Haley não desiste apesar de vitória de Trump na Carolina do Sul

  • Lusa
  • 25 Fevereiro 2024

A candidata à nomeação republicana para as eleições presidenciais nos EUA Nikki Haley garantiu que permanece na corrida, apesar de Trump ter vencido com larga vantagem as primárias na Carolina do Sul.

A candidata à nomeação republicana para as eleições presidenciais nos EUA Nikki Haley garantiu que vai permanecer na corrida, apesar do rival Donald Trump ter vencido, com larga vantagem, as primárias na Carolina do Sul. “Sou uma mulher de palavra. Não vou abandonar esta luta“, disse Haley a apoiantes durante um comício em Charleston, a maior cidade do estado da Carolina do Sul, no sudeste dos Estados Unidos, do qual foi governadora durante seis anos, entre 2011 e 2017.

O que vi hoje foi a frustração da Carolina do Sul com o rumo do nosso país. Já tinha visto essa mesma frustração a nível nacional“, disse a antiga embaixadora na ONU durante a administração de Trump. “Não acredito que Donald Trump possa derrotar Joe Biden”, disse Haley, acrescentando mais tarde: “Eu disse no início desta semana que não importa o que aconteça na Carolina do Sul, continuaria na corrida”.

A conservadora de 52 anos prometeu não desistir pelo menos até 05 de março, dia conhecido como “Super-terça-feira”, quando 15 estados serão chamados às urnas, incluindo a Califórnia e o Texas, os maiores do país.

Não sobreviveremos a mais quatro anos de caos de Trump“, avisou Haley, dando como exemplo a polémica criada pela comparação feita pelo magnata entre os 91 casos judiciais de que é acusado e a discriminação sentida pelos afro-americanos. “Este é o caos que acompanha Donald Trump e este tipo de comentários ofensivos continuarão todos os dias até às eleições“, disse Haley.

De acordo com a imprensa norte-americana, com mais de 85% dos votos apurados, Trump tinha cerca de 60% dos votos nas primárias do Partido Republicano na Carolina do Sul, contra 40% de Haley.

Com esta vitória, Trump garante os 50 delegados deste estado e fica mais perto de ser declarado o candidato oficial do Partido Republicano para as eleições presidenciais de novembro, após vitórias nos estados de Iowa, New Hampshire e Nevada e nas Ilhas Virgens.

Todos os dias somos recordados da ameaça que Donald Trump representa para o nosso futuro enquanto os norte-americanos lutam com os danos que ele deixou para trás“, alertou no sábado à noite o Presidente norte-americano, em reação aos resultados.

Joe Biden lembrou que o republicano “se vangloria” de ser responsável pela revogação da lei que há 50 anos garantia o acesso ao aborto como um direito a nível federal. “Ainda estamos a reconstruir a economia depois de Trump ter perdido milhões de empregos bem remunerados“, disse o democrata, recordando também o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021.

Os EUA “acreditam na defesa da nossa democracia, na luta pelas nossas liberdades pessoais e na construção de uma economia que dê a todos uma oportunidade justa”, disse o chefe de Estado. Em seguida, apelou à união dos republicanos, democratas e independentes “que partilham o nosso compromisso com os valores fundamentais da nossa nação”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Nowo admite encerrar se regulador travar venda à Vodafone

Presidente da Nowo revela que MásMóvil não vai continuar a investir em Portugal, haja ou não negócio com Vodafone. O "encerramento da Nowo" é um dos cenários, ameaçando o emprego de 500 pessoas.

O encerramento da Nowo em Portugal é um dos cenários em cima da mesa se a Autoridade da Concorrência (AdC) não viabilizar a venda da empresa à Vodafone. Nesse caso, os cerca de 140 trabalhadores da operadora arriscam perder o emprego, com um impacto total em 500 postos de trabalho contando com os empregos indiretos, revela ao ECO o presidente do Conselho de Administração da Nowo, Miguel Venâncio. A decisão do regulador deverá ser tomada “até ao final de fevereiro”.

É a primeira vez que um responsável da Nowo se pronuncia publicamente sobre esta operação. Em exclusivo ao ECO, o gestor, que já foi presidente executivo, não deixa margem para dúvidas: aconteça ou não a venda à Vodafone, a MásMóvil “vai desinvestir” e não será “o parceiro industrial da Nowo em Portugal”. Sem um novo investidor, o fim da Nowo é uma possibilidade real: “Ainda não temos os cenários fechados, mas esse é um dos cenários que poderá vir a acontecer, que é, sim, o encerramento da Nowo em Portugal”.

Miguel Venâncio tem “fé” que a AdC aprove o negócio com a Vodafone, atribuindo mais de 50% de probabilidade à venda se realizar. Para isso, a Vodafone já apresentou um segundo pacote de compromissos ao regulador para o tentar convencer a viabilizar o negócio, depois de o primeiro, que incluía cedências à concorrente Digi, ter sido rejeitado. “Não vejo nenhuma razão para que [a venda da Nowo à Vodafone] não seja aprovada”, frisa o responsável.

Caso contrário, se chumbar a operação e se for tomada a decisão de fechar a Nowo, podem perder-se 140 empregos diretos, mais 360 indiretos. “Obviamente que, se se tomar essa decisão, haverá um impacto nos colaboradores, que nós avaliamos que poderão ser à volta de 500, entre os diretos e indiretos. Diretos são 140, indiretos são todos os que depois contribuem para a nossa rede e call centers“, diz Miguel Venâncio.

Ainda não temos os cenários fechados, mas esse é um dos cenários que poderá vir a acontecer, que é, sim, o encerramento da Nowo em Portugal.

Miguel Venâncio

Presidente do Conselho de Administração da Nowo

Nowo “depende de si mesma”

O facto de a MásMóvil estar de saída de Portugal, seja qual for o desfecho deste processo, é reforçado pela notícia de que a União Europeia (UE) aprovou este mês a fusão com a Orange em Espanha, numa concentração que criará um operador com “cerca de 40%” de quota de mercado no país vizinho, diz Miguel Venâncio. A Nowo ficou de fora dessa concentração, explica o gestor.

“Em 2021, houve o acordo da MásMóvil com a Orange em Espanha e, antes desta transação, a Nowo estava dentro do âmbito da MásMóvil. O que acontece é que, ao haver esta fusão entre a MásMóvil e a Orange em Espanha, Portugal ficou fora do perímetro de negociação e, portanto, não fará parte desta fusão. Assim sendo, o que acontece é que a MásMóvil não será o parceiro industrial da Nowo em Portugal, pelo que vai desinvestir. A ideia é desinvestir em Portugal.”

Num documento partilhado pela Nowo com o ECO neste sábado à noite, a empresa vai mais além: “A UE aprovou no decorrer da semana passada a fusão entre MásMóvil e Orange, colocando assim em definitivo a posição da Nowo que neste momento depende de si mesma”, lê-se na nota informativa.

A marca Nowo nasceu do rebranding da Cabovisão em março 2016. Miguel Martins era o CEO na alturaFlávio Nunes/ECO

Situação financeira é “delicada”

Foi a 30 de setembro de 2022 que a Vodafone anunciou um acordo para comprar a Nowo aos espanhóis da MásMóvil. Mas a transação depende da não oposição da AdC, que, quase ano e meio depois, ainda não emitiu um parecer, tendo aberto uma “investigação aprofundada” por detetar ameaças à concorrência no mercado.

A AdC acredita que a Nowo, apesar da sua quota de mercado baixa, inferior a 3%, exerce pressão concorrencial sobre as restantes operadoras (Meo, Nos e Vodafone) por via de preços mais baixos, forçando-as a baixar os preços nas regiões em que a Nowo está presente. Miguel Venâncio não concorda com essa avaliação e afirma que a Nowo não é “uma força competitiva importante no mercado português”.

No documento informativo, fonte oficial da operadora também argumenta que “a Nowo tem vindo a perder quota de mercado”, sendo “incapaz de competir com as modernas redes fixas de fibra ótica” da concorrência. Refere ainda a “delicada situação financeira” da empresa. Miguel Venâncio não revela os resultados de 2023, mas o ECO verificou na InformaDB, uma base de dados empresarial, que a Nowo sofreu prejuízos superiores a 22 milhões de euros em 2022, significativamente mais do que os 1,2 milhões que perdeu em 2021.

Ora, se se materializar o encerramento da Nowo em Portugal após o chumbo da transação, desaparece, da mesma forma, a pressão concorrencial que a AdC acredita existir no mercado, mas que a própria Nowo não reconhece.

Questionado sobre se foi transmitida à AdC a informação de que a Nowo poderá não sobreviver se tiver de continuar a operar sozinha, Miguel Venâncio assegura que sim: “Isso já foi transmitido à AdC, que há esta fusão entre a MásMóvil e a Orange e que a MásMóvil não vai ser o parceiro industrial [da Nowo] e, portanto, que haverá desinvestimento em Portugal”.

A MásMóvil não irá ser o parceiro industrial da Nowo em Portugal, pelo que vai desinvestir. A ideia é desinvestir em Portugal.

Miguel Venâncio

Presidente do Conselho de Administração da Nowo

Rede 5G está por construir

Mas o que tem a Nowo, que já se chamou Cabovisão? A operadora conta com uma “rede antiga” de cabo e fibra ótica (híbrida) que chega a 900 mil casas e uma rede de fibra ótica (FTTH) com 150 mil casas passadas. Porém, a maioria destas casas passadas não se traduz em receitas: a Nowo tem apenas 132 mil clientes fixos.

A empresa vende ainda serviços móveis, mas subcontrata a rede à Meo, pois não possui rede própria. Em 2021, investiu pouco mais de 70 milhões de euros na compra de licenças 5G, mas Miguel Venâncio confirma aquilo que já se especulava no mercado: a Nowo ainda nem sequer começou a construir a sua própria rede móvel.

“Nós temos avançado em negociações para o acesso às antenas [as torres de telecomunicações, ou mastros], para depois pôr o rádio [os equipamentos tecnológicos que permitem funcionar a rede]. Desenvolvemos várias diligências nesse sentido com as empresas do mercado, mas ainda não temos nada fechado, porque o nosso interesse está na venda da Nowo à Vodafone. Mas fizemos conversações, sim”, assume o gestor.

Em janeiro, a Anacom libertou mais espetro à Nowo e à Digi, que só estava previsto ficar disponível em 2025, mas deu a estas empresas um ano para lançarem serviços 5G, prazo que dificilmente será cumprido pela Nowo se o tiver de fazer nestas circunstâncias.

Enquanto isso, a Digi, uma operadora de telecomunicações romena, que também foi ao leilão do 5G, tem vindo a investir na construção de uma rede móvel própria e uma rede de fibra ótica, estando a preparar-se para começar a vender serviços em breve no mercado português. Fonte próxima da empresa garantiu ao ECO que ainda não existe nenhum calendário, apesar dos rumores de que chegará a partir de abril.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Albufeira volta a acolher o Cross Internacional das Amendoeiras em Flor

  • Conteúdo Patrocinado
  • 24 Fevereiro 2024

A 47.ª edição do Cross Internacional das Amendoeiras em Flor está de regresso ao Município de Albufeira.

Uma das mais importantes competições de atletismo acontece já no próximo dia 25 de fevereiro, na pista das Açoteias e traz até ao concelho os melhores atletas do mundo. José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira, revelou na conferência de imprensa do dia 8 de fevereiro que “esta é a prova mais internacional do atletismo português, com quase 50 anos de história e que impacta positivamente a divulgação de Albufeira na época mais baixa de turismo”.

O Salão Nobre dos Paços do Concelho foi o palco escolhido para acolher a conferência de imprensa da apresentação da 47.ª edição do Cross Internacional das Amendoeiras em Flor – Taça dos Clubes Campeões Europeus, que se vai realizar no dia 25 de fevereiro. Na mesa da conferência, que teve início às 15h00 do dia 8 de fevereiro, estiveram o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo; Rui Costa, diretor técnico da Associação de Atletismo do Algarve; Fátima Catarina, vice-presidente da Região de Turismo do Algarve; Custódio Moreno, diretor regional do IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude; Francisco Chumbinho, presidente da Associação de Atletismo do Algarve; Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo e Cristiano Cabrita, vice-presidente e vereador responsável pelo pelouro do Desporto do Município de Albufeira.
José Carlos Rolo manifestou o seu maior orgulho em fazer parte da organização de “uma das provas mais internacionais do atletismo português”. O edil fez questão de realçar “o impacto da prova na divulgação de Albufeira durante a época baixa do turismo, o que contribui para a diluição da sazonalidade no concelho”.

"A pista das Açoteias, sobejamente conhecida no panorama internacional, privilegia a prática desta modalidade o que, juntamente com o investimento na construção e manutenção de equipamentos desportivos com condições para receber grandes eventos, é sem dúvida um dos motivos de atratividade para estágios e treinos de equipas internacionais ao longo de todo o ano e um dos critérios que nos dão garantias de que Albufeira venha a ser Capital Europeia do Desporto em 2026. ”

José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira

O dia 25 de fevereiro vai ser o Dia do Atletismo em Portugal” avançou o diretor técnico da Associação de Atletismo do Algarve. As 106 equipas de 93 clubes, 22 países e mais de 420 atletas das várias categorias a concurso “realçam a importância do evento para a região e demonstram que a modalidade ‘está viva’ nesta parte do país”. Rui Costa referiu, igualmente, a importância “desta prova única em Portugal que faz parte do circuito World Athleltics Cross Country Gold Level, o patamar mais alto para estes atletas e a relevância deste momento desportivo para a conquista de rankings e pontuações que os qualificam para outros grandes eventos, como os Jogos Olímpicos”.

A vice-presidente da Região de Turismo do Algarve, Fátima Catarina, destacou no seu discurso “a prova como um dos mecanismos que favorecem a diminuição da sazonalidade na região, uma vez que atraem turistas nacionais e internacionais para o Algarve”. “Albufeira volta a ser a capital do Cross de Portugal” foram as palavras escolhidas pelo diretor regional do Instinto Português do Desporto e da Juventude. Custódio Moreno revelou que “a mais antiga e prestigiada prova de Atletismo do nosso país é um cartão-de-visita do Algarve durante a época de baixa”.

Por sua vez, Francisco Chumbinho, presidente da AAALG – Associação de Atletismo do Algarve, congratulou o Município confirmando que sem o apoio do mesmo não seria possível a organização deste tipo de eventos. “Temos, em Albufeira, pela primeira vez, o maior número de equipas em competição superando os valores de outras provas internacionais, algo que nos enche de orgulho”, rematou.

Esta prova representa o quanto o Município de Albufeira investe no Desporto e na promoção da região”, sublinhou Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo. “É uma honra para a Federação acompanhar a resiliência, a tradição, o esforço e o trabalho contínuos que Albufeira disponibiliza, anualmente, para a realização do evento, bem como, no reconhecimento histórico desta competição que se realiza desde 1977”.

Cristiano Cabrita reforça que “temos conseguido trazer para Albufeira eventos desportivos de destaque, à semelhança do Cross das Amendoeiras graças à rede de infraestruturas e equipamentos que temos construído e melhorado ao longo dos anos, demonstrando a aposta do Município no turismo desportivo”.

Para além da 47.ª edição da prova principal, no mesmo dia realiza-se a Taça dos Clubes Campeões Europeus, o Campeonato Regional de Corta-Mato e o Interassociações Jovem de Corta-Mato, garantindo uma manhã desportiva de excelência em Albufeira.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comigo não estará ninguém “que não se identifique com social-democracia e democracia-cristã”, diz Montenegro

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

Luís Montenegro criticou o PS por admitir entendimentos com partidos anti-NATO, num comício da Aliança Democrática, em Lamego.

O presidente do PSD assegurou hoje que não se aliará a ninguém “que não se identifique com os princípios e os valores da social-democracia e da democracia-cristã”, condenando o PS por admitir entendimentos com partidos anti-NATO.

Num comício da Aliança Democrática (AD) no Teatro Ribeiro Conceição, em Lamego, no distrito de Viseu, Luís Montenegro criticou o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, pelo seu passado como ministro, acusando-o de incompetência, e também por admitir entendimentos com “partidos políticos que defendem que Portugal não deve estar na NATO, e até que não deve estar na União Europeia”.

“Para quem tem tantas pedras para lançar para cenários, ter esta realidade devia corar de vergonha aqueles que se propõem ao país poder governar perdendo e, perdendo, juntando-se àqueles que são contra os nossos princípios e contra os nossos valores”, considerou.

Referindo-se ao projeto da AD liderado pelo PSD, acrescentou: “Somos de facto diferentes. Os portugueses sabem o que connosco podem esperar: Só assumirei as funções de primeiro-ministro na base da confiança real do povo português, e comigo não estarão, não estará ninguém que não se identifique com os princípios e os valores da social-democracia e da democracia-cristã”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ventura nega “conversações secretas” com outros partidos sobre governabilidade

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

O presidente do Chega, André Ventura, nega estar em negociações com outros partidos sobre soluções de governabilidade. Voltou a apelar a Luís Montenegro que acabe com o tabu sobre o PS.

O presidente do Chega, André Ventura, negou hoje estar em negociações com outros partidos sobre soluções de governabilidade após as eleições legislativas.

Posso garantir que não há nenhuma conversação secreta em curso, nem isso seria possível nesta fase“, afirmou o líder do Chega, em declarações aos jornalistas, antes de uma arruada na zona da Praia da Areia Branca, na Lourinhã (distrito de Lisboa), na véspera do arranque da campanha oficial para as eleições legislativas de 10 de março.

André Ventura foi questionado sobre as declarações do cabeça de lista do PS por Braga, José Luís Carneiro, que sugeriu hoje a existência de “negociações escondidas” entre a Aliança Democrática e outros partidos sobre o próximo governo.

Nós temos pontes com alguns partidos com quem sempre tivemos conversações, nomeadamente a nível parlamentar. Não há nenhuma conversação em curso sobre a governabilidade e, com o que tem sido dito, nomeadamente ontem por Montenegro, sobre a corrupção, fica mais longe essa governabilidade possível”, afirmou.

Ventura ressalvou não saber se José Luís Carneiros se estava a referir ao Chega, mas admitiu que “eventualmente” pudesse estar.

“Mas eu sou o presidente do Chega, portanto, estaria aqui a dizer o que é que se passaria. Não há nenhuma conversação em curso sobre essa matéria”, insistiu.

No entanto, o presidente do Chega defendeu, baseando-se nas sondagens que têm sido publicadas, que “a maioria à direita vai ser feita com dois partidos, com o Chega e com a AD, com o PSD”, salientando que será necessário “encontrar aqui soluções de governabilidade”.

“Se não o fizermos, não nos podemos queixar depois de ser penalizados com isso. Acho que a grande questão destas eleições vai ser precisamente essa, vai ser a distribuição relativa de poder e depois a construção dessa governabilidade”, sustentou André Ventura, que tem exigido um acordo de governo para apoiar um eventual executivo de direita.

O líder do Chega acusou ainda o presidente do PSD, Luís Montenegro, de ser “verdadeiramente irresponsável para com o país” por “não dizer o que é que fará se o Partido Socialista tiver mais votos”.

“Alimentar este tabu prejudica a campanha eleitoral, mas mostra que o PSD, na verdade, está mais perto do PS do que do Chega. […] Se ao PS suceder esta AD, que quer fazer a mesma coisa que o PS, não teremos mudança nenhuma”, alegou.

Ventura voltou a desafiar Luís Montenegro para esclarecer se deixará o PS governar caso os socialistas vençam as eleições, mas a direita tiver maioria no parlamento.

“Porque é que Luís Montenegro não consegue dizer isto? Se houver uma maioria de direita, governará a direita. Porque ele sabe que precisa do Chega e fica entalado entre o Chega e o PS e isso levanta-nos a suspeita de que ele é mais próximo do Partido Socialista do que da mudança que o país precisa”, sustentou.

O presidente do Chega considerou também que, se o líder social-democrata “decidir não sair [da liderança do PSD] e bloquear todo o processo de governação, pode fazê-lo”. “E aí, pelo ego e pelo egoísmo, ficamos sem governo em Portugal”, afirmou.

André Ventura, desafiou ainda os restantes partidos para um compromisso com vista a eliminar taxas sobre a agricultura, e acusou PS e PSD de falharem a este setor nos últimos anos.

“Nós estamos a ver por toda a Europa manifestações gravíssimas de agricultores a cortar estradas, a impedir abastecimentos. Se queremos que Portugal seja tranquilamente um país que apoia a sua agricultura, que não venha a ter problemas com os seus agricultores, nós também temos que fazer a nossa parte e a nossa parte é um compromisso com a agricultura portuguesa”, defendeu.

O presidente do Chega apontou “uma sobretaxação” deste setor, sustentando que existem “hoje em dia, mais de 1200 taxas, quer de natureza ambiental, quer de natureza agrícola, quer outro tipo de taxas, sobre a agricultura”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Como Ursula von der Leyen quer conquistar um segundo mandato à frente da Comissão Europeia

  • Joana Abrantes Gomes
  • 24 Fevereiro 2024

Depois de cinco anos marcados por uma pandemia e duas guerras, a alemã antecipa a segurança como prioridade de um segundo mandato e não exclui acordos com partidos à direita do seu.

Em 2019, a promessa de um Green Deal, a transição digital, a conclusão do Brexit, a defesa de um novo pacto de migração e asilo e a ideia de uma Comissão geopolítica marcaram o discurso de Ursula von der Leyen, diante de um Parlamento Europeu desconfiado de um nome que não tinha sido previamente indicado para liderar o Executivo comunitário. Volvidos cinco anos de um mandato recheado de crises inesperadas, a alemã nascida em Bruxelas confirmou, no início desta semana, que pretende manter-se no cargo após as eleições europeia de junho, ambicionando agora tornar a Europa “mais competitiva”.

O tabu sobre a candidatura de von der Leyen para continuar à frente da Comissão Europeia foi desfeito na passada segunda-feira. “Tomei uma decisão consciente e ponderada e sou candidata a um segundo mandato. Estou muito grata à CDU [União Democrata-Cristã] por me ter nomeado para ser a cabeça de lista do PPE [Partido Popular Europeu]”, anunciou, ao lado do presidente da CDU, Friedrich Merz, na Konrad-Adenauer-Haus, a sede federal do partido, em Berlim.

Depois de, há cinco anos, a sua nomeação ter surpreendido os eurodeputados, que criticaram o facto de a então futura presidente do Executivo comunitário não se ter apresentado ao escrutínio dos eleitores europeus, von der Leyen — cuja candidatura será confirmada no congresso do PPE de 6 e 7 de março, em Bucareste — deverá agora submeter-se ao princípio dos Spitzenkandidaten, introduzido antes das eleições de 2014 e que só foi seguido na escolha do seu antecessor, o luxemburguês Jean-Claude Juncker.

O descontentamento refletiu-se no momento da votação no Parlamento Europeu, com a antiga ministra dos governos de Angela Merkel a ser eleita presidente da Comissão Europeia com 383 votos a favor, 327 votos contra, 22 abstenções e um voto nulo. Uma maioria “curta” e que “foi difícil de conquistar”, como reconheceu na altura.

Para garantir os votos das principais bancadas parlamentares de Estrasburgo, designadamente dos seus parceiros do PPE, dos Socialistas & Democratas, dos Liberais e dos Verdes, a alemã, à época com 60 anos, desenhou um programa político à volta de duas grandes linhas: uma na área ambiental, com o Pacto Ecológico; e outra na área digital, que dava destaque à investigação e à inovação no seio da União Europeia (UE).

No entanto, uma série de desafios globais testaram a ambição de Ursula von der Leyen. Desde logo ter de concluir o processo de saída do Reino Unido do bloco comunitário, a que se seguiu uma pandemia, numa altura em que ainda não cumpria um ano de mandato, o que viria a obrigar a Comissão a introduzir a área da saúde — uma matéria de competência exclusiva dos Estados-membros — nas suas prioridades.

Não tenho dúvidas que ela tem um estilo mais centralista que outros presidentes [da Comissão Europeia]. Agora, isto também resulta, por um lado, de um certo enfraquecimento das lideranças europeias. Não há uma Angela Merkel nem um Nicolas Sarkozy para dar instruções ao presidente da Comissão

Paulo Rangel

Eurodeputado (PSD)

Embora considere que a conclusão do Brexit decorreu “em termos bastante positivos” para a UE, o eurodeputado Paulo Rangel (PSD) destaca a gestão da pandemia de Covid-19 como o primeiro grande sucesso do atual mandato da líder do Executivo comunitário. Por um lado, pela “capacidade de investir” na investigação, que tornou possível a produção de uma vacina no espaço de um ano, e a própria distribuição célere das vacinas pelos 27; e, por outro lado, o acordo para a emissão conjunta de dívida pública para financiar a recuperação da economia europeia.

Para Paulo Rangel, foram a “liderança” e o “carisma” de Ursula von der Leyen que tornaram possíveis essas decisões. “A Comissão tem hoje uma importância que só teve no tempo do Jacques Delors“, assinala, em declarações ao ECO. O mesmo reconhece Paulo Sande, especialista em Assuntos Europeus, que vê na alemã uma “figura forte” e “assertiva”, que conferiu “alguma credibilidade às políticas europeias” ao longo dos últimos cinco anos.

Contudo, a primeira polémica do mandato de von der Leyen surgiu precisamente na resposta à pandemia. Lembrando que negociou diretamente a compra de vacinas com o CEO da Pfizer, situação que levou o jornal norte-americano The New York Times a processar o Executivo comunitário por não revelar as mensagens entre ambos, Paulo Sande aponta que uma decisão do tribunal desfavorável à presidente da Comissão pode pôr em questão a sua “legitimidade”.

A “grande figura europeia” assumiu, depois, a liderança do apoio a Kiev e ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na sequência da invasão russa há dois anos, dando razão àquela “Comissão geopolítica” que ninguém sabia bem o que é que era. Este é um dos pontos positivos, além da resposta à pandemia, que o eurodeputado Pedro Silva Pereira (PS) realça na líder da Comissão Europeia, considerando que “foi firme” na solidariedade com a Ucrânia.

Foi aqui que começaram a surgir fricções com alguns líderes europeus, que sentiam que a alemã estaria a agir além das suas funções, nomeadamente em matéria de política externa. Von der Leyen é conhecida nos corredores de Bruxelas como sendo workaholic, ao ponto de dormir no Berlaymont, e funcionando muito sozinha, de perto apenas com uma equipa de conselheiros — características que, segundo Paulo Sande, tornam o seu estilo de liderança “muito autocrático”.

Não tenho dúvidas que ela tem um estilo mais centralista que outros presidentes [da Comissão Europeia]. Agora, isto também resulta, por um lado, de um certo enfraquecimento das lideranças europeias. Não há uma Angela Merkel nem um Nicolas Sarkozy para dar instruções ao presidente da Comissão”, reconhece, por sua vez, Paulo Rangel, para quem o atual chanceler alemão, Olaf Scholz, é um líder “fraco” e Emmanuel Macron, chefe de Estado francês, viu o seu poder enfraquecido desde que perdeu a maioria absoluta na assembleia nacional.

A antecipação de von der Leyen às decisões políticas do Conselho tornou-se ainda mais evidente com o conflito em Gaza. Em outubro passado, após um dos seus comissários anunciar a suspensão do apoio à Palestina — aparentemente sem consulta prévia — e de ter visitado Israel e, ao lado de Benjamin Netanyahu, ter apelado ao direito de o país se defender do ataque do Hamas, sem se pronunciar acerca das consequências humanitárias para os palestinianos, choveram críticas contra a líder do Executivo comunitário, provenientes de membros das várias instituições da UE.

Tardou a encontrar o registo certo perante a tragédia de Gaza e demorou a alinhar o passo com a posição de Josep Borrell [Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança], que se apercebeu que era preciso uma posição mais enérgica para a defesa dos direitos humanos” na região, constata o socialista Pedro Silva Pereira, apontando este aspeto como uma das “sombras” do mandato “globalmente positivo” de Ursula von der Leyen.

Outro ponto negativo da liderança da alemã, segundo o eurodeputado do PS e vice-presidente do Parlamento Europeu, foi o recuo em alguns aspetos do Pacto Ecológico, em particular na Lei de Restauro da Natureza. Fora do texto final aprovado ficaram medidas sobre a gestão de áreas agrícolas e também os pontos relativos a madeira morta, contestados pelo PPE, aliado aos grupos de extrema-direita e a parte dos liberais do Renew Europe.

“Foi também notória uma reduzida ambição da Europa social, apesar de alguns progressos e impulsos nas presidências portuguesa e espanhola do Conselho da UE. Mas aí, manifestamente, a ambição da von der Leyen foi insuficiente para as necessidades”, bem como “em relação às migrações e às novas regras de governação económica”, acrescentou Pedro Silva Pereira. Justamente por considerarem ser preciso uma Europa “mais ativa contra as desigualdades”, os socialistas avançaram com o seu próprio spitzenkandidat — o luxemburguês Nicolas Schmit, comissário europeu para os Assuntos Sociais.

Paulo Rangel e Paulo Sande, por seu lado, veem a candidatura de von der Leyen como “uma boa notícia” para a Europa. “A UE precisa de ter um líder reconhecidamente forte – que eu acho que ela é, tendo a vantagem também de ser alemã e a herança política, e até de visão, da própria Merkel. O pior que podia acontecer à UE nestes anos era ter um líder fraco”, sublinha o especialista em Assuntos Europeus.

Defesa no topo das prioridades para o segundo mandato

A atual legislatura do Parlamento Europeu foi eleita no auge das manifestações pelo clima, lideradas pela jovem sueca Greta Thunberg, que catapultaram as alterações climáticas para as prioridades políticas e impulsionaram os partidos verdes em toda a UE. Neste contexto, Ursula von der Leyen lançou o Pacto Ecológico Europeu, declarando-o o “momento do homem na lua” do bloco comunitário.

Mas, como reconheceu no anúncio da sua candidatura, o ambiente é “completamente diferente” do de 2019. Agora são agricultores, e não ativistas do clima, que bloqueiam estradas em várias capitais do continente, com queixas contra a lista crescente de regulamentos ambientais que visam conduzir a UE à neutralidade climática até 2050. As sondagens mostram uma queda dos partidos verdes nas intenções de voto.

A imigração, o aumento do custo de vida e a guerra na Ucrânia lideram as preocupações dos cidadãos europeus em detrimento das alterações climáticas, num momento em que um novo pacote de apoio dos EUA a Kiev está encurralado no Congresso norte-americano e Donald Trump pode regressar à Casa Branca após as eleições de novembro, cenário que ameaça a aliança com os restantes países da NATO.

Um obstáculo que é a questão relacionada com a compra das vacinas na pandemia de Covid-19, em que ela negociou diretamente com o CEO da Pfizer. Se houver uma decisão do tribunal desfavorável [no processo que o The New York Times moveu contra a Comissão Europeia por não revelar as comunicações entre Von der Leyen e o CEO da Pfizer], isso pode ser complicado e fazer questionar a sua legitimidade .

Paulo Sande

Especialista em Assuntos Europeus

Não surpreende, por isso, que o clima quase não tenha sido mencionado por von der Leyen na conferência de imprensa de segunda-feira. Em vez disso, sublinhou a segurança como “um dos principais tópicos” do seu programa, cujo slogan poderá resumir-se à frase “defender a democracia e os nossos valores”. Outro grande ponto será a promoção da competitividade da economia europeia.

Se, politicamente, esta mudança de prioridades pode ser necessária para a alemã de 65 anos conquistar o segundo mandato — seria apenas a quarta presidente da Comissão Europeia a consegui-lo –, ao mesmo tempo terá de defender o seu próprio legado. Por isso, prometeu “manter a direção dos grandes temas”, como o Pacto Ecológico Europeu e a transição digital, que foram as figuras de proa do seu primeiro mandato.

Os próximos cinco anos de Ursula von der Leyen em Bruxelas, a confirmarem-se, deverão, assim, procurar satisfazer duas frentes. Para a frente militar, quer criar uma pasta na Comissão para a área da Defesa — ainda que seja uma das funções do Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança; no clima, quer colocar a tónica menos em objetivos climáticos ambiciosos e mais na forma de manter as empresas europeias a funcionar enquanto se atingem essas metas.

Apesar de ser da oposição, Pedro Silva Pereira concorda com a necessidade de atenção à área da Defesa. “É incontornável que estas questões subam na hierarquia de prioridades da União Europeia”, defende, ressalvando que apenas existirá uma divergência “se depois, na concretização dessa prioridade, estivermos a sacrificar financeiramente outros objetivos, nomeadamente as políticas de coesão“.

O âmbito do cargo de um comissário europeu para a Defesa ainda não é claro, especialmente no que toca à inclusão do espaço, mas deverá passar pelo reforço da capacidade industrial do setor na UE, no que toca, por exemplo, à produção de armas e ao desenvolvimento tecnológico. Alguns passos nesse caminho já têm sido dados: em 2019, a Comissão criou um departamento nesta área — a Direção-Geral da Indústria de Defesa e do Espaço –, e o comissário para o Mercado Interno, Thierry Breton, chegou a abordar a produção de munições e a indústria aeroespacial ao longo do mandato.

Segundo Paulo Rangel, o objetivo é ter na Comissão uma pasta só para a Segurança, sendo provável que o comissário em questão fique depois sob a alçada do Alto Representante. Numa eventual “redistribuição de funções”, o novo cargo deverá, em primeiro lugar, reafirmar e consolidar o compromisso no âmbito da NATO, que passa por cumprir as metas de investimento que estão previstas (2% do PIB), e reforçar a coordenação dos equipamentos militares e da capacidade de resposta militar dos Estados-membros para promover a operacionalidade do sistema de forças europeu.

Ainda assim, o foco na Segurança da UE “não é estritamente no sentido da Defesa, mas também na proteção das fronteiras, a proteção civil e a própria segurança social“, aponta o eurodeputado do PSD. A esta prioridade acrescenta a “ideia de prosperidade sustentável, no sentido de que é preciso criar outra vez crescimento económico, aumentar a competitividade das economias europeias e apostar na inovação e no digital”.

Von der Leyen não exclui apoio de partidos à direita do PPE

Antes de avançar com a sua candidatura, Ursula von der Leyen certificou-se de que dispõe de um apoio alargado no Conselho Europeu. De acordo com o Politico, a alemã deverá contar com os votos de todos os líderes, exceto do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que ainda recentemente espalhou cartazes contra a UE pelo país, utilizando a fotografia da presidente da Comissão Europeia e prometendo que “não vai dançar ao som da sua música”.

No entanto, a alemã precisa também de reunir apoio suficiente no Parlamento Europeu. E se, em 2019, teve o voto favorável dos partidos autodenominados pró-europeus — o PPE, o S&D e o Renew Europe –, essa coligação poderá não ser suficiente para receber ‘luz verde’ para um segundo mandato, já que as sondagens antecipam que os grupos à direita da sua família política, dos quais fazem parte partidos eurocéticos e de extrema-direita, podem passar a representar um quarto dos votos do hemiciclo.

Daí que, na quarta-feira, tenha dado a entender que estaria aberta, após as eleições europeias, a trabalhar com o grupo dos Reformistas e Conservadores Europeus (ECR, na sigla em inglês) — do qual fazem parte partidos como o polaco Lei e Justiça (PiS), a Alternativa para a Alemanha (AfD), o espanhol Vox ou Irmãos de Itália –, ainda que nas suas condições. “Contra o Estado de direito? Impossível. Amigos de Putin? Impossível“, disse, quando questionada sobre uma coligação entre o PPE e o ECR, fugindo a uma resposta direta de “sim” ou “não”.

Quando a Ursula von der Leyen, logo no anúncio da candidatura, não é clara a afastar esse cenário de alianças [com o ECR] e a reafirmar o seu compromisso com uma maioria pró-europeia, isso só pode ser preocupante e é mais uma razão para os socialistas terem outro candidato nestas eleições europeias.

Pedro Silva Pereira

Eurodeputado (PS) e vice-presidente do Parlamento Europeu

“Tem muito a ver com a perceção de que pode haver surpresas” no resultado que sair das eleições europeias, realça Paulo Sande sobre a posição “equívoca” de von der Leyen, lembrando que, há cinco anos, foi eleita por apenas nove votos. “No fundo, o que ela tenta fazer é abrir um bocado mais esse leque e tentar ir buscar a outro lado a garantia de que não vai morrer na praia“, sustentou o especialista em Assuntos Europeus.

Paulo Rangel, que, tal como von der Leyen, é do PPE, admite a possibilidade de que “alguns partidos do ECR, com bastantes eurodeputados e moderados, possam ser chamados a entrar na lógica de aliança entre PPE, S&D e Liberais“, lista em que inclui o partido de Georgia Meloni, que se “tem revelado de direita moderada”. Rejeita, contudo, uma aliança com a direita radical. “O PiS, o Vox, a AfD não entrarão nesse acordo”, garante o eurodeputado social-democrata.

Por sua vez, o socialista Pedro Silva Pereira considera que a alemã “não começou bem a campanha eleitoral“. “Quando von der Leyen, logo no anúncio da candidatura, não é clara a afastar esse cenário de alianças e a reafirmar o seu compromisso com uma maioria pró-europeia, isso só pode ser preocupante e é mais uma razão para os socialistas terem outro candidato nestas eleições”, critica o vice-presidente do Parlamento Europeu, argumentando que as diferenças entre o ECR e o Identidade e Democracia (ID) — ao qual pertence o português Chega — “às vezes não são assim tantas como parecem”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ganhos de “arregalar os olhos” pertencem ao passado, avisa Buffett em carta aos acionistas

O conhecido investidor afirma na carta aos acionistas da Berkshire Hathaway que "os mercados apresentam agora um comportamento muito mais semelhante ao dos casinos".

Os resultados de “arregalar os olhos” da Berkshire Hathaway dificilmente se vão repetir, avisa o CEO, Warrent Buffett na carta anual aos acionistas do conglomerado. Na missiva, deixa também, como habitual, conselhos aos investidores. E alerta que “os mercados apresentam agora um comportamento muito mais semelhante ao dos casinos”.

“Resta apenas um punhado de empresas neste país capazes de realmente fazer a diferença na Berkshire, e elas têm sido incessantemente escolhidas por nós e por outros. Algumas podemos ainda valorizar, outras não. Se pudermos, terão de ter preços atrativos. Fora dos EUA, não existem candidatos que sejam opções significativas para aplicar capital da Berkshire. Em suma, não temos possibilidade de um desempenho de arregalar os olhos“, escreve Warren Buffet na carta publicada este sábado.

O montante em liquidez do conglomerado atingiu um valor recorde de 167,6 mil milhões de euros no final do ano passado, perante a escassez de oportunidades para aquisições de relevo.

Buffett salientou que a Berkshire Hathaway tem, “de longe”, o maior património líquido de qualquer empresa nos EUA, de 561 mil milhões de dólares. As restantes 499 empresas do índice S&P500 era de 8,9 biliões em 2022. “Por esta medida, a Berkshire ocupa agora perto de 6% do universo em que opera. Duplicar a nossa enorme base simplesmente não é possível no espaço de, digamos, cinco anos, sobretudo porque somos muito avessos a emitir ações”, explica o bilionário.

A Berkshire deverá ter um desempenho um pouco melhor do que a média das empresas americanas e, mais importante, deverá também operar com um risco materialmente menor de perda permanente de capital. Qualquer coisa além de ‘um pouco melhor’, porém, é uma ilusão.

Warren Buffett

CEO da Berkshire Hathaway

A Berkshire deverá ter um desempenho um pouco melhor do que a média das empresas americanas e, mais importante, deverá também operar com um risco materialmente menor de perda permanente de capital. Qualquer coisa além de ‘um pouco melhor’, porém, é uma ilusão. Esta aspiração modesta não era o caso quando Bertie [a irmã] apostou tudo na Berkshire – mas é agora”, aponta na Buffett.

Na carta, o CEO da Berkshire fala várias vezes da irmã, que aos 46 anos decidiu colocar todas as suas poupanças em alguns fundos de investimento e em ações da Bershire, não voltando a mexer nelas ao longo de 43 anos. “Nesse período, ela ficou muito rica, mesmo depois de realizar grandes ações filantrópicas (pense em nove dígitos)”.

A Berkshire Hathaway fechou o exercício de 2023 com lucros de 96 mil milhões, mais 6,7% do que no ano anterior. Os lucros operacionais, o indicador preferido de “Oráculo de Omaha”, como também é conhecido, aumentaram 12,3% para 37,4 mil milhões. As acções da holding valorizaram 15,8% em 2023, contra 24% do índice S&P500. Só nesse ano gastou 9,2 milhões milhões na recompra de ações, para puxar pelo seu valor.

O bilionário, com uma fortuna avaliada pela Forbes em 137,4 mil milhões de dólares, conta que desde 11 de março de 1942, quando comprou as primeiras ações, sempre teve a maoria do património investido em ações. Na altura, o Dow Jones andava em redor dos 100 pontos, agora anda pelos 38.000. “A América tem sido um país fantástico para os investidores. Tudo o que precisam de fazer é sentarem-se sossegados e não ouvirem ninguém”, escreve.

Apostas na Coca-Cola, American Express ou Apple são para manter

Se há alguém que os investidores ouvem e seguem com atenção é Warren Buffet, que como habitual fala na carta de alguns dos principais investimentos da holding, em particular aqueles que estão na carteira numa perspetiva de longo prazo. São os casos da Coca-Cola, American Express, Apple ou a Occidental Petroleum. O CEO da Berkshire Hathaway salientou também a aposta em cinco ações da bolsa japonesa — Itochu, Marubeni, Mitsubishi, Mitsui e Sumitomo –, que esta semana bateu um novo recorde ao fim de 34 anos.

Buffett salientou ainda a robustez financeira do conglomerado, que “tem dinheiro em caixa e uma posição em bilhetes do Tesouro americano que excedem em muito o que a sabedoria convencional consideraria necessário”.

“A velocidade da comunicação e as maravilhas da tecnologia facilitam a paralisia mundial instantânea, e percorremos um longo caminho desde os sinais de fumo. Esses pânicos repentinos [dos mercados] não acontecerão com frequência – mas acontecerão”, alerta.

Seja quais forem as razões, os mercados apresentam agora um comportamento muito mais semelhante ao dos casinos do que quando eu era jovem.

Warren Buffett

CEO da Berkshire Hathaway

Embora o mercado de ações seja enormemente maior do que era nos nossos primeiros anos, os participantes ativos de hoje não são nem mais estáveis emocionalmente nem mais bem conhecedores do que quando eu estava na escola. Seja quais forem as razões, os mercados apresentam agora um comportamento muito mais semelhante ao dos casinos do que quando eu era jovem. O casino agora reside em muitas casas e diariamente tenta os seus ocupantes.

“Uma regra de investimento na Berkshire não mudou e não vai mudar: nunca arriscar uma perda total de capital”, garante. E acredita que “a Berkshire consegue ultrapassar um desastre financeiro de uma magnitude maior do que até aqui foi experienciada”.

No arranque da missiva aos investidores, Warren Buffett homenageia Charlie Munger, que foi vice-presidente da Berkshire e faleceu em novembro com 99 anos, considerando-o o “arquiteto” da Berkshire Hathaway. Lembra também o seu preciso conselho: “compra negócios magníficos a preços justos e desiste de comprar negócios normais a preços magníficos”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Novo secretário-geral da CGTP apela à unidade para ultrapassar desafios

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

A valorização dos salários e o combate à precariedade foram apontadas como prioridades pelo novo secretário-geral da CGTP, que fecha este sábado o seu XV congresso.

O novo secretário-geral da CGTP defendeu hoje que para ultrapassar os desafios e atingir os objetivos da estrutura sindical em prol dos trabalhadores terá de haver sempre um espírito de unidade.

Para ultrapassar os desafios e alcançar os objetivos será sempre em unidade, no local de trabalho, a falar com os trabalhadores, a mobiliza-los e a traze-los para junto de nós”, disse Tiago Oliveira em declarações à agência Lusa horas depois de ter sido eleito secretário-geral da CGTP para o mandato de 2024/2028 com 107 votos a favor de um total de 132 elementos do Conselho Nacional da intersindical que participaram na votação.

A eleição foi realizada na madrugada de hoje, após o encerramento dos trabalhos do XV congresso da CGTP, que decorreu na Torre da Marinha, Seixal, distrito de Setúbal.

Tiago Oliveira considera que as intervenções dos sindicatos e o conteúdo das mensagens trazidas durante os dois dias de congresso demonstram a proximidade que os sindicatos da CGTP têm com os trabalhadores nos locais de trabalho.

“São muitas as lutas a ser dadas como exemplo”, adiantando que “há a perspetiva de sair daqui mais reforçados com mais força para continuar o verdadeiro combate a uma mudança política que tem de ser colocada em prática”.

O secretário-geral da CGTP adiantou que nos últimos 40 anos tem-se assistido a uma degradação das condições de trabalho, das condições de vida e dos direitos dos trabalhadores considerando ser impensável que em pleno XXI exista uma desregulação total dos horários de trabalho.

A valorização dos salários e o combate à precariedade é uma das lutas do presente e de futuro da CGTP, frisou o dirigente, alertando que todos os trabalhadores devem assumir a sua condição de classe e lutar por uma vida melhor.

“Estamos em plena campanha eleitoral e é importante que os trabalhadores façam uma avaliação do que são 40 anos de uma política de empobrecimento e degradação das condições de vida e trabalho. Que façam uma leitura atenta daquilo que é a sua condição de trabalhador e a perspetiva que têm por uma vida melhor e que no dia 10 vote em consciência”, apelou.

Tiago Oliveira, de 43 anos, poderá fazer mais do que um mandato como líder da CGTP.

De acordo com dados do último congresso, realizado em 2020, a CGTP representava 556 mil trabalhadores em todo o país. A CGTP é constituída por 10 federações sindicais, 22 uniões e 79 sindicatos filiados. Agrega ainda cerca de 40 sindicatos que, não sendo filiados, convergem com a intersindical na ação face a objetivos comuns, segundo dados da intersindical.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Kremlin entregou corpo de Alexei Navalny à mãe, diz porta-voz

  • ECO e Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

Corpo do opositor de Putin foi entregue à família, depois de vários dias de disputa com o Kremlin. Realização do funeral ainda não foi autorizada pelas autoridades.

O corpo de Alexei Navalny foi entregue à sua mãe, revelou a porta-voz numa publicação na rede social X. A mãe do opositor russo ainda se encontra em Slekhard, no ártico, onde o opositor de Vladimir Putin morreu na prisão em circunstâncias desconhecidas. A realização de um funeral ainda não é certa.

 

Alexei Navalny, de 47 anos, morreu há nove dias numa prisão de alta segurança. A viúva, Yulia Navalnaya, acusou este sábado Vladimir Putin de reter o corpo para obrigar a sua mãe a aceitar um enterro secreto. “Torturaram-no quando ele estava vivo e agora torturam-no depois de morto”, disse Liudmila Navalnaya.

O Presidente russo não reagiu à morte do seu principal crítico, que cumpria uma pena de prisão de 19 anos e tinha sobrevivido a um envenenamento.

Desde a invasão da Ucrânia, há dois anos, o Kremlin aumentou a repressão contra todos os seus críticos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Paulo Raimundo ataca sondagens e garante que “a CDU vai crescer”

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

O secretário-geral do PCP afirmou que as sondagens não previam um crescimento da CDU na Madeira e nos Açores, o que veio a acontecer.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, criticou hoje as sondagens que apontam para uma quebra da CDU nas próximas eleições legislativas, defendendo, num almoço em Avis, que há uma oportunidade e que a coligação “vai crescer”.

Não temos ilusões, nenhuma sondagem nos vai dar a crescer. Já foi assim na Madeira e nos Açores. A verdade é que na Madeira e nos Açores a CDU cresceu; de forma mais expressiva na Madeira, em que quase dobrou a percentagem e ficou muito perto do segundo deputado, e nos Açores ficou a 85 votos do seu primeiro deputado”, disse, acrescentando: “Entretenham-se com as sondagens que nós nos entretemos com o contacto e a mobilização do eleitorado”.

Num discurso perante cerca de 300 pessoas no pavilhão multiúsos de Benavila, concelho de Avis, o líder comunista defendeu que as eleições de 10 de março são “uma oportunidade que não pode ser desperdiçada para alterar a correlação de forças na Assembleia da República” e que a CDU é a melhor solução para “um voto de protesto”.

“Nós sabemos que será o povo e só o povo que vai decidir o rumo no próximo dia 10 de março. Eles sabem que a CDU – em cada esquina, em cada empresa, em cada aldeia -, está a construir por baixo todos os dias o resultado que nos querem roubar. A CDU vai crescer. Vamos ter melhores condições a partir de 11 de março, vamos ter mais força para travar a direita e vamos ter mais força para levar o PS às soluções que são necessárias”, vincou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mortágua diz que há “rios de dinheiro” que vão de milionários para Chega e IL

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

Repetindo acusações já feitas nos debates, a coordenadora do Bloco de Esquerda criticou num comício em Boliqueime o financiamento de milionários ao Chega e à IL.

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, considerou hoje que uma dos aspetos da “cavalgada da direita” e da “mutação política” destas eleições são os “rios de dinheiro que correm de cofres milionários” para partidos como o Chega e a IL.

Num discurso durante um almoço comício em Boliqueime, distrito de Faro, a líder do BE deixou avisos sobre as legislativas de 10 de março por considerar que esta é a “eleição mais disputada dos últimos anos e é também a eleição mais contaminada pela mentira e pelo ódio”.

“Mas há uma outra faceta desta cavalgada da direita, que é muito mais discreta, não sendo menos insidiosa por isso. São os rios de dinheiro, rios de dinheiro como nunca tínhamos visto que correm de cofres milionários para partidos da direita, incluindo do Chega e da Iniciativa Liberal“, criticou.

Mortágua recuperou o debate com André Ventura para afirmar que o líder do Chega não explicou “porque é que estava a falar da TAP na Assembleia da República, sem nunca dizer que recebia dinheiro dos acionistas privados” companhia aérea ou porque é que falou dos CTT “sem nunca dizer que recebia dinheiro dos acionistas privados” desta empresa.

“E acrescentem o imobiliário, acrescentem a finança, acrescentem antigos agentes do Grupo Espírito Santo e do negócio de Vale de Lobo – que vocês bem conhecem – e têm o polvo de financiadores do Chega e da extrema-direita”, acusou.

Este polvo, de acordo com a líder bloquista, é o mesmo “que paga à IL”, um partido que teve na apresentação do seu programa eleitoral “a responsável e presidente dos maiores grupos de saúde privada para dizer que a saúde era o melhor negócio do século XXI”.

“A IL que recebeu dinheiro diretamente do presidente da EDP e que em dois anos dois empresários entregaram ao seu instituto de estudos uma quantia de 600 mil euros”, acrescentou ainda.

Segundo Mortágua, “o dinheiro jorra para os partidos clientelares” e os “milionários abriram a comporta para financiar os partidos da direita”.

“E este é um dos traços mais marcantes desta campanha e desta mutação política que estamos a viver”, enfatizou.

Sobre a “mentira e ódio” que vê nesta campanha, a líder do BE considerou que “Trump e Bolsonaro deram o exemplo e são imitados pela extrema-direita nacional”.

“Há outros que procuram os seus modelos em políticas de austeridade, em políticas de liberalização económica, mas todos – os liberais até dizer Chega, o Chega e toda a direita – querem exatamente a mesma coisa”, enfatizou.

Mortágua acusou estes partidos de quererem “captar o Estado para empresas de saúde, para entregar as cidades ao turismo, para fazer das cidades Disneylândias que servem para a especulação, que servem para quem não vive, mas são impossíveis para quem vive, para quem trabalha neste país e nesta região”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Pedro Nuno Santos diz que a direita “é como jogar numa lotaria”

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

"Com a direita é como jogar numa lotaria: No final ganha uma minoria e o resto perde", afirmou o secretário-geral do PS, acusando ainda o líder do PSD de ser impreparado.

O secretário-geral do PS acusou este sábado o presidente do PSD de ser impreparado para as funções de primeiro-ministro e advertiu que o projeto político da direita é como a lotaria em que só ganha uma minoria.

Estas críticas foram feitas por Pedro Nuno Santos no discurso que proferiu no almoço comício do PS em Guimarães, após a intervenção do cabeça de lista socialista por Braga, José Luís Carneiro.

Na parte final da sua intervenção, o líder socialista pediu mobilização nos 15 dias de pré-campanha e de campanha para as eleições legislativas de 10 de março, numa mensagem em que procurou dramatizar as consequências de uma eventual maioria das forças políticas à direita do PS.

Temos de mobilizar o nosso povo para travar uma direita que quer trazer uma aventura fiscal ao nosso país, uma aventura que terá consequências negativas nos serviços públicos. Com a direita é como jogar numa lotaria: No final ganha uma minoria e o resto perde“, declarou.

Num discurso em que começou por assinalar os dois anos “da criminosa invasão da Ucrânia pela Rússia”, prometendo solidariedade “total ao povo ucraniano”, Pedro Nuno Santos disse estar a “ouvir com revolta” posições que colocam em causa conquistas do 25 de Abril de 1974, como o Serviço Nacional de Saúde e a escola pública.

Nos oitos anos de Governo, segundo o secretário-geral do PS, “os salários e as pensões são mais altos, o défice desapareceu, a dívida, o desemprego e a pobreza desceram, o abandono escolar baixou o número de alunos no Ensino Superior subiu”.

“Percebemos que quem se queira apresentar a eleições tenha de apresentar um retrato negro do país, mas tem a obrigação de dizer a verdade. Quem quer ser primeiro-ministro tem de ser honesto. Parem de dizer mal, parem de denegrir”, afirmou Pedro Nuno Santos elevando o seu tom de voz.

A seguir, acusou o presidente do PSD, Luís Montenegro, de ser impreparado para ser primeiro-ministro, dizendo que isso se provou no frente-a-frente televisivo que travou com ele na passada segunda-feira — e isto apesar de o líder social-democrata “ter a ajuda de muita gente”.

“Do outro lado temos a irresponsabilidade orçamental, a promessa de uma aventura fiscal e que tem como programa esvaziar os serviços públicos. Eles [AD] têm um líder impreparado, o que ficou óbvio no debate. [Luís Montenegro] pode ter a ajuda de muita gente, mas ficou claro que o líder do PSD não sabia quanto custa o seu programa”, apontou.

O secretário-geral do PS referiu, ainda, que o presidente do PSD desconhecia que o valor da baixa de impostos que propõe teria consequências plurianuais nas contas públicas e não apenas num único, representando 16,5 mil milhões de euros em quatro anos. Considerou, ainda, que Luís Montenegro também não teve sentido de Estado ao não transmitir uma palavra em defesa da ordem pública perante o protesto de agentes de forças de segurança, na segunda-feira, à porta do debate do Teatro do Capitólio em Lisboa.

Temos um líder impreparado a liderar a AD, a liderar o PSD. Pode ter a ajuda de muita gente, só que agora é o tempo da rua e aí não tem hipóteses. Agora, é a nossa relação com o povo, não há intermediários. Somos nós e o povo“, frisou, numa nova alusão a jornalistas e comentadores.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.