PS quer isenção permanente de comissões no reembolso antecipado do crédito da casa

Isenção das comissões dos reembolsos antecipados do crédito à habitação termina em 2024. Partido Socialista propõe para a especialidade do Orçamento o fim definitivo desta cobrança pelos bancos.

O Partido Socialista quer isentar de forma permanente as comissões pagas aos bancos no reembolso antecipado do crédito à habitação. A medida faz parte do pacote de propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) entregue pelos socialistas esta sexta-feira na Assembleia da República.

A isenção de comissão da amortização antecipada do crédito à habitação está em vigor até ao final deste ano, mas o grupo parlamentar do PS quer que se torne definitiva. A medida surgiu de forma temporária em 2022, para ajudar as famílias a mitigar o impacto do aumento das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) e da inflação, mas foi sendo prorrogada.

Caso o Parlamento não aprove a medida, os mutuários que amortizem o crédito antes do prazo previsto, seja de forma parcial ou total, vão voltar a pagar o valor da comissão. O regime dos contratos de crédito à habitação prevê que o valor da comissão a pagar pelo consumidor nos casos de reembolso antecipado parcial ou total, consta clara e expressamente do contrato e não pode ser superior a 0,5 % a aplicar sobre o capital que é reembolsado no caso de ocorrer num período em que é aplicável o regime de taxa variável ou 2% a aplicar sobre o capital que é reembolsado na taxa fixa.

“Não tendo havido uma decisão nesse sentido por parte do Governo da AD [Aliança Democrática], o grupo parlamentar do PS propõe isentar de comissões, a permanente, as operações de reembolso antecipado dos contratos de crédito à habitação”, pode ler-se na proposta.

O PS argumenta que “a manutenção, a título definitivo, da suspensão temporária da exigibilidade da comissão de reembolso antecipado se afigura uma medida importante, tendo aliás o próprio Banco de Portugal manifestado ser favorável à continuidade desta suspensão“. Os socialistas justificam que “os dados divulgados pelo Banco de Portugal mostram que um número significativo de mutuários tem optado pelo reembolso antecipado do crédito à habitação”.

De acordo com dados do regulador bancário, em 2023, o número de reembolsos antecipados subiu 74,4% em relação a 2022, e o montante total amortizado cresceu 64,6%. Em 2023, foram, assim, realizados 247.601 reembolsos antecipados (parciais ou totais) no crédito à habitação, com um montante global de 11,2 mil milhões de euros.

A proposta inicial entregue pelo PS sobre esta matéria previa a prorrogação da isenção de comissões em 2025, mas horas depois o grupo parlamentar substituiu o texto de forma a propor o fim permanente da cobrança pelos bancos.

(Notícia atualizada no dia 16 de novembro, às 13h43, após o PS ter substituído a proposta inicial por uma outra que prevê a isenção permanente e não apenas em 2025)

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Pinhel recebe feira para promover vinhos da Beira Interior

  • ECO
  • 15 Novembro 2024

Pinhel, município com uma das maiores adegas cooperativas do país, reúne até domingo 50 produtores regionais de vinho, mel e azeite. A iniciativa pretende promover a marca da Beira Interior.

Pinhel recebe, entre esta sexta-feira e domingo, a nona edição do Beira Interior – Vinhos & Sabores. O evento conta com 50 expositores de produtos regionais, metade dos quais ligados ao vinho, mas também das fileiras do mel e azeite.

O município de Pinhel aponta “a importância deste certame para a afirmação dos vinhos da Beira Interior, mas também para a afirmação da região e para a sua atratividade”, refere o autarca, Rui Ventura, em comunicado . “A promoção territorial assenta na valorização do património, mas também da gastronomia e naturalmente dos vinhos associados a uma determinada região”, acrescenta.

Esta iniciativa visa promover os produtos da região e a marca Beira Interior, através da oportunidade de ligação entre produtores e consumidores. No evento haverá provas de vinhos, degustações de produtos regionais, showcookings, um seminário dedicado ao tema da internacionalização e animação musical, a entrega de prémios do concurso de vinhos “Escolha da Imprensa” e a entrega dos diplomas do curso de escanção.

Pinhel, de acordo com os dados fornecidos pela autarquia ao ECO/Local Online, insere-se numa subregião vitivinícola com sete mil hectares de área de vinha, sendo que quatro mil hectares se encontram no concelho de Pinhel.

O concelho tem vindo a apostar neste setor com plantação de vinhas e reestruturação e reconversão da vinha. Este ano a produção de uva atingiu os 18 milhões de quilos.

Alguns produtores e engarrafadores da região que o município destaca são: Agrodaze, Vinhos e Agropecuária (produtor do vinho Aforista), André Galante (Pândego), Carlos Gama (Quinta do Marechal), Casa Agrícola Cova da Raposa, Casa Agrícola Metello de Nápoles, José Madeira Afonso (Casas Altas) e a Sociedade Agropecuária Baraças Irmãos Unidos (Baraças Wines)

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Portugal o 71.º país mais poluidor, aeroporto de Lisboa lidera nas emissões

  • Lusa
  • 15 Novembro 2024

No mapa de Portugal continental as grandes zonas de emissões ficam todas junto ao mar mas destacam-se duas, a refinaria da Galp em Sines e o aeroporto Humberto Delgado em Lisboa.

Portugal é o 71.º país mais poluidor do mundo, numa lista com 250 países e territórios do mundo, na qual a China aparece como o mais poluidor e as ilhas Pitcairn (britânicas) as menos. Os valores fazem parte da última análise mundial das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) elaborada pela Climate Trace, uma organização fundada pelo antigo vice-Presidente dos Estados Unidos Al Gore, que hoje os divulgou em Baku, Azerbaijão, no âmbito da cimeira da ONU sobre o clima, COP19, que aí decorre.

No ano passado estava na posição 72, tendo oscilado nesta década entre os lugares 71 e 72. A emissão de GEE no mundo ultrapassa os 61 mil milhões de toneladas métricas, estando a China no primeiro lugar mas largamente à frente, com 17 mil milhões, seguindo-se os Estados Unidos, com mais de seis mil milhões, e depois a Índia com quase quatro mil milhões.

Nas contas da organização as 86 milhões de toneladas de Portugal (as contas nacionais indicam menos) colocam o país melhor posicionado do que a Suécia ou a Grécia, mas pior classificado do que, por exemplo, a Hungria, a Dinamarca, a Suíça ou a Islândia, que tem apenas nove milhões de toneladas.

Por distritos os que emitiram mais GEE este ano são Lisboa e Porto, quase 12 milhões de toneladas a capital e nove o Porto, com os restantes variando sensivelmente entre seis e dois, como Beja. Destoa Setúbal, com 9,7 milhões de toneladas de CO2 especialmente devido à refinaria de Sines.

No mapa de Portugal continental as grandes zonas de emissões ficam todas junto ao mar mas destacam-se duas, a refinaria da Galp em Sines e o aeroporto Humberto Delgado em Lisboa. Segundo os dados, o aeroporto da Portela emitiu no ano passado 3,35 milhões de toneladas de CO2 e este ano já vai nas 3,48 milhões de toneladas.

O aeroporto internacional é a estrutura mais poluente do país e as emissões não param de subir. Segundo a página 1,45 milhões de toneladas em 2021, 2,86 milhões em 2022 (quando ultrapassou a Galp) e 3,35 no ano passado e 3,48 este ano. Ao contrário, a refinaria da Galp em Sines registou uma descida nos últimos dois anos. Em 2021 emitiu 2,25 milhões de toneladas, no ano seguinte passou para 2,40 e em 2023 e 2024 chegou só a 2,19.

O Porto de Sines aparece em terceiro lugar como o setor que mais emite CO2, 1,19 milhões de toneladas este ano e numa trajetória de subida desde 2021. Em quarto lugar, com 964 mil toneladas de CO2 surgem as Carnes Landeiro, em Barcelos, e depois com 947 mil a Central Termoelétrica do Ribatejo, no Carregado. A fábrica de cimento da Cimpor em Souselas, perto e Coimbra, com quase 893 mil toneladas este ano, fica no sexto lugar.

Em termos globais os dados concluem que as cidades da Ásia e dos Estados Unidos são as que mais emitem GEE. Utilizando observações terrestres e por satélite, complementadas por inteligência artificial “para colmatar as lacunas”, a organização Climate Trace procurou quantificar o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso, que retêm o calor, bem como outros poluentes atmosféricos tradicionais a nível mundial.

A poluição total da Terra por dióxido de carbono e metano aumentou 0,7% para 61,2 mil milhões de toneladas métricas, tendo o metano aumentado 0,2%. “Os números são mais elevados do que os de outros conjuntos de dados porque temos uma cobertura abrangente e observámos mais emissões em mais setores”, disse Gavin McCormick, cofundador da Climate Trace.

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AD propõe prorrogar benefícios fiscais para novas empresas da Zona Franca da Madeira

Aliança Democrática avança com proposta de alteração ao Orçamento do Estado para prorrogar o regime fiscal preferencial da Zona Franca da Madeira para novas empresas.

A Aliança Democrática (AD) quer prorrogar o regime fiscal preferencial da Zona Franca da Madeira durante mais dois anos. A proposta faz parte do pacote que os sociais-democratas entregaram esta sexta-feira no Parlamento no âmbito da especialidade do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).

Na proposta orçamental, o Governo não fez menção à prorrogação do regime, o que significava que a partir de 1 de janeiro de 2025, as novas empresas que se estabelecessem na offshore da Zona Franca da Madeira passariam a ser tributadas à taxa geral de IRC da Região Autónoma, atualmente fixada em 14,7%, em vez dos 5% que vigoram atualmente. Isto porque o atual regime é aplicável às entidades licenciadas para operar na Zona Franca da Madeira até 31.12.2024 e produz efeitos até 31.12.2028.

No entanto, tal como tradicionalmente a medida surge na especialidade do Orçamento. A proposta do PSD e CDS, os dois partidos que suportam o Governo, prevê a prorrogação “por dois anos, ou seja, até 31.12.2026, o prazo para licenciamento de novas entidades”, estendo-se assim “a produção de efeitos do regime até 31.12.2033”.

O regime fiscal da Zona Franca da Madeira há vários anos que tem estado debaixo do ‘fogo’ de Bruxelas. Em dezembro de 2020, a Comissão Europeia declarou ilegal a forma como Portugal executou o chamado “regime III” da Zona Franca da Madeira. Entre 2007 e 2014, as empresas licenciadas na Zona Franca da Madeira puderam usufruir de uma tributação de IRC mais baixa sobre os seus lucros entre 2007 e 2020 (com taxas de 3% de 2007 a 2009, de 4% de 2010 a 2012, e de 5% de 2013 a 2020). Este incentivo estava previsto na lei mas pressupunha o cumprimento de uma série de condições.

Segundo a equipa de técnicos da Comissão Europeia liderada na altura por Margrethe Vestager, o regime fiscal preferencial aplicado na Zona Franca da Madeira ou Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM), tal como aplicado por Portugal, não estava em conformidade com as decisões da Comissão de 2007 e 2013, nem com as orientações relativas aos auxílios estatais com finalidade regional para o período 2007-2013.

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Tarifas de Trump seriam um “retrocesso histórico”, diz Xi Jinping

  • Lusa
  • 15 Novembro 2024

A "globalização económica enfrenta sérios desafios" face à "expansão do unilateralismo e do protecionismo", disse ainda o presidente chinês, Xi Jinping.

O Presidente chinês, Xi Jinping, considerou esta sexta-feira como um “retrocesso histórico” a ameaça do futuro governante norte-americano Donald Trump de impor tarifas às importações do gigante asiático, tal como aconteceu durante o seu primeiro mandato presidencial na Casa Branca.

“Bloquear a cooperação económica sob vários pretextos e dividir um mundo interdependente representa um retrocesso histórico”, de acordo com um discurso escrito por Xi e proferido hoje pelo ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, no Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), em Lima, citado pela agência Bloomberg.

Para Pequim, “o mundo entrou num novo período de turbulência e mudança” e a “globalização económica enfrenta sérios desafios” face à “expansão do unilateralismo e do protecionismo”, bem como à “intensificação da fragmentação da economia mundial”. Neste discurso foi afirmada a “total confiança” no cumprimento do objetivo de crescimento da China para 2024 (cerca de 5%), depois de os dados de outubro terem mostrado que a economia começou a recuperar após a implementação de medidas de estímulo.

Relativamente às nações emergentes do chamado Sul Global, Xi Jinping apelou a que estes países tenham uma voz mais ativa nos assuntos mundiais e que todos gozem de direitos e oportunidades iguais no seu desenvolvimento, cita ainda a agência Bloomberg. “Temos de orientar o desenvolvimento da globalização económica na direção certa e abandonar o velho caminho em que alguns países exercem a hegemonia”, considerou o responsável chinês, que defendeu ainda a necessidade de “impulsionar a globalização económica para desencadear mais efeitos positivos e entrar numa nova fase que seja mais dinâmica, mais inclusiva e mais sustentável”.

Quando Xi Jinping felicitou Trump pela vitória nas eleições presidenciais norte-americanas do passado dia 05 de novembro apelou a um entendimento entre os dois países, após anos de tensões bilaterais, informou na ocasião a imprensa oficial. “Uma relação sino-americana estável, saudável e duradoura está em conformidade com os interesses comuns dos dois países e com as expectativas da comunidade internacional”, sublinhou Xi.

Donald Trump e a rival democrata Kamala Harris prometeram durante a campanha eleitoral conter a ascensão da China, tendo o republicano prometido impor taxas de 60% sobre todos os produtos chineses que entram nos Estados Unidos da América (EUA). Washington e Pequim devem “reforçar o diálogo e a comunicação, gerir adequadamente as suas diferenças, desenvolver uma cooperação mutuamente benéfica e encontrar a forma correta de a China e os Estados Unidos se entenderem nesta nova era, para benefício de ambos os países e do mundo”, acrescentou o governante chinês.

Xi Jinping e Donald Trump já se encontraram quatro vezes e o futuro Presidente dos EUA, que assumirá funções em janeiro de 2025, gabou-se recentemente da sua “relação muito forte” com o líder chinês. Mas a vitória de Donald Trump abre um período de incerteza para as relações económicas sino-americanas, que foram fortemente abaladas durante o primeiro mandato do republicano na Casa Branca (2017-2021), quando este desencadeou uma guerra comercial e tecnológica contra Pequim.

A China já está a braços com uma recuperação difícil pós-pandemia covid-19, sobrecarregada por fracos níveis de consumo interno e uma grave crise imobiliária, com muitos promotores endividados e preços a cair a pique nos últimos anos. Muitos analistas acreditam que a vitória de Donald Trump poderá levar os dirigentes chineses a aplicar um programa de reformas, nomeadamente para compensar as futuras taxas aduaneiras prometidas pelo líder republicano.

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Rússia interrompe fornecimento de gás à Áustria

  • Lusa
  • 15 Novembro 2024

“A Rússia está mais uma vez a usar a energia como uma arma”, reagiu a ministra austríaca do Ambiente e da Energia. Gazprom corta o gás este sábado.

A Rússia vai deixar de fornecer gás à Áustria a partir de sábado, anunciou o grupo austríaco de petróleo e gás OMV, na sequência de um litígio judicial com a empresa estatal russa Gazprom.

A OMV disse, esta sexta-feira, que a Gazprom informou que as entregas de gás seriam interrompidas a partir de sábado, decisão que coloca um fim a quase seis décadas de dependência energética por parte da Áustria, que ainda este Verão importou 90% do seu gás da Rússia, parte dele através da Ucrânia.

“A Rússia está mais uma vez a usar a energia como uma arma”, reagiu a ministra austríaca do Ambiente e da Energia, Leonore Gewessler, na rede social X. “A Áustria prepara-se há muito tempo para esta situação”, acrescentou a ministra, explicando que o fornecimento de energia à população está garantido, com tanques de armazenamento cheios, com a capacidade oferecida pelos gasodutos de Itália e da vizinha Alemanha.

Sendo a primeira empresa ocidental a assinar um contrato energético com a União Soviética em 1968, a OMV multiplicou as suas fontes de abastecimento desde o início do conflito na Ucrânia. Esta decisão da Gazprom foi tomada em reação ao anúncio feito na quarta-feira pela OMV de uma sentença arbitral que lhe confere o direito de reclamar 230 milhões de euros como compensação por problemas de abastecimento passados.

A empresa – detida em quase um terço pelo Estado austríaco – disse que já aguardava uma deterioração da sua relação contratual com a Gazprom Export, incluindo uma eventual interrupção do fornecimento de gás.

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Conversa Scholz-Putin abriu “caixa de Pandora”, diz Zelensky

  • Lusa
  • 15 Novembro 2024

A chamada "abre a caixa de Pandora. Agora pode haver outras conversas e chamadas telefónicas", disse o presidente da Ucrânia, que acrescenta que assim Putin "mitiga o seu isolamento".

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou esta sexta-feira o telefonema do chanceler alemão, Olaf Scholz, a Vladimir Putin, por considerar que abriu “a caixa de Pandora” e terá como único efeito diminuir o isolamento do líder russo. “O chanceler Scholz disse-me que tinha a intenção de ligar para Putin. A sua chamada, na minha opinião, abre a caixa de Pandora. Agora pode haver outras conversas e chamadas telefónicas. São meras palavras”, disse no seu tradicional discurso noturno à população.

“E isto é exatamente o que Putin procura há muito tempo. É fundamental para ele mitigar o seu isolamento, assim como o isolamento da Rússia, e manter meras conversas que não levarão a lugar nenhum. Há décadas que faz isso”, enfatizou Zelensky. O Presidente ucraniano afirmou que isso permitiu à Rússia evitar qualquer mudança nas suas políticas, “o que, em última análise, levou a esta guerra”.

Em comunicado, o porta-voz da diplomacia ucraniana, Georgy Tykhy, denunciou também que “as conversas com o ditador russo, por si só, não acrescentam qualquer valor para alcançar uma paz justa”, apelando antes a “ações concretas e fortes que o obriguem a fazer a paz, e não à persuasão e às tentativas de apaziguamento”.

Durante a chamada telefónica, o Presidente russo disse ao chanceler alemão que a proposta de paz para a Ucrânia deverá ter em conta “novas realidades territoriais”, exigindo que Kiev abdique das regiões ocupadas por Moscovo. A proposta de paz de junho passado inclui a retirada das tropas ucranianas do Donbass e do sul do país, e ainda a renúncia de Kiev à adesão à NATO.

“Os potenciais acordos devem ter em conta os interesses de segurança da Federação Russa, basear-se em novas realidades territoriais e, acima de tudo, abordar as causas profundas do conflito”, refere um comunicado do Kremlin que resume as observações de Vladimir Putin na conversa com Olaf Scholz.

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, congratulou-se com o facto de Olaf Scholz ter transmitido a Putin que nada poderia ser decidido sobre a Ucrânia sem a participação de Kiev. “Recebi um telefonema do chanceler Scholz que me relatou a sua conversa com Vladimir Putin. Fiquei satisfeito por saber que o chanceler não só condenou inequivocamente a agressão russa, como também reiterou a posição polaca: nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia”, escreveu Donald Tusk na rede social X (antigo Twitter).

Naquela que foi a primeira conversa telefónica entre os dois líderes em quase dois anos, Scholz instou Putin a retirar as tropas da Ucrânia e a negociar com Kiev, indicou hoje o Governo alemão num comunicado. O chanceler apelou a Putin para demonstrar “vontade de encetar negociações com a Ucrânia, com vista a uma paz justa e duradoura” e sublinhou “o compromisso inabalável da União Europeia (UE) com a Ucrânia”, acrescentou a chancelaria.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, a Alemanha tem sido o segundo maior fornecedor de armas a Kiev, a seguir aos Estados Unidos. A conversa telefónica ocorre num momento muito difícil para a Ucrânia, que se prepara para viver o seu terceiro inverno sob fogo da Rússia, com grande parte das suas infraestruturas energéticas danificadas ou totalmente destruídas.

Com a vitória do ex-presidente e candidato republicano Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas, coloca-se a questão da continuidade da ajuda dos Estados Unidos, que tem permitido à Ucrânia resistir às tropas russas desde fevereiro de 2022.

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S&P eleva rating do banco BPI para ‘A-‘

  • ECO
  • 15 Novembro 2024

A agência norte-americana subiu a notação do BPI, um dia depois de ter elevado o rating do acionista CaixaBank.

A Standard & Poor’s (S&P) subiu o rating de longo prazo do BPI de ‘BBB+’ para ‘A-‘, com perspetiva estável. O banco informou esta sexta-feira o mercado que a decisão surgiu “na sequência da subida de rating do seu acionista CaixaBank, ontem anunciada”, lê-se no comunicado publicado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“Sendo uma subsidiária altamente estratégica do CaixaBank”, segundo uma nota da S&P, o BPI fica ainda assim um nível abaixo da notação da casa-mãe (‘A’). Para os próximos 18-24 meses, é “muito improvável” uma nova subida do rating, a não ser que o BPI se torne um elemento core para o CaixaBank ou a notação do banco espanhol suba, tal como o rating de Portugal.

A S&P afirma mesmo que o rating do país “funciona como uma restrição” ou um “limite máximo” na avaliação do banco, uma vez que no hipotético cenário de um incumprimento soberano, o BPI “poderia não receber um apoio suficiente e atempado da sua empresa-mãe para absorver o efeito que tal cenário adverso”.

A agência norte-americana lembra, no entanto, que o rating de Portugal tem perspetiva “positiva” e a S&P admite uma “potencial subida” se a dívida pública continuar a cair.

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Imposto sobre os super-ricos “dificilmente” funcionaria a nível nacional, diz Miranda Sarmento

Proposta será discutida na reunião do G20, na próxima semana. Governo defende que tributação exige "concertação supra nacional" ou caso contrário "dificilmente" terá sucesso.

O ministro das Finanças rejeita que adoção de um imposto sobre os “super-ricos” tenha algum impacto a nível nacional, um tema que será debatido entre os líderes do G20 na reunião que vai decorrer na próxima semana e que contará com a presença de Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros.

“Esta é uma daquelas matérias em que não vale a pena procurar ser populista”, começou por responder esta sexta-feira Joaquim Miranda Sarmento, argumentando que a proposta sobre os “super-ricos” exige “concertação a nível europeu”, à semelhança de uma tributação geral sobre o carbono, transações financeiras ou plataformas digitais.

Ou há uma concertação supra nacional ou este tipo de iniciativas dificilmente tem sucesso“, respondeu o governante durante a audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, na Assembleia da República, admitindo, no entanto que não vê “grande possibilidade de iniciativas nacionais terem particular sucesso”.

Ainda assim, Joaquim Miranda Sarmento deixa para depois da reunião do G20 uma decisão sobre a posição de Portugal em relação a este imposto. “Não é uma discussão abstrata. Temos de perceber que propostas serão colocadas em cima da mesa e que tipo de alinhamento terão os países da UE e outros parceiros fora da UE. Não é uma discussão binária, depende do que for a evolução dos trabalhos no G20”, frisou o ministro das Finanças.

Em causa está o imposto temporário de “solidariedade” praticado em Espanha desde 2022 e que incide sobre o património líquido dos cidadãos com mais de três milhões de euros. Estima-se que este imposto, cobrado em 2023 e 2024, abranja 0,5% das famílias mais ricas de Espanha. Segundo o The Guardian, se todos os governos do mundo copiassem o imposto espanhol que recai sobre a fortuna dos mais ricos, seria possível arrecadar mais de dois biliões de dólares, ou cerca de 1,82 biliões de euros, verba que poderia ser usada para financiar a transição climática, defendem ativistas.

Relatório sobre benefícios fiscais às empresas chega em 2025

O ministro das Finanças adiantou que o Governo espera que até junho de 2025 a U-Tax, unidade criada pelo anterior Governo, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, apresente o relatório sobre benefícios fiscais atribuídos às empresas, determinando que nessa altura o Governo terá capacidade para tomar “decisões mais informadas” sobre esta matéria.

Joaquim Miranda Sarmento considera ser “importante” ressalvar que só deve ser considerado “como benefício fiscal a perda de receita ou desagravamento” que resulta numa “alteração no consumo ou padrão de decisão dos contribuintes”, e que no caso de as empresas que escolhem Portugal como destino de instalação, considerado “decisivo” para vir para o país, não contribui para uma perda de receita. “A não instalação [dessa empresa] em Portugal não teria alterado o padrão de produção do país”, diz.

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Metas do PRR para expansão do metro de Lisboa eram “impossíveis de atingir”

  • Lusa
  • 15 Novembro 2024

O Governo anunciou que quatro marcos precisavam de ser ajustados na reprogramação do PRR, entre eles a linha de metro ligeiro de superfície entre Odivelas e Loures e a expansão do metro de Lisboa.

O ministro Adjunto e da Coesão Territorial afirmou esta sexta-feira que as metas para a execução da linha de metro entre Odivelas e Loures e da expansão da rede de metro de Lisboa “eram impossíveis de ser atingidas”.

O Governo enviou na quinta-feira o sexto pedido de pagamento no âmbito do Mecanismo de Recuperação e Resiliência à Comissão Europeia, no valor de 1,67 mil milhões de euros. O pedido de pagamento de Portugal diz respeito a 22 marcos e oito objetivos, tendo, entretanto o Governo anunciado que quatro marcos careciam de ajustamento no âmbito da reprogramação.

Entre eles, destaca-se o contrato relativo à construção de uma linha de metro ligeiro de superfície entre Odivelas e Loures, bem como a expansão da rede de metro de Lisboa. A estes somam-se as assinaturas do contrato para a aquisição de dois ‘ferries’ elétricos para o transporte de passageiros e veículos na Região Autónoma dos Açores, cujo concurso ficou deserto, e do contrato relativo ao navio de investigação multifuncional na Região Autónoma da Madeira.

À margem da apresentação dos primeiros resultados do projeto FAIST, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial explicou que as metas “eram impossíveis de ser atingidas”, sobretudo as relacionadas com o metro. “É totalmente impossível e este Governo já não foi a tempo de conseguir executar dentro do prazo do PRR”, assinalou Manuel Castro Almeida.

O ministro assegurou, no entanto, que os projetos em causa vão ser executados “com fundos nacionais” e que os quatro marcos vão ser substituídos por outros projetos cuja concretização será possível “dentro do prazo”. A Comissão Europeia avaliará agora o pedido e enviará depois ao Comité Económico e Financeiro do Conselho a sua avaliação preliminar do cumprimento por Portugal dos marcos e objetivos exigidos para este pagamento.

O pedido de pagamento de Portugal diz respeito a “reformas que reforçam as competências e a eficácia da administração pública, um novo plano de contabilidade de gestão para o Serviço Nacional de Saúde e um quadro jurídico revisto para a insolvência e a recuperação de empresas”. O pedido de pagamento abrange igualmente investimentos importantes nos domínios dos serviços sociais, da mobilidade ‘limpa’ e da eficiência energética em edifícios residenciais.

Um aumento da produção de eletricidade renovável nas regiões autónomas e a digitalização do sistema escolar e do setor empresarial estão também incluídos nos investimentos, de acordo com o comunicado. O Plano de Recuperação e Resiliência português será financiado num total de 22,22 mil milhões de euros de euros, dos quais 16,33 mil milhões de euros em subvenções e 5,89 mil milhões de euros em empréstimos.

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“Estamos constantemente a testar os limites da inovação”

  • Conteúdo Patrocinado
  • 15 Novembro 2024

Daniel Clemente, diretor da SIBS International, encerrou o ciclo de conversas no espaço da fintech na Web Summit Lisboa. Empresa tem hoje presença na Europa, Ásia-Pacífico e África.

Chegaram ao fim três dias de conversas e partilha de projetos no espaço da SIBS na Web Summit, onde Daniel Clemente foi o último convidado desta edição. O diretor da SIBS International falou sobre a presença global da empresa, a sua estratégia de crescimento e expansão, mas também sobre a importância da inovação. “Estamos constantemente a testar os limites da inovação”, assegura o responsável.

A disrupção faz parte da ‘tradição’ do grupo que conta já com mais de quatro décadas de experiência no mercado dos pagamentos, o que tem permitido a construção de um “portefólio muito completo de serviços e produtos”. “A nossa escala permite-nos ter serviços muito custo-efetivos, qualidade de serviço fenomenal e segurança”, sublinha Daniel Clemente.

A competitividade da empresa e o know-how acumulado facilitam a abordagem a novos mercados que exigem estratégias personalizada. Atualmente, a SIBS International tem presença na Europa, na Ásia-Pacífico e em África. “Cada uma destas regiões tem características diferentes. Por exemplo, na Europa olhamos mais para o crescimento orgânico, suportamos operações locais e estamos focados em ter presença em todo o continente”, detalha.

nas outras duas regiões, a abordagem concentra-se não na totalidade destes territórios, mas em mercados nacionais “com maior potencial”. Exemplo disso é Angola, onde a empresa tem “um ecossistema de pagamentos bastante desenvolvido com mais de 10 milhões de transações a serem processadas todos os dias localmente”.

A inovação é, como assinala Daniel Clemente, parte central da cultura da organização e não é uma aposta dos últimos anos. “Hoje falamos muito sobre o MB WAY, mas ainda antes disso, em 1996, a SIBS tinha serviços móveis em que podíamos pagar uma conta ou uma transferência peer-to-peer através de SMS em telemóveis muito antigos”, recorda o responsável.

O futuro, esse, passa por continuar a expandir os horizontes do Grupo SIBS, causar impacto positivo em novos mercados e garantir que “o sistema funciona sempre”, sem falhas ou interrupções.

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Congresso Sérvulo centra-se no reporte e diligência ESG

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  • 15 Novembro 2024

O 2º Congresso Sérvulo vai abordar o reporte e diligência devida das medidas ESG. Paulo Câmara, Sócio da Sérvulo&Associados, explica por que escolheram este tema e como as empresas se devem preparar.

Os desafios colocados às empresas pelos novos desenvolvimentos europeus e nacionais ligados à sustentabilidade ambiental, social e de governação serão o mote do II Congresso Sérvulo, que irá dedicar-se ao tema Reporte e Diligência Devida: novos deveres e novos desafios, com foco nas medidas ESG.

Este ano, o congresso, que acontece no dia 26 de novembro, às 9 horas, na Pousada de Lisboa, será dividido em duas sessões principais. A primeira, intitulada CSRD/ESRS: novos deveres de reporte, abordará as exigências decorrentes do relato anual de sustentabilidade aplicáveis às empresas no âmbito da CSRD/ESRS e à sua cadeia de valor.

Na segunda sessão, intitulada CSDDD: novos deveres de diligência devida, os especialistas presentes tratarão temas como os deveres de diligência devida e cadeia de atividades, a articulação com as restrições de direito da concorrência, a preparação do plano de transição, a contratação responsável e a importância das cláusulas éticas, e por fim, a litigância ESG.

A abertura do evento ficará a cargo do Managing Partner da SÉRVULO, Manuel Magalhães. E, depois, ao longo das sessões de debate estarão presentes os seguintes especialistas: Conceição Lucas, Professora da Universidade Católica Portuguesa, Rui Francisco, Presidente, The Sustainability Network, Ana Santos Duarte, Membro da Comissão Executiva do NOVA Knowledge Centre for Business (NOVA BHRE), João Wengorovius Meneses, Fundador da Hub 2050, Ana Filipa Morais Antunes, Professora da Universidade Católica Portuguesa e da SÉRVULO, os sócios Paulo Câmara, Miguel Gorjão-Henriques, Mafalda Ferreira Santos, Rita Canas da Silva, Ana Moutinho Nascimento, e ainda, Maria José Lourenço e Mariana Pinto Ramos, consultora e associada, respetivamente.

Paulo Câmara, Sócio da Sérvulo & Associados e co- coordenador do Departamento de Direito Financeiro, Mercado de Capitais e Corporate Governance, partilhou o motivo pelo qual centraram este segundo congresso no tema do reporte e diligência devida dos ESG e ainda explicou a importância dos novos desenvolvimentos sobre a temática para as empresas.

Como surgiu a ideia de centrar o Congresso deste ano nos novos deveres de reporte e diligência devida na área de ESG? Que motivações e desafios específicos motivaram esta escolha?

O motivo principal pelo qual o II Congresso ESG será centrado nos novos deveres jurídicos de reporte e de diligência devida deve-se, por um lado, ao facto de este ano, ao fim de muito debate, ter sido aprovada a CSDDD (Diretiva europeia de Diligência Devida). Além disso, os relatórios referentes ao exercício de 2024 serão os primeiros a ser apresentados obrigatoriamente ao abrigo da CSRD (Diretiva europeia do Relato de Sustentabilidade) e das normas de relato que a complementam (ESRS). Há uma necessidade muito clara de compreender e de dar a conhecer estes diplomas, que por seu turno obrigam a um esforço muito exigente de adaptação por parte das empresas obrigadas e das empresas que se situem na cadeia de valor/cadeia de atividades em relação a estas.

Na primeira sessão do Congresso, serão abordadas as exigências impostas pela CSRD/ESRS. Que principais transformações estas normas trarão para o reporte anual de sustentabilidade das empresas?

As novidades trazidas pela CSRD/ ESRS centram-se no alargamento das empresas atingidas e, de outro lado, na maior granularidade da informação prestada sobre aspetos ambientais, sociais e governação, que passa a ser obrigatoriamente auditada. Trata-se de um salto qualitativo e quantitativo gigante em relação às anteriores regras sobre informação não-financeira (NFRD). Além disso, o regime informativo passou a assentar numa avaliação de dupla materialidade, que faz relevar não apenas os riscos e oportunidades (numa dimensão outside-in), mas também os impactos relevantes (inside-out) em termos ambientais, sociais e de governação. Mais importante é a circunstância de o relato documentar o trajeto de ajustamento do modelo de negócio de cada empresa, o que obriga a fixar políticas, ações e objetivos e a acompanhar sucessivamente a efetividade da sua execução. Assim, o relato de sustentabilidade não constitui um fim em si mesmo, mas um meio para atingir uma transformação mais estrutural. No seu todo, o quadro reveste elevada complexidade, o que já mereceu algumas críticas – nomeadamente no importante Relatório Draghi sobre a competitividade da UE.

Paulo Câmara, Sócio da Sérvulo & Associados e co- coordenador do Departamento de Direito Financeiro, Mercado de Capitais e Corporate Governance
A importância da cadeia de valor é um tema central no congresso. Como avaliam o papel da cadeia de valor no cumprimento das novas obrigações de reporte e como as empresas podem assegurar a conformidade?

O contexto regulatório atual tornou mais visível, em termos internacionais, o relevo das cadeias de valor. Para a CSRD, as empresas integrantes das cadeias de valor são o ponto de referência de múltiplos deveres de informação. O mesmo sucede com a CSDDD em relação aos deveres de diligência devida, relevando a cadeia de atividades para a prevenção de efeitos negativos potenciais e a cessação de efeitos negativos reais.

As cadeias de valor são parte integrante da vertente operacional das empresas, tanto a montante como a jusante da sua atividade, mas podem ser responsáveis por externalidades negativas, em termos de direitos humanos e ambientais. As ESRS esclarecem que o interveniente na cadeia de valor é considerado a jusante da empresa (por exemplo, distribuidores, clientes) quando recebe produtos ou serviços da empresa; é considerado a montante da empresa (por exemplo, fornecedores) quando fornece produtos ou serviços que são utilizados na produção dos próprios produtos ou serviços da empresa.

No contexto da CSDDD, que novos desafios considera que as empresas enfrentarão ao articular os deveres de diligência devida com as restrições do direito da concorrência?

O novo enquadramento permite e, em alguns casos, obriga à celebração de acordos celebrados entre particulares com vista a assegurar práticas sustentáveis. Revela-se, por isso, muito importante estudar como é realizada a aferição da compatibilidade dos referidos acordos com as normas de direito da concorrência.

A gestão de cláusulas éticas e de responsabilidade contratual será fundamental para o cumprimento das normas de ESG. Que recomendações práticas a SÉRVULO tem para a implementação eficaz destas cláusulas?

Acreditamos que a contratação interempresarial vai sofrer uma mudança irreversível, sobretudo pelo relevo das cláusulas contratuais que comprometem os parceiros contratuais a assegurar o cumprimento do código de conduta da empresa e dos planos de ação preventivo e corretivo desenhados e que obriguem os parceiros contratuais que prestem deveres de informação relativo ao respetivo grau de cumprimento. Será fundamental acolher as orientações sobre a matéria que irão ser emitidas pela Comissão Europeia.

Durante o congresso, um dos temas será a litigância ESG. Como avaliam o impacto crescente da litigância ESG e que fatores específicos devem as empresas considerar para se protegerem?

Existe um fundado receio de que, com o novo volume de regulação ESG, a litigância nestes temas venha a aumentar exponencialmente, sobretudo relativamente a empresas. Para contrariar este cenário, as empresas devem aplicar estratégias preventivas de litigância, designadamente através de uma cuidadosa revisão dos seus processos de prestação de informação e de diligência devida.

Com a forte presença de especialistas de várias áreas neste congresso, como veem a interligação multidisciplinar na área de ESG?

Uma compreensão integrada de padrões ESG nas empresas obriga, sem dúvida, a uma perspetiva interdisciplinar. O tema é antes do mais jurídico e económico-financeiro, mas reclama igualmente o envolvimento de especialistas de tecnologias de informação e de peritos das ciências ambientais e dos recursos humanos em cada empresa. Esta circunstância não apenas confere redobrado espaço a parcerias multidisciplinares, mas além disso obriga a mobilizar transversalmente as empresas, em termos multidisciplinares, como igualmente transforma o perfil dos dirigentes empresariais – nomeadamente administradores -, que passam a dever acumular aptidões de diversas áreas. O desafio da capacitação dos líderes empresariais constitui, por isso, uma das prioridades neste percurso de fundo em direção a estratégias e comportamentos empresariais mais sustentáveis.

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