Apenas 19% dos edifícios estão seguros contra sismos

  • SegurosPME
  • 24 Fevereiro 2024

Em Portugal, apenas 19% das habitações têm seguro com cobertura para este risco, colocando milhares de vidas e patrimónios em perigo. A sua casa está protegida contra o inevitável?

Apenas 19% das habitações do país estão adequadamente protegidas com seguros que cobrem danos causados por sismos. Este dado alarmante revela uma realidade preocupante: a grande maioria das casas em território nacional, cerca de 81%, não está devidamente preparada para enfrentar o impacto de um terremoto, evento que representa uma ameaça real.

 

Vista da Ponte 25 de Abril , 23 de julho de 2019. ANTÓNIO COTRIM/LUSAANTÓNIO COTRIM/LUSA

Portugal é um país localizado numa zona sísmica, o que significa que, embora os sismos não sejam frequentes, o risco de ocorrência não pode ser ignorado. De facto, a história já registou o impacto devastador de um dos maiores sismos de sempre, o famoso terremoto de 1755, que destruiu parte da cidade de Lisboa e afetou outras regiões do país, causando milhares de vítimas e deixando marcas profundas na memória coletiva.

Apesar deste contexto, os números demonstram uma disparidade na cobertura de seguros. Embora 53% das habitações possuam algum tipo de seguro, 34% delas têm apenas seguros de incêndio ou multirriscos, sem qualquer proteção contra sismos. Este dado revela uma falha significativa na preparação da população face a um risco concreto e imprevisível.

A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) tem vindo a alertar para a necessidade de uma maior consciencialização em relação à importância de assegurar o património pessoal contra danos sísmicos. “É fundamental que os portugueses verifiquem as coberturas dos seus seguros, especialmente quando falamos de algo tão valioso como a casa, que representa uma das maiores poupanças das famílias portuguesas”, afirma a APS. O seguro adequado pode ser a diferença entre a recuperação total ou parcial da casa após um evento sísmico, protegendo não apenas os bens materiais, mas também a segurança das pessoas.

Além disso, a recente ocorrência de um sismo com magnitude de 5.3 na escala de Richter, em agosto de 2024, e o tremor sentido em fevereiro nas regiões da Grande Lisboa, Alentejo e Algarve, com magnitude de 4.8, são apenas lembretes de que Portugal está longe de ser imune a esta ameaça. Como a APS salienta, “não estamos perante uma mera incerteza, mas sim um verdadeiro risco, cuja ocorrência é certa, embora em momento incerto.”

A associação, com vasta experiência na gestão de riscos e perdas, tem vindo a propor uma solução estruturada e integrada para a proteção das pessoas e das habitações no caso de um sismo. Contudo, enquanto este sistema não for implementado, é imperativo que os cidadãos se informem e tomem medidas para proteger os seus bens e a sua família.

Investir num seguro com cobertura sísmica pode ser um passo simples, mas de extrema importância. A proteção contra riscos sísmicos não deve ser encarada como uma mera formalidade, mas sim como uma necessidade estratégica para garantir a estabilidade e a segurança a longo prazo. O tempo para agir é agora.

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Dois anos depois, guerra na Ucrânia ainda pesa na economia europeia

Principais efeitos da guerra já se estão a dissipar, com a inflação a abrandar, mas há ainda impactos na economia europeia. Incerteza e gastos com Defesa pesam no desempenho.

Foi há dois anos que o mundo acordou com a notícia da invasão russa da Ucrânia, depois de várias semanas de escalada de tensões entre os países. Além da dimensão humana e social, começaram também a surgir os custos económicos deste conflito: os preços dispararam, os Governos europeus tiveram de avançar com pacotes de apoio e também diversificar as fontes de energia, já que a Rússia era um dos grandes fornecedores.

Os economistas ouvidos pelo ECO apontam que os principais impactos da guerra na Ucrânia já se fizeram sentir, mas este conflito deverá ainda produzir efeitos nos próximos tempos, quer pela política monetária do Banco Central Europeu como pela incerteza que ainda rodeia esta situação, que por sua vez leva também a gastos mais elevados com a Defesa.

Mesmo passados dois anos, este conflito “continua a pesar” na economia europeia, aponta ao ECO Gonçalo Pina, professor associado de economia internacional na ESCP Business School, em Berlim. “A guerra está a levar a um aumento das despesas militares em muitos países europeus, que não são particularmente produtivas”, além de que “a guerra levou também à reorganização do comércio externo por questões geopolíticas”.

As exportações para a Rússia, por exemplo, diminuíram, “apesar de se notar um aumento das exportações para países muito próximos da Rússia, uma forma de escapar às sanções que apesar disso não compensou a redução das exportações”, nota.

Um dos impactos mais imediatos da guerra foi na inflação, que já se começava a sentir na saída da pandemia, com os desconfinamentos e a reabertura das economias. A invasão da Ucrânia fez subir os preços da energia e de produtos como os cereais e fertilizantes, tendo tido um grande impacto na evolução da inflação.

Os preços do gás natural da Europa bateram vários recordes, nomeadamente depois da decisão da Rússia de suspender o fornecimento de gás a alguns Estados-Membros da UE. Sendo a Ucrânia um dos grandes exportadores de cereais, conhecida como o “celeiro” da Europa, pelo que este foi outro produto a sofrer um aumento devido às tensões geopolíticas.

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Como aponta Gonçalo Pina, atualmente “os preços baixaram para níveis próximos de antes da Guerra, e até antes da pandemia, por isso o efeito direto já estará a passar”. “No entanto, ainda há efeitos indiretos através da subida dos salários e de outros custos que ainda se podem fazer sentir na inflação“, ressalva.

Tiago Tavares, economista no Instituto Tecnológico Autónomo do México e Centro de Investigação Económica, corrobora a visão de que, “neste momento, o impacto da invasão russa nos preços da energia/cereais/alimentos parece estar bastante dissipado”. “Por exemplo, depois de uma subida de mais de 10 vezes no preço dos futuros do gás natural na Europa, com um pico em Agosto de 2022, verificamos uma normalização dos mesmos para níveis pré-guerra”, exemplifica, em declarações ao ECO. “Dinâmicas semelhantes, com oscilações menos intensas, observam-se também para o preço do petróleo, cereais, e alimentação em geral (usando os índices da FAO)”, acrescenta.

Para o economista, o principal risco agora encontra-se na “instabilidade geopolítica do Médio Oriente/canal de Suez e problemas logísticos no canal do Panamá (aparentemente relacionados com alterações climáticas)”, que “estão já a aumentar os custos de transporte para níveis anormais”.

É de notar, ainda que existem vários fatores que contribuíram para o aumento da inflação. Apesar da trajetória de desaceleração, “parece que o crescimento dos preços na área do Euro ainda não está dominado, já que a inflação subjacente mantém-se nos 3%”. “Precisaremos de algum tempo para atingir de novo o nível dos 2% devido a um crescimento desfasado dos salários (que apenas agora estão a recuperar a perda de compra perdido em 2022/23)”, admite o economista.

Para controlar esta inflação, o Banco Central Europeu decidiu subir as taxas de juro em julho de 2022, num ciclo que apenas terminou em setembro de 2023. No espaço de 15 meses, o BCE subiu as taxas de referência por 10 vezes, num total de 450 pontos base (4,5 pontos percentuais), naquele que foi o agravamento de política monetária mais agressivo na história do banco central. Agora, o BCE está “em pausa”, sendo que vários responsáveis já têm vindo a discutir o momento de corte de juros, ainda sem uma data definida à vista.

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Este parece ser um dos fatores que pode penalizar a economia europeia, já que esta política demora algum tempo a produzir efeitos. “O abrandamento do crescimento económico observado na área do Euro para 2023 estará mais relacionado com o efeito da política contracionista do BCE“, nota Tiago Tavares.

Para o economista, a maior fatia do “custo” da guerra já foi paga e, “com a exceção de alguns riscos, encontra-se bastante mitigado”. “Grande parte do necessário ajustamento, resultado do corte do fluxo de mercadorias russas (por exemplo gás natural), foi incorrido no final de 2022″, nota, sendo que “esses custos, que causaram um abrandamento ligeiro da atividade económica na Europa, derivam essencialmente de uma substituição das cadeias de abastecimento por parte de produtores, e redução da procura por parte de consumidores”.

“Hoje podemos esperar maior resiliência das economias da União Europeia face a uma prolongação da guerra”, prevê o economista. Apesar disso, “continuam a existir fatores importantes de risco”, admite, que se prendem nomeadamente com no risco da Rússia invadir outro país Europeu. “Nesse caso, vários países Europeus teriam de recalibrar as despesas dos seus orçamentos num maior esforço em políticas de defesa. Este seria um novo choque orçamental a ser adicionado a choques anteriores (covid 2020/21, e energia 2022)”, salienta.

E, num cenário “mais catastrofista, esse esforço orçamental adicional poderia mesmo gerar uma crise da dívida semelhante à observada na zona Euro em 2010/2014”, alerta o economista. As recentes declarações de Trump sobre a não ativação da rede de proteção da NATO em caso de uma nova invasão aumentam este risco, recorda Tiago Tavares. A incerteza gerada por estes riscos “gera efeitos económicos imediatos através de um menor investimento privado“, conclui o economista.

Um estudo do Banco Nacional Suíço, publicado em setembro do ano passado, indicava também que a guerra na Ucrânia reduziu o crescimento económico europeu e elevou “consideravelmente” a inflação, sendo que ainda se poderiam vir a sentir efeitos piores. “As consequências negativas da guerra serão provavelmente muito maiores a médio e longo prazo, especialmente no que diz respeito à economia real”, afirma o estudo.

Nestes cálculos foram tidos em conta impactos nos preços, mas também efeitos provenientes da entrada de refugiados e o aumento da despesa militar. Entre as principais economias europeias, a Alemanha foi a mais afetada, segundo o estudo do banco central suíço. O PIB alemão teria sido 0,7% superior e a inflação teria sido 0,4% inferior no quarto trimestre de 2022 se a Rússia não tivesse atacado nem ameaçado a Ucrânia, calculam.

Já Portugal não exportava muito para a Rússia, além de ser dos países menos expostos à quebra do fornecimento de gás natural russo. Ainda assim, é possível verificar que, tal como aconteceu após a anexação da Crimeia (o que também motivou sanções da UE), as importações se reduziram nos meses seguintes à invasão.

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PME falham em 15% na cibersegurança face às grandes empresas

  • SegurosPME
  • 24 Fevereiro 2024

A sua PME está segura? Enquanto as grandes empresas aplicam 80% dos controlos de cibersegurança, as PMEs ficam nos 65%.

As pequenas e médias empresas (PMEs) na União Europeia (UE) estão 15% aquém das grandes organizações na implementação de controlos de cibersegurança, revela um novo relatório da Marsh, especialista em consultoria de riscos e corretagem de seguros.

Muitas empresas continuam desprotegidas ou com coberturas insuficientes, expondo-se a perdas financeiras e fugas de dados que podem comprometer a sua sustentabilidade.

O estudo, intitulado “Why the Cybersecurity Gap Between SMEs and Large Organizations Matters“, demonstra que a resiliência digital das PMEs continua a ser um desafio crítico.

A análise, que se apoia em dados da ferramenta Cyber Self-Assessment da Marsh, abrange 320 organizações, classificadas como PME (receitas inferiores a 51 milhões de euros), empresas de média dimensão (entre 51 e 250 milhões) e grandes organizações (acima de 250 milhões).

Os resultados demonstram que as grandes empresas atingem uma taxa de implementação de controlos de cibersegurança de 80%, contra apenas 65% registados nas PME. Destaca-se o uso de autenticação multifator: 91% das grandes organizações implementam este mecanismo, enquanto apenas 75% das PME adotam essa medida essencial para acessos remotos.

Outro ponto crítico é a realização de testes e revisão de planos de resposta a incidentes. Apenas 40% das PME testam regularmente os seus planos, face aos 61% das grandes organizações. O setor financeiro lidera na formação em segurança digital, com 85% das PME a apostarem em formação para os colaboradores, enquanto na indústria transformadora essa taxa cai para 58%.

Falta de seguros agrava riscos

O estudo reforça a importância de as PME aderirem a soluções de seguros de cibersegurança. Muitas empresas continuam desprotegidas ou com coberturas insuficientes, expondo-se a perdas financeiras e fugas de dados que podem comprometer a sua sustentabilidade.

“As PMEs são essenciais para a infraestrutura nacional e, se não estiverem protegidas, podem comprometer a estabilidade económica e a confiança pública. O setor precisa de mais colaboração para reduzir esta lacuna”, alerta Gamze Konyar, Head of Cyber da Marsh Europe.

Luís Rodrigues de Sousa, Cyber Risk Specialist da Marsh Portugal, reforça a necessidade de as PME adotarem medidas preventivas: “As ameaças digitais evoluem constantemente, e é fundamental que os gestores reconheçam os riscos e protejam as suas organizações”.

Typhaine Beaupérin, CEO da Federation of European Risk Management Associations (FERMA), destaca que o estudo apela a um maior envolvimento dos governos, associações industriais e grandes empresas para apoiar as PME na implementação de boas práticas de cibersegurança.

Com a crescente sofisticação dos ataques cibernéticos, a diferença entre PME e grandes organizações na proteção digital não pode ser ignorada. A segurança digital deixou de ser uma opção e passou a ser uma necessidade urgente para garantir a resiliência empresarial na era digital.

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Maioria das habitações sem cobertura contra sismos

  • SegurosPME
  • 24 Fevereiro 2024

Portugal está numa zona sísmica e apenas 19% das habitações têm seguro contra sismos. A APS alerta para o risco real e a necessidade de prevenção.

Em Portugal, apenas 19% das habitações possuem seguro com cobertura para risco sísmico, um dado preocupante tendo em conta a localização do país numa zona sísmica. De acordo com a Associação Portuguesa de Seguradores (APS), 53% das habitações dispõem de algum tipo de seguro, mas 34% dessas apenas incluem cobertura contra incêndios ou multirriscos, sem proteção específica para tremores de terra.

Em fevereiro, um novo tremor de terra, com magnitude de 4,8, foi sentido na Grande Lisboa, Alentejo e Algarve.

A APS alerta para a importância de verificar as coberturas contratadas para a casa, sublinhando que “não é por demais lembrar que é nas casas que está a principal poupança dos portugueses”. A instituição reforça a necessidade de proteger esse património através da adesão a seguros adequados.

Os recentes eventos sísmicos vêm reforçar a urgência desta preocupação. Em agosto de 2024, Portugal sentiu um sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter. Em fevereiro, um novo tremor de terra, com magnitude de 4,8, foi sentido na Grande Lisboa, Alentejo e Algarve, relembrando a população sobre a vulnerabilidade do território nacional.

Historicamente, Portugal já enfrentou catástrofes sísmicas severas, sendo o sismo de 1755 um dos mais destrutivos de que há registo, devastando Lisboa e outras zonas do país. “Não estamos perante uma mera incerteza, mas sim perante um verdadeiro risco, de ocorrência certa, em momento incerto”, alerta a APS.

A Associação Portuguesa de Seguradores, com vasta experiência na gestão deste tipo de eventos, tem apresentado ao Governo e ao Parlamento soluções estruturadas para proteção das pessoas e habitações em caso de sismo. Contudo, enquanto não se concretiza um sistema nacional de proteção sísmica, continuam disponíveis soluções individuais de seguro que podem fazer toda a diferença na recuperação das perdas.

A APS reforça o apelo para que os cidadãos avaliem a proteção das suas habitações e considerem a adesão a seguros com cobertura sísmica, garantindo assim maior segurança financeira em caso de desastre.

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José Luís Carneiro sugere haver “negociações escondidas” entre AD e outros partidos

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

José Luís Carneiro, cabeça de lista socialista por Braga, afirmou este sábado que "portugueses têm o direito de conhecer aquilo que anda a ser negociado nos bastidores".

O cabeça de lista socialista por Braga, José Luís Carneiro, sugeriu hoje que há “negociações escondidas” entre a Aliança Democrática e outros partidos, desafiando a coligação a clarificar este fim de semana se viabiliza um Governo do PS.

Em declarações aos jornalistas à chegada ao pavilhão desportivo Francisco de Holanda, em Guimarães, onde vai decorrer um almoço-comício do PS, José Luís Carneiro afirmou que o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, já demonstrou que “coloca o interesse do país acima dos interesses partidários”, ao comprometer-se a viabilizar um Governo da AD caso não vença as eleições ou não haja maioria de esquerda.

É “aquilo que a AD ainda não foi capaz de fazer, refugiando-se num tabu de estar a aguardar pelos resultados eleitorais. Acho que tem o dever, perante o país, de explicar o que é que faz se o PS não ganhar com maioria absoluta. Foi isso que Pedro Nuno Santos colocou no debate e até agora ainda não teve uma resposta política”, afirmou.

Questionado a quem é que prejudica este tabu, Carneiro respondeu: “Dizem-me que há umas negociações escondidas entre os partidos da AD e outros partidos em relação ao futuro. Mas os portugueses têm o direito de conhecer aquilo que anda a ser negociado nos bastidores“.

Carneiro sublinhou que “os únicos que não clarificaram a posição foi a AD e era importante que pudessem aproveitar este fim de semana para clarificarem e responderem aos portugueses se colocam em primeiro lugar o país ou os interesses partidários”.

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Montenegro avisa que se PS não garantiu estabilidade sozinho “o que fará acompanhado”

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

O presidente do PSD afirmou este sábado que a Aliança Democrática tem todas as condições para conseguir "um suporte parlamentar que confira governabilidade ao país".

O presidente do PSD considerou hoje que a AD é “o referencial de estabilidade” nas próximas legislativas, avisando que se o PS não conseguiu garantir estabilidade com maioria absoluta “o que fará acompanhado”.

No final de uma visita à Feira do Fumeiro dos Sabores e Artesanato do Nordeste da Beira, em Trancoso (distrito da Guarda), Luís Montenegro nunca respondeu às perguntas dos jornalistas sobre se admite viabilizar um eventual Governo minoritário do PS e, questionado se a estabilidade política não é importante para os portugueses, considerou que sim.

“A estabilidade política é tão importante quanto ela está assegurada pelos princípios que norteiam esta candidatura”, respondeu, considerando que a AD tem todas as condições para conseguir “um suporte parlamentar que confira governabilidade ao país”.

E acrescentou: “Nós somos o referencial da estabilidade, reparem bem: se houvesse estabilidade do lado do PS, não estávamos em eleições. Nós estamos em eleições porque o PS não foi capaz de criar estabilidade sozinho, [imaginem] o que fará acompanhado“, avisou.

O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, está hoje e nos próximos dias ausente da campanha da AD (coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM) por ter testado positivo à covid-19, informou fonte da campanha.

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Tiago Oliveira, o homem “do terreno, frontal e afável” que vai assumir as rédeas da CGTP

Aos 43 anos, Tiago Oliveira assume a liderança da CGTP, sucedendo a Isabel Camarinha. É descrito pelos que o conhecem há muito como um homem do terreno, frontal, mas capaz de gerar consensos.

De t-shirt preta, óculos escuros ao peito e cartaz na mão, lá estava Tiago Oliveira entre as centenas que, em mais um 1.º de Maio, enchiam a principal artéria do Porto. “Não queremos mais apoios. Queremos salários dignos“, haveria de afirmar, em declarações às televisões, aquele que esta madrugada foi escolhido para novo líder da CGTP. Os que o conhecem há muito, com maior ou menos profundidade, descrevem-no como um homem afável, que facilmente faz amizades, mas que é determinado e frontal.

Solidário e capaz de gerar convergências entre os trabalhadores. “Nos últimos anos, tudo o que foi luta, ele esteve lá“, comenta o sindicalista que o antecedeu no cargo que agora vai deixar – o de coordenador da União de Sindicatos do Porto –, rumando à capital.

Conheço-o há 18 ou 20 anos. Era ele muito jovem“, recorda João Torres. Travaram conhecimento no sindicato que sempre partilharam, o que representa os trabalhadores do setor metalúrgico e metalomecânico. “Passou a delegado sindical e, depois, foi eleito para a direção. Passou pouco tempo para que se visse que tinha condições para evoluir“, conta o ex-coordenador da União de Sindicatos do Porto.

Mecânico de profissão, Tiago Oliveira foi eleito delegado sindical da Auto-Sueco em 2003. Três anos depois, chegou a dirigente sindical e também a membro da direção do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas do Distrito do Porto.

Em 2012 passa, então, a membro da comissão executiva da União de Sindicatos do Portos, bem como a membro do conselho nacional da CGTP. À comissão executiva dessa central chegaria em 2016, ano em que passaria também a ser coordenador da União de Sindicatos do Porto.

Além desse percurso no sindicalismo, Jorge Torres frisa que Tiago Oliveira revelou logo “qualidades humanas muito boas“. “Faz amizades com muita facilidade, é muito afável e disponível. É de uma simpatia, de uma humildade, muito solidário e preocupado com os outros“, retrata o sindicalista.

Mário Nogueira, histórico líder da Fenprof e membro da comissão executiva da CGTP, conhece-o há menos tempo – há cerca de uma década, desde que chegou ao conselho nacional da central sindical –, mas destaca qualidades semelhantes. “Não é propriamente uma pessoa com quem esteja todos os dias”, admite. “Temos 20 anos de diferença”, assinala. “Mas nota-se que é afável, simpático, que gosta das outras pessoas. Dá-se bem com as outras pessoas e isso é visível no próprio tratamento dele para com as outras pessoas”, sublinha o sindicalista.

Nas reuniões da CGTP às quais, vindo do Porto, Tiago chega já depois de muitos lugares estarem preenchidos, não faz questão de ficar com um assento em particular, indica Mário Nogueira. “Não é uma pessoa que queira exibir-se, mostrar-se. Em alguns momentos, é discreto“, afirma Mário Nogueira.

Outro membro da comissão executiva da CGTP, Joaquim Mesquita, usa afável para adjetivar Tiago Oliveira. “É muito frontal, sem deixar de ser afável“, entende o sindicalista, que realça também o “caráter muito conciliador e muito congregador, ao nível dos sindicados e dos trabalhadores” do novo secretário-geral.

Mesmo quem o conhece há mais tempo, confirma essa tendência para os acordos. “Tem uma postura de firmeza e determinação, com argumentos muito bons em defesa dos consensos entre os trabalhadores. É um homem que se empenha para que os trabalhadores se unam em consensos“, declara João Torres.

Essa é uma característica particularmente relevante, tendo em conta que Arménio Carlos, antigo secretário-geral da CGTP, já fez questão de avisar que um trabalhador revoltado, “se não estiver organizado pode tornar-se amanhã num trabalhador conformado“.

Ao ECO, explica que a força da CGTP “está nos locais de trabalho”, mas cabe ao secretário-geral “coordenar os trabalhos coletivos“. “É importante que a coordenação seja eficaz, dinamizadora, confiante“, defende Arménio Carlos, que considera que Tiago Oliveira “tem a experiência necessária para desenvolver esse papel“, considerando os seus anos na liderança da União de Sindicatos do Porto.

“Tenho uma boa opinião dele. Já o conheço há vários anos. Tem as condições certas para ser secretário-geral da CGTP“, assevera o antigo líder da central sindical.

Um homem do terreno

É das lutas sindicais no terreno que João Torres guarda as maiores recordações de Tiago Oliveira. “Nos últimos anos, tudo o que foi luta dos trabalhadores, ele esteve lá. Sempre privilegiou a solidariedade, a participação na luta dos trabalhadores. O Tiago esteve sempre lá, intervindo e apoiando“, lembra o ex-coordenador da União de Sindicatos do Porto.

“É um dirigente que sempre pisou o terreno“, concorda Mário Nogueira, que fala numa “grande intervenção nos locais de trabalho“. “Como coordenador da União de Sindicatos do Porto – talvez a segunda maior do país –, tem uma grande experiência em grandes iniciativas e manifestações“, detalha o representante dos professores. E atira: “Sobretudo, é jovem, pronto para o que aí vem“.

Escolhida para secretária-geral da CGTP em 2020, Isabel Camarinha está de saída desse cargo precisamente pelo limite de idade. É que, no curso do próximo mandato, chegará à idade da reforma, o que impediu a sua continuação, e abriu, então, a porta a que alguém lhe sucedesse. Neste caso, “o jovem” Tiago Oliveira, de 43 anos. A sua idade vai permitir que cumpra, querendo, mais do que um mandato como secretário-geral da CGTP.

Numa entrevista recente ao Público, Isabel Camarinha frisava que Tiago Oliveira é “bastante novo”, mas assegurava que isso é algo positivo: “Dá uma perspetiva de renovação e rejuvenescimento“, disse. “É uma sugestão muito forte e com todas as condições para que a CGTP saia reforçada“, salientou. O ECO tentou contactar diretamente a agora ex-secretária-geral, mas não foi possível.

Já João Torres deixa um recado: renovar significa “pôr gente mais nova, não é alterar o paradigma da CGTP“.

Quadro político desafiante

O nome foi apontado pela comissão executiva da CGTP, e, entretanto, confirmado em congresso. Agora, não faltarão desafios a Tiago Oliveira nesse novo lugar, a começar pelo cenário político que resultar das eleições de 10 de março.

“O enquadramento político será de muita instabilidade. O quadro político difícil e desfavorável aos trabalhadores [é desafiante]”, salienta o membro da comissão executiva Joaquim Mesquita, quando questionado sobre as principais dificuldades que Tiago Oliveira irá enfrentar.

Também Mário Nogueira menciona o cenário político, sobretudo porque as sondagens indicam que poderá crescer “uma direita xenófoba, radicalizada e que alimenta um discurso de ódio“. Pior, os direitos dos que trabalham têm sido usados como “chamariz“, alerta, em propostas que, “nas letras pequenas, não são do interesse dos trabalhadores”.

Além disso, o líder da Fenprof identifica como desafios para o novo secretário-geral a defesa dos direitos laborais, sindicais e as funções sociais do Estado. “De uma economia a pensar também nas pessoas. A CGTP vai ter de ter um papel importante”, defende.

A propósito do cenário político, não consta da nota biográfica partilhada pela CGTP, mas importa notar que Tiago Oliveira foi candidato pela CDU à presidência da União de Freguesias de São Mamede de Infesta e Senhora da Horta, nas eleições autárquicas de 2021. Segundo o Público, fez também parte do comité central do PCP.

Por sua vez, Arménio Carlos faz questão de lembrar que hoje “há muitos milhares de empresas onde o movimento sindical está impedido de entrar“, mas a Agenda do Trabalho Digno veio deixar claro que, mesmo nas companhias onde não há trabalhadores sindicalizados, estas estruturas podem ter presença. “Os direitos não podem ficar à porta do local de trabalho“, realça.

“O grande desafio será possibilitar que os trabalhadores tenham voz nos locais de trabalho“, sublinha, de olho no mandato que agora arranca, com Tiago Oliveira nas rédeas.

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Portugal “tem recursos” para cumprir compromisso de investir 2% do PIB em defesa, diz Medina

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

O ministro das Finanças afirmou em Bruxelas que Portugal tem "espaço orçamental" chegar à meta de investimento em defesa acordada com a NATO, sem comprometer outros financiamentos.

O ministro das Finanças assegurou hoje que Portugal tem “os recursos” para aumentar o investimento em defesa, para pelo menos 2% do Produto Bruto Interno (PIB) como pedido pela NATO, sem comprometer outros financiamentos, dado o “espaço orçamental”.

“Essa [a Defesa] é uma das áreas em que está identificado que a Europa terá de investir mais e também na transição climática e na transição digital. Portugal tem o seu compromisso assumido e tem definido como chegaremos muito perto dos 2% de investimento em Defesa, como vários outros Estados-membros, e Portugal tem os recursos próprios para o fazer”, declarou Fernando Medina, falando aos jornalistas portugueses no final do segundo e último dia da reunião informal dos ministros das Finanças da UE, na cidade belga de Gante pela presidência rotativa do Conselho assumida pela Bélgica.

No dia em que se assinalam dois anos da invasão russa da Ucrânia, Fernando Medina apontou a “previsão de disponibilizar mais financiamento europeu”, como para avançar com “investimentos em equipamentos de duplo uso – civil e militar -, que é uma área de grande interesse para Portugal, nomeadamente em toda a área marítima e toda a área que tenha a ver com a exploração do oceano, com o controlo e com a atuação dentro da zona económica exclusiva”.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) tem vindo a exigir que os seus aliados aloquem, pelo menos, 2% do PIB a investimentos em Defesa, mas em 2023 Portugal ainda estava pelos 1,38% e só deverá chegar à meta em 2030, segundo as estimativas do Governo.

Dadas as tensões geopolíticas mundiais, principalmente pela guerra da Ucrânia, o tema do investimento em Defesa dominou esta reunião informal.

“Temos previsto dentro do orçamento e dentro do quadro futuro. Essa é uma área do orçamento crescente nos próximos anos”, garantiu Fernando Medina.

Questionado se tal aposta afeta outras, o ministro das Finanças afiançou: “Não compromete na medida em que, com o espaço orçamental que nós fomos ganhando pelo facto de termos promovido uma política de contas certas, nós hoje temos a capacidade […] de ir aumentando o volume de investimento e o peso do investimento no PIB”.

“Isso está contemplado dentro do que é o programa de estabilidade que o Governo apresentou”, reforçou.

Já quanto a uma eventual emissão de dívida conjunta na UE para esta área, como admitido até por alguns membros da Comissão Europeia, o governante português disse não querer “agarrar-se muito aos instrumentos”.

“Hoje é claro, aos olhos de todos, que a Europa tem que fazer um grande esforço de investimento em matéria de Defesa, não só pela situação de guerra que temos às nossas portas, mas também pelos sinais que vão sendo dados do outro lado do Atlântico, que, no fundo, convoca os europeus e os governos europeus a uma ação clara, decidida, na manutenção, no reforço da capacidade própria, que não fique tão dependente do que é a capacidade norte-americana”, concluiu.

Hoje mesmo, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis apelou à entrega urgente por parte dos Estados-membros de munições à Ucrânia e a investimentos nacionais em capacidades de defesa na UE.

Já na sexta-feira, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, admitiu que, após a “experiência muito positiva” de emissão de dívida comum na UE para recuperação económica pós covid-19, se utilize a metodologia para objetivos comuns na Defesa.

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Medina tem “desejo profundo” de que país não retroceda nas finanças públicas

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

O ministro das Finanças, Fernando Medina, apelou este sábado, à saída da reunião do Ecofin, para que novo Governo "não volte para trás no que foi conseguido" com a estabilidade das contas públicas.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, disse este sábado ter uma “grande esperança” e um “desejo profundo” de que Portugal não retroceda na estabilidade das finanças públicas e económica, que colocou o país num “patamar superior” na União Europeia (UE).

“Tenho uma grande esperança, uma grande expectativa e, como português, desejo profundamente que não se volte c”, disse Fernando Medina, em declarações aos jornalistas portugueses no final do segundo e último dia da reunião informal dos ministros das Finanças da UE, na cidade belga de Gante no âmbito da presidência rotativa do Conselho assumida pela Bélgica.

Quando questionado sobre as eleições legislativas em Portugal a 10 de março próximo, o governante acrescentou: “Eu acho que a recuperação da credibilidade de Portugal nos colocou num patamar de diálogo, de intervenção, de influência no espaço comunitário, que é muito superior ao que é a nossa dimensão populacional e económica dentro do espaço da União”.

Somos hoje um país muito respeitado por aquilo que fez, pela sua trajetória da situação onde se iniciou até onde nós chegámos […] e temos de continuar este caminho. Portugal tem de continuar este caminho, esse caminho é o que melhor nos protege, melhor nos defende, melhor defende as famílias portuguesas”, elencou.

Fernando medina adiantou esperar que, independentemente de “qualquer que seja o resultado das eleições do dia 10 de março, que dele resulte sempre uma solução de continuidade na gestão das finanças públicas portuguesas”.

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“Economia de guerra” está a puxar pelo PIB da Rússia

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

Militarização da economia russa, com a reorientação para a indústria do armamento, têm-lhe permitido resistir e evitar o colapso perante as sanções internacionais.

A militarização da economia russa, com a reorientação praticamente total para a indústria do armamento, com o aumento da produção, tem-lhe permitido resistir e evitar o colapso perante as sanções internacionais, dois anos depois da invasão da Ucrânia.

Na madrugada de 24 de fevereiro de 2022, a Rússia lançava uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades. No final desse ano, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) ucraniano se contraia quase 30%, o russo encolhia 1,2%.

No ano seguinte, em 2023, a economia russa voltou a mostrar-se resiliente e a atividade cresceu, conseguindo uma expansão do PIB de 3,6%, segundo a primeira estimativa publicada pela agência de estatísticas Rosstat.

A atividade foi apoiada por preços favoráveis da energia, condições de crédito mais flexíveis e sobretudo por uma procura interna estimulada pelo setor da Defesa, com um aumento dos salários reais para atrair trabalhadores para os setores mais afetados pela escassez, com mais de meio milhão de russos na indústria de defesa desde 2022, segundo as autoridades.

O crescimento da economia deverá desacelerar ligeiramente para 2,6% em 2024 e 1,1% em 2026, mas ainda assim para este ano acima do previsto anteriormente, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgados, em janeiro, no World Economic Outlook (WEO).

A evolução prevista reflete o efeito de arrastamento do crescimento mais forte do que o esperado em 2023, devido aos elevados gastos militares e ao consumo privado, apoiado pelo crescimento dos salários num mercado de trabalho restritivo.

Uma previsão dentro do intervalo projetado pelo Banco Central da Rússia, que espera um crescimento do PIB entre 1% a 2% em 2024 e 2025 e entre 1,5% e 2,5% em 2026.

“No que diz respeito à questão da economia russa e das sanções, o que posso dizer é que a economia da Rússia tem, de facto, surpreendido em termos da força do crescimento até agora”, afirmou a porta-voz do FMI, Julie Kozack, em conferência de imprensa, em Washington, esta semana.

Produção nas indústrias da guerra aumentou 35% em 2023

A representante do FMI destacou, contudo, que a Rússia tem “uma economia de guerra”, pelo que existe “uma grande quantidade de despesas militares na economia, o que está a impulsionar a produção”.

Um estudo da Allianz Trade, acionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, destaca que as indústrias de guerra e a construção, em particular, aumentaram nos últimos dois anos, sendo a sua produção, em 2023, 35% e 15% superior à de 2021, respetivamente.

Segundo o presidente russo, Vladimir Putin, mais de meio milhão de russos aderiram à indústria de defesa desde 2022 e, no último ano e meio, foram criados 520 mil novos empregos nesta área.

A Allianz Trade assinala que, por outro lado, a produção nos setores automóvel e dos transportes aéreos ficou, no ano passado, “muito abaixo dos níveis anteriores à guerra”, enquanto paralelamente o país registou uma redução do excedente da balança corrente.

Rússia usa países terceiros para contornar sanções

As exportações russas de bens e serviços caíram 27% em termos anuais em 2023, devido ao aumento das sanções ocidentais e à relativa normalização dos preços globais do petróleo e do gás, segundo o estudo, que, contudo, alerta que existe uma “potencial evasão das sanções”.

Apesar dos esforços de aplicação das sanções, os produtos da UE continuam a chegar à Rússia através de países terceiros. Os dados comerciais sugerem que os produtos sancionados pela UE estão a ser exportados da UE para nações como a Turquia e países da Ásia Central que têm laços estreitos com a Rússia e não impuseram sanções”, refere.

A análise aponta que, embora a maioria dos países ocidentais tenha reduzido significativamente as exportações diretas para a Rússia, as exportações da UE para a Turquia aumentaram 106%, em média, entre 2019 e 2023 e as economias da Ásia Central registaram um aumento de 172% durante o mesmo período.

“Estas tendências coincidem com o aumento do comércio entre estas regiões e a Rússia”, argumenta.

Paralelamente, chegam de Moscovo sinais de sobreaquecimento da economia, alimentado pela explosão de encomendas militares para abastecer os soldados russos que combatem na Ucrânia. O aumento de preços tem sido uma das principais preocupações da população russa, cujo poder de compra tem sido penalizado pelo efeito das sanções ocidentais e pela fragilidade do rublo face ao euro e ao dólar.

O presidente russo já pediu ao Governo “uma atenção especial” ao “controlo” da inflação, a menos de um mês das eleições presidenciais que o devem reeleger para ficar no Kremlin até 2030.

De acordo com os dados do Banco Central Russo, no final de dezembro, a inflação homóloga no país foi de 7,4% (a mesma taxa registada em janeiro deste ano), tendo a inflação média anual sido de 5,9%. A instituição prevê que a taxa anual irá cair para entre 4% a 4,5% em 2024 e estabilizará perto dos 4% posteriormente.

Em fevereiro, o Banco Central da Rússia manteve a taxa de juro em 16%, apontando que as pressões inflacionistas, apesar de altas, abrandaram face aos meses de outono, depois de nos últimos meses ter tentado combater a subida de preços.

O banco tinha subido, em dezembro, a principal taxa de juro para 16%, o quinto aumento consecutivo desde julho de 2023, para travar o aumento de preços registado desde a primavera passada. Em 14 de fevereiro de 2022, a principal taxa era de 9,50%, tendo subido em 28 de fevereiro, dias depois da invasão, para 20%.

O FMI prevê que, daqui para a frente, com a Rússia isolada do sistema financeiro internacional (na sexta-feira, a União Europeia anunciou o 13.º pacote de sanções contra o país, que excede o limiar de 2.000 inclusões na lista, e os EUA mais 500 novas sanções) e um acesso reduzido às tecnologias, aliado a uma perda de mão-de-obra altamente qualificada na força de trabalho, o crescimento venha a enfraquecer “a médio prazo”.

A invasão russa da Ucrânia foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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Os desafios da economia ucraniana dois anos após a invasão russa

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

Depois de recuperar no ano passado, economia deverá travar este ano. Aumento das despesas orçamentais com a guerra, exportação de cereais e inflação são alguns dos desafios que o país enfrenta.

A economia ucraniana procura recuperar-se apesar da guerra, dois anos depois do início da invasão pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022, suportada em grande parte pela ajuda militar e financeira internacional.

No ano do início dos combates, avassalador em vidas humanas e em destruição, o Produto Interno Bruto (PIB) ucraniano contraiu-se 29,1%, a maior queda desde 1991 (ano de independência do país), que compara com o crescimento de 3,4% registado em 2021.

Apesar do colapso, a economia ucraniana começou a trilhar o caminho da recuperação ao longo de 2023, com o crescimento do PIB real a superar as expectativas, principalmente devido às melhores colheitas e ao desenvolvimento de rotas alternativas de exportação.

O FMI previa no World Economic Outlook (WEO), em outubro do ano passado, que a economia crescesse 2% em 2023 e 3,2% em 2024, mas a diretora da instituição, num encontro em dezembro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, destacou que “a economia apresenta um forte desempenho, prevendo-se que o crescimento do PIB atinja pelo menos 4,5%” em 2023.

Apesar da revisão em alta pela instituição de Bretton Woods, o Banco Nacional da Ucrânia está ainda mais otimista e, em janeiro deste ano, apontou para uma recuperação do PIB de 5,7% em 2023, seguido de um aumento de 3,6% em 2024, com uma desaceleração do crescimento justificada por uma “diminuição esperada nas colheitas” e “maiores disparidades no mercado de trabalho provocadas pela guerra”.

Prevê ainda “despesas orçamentais a continuarem elevadas, tendo em conta os esperados fluxos insuficientes de assistência financeira internacional” e uma nova aceleração do crescimento económico em 2025/2026 para 4%-6% ao ano.

A recuperação da economia ucraniana está fortemente dependente das exportações de cereais, que desde fevereiro de 2022, sofrem grandes perturbações. De acordo com dados do Conselho Internacional de Cereais, a produção no país caiu 29% na campanha de 2022/2023 face à de 2021/2022, prevendo-se que continue a reduzir-se.

Segundo dados da União Europeia (UE), em 2021, os agricultores ucranianos semearam quase 17 milhões de hectares de culturas de primavera, mas, após o início da guerra, em 2022 semearam menos 22% (“a área não semeada — 2,8 milhões de hectares — é quase equivalente à área da Bélgica”).

Depois de mais de quatro meses no início dos combates de bloqueio dos portos ucranianos no Mar Negro por navios russos, esteve em vigor, entre julho de 2022 e 2023, a Iniciativa dos Cereais do Mar Negro (entre a Organização das Nações Unidas, a Rússia e a Turquia), que permitiu a passagem das exportações ucranianas através de um corredor marítimo. Contudo, em julho do ano passado Moscovo rompeu o acordo.

Segundo dados da UE, em julho de 2023, contabilizavam-se quase 33 milhões de toneladas de cereais e outros produtos alimentares exportados por intermédio da Iniciativa.

A Ucrânia tem procurado alternativas, como o acordo de cooperação que estabeleceu com a Roménia, mas a UE alerta que “embora o impacto da guerra nas exportações ucranianas de cereais tenha sido atenuado pela sementeira anterior à guerra e pelas grandes quantidades de existências acumuladas em 2022, as exportações futuras serão gravemente afetadas devido à perda ou deterioração das instalações de produção e às superfícies não plantadas“.

Entre as medidas de apoio concedidas pela UE à Ucrânia inclui-se a liberalização temporária do comércio e outras concessões comerciais.

O presidente ucraniano tem-se desdobrado em apelos para que o Ocidente reforce os apoios financeiros, para reconstruir a economia, defendendo por exemplo a entrega dos ativos congelados por países terceiros à Ucrânia, para reconstruir “escolas, casas, abrigos antiaéreos, hospitais, universidades, igrejas” destruídas pelos ataques.

Paralelamente, tem-se reunido com representantes de grandes multinacionais — como as gestoras de ativos JPMorgan e BlackRock — para atrair investimento para o país.

Inflação baixou mas continua elevada

No país, outro dos desafios passa pelo controlo da inflação, após o disparo registado no ano da invasão. O Índice de Preços no Consumidor (IPC) saltou de 10% em 2021 para 26,6% em 2022, reduzindo-se para 5,1% em 2023. Já a inflação core — a que exclui os preços mais voláteis como energia e alimentos — subiu de 7,9% em 2021 para 22,6% em 2022, diminuindo para 4,9% em 2023, segundo dados do banco central ucraniano.

O Banco Nacional da Ucrânia, que na última reunião, em janeiro, decidiu manter inalterada a taxa de juro diretora em 15%, destacou que, apesar da guerra, “a pressão inflacionista diminuiu significativamente no ano passado”, com a inflação a abrandar para 5,1% em novembro e a manter-se neste nível em dezembro.

“As boas colheitas e os preços globais mais baixos da energia foram os principais fatores subjacentes à diminuição da pressão sobre os preços. A moratória sobre os aumentos tarifários para determinados serviços públicos desempenhou um papel importante”, explicou o banco, em janeiro.

No entanto, a partir de meados deste ano, a inflação deverá voltar a acelerar ligeiramente, com o banco central a prever que o IPC feche 2024 nos 8,6%, caindo novamente para 5,8% em 2025.

As reservas internacionais da Ucrânia aumentaram 42% em 2023, para 40,5 mil milhões de dólares (cerca de 37,35 mil milhões de euros), em grande medida refletindo o apoio internacional, que o banco central acredita irá continuar a ser a principal fonte de fluxos de capital.

No cenário de base da previsão do Banco Nacional da Ucrânia, o país irá receber cerca de 37 mil milhões de dólares em empréstimos e subvenções estrangeiros em 2024.

A diretora do FMI reafirmou, em janeiro, a “estreita colaboração” da instituição no programa económico das autoridades apoiado no âmbito do Extended Fund Facility (EFF) de 15,6 mil milhões de dólares do FMI, que faz parte de um pacote de apoio internacional de 122 mil milhões de dólares (cerca de 103,22 mil milhões de euros).

“O financiamento externo atempado e previsível é fundamental para sustentar os ganhos económicos arduamente obtidos. Aguardamos com expectativa o nosso envolvimento contínuo com a Ucrânia na preservação da estabilidade macroeconómica e financeira, na implementação de uma agenda de reformas ambiciosa e na construção das bases para uma economia forte com crescimento sustentável e para o objetivo da Ucrânia de adesão à UE”, disse.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro de 2022 uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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Von der Leyen promete apoio da UE à Ucrânia “até que o país seja livre”

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2024

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, elogiou em Kiev a "extraordinária resistência do povo ucraniano" e prometeu o apoio da UE "até que o país seja finalmente livre".

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, elogiou hoje a “extraordinária resistência do povo ucraniano”, após a sua chegada a Kiev, dois anos depois do início da invasão russa da Ucrânia.

“Em Kiev, para marcar o aniversário do segundo ano da guerra da Rússia contra a Ucrânia. E para celebrar a extraordinária resistência do povo ucraniano”, disse Von der Leyen nas redes sociais.

“Mais do que nunca, apoiamos firmemente a Ucrânia. Financeiramente, economicamente, militarmente e moralmente. Até que o país seja finalmente livre”, garantiu a líder europeia.

Aos jornalistas, Von der Leyen destacou que a UE aprovou em 01 de Fevereiro um apoio de 50 mil milhões de euros à Ucrânia.

“Também é muito importante expressar o nosso apoio moral” ao país, acrescentou.

A viagem é “uma oportunidade para discutir todos os aspetos do nosso apoio europeu à Ucrânia”, acrescentou Von der Leyen, que deverá reunir-se com o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

Na sétima viagem à capital da Ucrânia desde o início da guerra, Von der Leyen foi acompanhada pelo primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, país que preside atualmente ao Conselho da UE.

A primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, também viajaram para Kiev no mesmo comboio noturno.

“A situação no campo de batalha não é boa, mas isso não significa que devamos desistir”, afirmou De Croo na véspera, na cidade polaca de Varsóvia.

O chefe do Governo belga considerou “essencial” que o apoio militar dos países da UE “continue a ser elevado”.

Volodymyr Zelensky pediu na sexta-feira aos aliados ocidentais que entreguem rapidamente novos sistemas de defesa aérea e aviões de caça e disse que os atrasos nas entregas de armas contribuíram para o fracasso da contraofensiva de Kiev no verão de 2023.

Também na sexta-feira, a UE chegou a acordo sobre o 13.º pacote de sanções contra a Rússia por causa da invasão da Ucrânia, que impõe restrições a mais 106 pessoas e 88 organizações, particularmente da área da defesa.

Na quarta-feira, Von der Leyen disse que a Comissão Europeia vai apresentar, “no início do verão” e mais tarde do que esperado, uma proposta sobre o quadro de negociações para adesão da Ucrânia à UE, o que só deverá acontecer depois das eleições europeias.

Em meados de dezembro passado, o Conselho Europeu decidiu abrir as negociações formais de adesão à UE com a Ucrânia e a Moldova, com o presidente da instituição, Charles Michel, a falar num “sinal claro de esperança” para estes países.

A Ucrânia e a Moldova têm estatuto de países candidatos à UE desde meados de 2022.

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