo ou o Presidente da Republica meteu-se na campanha“, apontou o líder do Chega. “A dois dias de escolher um Governo, dizer que não quer o Chega no Governo é um ato pouco democrático. Em Portugal, não é o Presidente que escolhe quem vai para o Governo”, alertou André Ventura.

Por fim, deixou um pedido: “espero que Marcelo, amanhã, possa explicar o que disse, se é que disse, e porque não quer um Governo com o Chega, que é tão legítimo como todos os outros”.

Ao Expresso, o Presidente da República revela que rejeitará um primeiro-ministro de substituição do líder do PSD, à semelhança do que fez quando Mário Centeno foi proposto por António Costa para o substituir quando apresentou a demissão, em novembro passado.

Perante o cenário em que a Aliança Democrática perde as legislativas no domingo, mas a direita tem maioria no Parlamento, o jornal Expresso escreve que Marcelo Rebelo de Sousa não irá aceitar um primeiro-ministro que substitua Luís Montenegro. Isto porque Montenegro já garantiu que, se perder, não governa e também não derruba o Governo do partido que ganhou para apresentar uma alternativa de Direita (com IL ou Chega).

No próximo sábado, 9 de março, pelas 20h, Marcelo Rebelo de Sousa irá fazer uma comunicação ao país. À semelhança dos anos anteriores, a mensagem servirá para apelar ao voto.

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Mais de 250 pessoas desembarcaram em Lampedusa nas últimas horas

  • Lusa
  • 8 Março 2024

Durante a noite, quatro barcaças chegaram à costa de Lampedusa com 133 migrantes que partiram das cidades líbias de Sabratha e Zuara e da cidade tunisina de Sfax.

Mais de 250 migrantes chegaram nas últimas horas à pequena ilha italiana de Lampedusa, na rota do Mediterrâneo Central, a bordo de várias barcaças, num dos quais foi encontrado um cadáver pelas autoridades portuárias. Durante a noite, quatro barcaças chegaram à costa de Lampedusa com 133 migrantes que partiram das cidades líbias de Sabratha e Zuara e da cidade tunisina de Sfax, no norte de África, segundo os meios de comunicação locais.

Nas barcaças, intercetadas pela polícia de fronteira de Itália, estavam tunisinos, egípcios, paquistaneses, sírios, bengalis, quase todos homens, embora numa das embarcações estivessem oito mulheres e cinco menores, segundo as mesmas fontes, citadas pelas agências internacionais. Todos foram levados para o único centro de acolhimento de Lampedusa e depois transferidos para Porto Empedocle, na Sicília.

Durante a madrugada desta sexta, chegaram ainda outros dois barcos de madeira às falésias de Lampedusa com 46 e 78 imigrantes, respetivamente, todos provenientes de Zuara. A bordo de uma das embarcações foi encontrado o corpo de um homem. Já na quinta-feira, a guarda costeira italiana tinha enviado para Lampedusa o navio de resgate humanitário ‘Sea Watch’, porque albergava quatro migrantes a precisar de cuidados médicos.

O navio já tinha resgatado 70 pessoas no mar e uma delas, um rapaz de 17 anos, morreu a bordo. Embora o número de migrantes desembarcados nas costas italianas seja muito menor este ano do que no mesmo período do ano passado – 4.979 até agora, ou seja, três vezes menos do que os 15.107 registados até março de 2023, segundo dados do Ministério do Interior – a ilha de Lampedusa continua a ser um dos principais pontos de chegada de migrantes vindos de África e que procuram entrar na Europa.

Por isso, a ilha foi visitada por uma delegação da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) que quis verificar no terreno os desafios enfrentados pelas autoridades italianas relativamente à migração irregular. A delegação foi composta pela presidente da Assembleia Parlamentar (AP) da OSCE, Pia Kauma (Finlândia) e membros do comité ‘ad hoc’ da AP da OSCE para a Migração, presidido pela vice-presidente da OSCE, Daniela De Ridder (Alemanha), e pelo representante especial para o Combate ao Crime Organizado, Eugenio Zoffili (Itália).

Num comunicado, os responsáveis reiteraram que a Itália “merece apoio contínuo à gestão dos fluxos migratórios” e que “a comunidade internacional deve fazer mais para abordar conjuntamente a migração irregular” e os fatores que a promovem e a potenciam. Pela sua proximidade com o norte de África, Lampedusa constitui a linha da frente da rota do Mediterrâneo Central, a mais ativa e mais mortífera para os migrantes que entram irregularmente na União Europeia (UE), segundo reconheceu a delegação da OSCE.

“A migração é um fenómeno global que requer uma abordagem coordenada”, afirmou o Pia Kauma, citada no comunicado. “Os esforços da Itália e da UE para resolver as chegadas irregulares parecem estar a dar frutos, com os números até agora a descerem 70% em 2024 em comparação com o ano passado”, mas “temos de continuar a trabalhar em conjunto para garantir que estamos mais bem preparados para enfrentar os desafios futuros”, defendeu.

Já a presidente do comité ad hoc, sublinhou a necessidade de haver “uma cooperação mais estreita com outros países da linha da frente” de todo o Mediterrâneo. “Lampedusa é um lugar onde a tragédia e a esperança se misturam com muito potencial. Muitas vezes não conseguimos compreender a vontade de correr riscos dos refugiados que querem chegar à Europa por mar, mas temos de trabalhar mais intensamente nas causas da fuga, especialmente nos conflitos, na pobreza e nas alterações climáticas”, concluiu Daniela De Ridder.

 

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Marcelo lembra que o “Tribunal Constitucional nunca foi presidido por uma mulher”

  • Lusa
  • 8 Março 2024

O Presidente da República recorda que, apesar da Lei da Paridade, continua a haver mais homens com maior probabilidade de assumirem cargos efetivos, em mensagem enviada à Ordem dos Advogados.

O Presidente da República apelou esta sexta-feira, Dia Internacional da Mulher, para que se reflita sobre o que falta fazer para alcançar a verdadeira paridade de género no país, em mensagem enviada à Ordem dos Advogados.

Por ocasião de uma sessão comemorativa da efeméride, promovida pela Ordem dos Advogados, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou um relatório de junho de 2023 do Fórum Económico Mundial que mostra que “Portugal ocupa o 32.º lugar do ranking global entre 146 países analisados em quatro dimensões-chave: empoderamento político, participação económica e oportunidade, nível de educação, saúde e sobrevivência”.

Realçando que é na dimensão do empoderamento político que Portugal tem a pontuação mais baixa, remetendo o país para um 38.º lugar a nível global, o Presidente da República apontou que, apesar da Lei da Paridade, continua a haver mais homens com maior probabilidade de assumirem cargos efetivos.

Sabemos que o Tribunal Constitucional nunca foi presidido por uma mulher, que só teve uma vice-presidente e apenas 15 juízas mulheres em 66 juízes”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que também nunca houve uma mulher Presidente da República. O Chefe de Estado sublinhou ainda a desigualdade salarial entre homens e mulheres, que aumenta em cargos de maior responsabilidade. “Não podemos, por isso, descansar. Porque sem verdadeira paridade de género não há democracia”, concluiu.

Instituído em 1975 pelas Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Internacional da Mulher é celebrado, anualmente, no dia 08 de março, para assinalar os direitos conquistados pelas mulheres, como o direito ao voto, e defender causas como a igualdade salarial, a proteção em situações de violência, ou a maior representação em cargos de liderança.

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Bitcoin fixa novo recorde acima dos 70.000 dólares

  • Lusa
  • 8 Março 2024

Criptomoeda mais popular do mundo trocou de mãos por mais de 70 mil dólares esta sexta-feira, dias depois de ter superado o último recorde registado em novembro de 2021.

A bitcoin atingiu esta sexta-feira um novo máximo histórico, ultrapassando os 70.000 dólares pela primeira vez, impulsionada pelo apetite pelo risco dos investidores com as especulações em torno da descida das taxas de juro nos EUA.

Às 15h50 (hora de Lisboa), a criptomoeda mais negociada subia 1,4% para 68.319 dólares, pouco depois de ter atingido 70.085,85 dólares, um novo máximo desde a sua criação.

Com este valor a bitcoin superava o recorde anterior, fixado esta semana, registando desde o início do ano uma subida de cerca de 60%.

O “movimento descendente do dólar” após a publicação do relatório sobre o mercado laboral norte-americano em fevereiro impulsionou o preço da bitcoin, que beneficia da especulação crescente sobre um corte iminente das taxas da Reserva Federal (Fed), explicou James Harte, analista da TickMill, citado pela AFP.

O resultado é “um aumento acentuado no apetite pelo risco e uma movimentação em direção a ativos de alto rendimento, como as criptomoedas”, acrescentou Harte.

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“Jornada para igualdade de género tem de ser feita também com os homens ao lado”

Num setor em que as mulheres ainda não são muitas, o tecnológico, Teresa Relvas chegou a uma posição na administração. Diz, porém, que na jornada rumo à igualdade de género ainda há muito a fazer.

Qualquer dia, está a passar a ferro. Foi esta a resposta que o marido de Teresa ouviu do empregador, quando lhe pediu para tirar, todas as semanas, as duas horas previstas como licença de aleitamento. “A discriminação de género acontece em diversos contextos“, conta ao ECO Teresa Relvas. A hoje director of human resources da Volkswagen Digital Solutions defende, por isso, que, por um lado, ainda há muito por fazer para a igualdade entre eles e elas no trabalho e, por outro, os homens também devem ser incluídos nessa jornada.

Nem tudo está sanado. As mulheres têm feito um percurso importante naquilo que é tornar relevante a sua posição em lugares de gestão, mas honestamente acho que esta jornada também tem de ser feita tendo ao nosso lado homens. Esta não é uma jornada isolada. É uma jornada que se quer conjunta“, sublinha a responsável.

Nesse caminho rumo a um mercado de trabalho que trate de forma mais igual eles e elas, Teresa Relvas admite que as polémicas quotas para mulheres podem ter um papel relevante — “consigo entender as quotas”, diz –, mas deixa claro que as empresas não podem ficar por aí — “não nos podemos refugiar nas quotas”, alerta –, até porque o ideal será um dia deixar de existir a necessidade de as ter, observa.

Aliás, sobre as quotas, Teresa Relvas confessa que há o perigo de desprestigiarem o percurso profissional das mulheres, isto é, há o risco de servirem de “pretexto para descredibilizar” a progressão das mulheres, que chegam a lugares de maior destaque. “Ao tentarmos encontrar espaço, podemos perder posicionamento“, salienta.

Já questionada sobre as políticas que devem, então, ser adotadas pelas empresas para efetivamente garantirem a igualdade de género, a director of human resources atira: “a inclusão não é um ato isolado“.

No caso da Volkswagen Digital Solutions, garante que, no dia-a-dia, “homens e mulheres são chamados a opinar e intervir” e adianta que estão acima do mercado na contratação de mulheres. Cerca de 18% das mulheres no setor tecnológico são mulheres, enquanto na Volkswagen Digital Solutions essa fatia ronda os 27%, adianta Teresa Relvas.

Por exemplo, neste momento, esta empresa tem um processo de recrutamento aberto para as lideranças e está a “tentar trazer mulheres”, avança Teresa Relvas, que acredita que daí resulta “uma proposta de valor mais interessante para as pessoas e para o negócio“.

“Essa cultura é não só um fator de atração de talento, como de retenção“, nota ainda a responsável, num momento em que escasseiam profissionais e a “guerra” pelas mãos tem subido de tom.

A propósito do recrutamento, Teresa Relvas revela ao ECO que a Volkswagen Digital Solutions tem “planos ambiciosos quer no curto, quer no longo prazo“. “O investimento do grupo em Lisboa é inquestionável”, salienta. Hoje esta empresa conta com quase 600 trabalhadores, mas deverá ultrapassar a marca dos 700 ainda este ano, aponta a responsável.

A Volkswagen Digital Solutions é um hub tecnológico sediado em Portugal (hoje os escritórios são apenas em Lisboa) que desenvolve inovações para o Grupo Volkswagen.

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Ferreira Leite diz que pandemia foi uma “benção” para o PS. Marta Temido classifica declarações de “cruéis”

A antiga presidente do PSD defende que o o PS "duas bênçãos que lhe caíram do céu": a pandemia de covid-19 e a inflação. Marta Temido considerou declarações "cruéis" e "perturbadoras".

A antiga presidente do PSD Manuela Ferreira Leite acusou esta sexta-feira o PS de ter destruído o Estado social com a sua governação, de desbaratar os fundos do PRR e colocou dúvidas sobre as contas públicas no futuro. Segundo a economista, o PS, que governou nos últimos oito anos, “ainda teve dois benefícios” ou “duas bênçãos que lhe caíram do céu”, a pandemia de covid-19 e a inflação.

A covid para este Governo foi uma benesse, foi uma desculpa para nada fazer, foi a possibilidade de poder ajudar quem efetivamente nessas alturas teve necessidade de apoios – e que qualquer Governo com certeza que o faria, um Governo do PSD também o faria”, sustentou.

A covid-19 deu ao PS no Governo “a oportunidade de receber da União Europeia um montante de recursos de tal forma volumoso”, os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “e que ele tem desbaratado, não para investimentos para futura alteração do país, mas para muitas vezes pagar aquelas benesses que anda a distribuir para manter as pessoas ligadas ao Governo”, acusou.

Marta Temido, ex-ministra da Saúde no Governo de António Costa considerou as declarações de Manuela Ferreira Leite “infelizes”, “cruéis” e “perturbadoras”.

À margem do último comício do PS desta campanha eleitora, Marta Temido afirmou que a posição assumida pela ex-líder do PSD foi de “desrespeito para com os profissionais de saúde, o Serviço Nacional de Saúde, e, inclusive, para com as pessoas que perderam familiares” por causa da pandemia.

“Sentimos que foi um momento infeliz e reflete uma falta de noção da realidade. Qualquer Governo preferia não ter sido confrontado com a pandemia”, apontou Marta Temido.

De acordo com Manuela Ferreira Leite, “a inflação foi outra benesse que lhes caiu em cima”, porque “não só é uma desculpa para várias coisas que nada têm a ver com a inflação, como abriram os seus cofres e foi só entrar dinheiro”.

“Têm os orçamentos equilibrados, o que é verdade. Mas é verdade com meios que não são repetíveis. Portanto, a consolidação e o futuro desses alcances tão proclamados em termos financeiros, tenho algumas dúvidas”, declarou Manuela Ferreira Leite, que discursava num almoço de campanha da Aliança Democrática (AD), na Estufa Fria, em Lisboa, comemorativo do Dia Internacional da Mulher.

Nesta iniciativa da coligação PSD/CDS-PP/PPM, a antiga ministra das Finanças e da Educação descreveu a atual situação do país como de “um empobrecimento grave e profundo” resultante de “políticas erradas e medidas ainda mais erradas” tomadas pelo PS, que resumiu desta forma: “Tiram-nos o dinheiro do bolso através dos impostos e depois dão-nos através de esmolas”. Do ponto de vista das mulheres, Manuela Ferreira Leite destacou a saúde e a educação, a incerteza quanto ao lugar “onde vão nascer os seus filhos”, quanto ao “dia em que eles têm escola” e “a que aulas é que eles não têm professores”.

“É quase que insólito que tenha sido pelas mãos do PS que acabaram com o Estado social – coisa que o PSD sempre teve no seu programa”, acrescentou.

Notícia atualizada às 19h13 com as declarações de Marta Temido

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Saiba como encontrar a sua secção de voto no domingo

Se não sabe ao certo onde pode depositar o seu voto nas eleições de domingo, existem três formas de obter essa informação. O ECO mostra-lhe quais, mas dê preferência à internet e ao SMS.

No próximo domingo, os portugueses são chamados às urnas para eleger 230 deputados para a Assembleia da República. Esta eleição, permitirá nomear um novo Governo depois de o mandato do último Executivo ter sido interrompido na sequência da demissão de António Costa, em novembro, no âmbito da Operação Influencer.

Os locais da votação abrem às 8h00 e encerram às 19h00 e é importante que saiba previamente, e com exatidão, o local onde pode votar. A inscrição no recenseamento é automática para todos os cidadãos portugueses residentes maiores de 17 anos.

O ECO explica-lhe três formas de obter essa informação.

1. SMS grátis

O método mais eficaz é recorrendo ao seu telemóvel. Para o número “3838”, envie uma mensagem SMS com “RE XXXXXXXX AAAAMMDD”, em que XXXXXXXX é o número do seu cartão de cidadão e AAAAMMDD é a sua data de nascimento.

Esta alínea deve ser preenchida no seguinte formato: imaginando que nasceu a 5 de abril de 1960, deve introduzir “19600405”, ou seja, AAAAMMDD, em que AAAA = Ano, MM = mês e DD = dia.

Portanto, o SMS assumiria a seguinte forma: “RE 12345678 19600405“.

Enviada a mensagem, com os dados corretos, receberá em poucos instantes a informação do local onde pode votar e respetiva secção de voto.

2. Internet

Para lá do SMS, pode recorrer à internet para se informar sobre o seu local de voto.

Acedendo ao site do recenseamento eleitoral do Ministério da Administração Interna, deverá preencher o primeiro campo com o seu número do cartão de cidadão. Já o segundo campo deverá ser preenchido com a sua data de nascimento, à semelhança do modelo da mensagem de texto.

Deve ainda introduzir o código de confirmação que surge na imagem. Ao clicar em pesquisar, será informado do local de voto, com a respetiva morada e o número de secção.

3. Junta de Freguesia ou Câmara Municipal

Pode ainda saber o local de voto e secção da forma mais tradicional: consultando o edital afixado na sua Junta de Freguesia ou Câmara Municipal.

Segundo a Comissão Nacional de Eleições, “os editais indicam também o número de eleitores inscritos”.

Além disso, “pode, também, conhecer o local de voto através da sua Junta de Freguesia, aberta para esse efeito no dia da eleição, para além de outras formas de acesso à referida informação disponibilizadas pela administração eleitoral”, explica a Comissão Nacional de Eleições.

Acima de tudo, não se esqueça de que o tradicional número de eleitor foi abolido há já vários anos, pelo que, antes de votar, basta indicar ao presidente da mesa o seu nome, apresentando o seu cartão de cidadão.

Que documentos tenho de levar?

Antes de se dirigir à sua mesa de voto, deve levar consigo o Bilhete de Identidade ou Cartão de Cidadão.

Caso não tenha consigo o documento de identificação pode recorrer a um documento com uma fotografia atualizada, como passaporte ou carta de condução.

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Tribunal de Contas autoriza Governo da Madeira em gestão a abrir concursos na área da saúde

  • Lusa
  • 8 Março 2024

Miguel Albuquerque anunciou "a boa notícia" do parecer "positivo" do TdC para o governo em gestão lançar, no âmbito do PRR, concursos para alojamento de idosos e cuidados continuados.

O Tribunal de Contas autorizou o Governo da Madeira (PSD/CDS-PP), em gestão, a lançar concursos públicos no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) para investimentos na área dos cuidados continuados, revelou esta sexta-feira o presidente demissionário, Miguel Albuquerque.

Foi feito um pedido ao Tribunal de Contas no sentido de saber se o Governo, mesmo em gestão, poderia ou não lançar os concursos e aproveitar, porque os prazos são muito curtos, aquelas verbas que estão destinadas ao fim de alojamento de idosos e de cuidados continuados, e a boa notícia é que o parecer foi positivo”, anunciou.

Miguel Albuquerque falava na cerimónia comemorativa do 100.º aniversário da Casa de Saúde de Deus, no Funchal, uma instituição de referência na região autónoma na área da psiquiatria, saúde mental, tratamento de toxicodependências e reabilitação psicossocial, gerida pela Ordem Hospitaleira.

“Um dos problemas que surgiu, quando foi determinado que o Governo Regional estava em gestão, era a situação dos fundos do PRR, que tem montantes muito elevados para o alojamento de idosos [cerca 1.000 camas] e nos cuidados continuados, onde temos um investimento previsto, nesta primeira fase, de 42 milhões de euros”, explicou, salientando que o parecer do Tribunal de Contas permite avançar com o processo.

O executivo madeirense, de coligação PSD/CDS-PP, com apoio parlamentar do PAN, caiu na sequência do processo que investiga suspeitas de corrupção na região autónoma, no qual o presidente, o social-democrata Miguel Albuquerque, foi constituído arguido e apresentou a demissão.

Miguel Albuquerque disse ainda que, à exceção do concurso para a criação de seis equipas de apoio domiciliário, que vão dar assistência a 200 utentes, os outros concursos na área dos cuidados continuados, incluindo saúde mental, já foram lançados. “O Governo, no uso das suas competências de gestão, tem a possibilidade e a capacidade para lançar os concursos. Penso que vai ser uma oportunidade única de termos na Madeira, mais uma vez, um exemplo daquilo que as sociedades civilizadas devem fazer, que é apoiar os idosos e apoiar os doentes de uma forma eficaz e responsável”, afirmou.

De acordo com o executivo madeirense, foram lançados três avisos no valor de 37,6 milhões de euros (ME), 5,1 (ME) e 1,1 (ME). O primeiro destina-se a investimentos associados à criação de raiz, ampliação ou remodelação de infraestruturas de novas unidades de internamento, nas diferentes tipologias de Cuidados Continuados Integrados de âmbito geral (convalescença, média duração e reabilitação, longa duração e manutenção).

O segundo visa a criação de novas unidades residenciais, designadamente na tipologia de Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental, enquanto o terceiro é relativo à criação de 12 novos lugares de internamento ao nível da rede de cuidados integrados pediátricos.

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Imigrantes “invisíveis” aos olhos dos partidos podem ser chave para eleger deputados

Em 2022, o número de estrangeiros naturalizados foi igual ao número de votos que permitiu ao Chega e ao PS eleger um deputado. Partidos falham no apelo ao voto deste eleitorado que vai pouco às urnas.

O tema da imigração foi trazido para o centro de campanha eleitoral quando Pedro Passos Coelho alegou a existência de uma “sensação de insegurança” no país, resultado de uma política “de portas abertas” promovida pelo PS. A questão foi rapidamente desmistificada em debate público, e o tema da imigração ficou por aqui. Certo, é que apesar do crescente peso nas finanças públicas — foram responsáveis por 1.600 milhões de euros de contribuições para a Segurança Social e só beneficiaram de cerca de 257 mil euros em prestações sociais — a voz dos imigrantes não se ouve em altura de eleições. Existe um conjunto de fatores sociais que justificam este fenómeno, mas aos olhos dos politólogos e sociólogos ouvidos pelo ECO, os partidos pouco têm feito apelar ao voto desta população que, na teoria, teria capacidade para eleger, pelo menos, um deputado para a Assembleia da República.

A imigração quando entra na campanha política, surge apenas como um tema que divide águas“, aponta João Teixeira Lopes, sociólogo da Universidade do Porto ao ECO, destacando que esta classe social “invisível“, tem, por norma, “um peso eleitoral praticamente irrisório“. E parte disso, aponta o especialista, prende-se com o facto de os partidos “pouco, ou nada, terem feito para mobilizar este eleitorado”.

Hoje, cerca de 7% da população residente em Portugal é composta por cidadãos estrangeiros. Os dados da Pordata, de 2022, indicam que naquele ano viviam em Portugal 781.247 estrangeiros com estatuto legal de residente, tendo, nesse ano, sido atribuída a nacionalidade portuguesa a mais 20.844 pessoas (menos do que em 2021) estatuto que automaticamente lhes garante o direito ao voto nas eleições legislativas (nas autárquicas, os estrangeiros residentes em Portugal podem recensear-se apenas com título de residência). Mas nem todos votam.

População residente estrangeira que adquiriu nacionalidade portuguesa: total e por principais nacionalidades anterioresPordata, 2022

“À semelhança da população portuguesa, uma parte substancial dos estrangeiros naturalizados não vota, e até se deverá abster um pouco mais do que a população portuguesa”, estima José Malheiros, geógrafo e investigador do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa (CEG) ao ECO. Caso votasse, calcula o investigador, “até poderia ser suficiente para eleger um deputado, em determinados círculos eleitorais“, mas acabaria, ainda assim, por “não ser decisivo no quadro geral da eleição”, embora pudesse fazer a diferença nos partidos mais pequenos.

Ora, olhando para os resultados das eleições legislativas de 2022, 20.844 “novos” portugueses é um valor próximo do número de votos que o Chega recebeu em Aveiro (20.570) ou em Leiria (18.918), ambos suficientes para eleger um mandato, em cada distrito. O mesmo valor é superior à quantidade de votos que o PS recolheu no círculo eleitoral fora da Europa (19.084) para eleger um deputado.

Os dados assumem outras proporções se olharmos para as nacionalidades atribuídas entre 2008 e 2022. De acordo com a Pordata, nesse período, naturalizaram-se 342.458 estrangeiros. Esse valor é superior à totalidade de votos que a Iniciativa Liberal recolheu nas últimas eleições em todo o país (273.687, oito deputados), à semelhança do Bloco de Esquerda (244.603 votos, cinco deputados) e do PCP (238.920 votos, seis deputados).

O número de estrangeiros naturalizados nesses 14 anos, é também superior à quantidade de votos recolhidos pelo PS no círculo eleitoral de Braga (207.837 votos, 9 deputados), e pelo PSD no distrito de Lisboa (285.6646 votos, 13 deputados) e do Porto (318.390 votos, 14 deputados).

Os partidos não têm densidade de representar estas populações porque elas têm um peso eleitoral real muitíssimo fraco. Por outro lado, estas mesmas populações têm níveis de participação política relativamente débeis e com isso, não exercem suficientemente pressão. Há um efeito mútuo.

João Teixeira Lopes, sociólogo da Universidade do Porto

Esta comparação é, no entanto, relevante apenas do ponto de vista dos números uma vez que cada círculo eleitoral tem um peso diferente no resultado final, e nem todos estes estrangeiros nacionais residem no mesmo distrito. Nem é garantido que esses 342.458 “novos” portugueses ainda residam no país. Mesmo assim, é suficiente para pôr o tema numa perspetiva diferente.

Embora não existam dados oficiais sobre quantos imigrantes naturalizados votam, a perceção dos especialistas ouvidos pelo ECO é de que a adesão deste eleitorado deverá ser, tendencialmente, baixa, sobretudo em eleições legislativas. “Tenho fortes convicções”, reforça João Teixeira Lopes.

Se votassem, eu creio que o impacto seria algum, ainda que não ultrapassasse os 4% [do total de votos]“, calcula José Malheiros. “Creio que não há nenhuma preocupação dos partidos [com este eleitorado] porque partem do princípio que esta população não vota. Não votando, não são uma preocupação no discurso eleitoral, senão de uma forma negativa“, explica o geógrafo.

E nem os discursos anti-imigração poderão afastar este eleitorado das urnas, dado que a sua mobilização deverá ser, já ela própria, ligeira. “Creio que também não há nenhuma preocupação com o efeito ricochete nos discursos anti-imigrantes”, conclui Malheiros.

“Conflito de identidade” e falta de representatividade afastam eleitorado

O fraco envolvimento destas comunidades nas eleições legislativas não é de agora. De acordo com João Miguel Carvalho, investigador da Escola de Sociologia e Políticas Públicas (ESPP) do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia CIES do ISCTE, “não existe a tradição de envolver estas populações estrangeiras” no processo eleitoral, mesmo quando as decisões aprovadas no Parlamento também as afetam.

A causa deste distanciamento poderá estar, aos olhos João Teixeira Lopes, assente num conflito de identidades. “É característico destes imigrantes estarem de alguma forma divididos entre identidades. Sentem-se em trânsito, de passagem e às vezes sentem-se desintegrados. Sobretudo, aqueles que já residem no país há varias décadas”, como a comunidade proveniente de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) ou de países da Europa de Leste.

No caso da comunidade brasileira, o distanciamento é semelhante mas menos justificado, dado terem ao dispor condições diferentes para votar. Estes imigrantes, que eram, em 2022, cerca de 240 mil, segundo os dados da Pordata, conseguem assegurar o seu direito ao voto nas eleições legislativas sem precisar de nacionalidade portuguesa, através do estatuto de igualdade de direitos. Porém, à TSF, o Ministério da Administração Interna (MAI), revela que, este ano, o número de eleitores brasileiros elegíveis através deste processo nem chega aos 500.

Além dos possíveis conflitos internos, a falta de representatividade na Assembleia da República, e mesmo dentro dos próprios partidos, poderá desempenhar um papel relevante na mobilização deste eleitorado, de acordo com os especialistas. “Está na altura de termos de ter uma representação maior dos outros grupos raciais que existem na sociedade portuguesa“, aponta José Malheiros.

Mas além dos motivos abstratos e sentimentos subjetivos, os especialistas ouvidos pelo ECO consideram que a chave para a mobilização deste eleitorado prende-se com a promoção de melhores políticas públicas direcionadas especificamente para as necessidades desta classe social, nomeadamente “o direito ao reagrupamento familiar”, sugere José Malheiros, ou políticas com vista a promover um maior sentimento de dever de cidadania através do associativismo.

João Miguel Carvalho recorda um estudo comparativo do voto de emigrantes portugueses nos Estados Unidos e no Canadá, no qual se comparou as políticas de integração de ambos os países e concluiu-se que a política de promoção da cidadania no Canadá tende a ter “um impacto muito claro na mobilização do eleitorado e na participação eleitoral”. “Os portugueses nos EUA participam muito menos nas eleições do que no Canadá”, argumenta o investigador da ESPP

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Regularização, integração e formação. O que defendem os partidos em matéria de imigração?

Combate à imigração ilegal e redes de tráfico humano são preocupações transversais a todos os partidos, mas no âmago das propostas existem três pilares em comum: regularização, integração e formação.

Regularização, integração e formação. Estas são as três principais bases das propostas dos partidos no que toca à imigração, sendo o Chega o único grupo parlamentar que defende a reversão de algumas medidas já em curso, e o Livre e o Bloco de Esquerda os únicos dois que defendem a atribuição de mais direitos de voto a esta população.

Sobre o impacto desta classe social no desenvolvimento do país, apenas o PCP, PS e o Bloco de Esquerda parecem fazer as contas, citando os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e o Observatório para as Migrações. Enquanto os socialistas recordam que em 2022, as contribuições líquidas para a segurança social dos imigrantes representaram mais de 1.600 milhões de euros, os bloquistas vão mais longe, acrescentando que os imigrantes beneficiaram, em troca, de apenas 257 milhões de euros em apoios.

“Na prática [os imigrantes] estão a contribuir para a sustentabilidade do sistema e a garantir que os pensionistas continuam a receber as suas reformas e que as pessoas que necessitam de apoios sociais podem continuar a tê-los”, aponta o partido de Mariana Mortágua.

Além destes partidos mais à esquerda salientarem o “importante papel” que os imigrantes têm “para o crescimento e sustentabilidade da economia portuguesa”, tal como apontam os comunistas, os impactos também se verificam a nível da demografia. Neste aspeto, apenas o Bloco e Esquerda faz questão de o mencionar, salientando que “há vários anos que o número de óbitos supera o número de nascimentos” e que o fluxo migratório tem conseguido compensar esse fenómeno.

Embora o reconhecimento do impacto desta classe social no país não seja feita por todos os partidos, certo é que o combate à imigração ilegal é um objetivo transversal a todos, com os programas eleitorais a apontarem problemas à legislação, políticas públicas, serviços, e alertando para as redes de tráfico humano.

Para combater estes “desafios significativos”, tanto a Aliança Democrática como o Chega defendem a criação de quotas, ou “objetivos quantitativos”, no sentido de priorizar qualificações e evitar a “exploração por redes ilegais e criminosas”. O partido de Luís Montenegro propõe que isso seja concretizado através de programas de atração e retenção de talento “para responder às necessidades demográficas e de mão de obra em Portugal” e ainda de “jovens estudantes para as Universidades e Institutos Politécnicos portugueses” sempre com vista a retê-los e integrá-los no mercado de trabalho nacional, após a conclusão dos estudos.

A nível de formação para colmatar a “carência de mão-de-obra qualificada”, também o PS, Bloco e PAN defendem uma maior aposta em programas de qualificação desta classe social, passando pela aprendizagem da língua portuguesa, conhecimento da cultura portuguesa e garantindo acesso a melhores oportunidades de emprego. Neste último aspeto, o PAN vai mais longe e defende a promoção de cursos financiados para imigrantes sem autorização de residência regularizada. Tudo isto, defendem os partidos, facilitará o processo de integração e inclusão na sociedade portuguesa.

Mas estas medidas apenas serão possíveis com um reforço de instituições e serviços públicos. Do lado do PS, é defendida a “transformação digital da área documental” para garantir a disponibilização online de todos os serviços da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

No entanto, a reestruturação desta instituição que foi colocada em curso pelo antigo Governo liderado por António Costa merece, aos olhos da AD, uma “avaliação” para “corrigir falhas legais, operacionais e de conflito de competências”. O PCP, embora não subscreva à propósta da coligação que justa o PS, CDS-PP, e PPM, defende que sejam criadas equipas temporárias com vista “à regularização dos processos pendentes transitados do SEF para AIMA”. Em sentido contrário, o Chega defende a reversão da extinção do SEF e, consequentemente, a “reposição da sua estrutura orgânica, as suas atribuições e o seu estatuto jurídico e operacional”.

Este não é o único recuo que o partido defende. O partido de André Ventura também subscreve a necessidade de revogar o acordo de mobilidade entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e, consequentemente, “acabar com a autorização de residência automática aos imigrantes da CPLP”, em linha com as normas europeias. Ademais, pede ainda que a nacionalidade portuguesa seja atribuída apenas aos imigrantes que conhecem a língua e a cultura portuguesa. Atualmente, os estrangeiros a residir em Portugal têm direito a pedir nacionalidade após cinco anos a residir em Portugal, ou por via de um casamento com alguém nacional.

André Ventura também pede que as condições de repatriamento sejam revistas. “Quem incumprir a lei penal deve ser reconduzido ao país de origem”, lê-se na proposta do Chega. Por seu, turno, a Iniciativa Liberal defende a eliminação do regime de regularização permanente, mas não elabora muito mais nas propostas para (e sobre) esta classe social.

O PCP e o Livre também defendem alterações à lei da imigração, enquanto os comunistas pedem uma ratificação da Convenção Internacional da ONU de forma a facilitar o direito ao reagrupamento familiar.

Por fim, o Livre e o Bloco de Esquerda são os únicos que defendem uma maior abrangência do direito ao voto, passando a integrar também “pessoas titulares de autorização de residência em Portugal”. Para a concretização desta medida, o partido de Rui Tavares defende uma uma revisão constitucional.

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Da igualdade de oportunidades à representação na publicidade, a mulher na indústria da comunicação

Teresa Lameiras, Maria Domingas Carvalhosa, Judite Mota e Patrícia Nunes Coelho debatem a igualdade de oportunidades no marketing, comunicação e publicidade.

Teresa Lameiras (SIVA-PHS), Maria Domingas Carvalhosa (Wisdom e APECOM), Judite Mota (VM), Patrícia Nunes Coelho (Control) e Carla Borges Ferreira (ECO/+M)

No ano passado andei ativamente à procura de uma dupla de mulheres – que eu fizesse ou já trabalhassem juntas – e não consegui. E isto é chocante, não consegui encontrar. Procuro, claro, um determinado nível e com determinados critérios, e foi impossível. Continuo a minha busca.” A afirmação de Judite Mota, chief creative officer da VLM, agência que resulta da recente fusão da VMLY&R com a Wunderman Thompson, tendo dado origem à maior agência de publicidade do país, reflete a forma como as mulheres ainda estão representadas, ou sub-representadas, nos departamentos criativos.

Hoje já há mais diretoras criativas executivas e supervisoras criativas, mas ainda há uma discrepância muito grande entre homens e mulheres, sobretudo consoante vão aumentando as responsabilidades das funções. “Quando se começa na carreira o número é mais ou menos equiparado, mas as mulheres vão desaparecendo ‘nas fendas do sistema’ e a progressão na carreira é muito mais evidente para os homens”, constata Judite Mota, no encontro promovido pelo ECO/+M para debater a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres na indústria da comunicação e também a forma como as mulheres são representadas na publicidade.

Quanto a este último ponto, o caminho também tem vindo a ser lento. “Há uma tentativa real e ativa de evitar os estereótipos, mas ainda há muitos departamentos de marketing que dizem ‘não, ainda não estamos aí’, admite a criativa. “As marcas ajudam a fazer avançar as ideias. Como costumo dizer, isto é só publicidade, não morre ninguém, mas temos o poder e a responsabilidade de fazer avançar o mundo para o sítio certo”, aponta Judite Mota. Neste campo, todos os pequenos passos contam, concordam as quatro convidadas, dando como exemplo os anúncios de detergente da loiça, nos quais agora os homens surgem como os protagonistas.

Nos departamentos de marketing, a representação entre homens e mulheres já parece ser mais paritária, embora, como ressalva Patrícia Nunes Coelho, diretora de marketing Ibéria da Control, a igualdade também se vá esbatendo na proporção inversa em que aumentam as responsabilidades. “Nas minhas aulas, 99% são mulheres. Mas, quando falamos de marketing estratégico, de business, ainda não estamos lá“, constata. “Somos nós que nos boicotamos, a mudança começa em nós“, aponta a responsável da Control.

Antes dizia ‘se algum dia disser que sou a favor das quotas, internem-me’. E hoje sou totalmente a favor. Não havendo quotas, há mulheres com muito mérito e o nome delas nem passa pela cabeça de ninguém, quando se está a falar numa seleção para liderança”, acrescenta à discussão Maria Domingas Carvalhosa, CEO da Wisdom e presidente da APECOM, associação que representa as agências de comunicação, setor no qual 68% dos profissionais são mulheres e 60% dos cargos de chefia são ocupados por homens.

A opinião é partilhada por Teresa Lameiras, diretora de marca e comunicação da SIVA-PHS e uma das primeiras profissionais do setor automóvel, senão a primeira, a acumular a direção de comunicação de marketing. “Não é nada natural excluir a mulher. O que faz sentido é, cada vez mais, incluir a nossa sensibilidade, a nossa leitura do mundo, dar esse protagonismo, para que a leitura seja cada vez mais real. As mulheres que não tenham medo de arriscar. De arriscar e de errar, mas arrisquem”, deixa como conselho.

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