UE preparada para retaliação se Trump avançar com tarifas sobre produtos europeus

A menos de um mês das eleições nos EUA, Bruxelas prepara-se para uma eventual retaliação se uma Casa Branca dominada por Donald Trump voltar a aplicar tarifas sobre as exportações europeias.

A menos de um mês das eleições nos Estados Unidos, a União Europeia (UE) preparou uma lista de produtos americanos para retaliar com novas taxas aduaneiras se o antigo Presidente Donald Trump voltar a ser eleito.

De acordo com a notícia avançada pela Bloomberg, esta terça-feira, Bruxelas só avançará com novas taxas sobre os produtos norte-americanos se Donald Trump, enquanto presidente dos Estados Unidos, repetir a proeza de 2018 e avançar no mesmo sentido em relação aos produtos europeus.

Fontes próximas do processo indicam à Bloomberg que essa não será, no entanto, a primeira opção do executivo comunitário. A prioridade, caso Donald Trump vença as eleições, será de chegar a um acordo em algumas áreas de interesse comum, nomeadamente a China.

Recorde-se que as tensões comerciais entre os 27 Estados-membros e Pequim têm subido de tom desde que o executivo decidiu, no início do mês, avançar com taxas extra à importação de carros elétricos chineses. Em resposta, o ministério do Comércio da China decidiu aplicar medidas anti-dumping sobre as exportações europeias de brandy e lançar uma investigação sobre as importações europeias de carne de porco e laticínios europeus.

Já durante a campanha eleitoral, Donald Trump tem prometido que estará preparado para aplicar tarifas entre 60% a 100% sobre as importações chinesas caso vença as eleições, em novembro. O candidato republicano às eleições não deixou margens para dúvidas. “Para mim, a palavra mais bonita do dicionário é tarifa”, disse durante uma entrevista à Bloomberg, esta terça-feira.

O tema das taxas aduaneiras sobre os produtos europeus volta assim a estar em cima da mesa depois de, em 2018, Donald Trump ter avançado nesse sentido. Durante o seu primeiro mandato, as exportações europeias de aço e alumínio foram atingidas com impostos extras, tendo o bloco europeu retaliado sobre as importações de produtos como as Harley-Davidson Inc. e os jeans da Levi Strauss & Co.

Estes impostos foram suspensos depois de Joe Biden assumir a presidência, em 2021, no entanto, não acalmaram as relações comerciais entre os EUA e a UE.

No âmbito do Inflation Reduction Act (IRA), promulgado por Joe Biden, em 2022, e cujo objetivo principal era fomentar a produção de tecnologias limpas e combater a inflação na economia dos EUA, foram criados incentivos fiscais e subsídios para as empresas norte-americanas dos setores da mobilidade elétrica e das energias renováveis.

No entanto, o IRA suscitou preocupações no bloco europeu uma vez que alguns dos subsídios ficaram apenas disponíveis para produtores nacionais, permitindo-lhes beneficiar de créditos fiscais. Este facto suscitou preocupações na Europa quanto à possibilidade de concorrência desleal e de distorções do mercado, uma vez que poderia incentivar as empresas europeias a realocar a produção para os Estados Unidos ou, até mesmo, prejudicar os fabricantes da UE que exportam para o mercado norte-americano.

Em resposta, a UE encetou negociações com os EUA para responder a estas preocupações e encontrar formas de garantir que as empresas europeias não eram afetadas, mas não aliviou os riscos de perda de concorrência para os Estados Unidos uma vez que o IRA ainda vigora.

Em fevereiro último, o Parlamento Europeu publicou um paper no qual refletiu sobre a questão, uma vez que as negociações ainda estavam em curso e os dois blocos preparavam-se para eleições.

“O IRA, em particular, provocou fricções com a União Europeia. Este facto levou a uma reavaliação dos pressupostos há muito defendidos, sobre o papel do governo na economia nacional. No entanto, ainda há muito a fazer e há desafios pela frente“, ressalva a instituição em Estrasburgo.

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Retirada bandeira portuguesa do navio com explosivos para Israel

  • Lusa
  • 15 Outubro 2024

"Terminaram as diligências técnicas e foi retirada a bandeira. O registo foi definitivamente cancelado", indica o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A bandeira portuguesa já foi definitivamente retirada do navio “Kathrin”, que transporta material explosivo com destino a Israel, entre outros países, após concluídas as diligências técnicas, disse à Lusa fonte oficial do Governo. “Terminaram as diligências técnicas e foi retirada a bandeira. O registo foi definitivamente cancelado”, indicou fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Em 30 de setembro, fonte oficial tinha transmitido à Lusa que o navio tinha pedido a retirada da bandeira portuguesa, uma decisão “irreversível”, após diligências do Governo português junto do armador. O navio “Kathrin”, de propriedade alemã e até agora registado na Madeira, transporta material explosivo com destino a fabricantes de armas em Israel, Polónia e Eslováquia.

O Bloco de Esquerda pediu ao Ministério Público que “fiscalize e previna que Portugal venha a ser acusado internacionalmente por cumplicidade com um genocídio”, além de propor a audição do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas sobre este caso.

Em setembro, a relatora especial das Nações Unidas para a Palestina, Francesca Albanese, apelou ao Governo para que solicitasse “urgentemente a remoção” da bandeira portuguesa do navio “Kathrin”.

“Depois de reconhecer a plausibilidade do genocídio em Gaza, em janeiro de 2024, o ICJ [Tribunal Internacional de Justiça] deixou claro que todos os Estados têm a obrigação de ‘respeitar e fazer respeitar’ a Convenção sobre o Genocídio ‘em todas as circunstâncias’, e que os Estados têm ‘obrigações internacionais relativas à transferência de armas para as partes num conflito armado'”, assinalou na ocasião a relatora da ONU.

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TorkeCC desenvolve manifestação simbólica para lesados do BES

  • + M
  • 15 Outubro 2024

A ação de guerrilha, assinada por André Rabanea, fundador da TorkeCC, foi "escoltada" por 16 figurantes, em representação dos 16 arguidos do caso BES.

A agência TorkeCC criou e apresentou uma manifestação simbólica esta terça-feira a propósito do arranque do julgamento do caso BES, ilustrando as poupanças 1994 pessoas lesadas com a queda do banco a serem “enterradas”. A ação foi desenvolvida para a ABESD (Associação de Defesa dos Clientes Bancários) e para a ALEV (Associação de Lesados Emigrantes da Venezuela e África do Sul)

A agência, que se apresenta como a primeira agência de marketing de guerrilha em Portugal e consultora criativa, desenvolveu uma ação onde uma viatura funerária com um caixão e coroa de flores circulou e estacionou pela zona do Campus da Justiça, “ilustrando de forma simbólica e pacífica as suas vítimas, os seus lesados já falecidos, bem como as suas poupanças ‘enterradas’ em dezenas de crimes financeiros”, explica-se em nota de imprensa.

A “ação de guerrilha”, assinada por André Rabanea, fundador da TorkeCC, foi “escoltada” por 16 figurantes, em representação dos 16 arguidos do caso BES.

Esta ação surgiu em continuidade da iniciativa desenvolvida também pela TorkeCC, em parceria com a ABESD, no dia 3 de agosto, data em que eram assinalados os 10 anos do anúncio da derrocada do Grupo e Banco Espírito Santo.

“Nesse dia, em plena Praça do Comércio, foi criada uma vigília com a disposição de uma coroa de flores simbólica e com o acender velas, por cada vítima que perdeu as poupanças de uma vida, tendo reunido dezenas de vítimas, lesados, familiares e transeuntes curiosos pela ação-vigília”, recorda-se em nota de imprensa.

Foi essa mesma coroa que foi colocada esta terça-feira no carro fúnebre que acompanhou o primeiro dia do julgamento. O conjunto das pessoas lesadas reclama por 330 milhões de euros, “valor que inclui danos, não só patrimoniais, como morais”.

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Acionista da seguradora Victoria classificado A+ pela Fitch Ratings

  • ECO Seguros
  • 15 Outubro 2024

Forte perfil empresarial do grupo, bem como as suas práticas de capitalização e reservas robustas foram argumentos para nota a refletir solidez A+.

A seguradora portuguesa Victoria Seguros anunciou que os ratings do seu acionista, a Societe Mutuelle d’Assurance du Batiment et des Travaux Publics (SMABTP), recebeu a classificação de ‘A+’ (Forte) pela Fitch Ratings, “uma das mais prestigiadas agências de classificação de risco de crédito a nível global” afirma um comunicado da empresa, sublinhando que “reflete a solidez financeira, a sustentabilidade das operações e a robusta capacidade de ambas as empresas para cumprir com as suas obrigações financeiras”.

Francisco Campilho, CEO da Victoria em Portugal, um grupo que valoriza a solidez financeira.

A Fitch Ratings baseou a sua avaliação em fatores chave como a posição de mercado do grupo SMABTP no setor de seguros e construção, a gestão prudente dos riscos e a sólida capitalização. “A classificação ‘A+’ reforça o compromisso contínuo do grupo em garantir estabilidade financeira e prosseguir uma estratégia de crescimento sustentável no longo prazo”, afirma a agência.

“Este reconhecimento da Fitch Ratings confirma a força e a confiança depositada no nosso acionista confirmando a capacidade do grupo para enfrentar os desafios do mercado segurador, com resiliência e inovação”, afirmou fonte da Comissão Executiva da Victoria Seguros.

A capitalização do grupo continua a ser um ponto forte para a atual avaliação de rating. Segundo o relatório divulgado pela Fitch, no final de 2023, o grupo obteve a classificação de “Extremamente Forte” no modelo Prism Global da Fitch e o seu rácio Solvência II (S2) situava-se a um nível muito elevado de 250% (final de 2022: 315%), excluindo as medidas transitórias.

A descida do rácio S2 deveu-se principalmente à aquisição da resseguradora CCR Re, em 2023, exclusivamente a dinheiro. O Finantial Leverage Ratio (FLR) aumentou de 3% no final de 2022 para 8% no final de 2023, devido à aquisição da CCR Re, que acrescentou 325 milhões de euros de dívida subordinada.

A Victoria está em Portugal desde 1930, estando presente em todos os ramos de seguros e sendo uma referência em seguros de saúde. Faz parte do Grupo SMABTP, fundado em 1859, segurador líder do setor da construção civil e obras públicas em França. No primeiro semestre deste ano, as companhias Victoria Vida e Victoria Seguros eram em conjunto o 14.º maior grupo em Portugal com 1,2% de quota de mercado.

Em 2023 atingiu 146 milhões de euros em prémios de seguros e resultados líquidos de 4,3 milhões. Com cerca de 300 colaboradores apresentava rácios de solvência em Portugal de 175,5% no ramo Vida e de 300% nos ramos Não Vida.

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PS decide voto na proposta do Orçamento na segunda-feira

  • Lusa
  • 15 Outubro 2024

A reunião da Comissão Política Nacional do PS decorrerá segunda-feira à noite na sede do partido, em Lisboa.

A Comissão Política Nacional do PS vai decidir o sentido de voto do partido no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) na segunda-feira, disse à Lusa fonte oficial socialista.

De acordo com a convocatória da reunião, assinada pelo líder do PS, Pedro Nuno Santos, a que agência Lusa teve acesso, a reunião deste órgão decorrerá segunda-feira à noite na sede do partido, em Lisboa.

A ordem de trabalhos tem um ponto único que é “deliberar sobre a proposta do secretário-geral quanto à votação no OE 2025”.

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Juíza falou mais alto, repetiu questões e aceitou que Salgado saísse do tribunal 15 minutos depois de ter chegado

Esta terça-feira, começou o julgamento do processo principal do BES, envolvendo 17 arguidos, 733 testemunhas, 135 assistentes e mais de 300 crimes. Salgado esteve presente mas apenas 15 minutos.

O relógio marcava as 9h22 quando, esta terça-feira, Ricardo Salgado chegava ao Campus de Justiça, em Lisboa. Acompanhado pelos advogados de defesa e pela mulher, Maria João Salgado, que, com o braço, amparava aquele que em tempos foi chamado de homem forte do BES o “Dono Disto Tudo”. Agora, aos 80 anos e diagnosticado com a doença de Alzheimer, o Salgado desse tempo não estava ali.

O caminho, de pouco mais de 100 metros do carro até à porta do tribunal, foi demorado, custoso e com uma enchente de jornalistas, câmaras de televisão e mesmo um lesado do BES a bloquear a sua passagem. Já só quando estava prestes a chegar à porta do Edifício A do campus é que a polícia, impávida até então, decidiu agir e desimpedir o caminho.

Esta terça-feira, começou o julgamento do processo principal do BES, envolvendo 17 arguidos, 733 testemunhas, 135 assistentes e mais de 300 crimes. Este megaprocesso, que já vai nos 215 volumes após uma acusação com mais de quatro mil páginas, começou a ser julgado mais de uma década após o colapso do Grupo Espírito Santo (GES), em agosto de 2014.

Antes de Salgado chegar e ser visto, já um grupo de lesados do BES se apresentava à porta do Campus de Justiça, vestidos de preto (com máscaras incluídas) junto a uma carrinha funerária com a cara do ex-líder do BES.

Já dentro da sala de audiências, o arguido acusado de 62 crimes no processo do Universo Espírito Santo foi questionado pela juíza Helena Susano, a juiz presidente do coletivo. Salgado foi identificado e, questionado sobre o nome da sua mãe, respondeu “pode ser”. De seguida disse que foi banqueiro, mas não se recordou do nome da rua onde reside, em Cascais.

“- A sua profissão, qual era?”, pergunta a juíza. “Banqueiro”, responde. “Onde vive?”

— Vivo….

– Em Lisboa ou Cascais?

– Cascais?

– E sabe a rua?

– “Agora não me lembro”, diz o ex-banqueiro.

A juíza questionou ainda o arguido: “Quer que o julgamento decorra sem a sua presença?”. Repetindo por duas vezes e falando mais alto, insistiu: “Quer estar aqui?”. Maria João Salgado advertiu a magistrada que Ricardo Salgado não compreende o que lhe quer dizer. “Acho que é pacífico que o meu cliente tem a doença que tem. Não podemos fazer mais”, explicou o advogado de defesa, Francisco Proença de Carvalho.

Minutos depois, Francisco Proença de Carvalho pediu à juíza para falar com o seu cliente. Neste momento, perguntou ao seu cliente se queria ficar ou sair. A resposta de Ricardo Salgado foi “sim”. Salgado acabou mesmo por sair da sala de audiência, acompanhado por Maria João Salgado. Mas, desta vez, optou por descer pela garagem, sem acesso às dezenas de câmaras de televisão presentes à porta do tribunal. Entretanto, a defesa de Salgado já entregou um requerimento para que o seu cliente não volte a ter a obrigação de estar presente julgamento e que foi aceite pela juíza.

Depois de ter sido identificado o seu cliente, o advogado de Salgado, Francisco Proença de Carvalho, falou aos jornalistas e adiantou que se abriu uma “página negra na justiça portuguesa pelo menos diante de todo o mundo”.

“Com o relatório médico atual, perfeitamente claro quanto à dependência quase total de Ricardo Salgado para as tarefas mais básicas, como a de higiene. Um relatório médico que disse que a presença dele num tribunal seria irrelevante porque não tem capacidade cognitiva para responder as questões minimamente complexas e isto é o processo mais complexo da nossa história”, sublinhou.

Para Proença de Carvalho, o relatório médico já frisava que numa anterior sessão tinha tido efeitos “muito negativos” na evolução dos sintomas da doença e mesmo assim o tribunal “entendeu que Ricardo Salgado deveria estar aqui”.

“Tentamos evitar que isso acontecesse. Pedimos a dispensa para, no fundo, a dignidade da própria Justiça portuguesa, possamos evitar isto no futuro. Uma Justiça que humilha, e que viola a dignidade de qualquer pessoa, é uma Justiça que viola a sua própria dignidade”, refere.

Assim, o advogado assume que se não fosse a pessoa em questão, Ricardo Salgado, o tratamento teria sido diferente. “É incompreensível e é uma vergonha mundial aquilo que está a acontecer. Talvez na Rússia isto seja apreciado, mas aqui não”, frisou. Francisco Proença de Carvalho referiu ainda que Salgado “não tem consciência” de que está num julgamento porque “tem uma doença e os efeitos são o que são”.

Abriu-se uma página negra na justiça portuguesa pelo menos diante de todo o mundo. Temos o relatório médico atual, perfeitamente claro quanto à dependência quase total de Ricardo Salgado para as tarefas mais básicas, como a de higiene. Um relatório médico que disse que a presença dele num tribunal seria irrelevante porque não tem capacidade cognitiva para responder as questões minimamente complexas e isto é o processo mais complexo da nossa história”.

Francisco Proença de Carvalho, advogado de Ricardo Salgado

O advogado de Ricardo Salgado sublinhou também que o caso seria mais bem julgado por juízes internacionais, sublinhando que em Portugal se regrediu em termos de direitos humanos. Isto, derivado da necessidade da presença em tribunal de Salgado apesar da sua condição cognitiva.

“Não posso dizer que o diagnóstico esteja a ser totalmente ignorado, porque já está confirmado pelo tribunal. Mas as consequências desse diagnóstico é que creio que estão a ser mal tratadas daquilo que é o conhecimento que temos do que são os princípios do direito internacional”, disse, recordando casos em diversos países onde os casos foram tratados de outra forma.

Sobre a necessidade da presença no tribunal de Salgado, o advogado assume que se não fosse a pessoa em questão o tratamento teria sido diferente. “É curioso que quando é para retirar direitos aos arguidos, a informalidade impera em alguns tribunais portugueses. Quando é para lhes conceder um direito, vamos ao excesso de formalismo. Aquele relatório dizia exatamente o que qualquer atestado diria”, assume.

“É incompreensível e é uma vergonha mundial aquilo que está a acontecer. Talvez na Rússia isto seja apreciado, mas aqui não”, frisou. A defesa nunca chegou a responder se pretende avançar com uma queixa para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Na sessão da tarde, o outro advogado de Ricardo Salgado, Adriano Squillace, voltou a explicar que o antigo presidente do BES não tem condições para estar neste julgamento e “não consegue compreender o significado deste processo, muito menos prestar declarações. A defesa já requereu por inúmeras vezes perícias”, criticou o advogado.

“Este tribunal tem de verificar se o arguido tem ou não condições” para continuar a ser julgado. “O tribunal está obrigado a realizar uma perícia sob pena de nulidade”, acrescentou, sublinhando que este caso posiciona Portugal para ser condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Adriano Squillace acusou ainda a esta tarde a juíza, Helena Susano, de ser “uma lesada do BES”, uma vez que chegou a pedir escusa do caso BES, invocando ser titular de 560 ações do banco. Mas o Tribunal da Relação decidiu que isso não afetava a sua imparcialidade.

Adriano Squillace apresentou ainda um requerimento para que seja declarada a nulidade do início do julgamento. Segundo a defesa, o tribunal não pode “julgar um arguido que sofre de doença de Alzheimer só porque o nome do arguido é Ricardo Salgado e aparece nos jornais”. Assim, pediu que seja declarada a irregularidade do início do julgamento. São “manifestas as evidências de que o arguido não tem capacidade” para prestar declarações, refere no documento. No que concerne à “persistência” do tribunal em não realizar uma perícia médica, o advogado garante que esta decisão coloca Portugal “na exata situação em que os tribunais russos colocaram a Rússia perante o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos”.

Lesado questionou Salgado sobre paradeiro da provisão para lesados

O lesado do BES Jorge Novo interpelou Ricardo Salgado – com alguma violência verbal – à chegada ao tribunal onde o ex-banqueiro começou esta terça-feira a ser julgado para “lembrar e alertar” que foi exigido ao então presidente do BES uma “provisão para os lesados”.

Em declarações à Lusa, Jorge Novo, da Associação dos Lesados do Papel Comercial do BES, disse que há provas e documentos que atestam que essa provisão foi criada e transitou para o Novobanco, tendo Ricardo Salgado e o seu primo José Maria Ricciardi confirmado já, em anteriores declarações, que tal provisão foi criada e transitou para o banco.

O mesmo responsável relatou ainda que essa provisão “foi desaparecendo” e os lesados suspeitam que o Novobanco utilizou as verbas para “fazer a cobertura das imparidades de ‘senhores’ que não pagaram os milhões” que deviam ao BES e cujas dívidas foram parar ao banco. Questionado como é que os lesados tencionam resolver o problema, designadamente se admitem recorrer aos tribunais ou fazer queixa ao Ministério Público, Jorge Novo vincou tratar-se de “uma questão política, pois são os governantes que têm de resolver o problema”.

A 24 horas do julgamento, a juíza admite Alzheimer de Salgado mas diz que não é razão para suspender, arquivar ou extinguir processo crime

A juíza responsável pelo julgamento de Ricardo Salgado, a menos de 24 horas do início do julgamento, enviou um despacho às partes, assumindo que a extinção, arquivamento ou suspensão do julgamento não tem qualquer fundamento legal, apesar de admitir a doença de Alzheimer do arguido.

Helena Susano, num despacho de 116 páginas, a que o ECO teve acesso, defende que a tese da defesa decorrente do diagnóstico de Alzheimer, de que o ex-homem forte do BES está impedido de exercer, de forma pessoal e plena, a sua defesa, “ainda que se considerasse, em face da prova documental apresentada, demonstrado que o arguido padece da Doença de Alzheimer, em condições suscetíveis de configurar uma anomalia psíquica, a pretensão manifestada pelo arguido não possui qualquer respaldo, como se verá, quer na lei, quer em qualquer outra fonte de Direito”, justifica a juíza que ordenou, na semana passada, que Salgado estivesse presente na primeira sessão de julgamento.

“O Código Penal elenca, de modo taxativo, as causas de extinção da responsabilidade criminal – a prescrição, a morte, a amnistia, o perdão genérico e o indulto –, nelas não se divisando qualquer fundamento de extinção assente numa putativa diminuição das capacidades de exercício da defesa pelo arguido. O arquivamento, por seu turno, corresponde a um despacho que encerra a fase de inquérito e cuja competência se encontra reservada ao Ministério Público e também a suspensão não se encontra prevista nos para este fundamento em que o arguido alicerça a sua pretensão”, diz a magistrada.

ANDRÉ KOSTERS/LUSAANDRÉ KOSTERS/LUSA

O ex-banqueiro está acusado de associação criminosa, corrupção ativa, falsificação de documento, burla qualificada e branqueamento de capitais. Inicialmente estava acusado de um total de 65 crimes e vai agora ser julgado por 62 ilícitos criminais, após terem prescrito dois crimes de falsificação de documento e um de infidelidade.

O levantamento dos crimes em risco de prescrição recentemente realizado pelo MP indica ainda que Ricardo Salgado pode ver cair, em finais de novembro próximo, mais um crime de falsificação e outros dois crimes no final de dezembro. Em janeiro de 2025 prescrevem mais três crimes de falsificação de documento, no final de fevereiro cai um de infidelidade e até 28 de março tombam outros três de infidelidade.

Para já, o coletivo de juízes agendou 14 sessões, até 29 de outubro. As quatro primeiras – a 15 e 16 de outubro – serão para as alegações iniciais do Ministério Público e defesa dos arguidos.

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Administração da Greenvolt reitera que preço da OPA da KKR é “justo”

Numa reação à OPA a decorrer até 24 de outubro, em que os norte-americanos oferecem 8,31 euros por cada ação da Greenvolt, a administração da empresa remete para a análise feita em janeiro.

O Conselho de Administração da Greenvolt reafirmou a sua análise feita em janeiro às condições oferecidas pelos norte-americanos da Kohlberg Kravis Roberts (KKR) na oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Greenvolt, na qual consideraram que a contrapartida é “financeiramente justa e vantajosa para a implementação da estratégia da Greenvolt, para a implementação do seu plano de negócios, bem como para os seus colaboradores”.

Os pequenos acionistas da Greenvolt têm até 24 de outubro para decidirem se aceitam a oferta de 8,31 euros lançada pelos norte-americanos da Kohlberg Kravis Roberts (KKR). A oferta, que representa um investimento potencial de 452,7 milhões de euros, foi lançada através da GVK Omega (uma empresa da KKR) e visa adquirir cerca de 54,5 milhões de ações da Greenvolt, representativas de 33,37% do capital social, a um preço de 8,3107 euros por ação, que estão na mão dos pequenos acionistas.

Numa reação à operação, “o Conselho de Administração da Greenvolt reafirma (…) as suas conclusões sobre a Oferta apresentadas no Relatório do Conselho de Administração da Greenvolt de 18 de janeiro de 2024″, adianta um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“O Conselho de Administração insta cada Acionista a tomar uma decisão individual com base nos seus objetivos como investidor e Acionista da Greenvolt, se necessário com recurso à assessoria legal, fiscal ou financeira que entender adequada, ponderando a aceitação ou não da mesma”, acrescenta.

No comunicado emitido em janeiro, o conselho de administração da Greenvolt reforçava a sua avaliação ao lembrar que os 8,30 euros por ação oferecidos pelo KKR traduzem-se num prémio de 95,3% face ao preço do IPO em setembro de 2021 e de 47,7% face ao preço de subscrição das ações no âmbito do aumento de capital de 2022; e que “se encontra em linha com os resultados das fairness opinions preparadas pela Lazard e pelo Millennium bcp, que consideram o valor justo”.

A proposta preliminar de OPA da KKR à Greenvolt foi apresentada a 21 de dezembro do ano passado, tendo, entretanto, o preço da oferta inicial (8,30 euros) sido aumentado para 8,3107 euros por ação, a pedido do regulador da bolsa de Lisboa, num comunicado divulgado a 16 de setembro.

Este valor, que avalia a empresa em cerca de 1,36 mil milhões de euros, representa um prémio de 11,6% face ao preço de fecho das ações da Greenvolt no dia anterior ao anúncio preliminar da oferta, a 21 de dezembro de 2023. E é também um preço 13,8% superior à contrapartida mínima e 7,7% abaixo da contrapartida máxima fixada pelos consultores da EY como perito independente nomeado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para avaliar a operação.

O período da oferta está a decorrer até ao próximo dia 24 de outubro, podendo os acionistas da Greenvolt decidir se aceitam vender as suas ações à KKR, que já detém, direta e indiretamente, 85,42% dos direitos de voto na Greenvolt.

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Angola e Estados Unidos assinam acordos na área da aviação e da defesa

  • Lusa
  • 15 Outubro 2024

Um dos acordos estabelece os direitos de sobrevoo e estadia, bem como incentiva a concorrência justa entre as companhias aéreas de ambos os países.

Angola e os Estados Unidos assinaram esta terça-feira, em Luanda, um acordo de serviços aéreos e um outro que contempla serviços no domínio da Defesa, anunciou o Ministério das Relações Exteriores angolano.

Os dois instrumentos jurídicos foram assinados no âmbito do reforço da cooperação bilateral entre os dois países, visando o acordo de serviços aéreos a promoção de um sistema de aviação internacional competitivo e reduzir a interferência governamental, facilitando o transporte aéreo internacional com segurança e proteção. Este acordo estabelece os direitos de sobrevoo e estadia, bem como incentiva a concorrência justa entre as companhias aéreas de ambos os países.

Em relação ao Acordo 505, referente à formação e a outros serviços no domínio da Defesa, estabelece as condições para o fornecimento de formação e outros serviços no âmbito do Programa Internacional de Educação e Formação Militar (IMET).

Os dois acordos foram assinados pelo secretário de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, do Ministério das Relações Exteriores, Domingos Custódio Vieira Lopes, e o Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário dos Estados Unidos acreditado em Angola, Tulinabo Mushingi.

Segundo a nota do Ministério das Relações Exteriores, “os acordos representam um avanço significativo na cooperação” entre Angola e os Estados Unidos, além de consolidar um compromisso mútuo em prol do desenvolvimento económico, da segurança e da estabilidade regional.

Os Estados Unidos “apoiam os esforços de Angola para combater a corrupção, aumentar a responsabilização, promover a governação democrática e apoiar a proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais”, prossegue a nota.

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Sporting paga 5,25% em novo empréstimo obrigacionista de 30 milhões de euros

A SAD leonina pretende conquistar os pequenos investidores a emprestarem-lhe 30 milhões de euros pagando uma taxa de juro de 5,25% durante os próximos quatro anos.

A Sporting SAD anunciou esta terça-feira o lançamento de um novo empréstimo obrigacionista no montante inicial de até 30 milhões de euros, através de uma operação que combina uma oferta de subscrição e uma oferta de troca.

O empréstimo, denominado de “Sporting SAD 2024-2028” terá uma maturidade de 4 anos e oferece uma taxa de juro fixa anual bruta de 5,25%. As obrigações terão um valor nominal unitário de 5 euros.

A operação inclui uma oferta de subscrição de até seis milhões de obrigações e uma oferta de troca para até quatro milhões de obrigações “Sporting SAD 2021-2024” atualmente em circulação e que também têm uma taxa de cupão de 5,25%.

Segundo o prospeto da operação, os fundos angariados serão utilizados para “financiamento da atividade corrente da Sporting SAD e reforço de liquidez” da Sporting SAD. Já a oferta de troca visa “permitir à Sporting SAD substituir a sua dívida com vencimento em 2024 por dívida com vencimento em 2028”.

O período de subscrição das obrigações decorre entre 18 e 31 de outubro, estando prevista a admissão à negociação das novas obrigações no Euronext Lisbon para 6 de novembro.

Esta operação surge num contexto em que a Sporting SAD procura diversificar as suas fontes de financiamento, recorrendo ao mercado de capitais para reforçar a sua estrutura financeira.

Para os pequenos investidores que pretendam subscrever estas obrigações, o prospeto salienta uma série de riscos associados a esta operação que os potenciais subscritores devem ter em conta:

  • O risco de crédito do emitente, uma vez que o pagamento de juros e reembolso de capital dependem da capacidade financeira da Sporting SAD;
  • O facto de o capital próprio da sociedade ser inferior a metade do capital social;
  • A dependência da Sporting SAD de receitas variáveis como direitos televisivos, prémios de competições e transferências de jogadores;
  • Riscos associados ao desempenho desportivo da equipa, nomeadamente a não qualificação para competições europeias.

Além disso, a Sporting SAD alerta para o facto de à subscrição das obrigações “Sporting SAD 2024-2028” poderem estar associadas despesas, nomeadamente comissões ou outros encargos, que impactarão negativa a rendibilidade do investimento.

Porém, segundo o prospeto das obrigações, “considerando a generalidade dos preçários dos intermediários financeiros, o investimento terá rendibilidade positiva para investidores que subscrevam apenas 500 obrigações [investimento mínimo permitido] ‘Sporting SAD 2024-2028’ e pretendam mantê-las até à data de reembolso.”

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Caixa espera “lucros significativos” este ano, mas “não será fácil” em 2025, avisa Macedo

Paulo Macedo anunciou que o banco público vai ter lucros significativos este ano, mas avisou que irão baixar em 2025. "Não vai ser fácil compensar a descida dos juros", avisou.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai ter “lucros significativos” este ano, mas “não vai ser fácil” compensar o impacto da descida das taxas de juro no próximo ano, avisou esta terça-feira o presidente do banco público, Paulo Macedo.

Para o ano a perspetiva é que os resultados sejam inferiores aos deste ano. Não será fácil compensar o cenário central que é de um corte 150 pontos base até 31 de dezembro do ano que vem, não será fácil”, alertou o gestor na conferência dos 40 anos da Associação Portuguesa de Bancos (APB).

“Da mesma maneira que estamos com um resultado que será outra vez bastante positivo, para o ano temos de nos preparar, e para os anos seguintes“, acrescentou Paulo Macedo, lembrando que só nos últimos três anos é que foram “bons para os bancos” e que continuam sem o rating “A” da parte das agências de notação de risco.

O ministro das Finanças está a contar com um dividendo de 670 milhões de euros da Caixa no próximo ano, de acordo com a inscrição feita na proposta de Orçamento do Estado para 2025, apontando-se para um lucro em 2024 na casa dos 1,7 mil milhões de euros.

BCP e BPI esperam mais negócio

Do lado do BCP e do BPI, apesar da expectativa de redução da margem, os bancos deverão conseguir manter os resultados à boleia do aumento do negócio.

“Vamos assistir à compressão da margem e será possível compensar aos bancos compensarem, vai ser preciso um maior apoio ao financiamento da economia”, afirmou o CEO do BCP, Miguel Maya.

Na mesma linha, o CEO do BPI destacou que o “crescimento económico vai continuar num sentido positivo, embora mais moderado” e as taxas de juro, embora mais baixas, “continuarão positivas”. Ou seja, “a base do negócio está melhor do que quando tínhamos com uma economia em recessão e taxas negativas”, disse João Pedro Oliveira e Costa.

(Notícia atualizada às 18h22)

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PCP insiste no salário mínimo a 1.000 euros e aumento das pensões em 5%

  • Lusa
  • 15 Outubro 2024

Estas medidas constam de um conjunto de 14 propostas apresentadas pela líder parlamentar do PCP, Paula Santos, na Assembleia da República.

O PCP vai insistir, em sede orçamental, na fixação do salário mínimo nacional nos 1.000 euros, além de propor um aumento extraordinário das pensões de 5%, com um mínimo de 70 euros. Estas medidas constam de um conjunto de 14 propostas apresentadas pela líder parlamentar do PCP, Paula Santos, na Assembleia da República, durante a conferência de imprensa de encerramento das jornadas parlamentares do partido.

Paula Santos defendeu que “a valorização dos salários e das pensões, dos trabalhadores e reformados respetivamente, é essencial para melhorar as suas condições de vida e fazer face ao elevado custo de vista”.

“Limitar o aumento dos salários dos trabalhadores da administração pública a 2% e a atualização das pensões a pouco mais do que isso, como pretende o Governo, não permite recuperar nem valorizar o poder de compra”, criticou.

A líder parlamentar do PCP salientou assim que o partido vai propor “a valorização do poder de compra dos trabalhadores da administração pública e do setor empresarial do Estado, incluindo o setor empresarial local, por via da negociação coletiva com os representantes dos trabalhadores, que considere a reposição e valorização do poder de compra em 2025 e a fixação de mecanismos de reposição face às perdas acumuladas desde 2010”.

“O PCP entende que a referência para o aumento dos salários deverá fixar-se nos 15%, com um mínimo de 150 euros, a par do aumento do salário mínimo nacional para os 1.000 euros em janeiro de 2025 e não para 2028”, anunciou Paula Santos. A líder parlamentar frisou ainda que o PCP vai propor, no debate orçamental, “o aumento extraordinário das pensões em 5%”, com um mínimo de 70 euros por pensionista.

A líder parlamentar frisou ainda que o PCP vai propor, no debate orçamental, “o aumento extraordinário das pensões em 5%”, com um mínimo de 70 euros por pensionista. Entre outras das medidas que o PCP vai voltar a levar ao Orçamento do Estado, consta a criação de um regime de dedicação exclusiva no Serviço Nacional de Saúde (SNS), “de caráter opcional para médicos e enfermeiros, com a possibilidade de ser alargado a outros profissionais de saúde em falta no SNS, com a majoração em 50% da remuneração base e em 25% na contagem do tempo para efeitos de progressão”.

Entre as propostas consta também a eliminação das propinas de licenciatura, mestrado integrado, mestrado, doutoramento, pós-graduações e cursos técnicos superiores profissionais, além de sugerir também, para combater a carência de professores, a “atribuição de um apoio à habitação até 700 euros e de um apoio à deslocação quando a distância entre a residência e a escola for superior a 50 quilómetros”.

Questionado sobre o impacto que estas propostas teriam nas contas públicas, Paula Santos salientou que, entre as medidas hoje apresentadas, constam também iniciativas para aumentar a receita fiscal, como a eliminação de benefícios fiscais ou “a tributação efetiva dos lucros gerados em Portugal”.

“Só na eliminação dos benefícios fiscais, estamos a falar de cerca de 1.800 milhões de euros que poderiam ser canalizados para investir neste conjunto de outras propostas que aqui trazemos. (…) Mas estamos também a trabalhar num conjunto de outras propostas em matéria fiscal que, em seu tempo, daremos conhecimento e que permitem arrecadar ainda mais receita por parte do Estado”, disse. Paula Santos defendeu que “há condições financeiras” para resolver os problemas.

“Eles não são resolvidos porque o Governo não quer, um dos exemplos é o que diz respeito ao excedente orçamental, que o Governo coloca como o alfa e o ómega. (…) Estamos a falar de recursos financeiros que podem, e devem, ser mobilizados para valorizar os profissionais na área da saúde ou da educação, para dar estes dois exemplos”, frisou, salientando ainda que, na proposta orçamental, o Governo prevê gastar 1.500 milhões de euros em parcerias público-privadas.

“Vejamos o que é que isso não significaria também na mobilização destes recursos para investimento público. O problema não é um problema de recursos, é de vontade política”, disse.

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As novas regras orçamentais da UE em 4 respostas

  • Lusa
  • 15 Outubro 2024

O teto para o aumento dos custos é, em média, de 3,6% no período de 2025-2028, mas o Governo estima ultrapassar esse limite nos dois próximo anos, prevendo uma subida de 5% e 5,1%, respetivamente.

O Governo já entregou a Bruxelas o documento que faz parte das novas regras orçamentais europeias e que fixa um teto de despesa líquida para os próximos quatro anos, o que dá pouca margem para gastos extra depois de 2025.

O plano orçamental de médio prazo tem previsões económicas e orçamentais para o período de 2025 a 2028, que acaba por corresponder ao período da legislatura, ainda que seja num cenário de políticas invariantes a partir de 2026. Contempla um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 2% ao longo dos próximos quatro anos e excedentes orçamentais.

Já para a despesa, os compromissos orçamentais a médio prazo representam, em média, um crescimento das despesas líquidas igual ou inferiores a 3,6% em 2025-2028, percentagem que coincide com a trajetória de referência transmitida pela Comissão Europeia às autoridades portuguesas em junho de 2024.

Qual é o foco das novas regras orçamentais europeias?

Neste novo quadro de governação económica da União Europeia, o foco passa a estar no indicador da despesa primária líquida, que exclui despesas com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e outros fundos europeus, medidas one-off, como indemnizações com as Parcerias Público Privadas (PPP) e custos com calamidades públicas.

Existe um teto para o crescimento desta despesa, que é de uma média de 3,6% no período de 2025-2028, sendo que num ano pode-se desviar da trajetória em 0,3 pontos percentuais do PIB e 0,6 pontos no acumulado do ano.

O Governo perspetiva ultrapassar esse teto em 2025 e 2026, prevendo um crescimento da despesa de 5% e 5,1%, respetivamente, que é depois compensado nos anos seguintes. Já em 2027, o teto previsto é de 1,2%, mas é de destacar que vai desaparecer a despesa de três mil milhões de euros com os empréstimos do PRR, pelo que já terá mais margem.

Como vão evoluir as contas públicas?

Mesmo com as novas regras, mantêm-se as metas da dívida pública e do défice, nos 60% do PIB e 3% do PIB, respetivamente. Portugal continua acima do limite do no que diz respeito à dívida pública, mas prevê uma trajetória de redução nos próximos anos: 93,3% em 2025, 90,4% em 2026, 87,2% em 2027 e 83,2% em 2028.

Já o saldo orçamental está previsto ser de 0,4% este ano e 0,3% no próximo. Para 2026, a previsão é de um excedente de 0,1%, que dispara para 1,1% em 2027 e 1,3% em 2028 (números que são impactados pelo efeito de base do final do PRR, devido à metodologia pedida pela Comissão Europeia).

Quais são as previsões do Governo para o crescimento?

Neste programa, o Governo inscreve previsões de um crescimento de 1,8% este ano, 2,1% no próximo, 2,2% em 2026, 1,7% em 2027 e 1,8% em 2028. No entanto, é de salientar que as previsões a partir de 2026 são num cenário de políticas invariantes, ou seja, não têm em conta eventuais medidas de política tomadas entretanto pelo executivo de Luís Montenegro.

Além disso, também não inclui o impacto do PRR, em termos de subvenções, apenas no que diz respeito aos empréstimos. Isto deve-se à metodologia exigida por Bruxelas para este exercício.

No programa eleitoral da Aliança Democrática, era esperado uma aceleração do crescimento do PIB, atingindo 3,4% em 2028, mas esse valor tem em conta a aplicação de políticas que não estão contempladas neste exercício, que é em políticas invariantes.

Quando será atualizado este documento?

Com as novas regras, deixa de ser entregue o Programa de Estabilidade todos os anos, sendo substituído por este documento. No entanto, este programa fica válido já para o horizonte de quatro anos, sendo apenas alvo de um relatório de acompanhamento anual (cuja primeira edição está prevista para 2026, já que o primeiro ano de aplicação do plano é 2025).

No entanto, se existir uma mudança de Governo, o novo executivo pode pedir uma atualização do plano, para corresponder a novos objetivos.

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