Pedro Nuno responde aos críticos. “Prefiro perder eleições a abdicar de convicções”

  • Lusa e ECO
  • 29 Setembro 2024

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, pede para não se ilibar o Chega de "responsabilidades políticas" e acusou o governo de radicalismo por "governar para uma minoria" com o IRS Jovem.

“Eu prefiro, para ser claro e frontal com todos vós, perder eleições a defender as nossas convicções e aquilo que achamos que é o melhor para o país do que abdicar das nossas convicções para evitar eleições com medo de as perder”, afirmou o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, no encerramento do 19º Congresso Regional do PS/Açores que está a decorrer no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada. É a resposta às críticas, incluindo os pedidos de Marcelo Rebelo de Sousa para fazer um “esforço” na negociação da proposta de Orçamento do Estado para 2025.

Este domingo, Pedro Nuno Santos defendeu que o “voto dos portugueses tem de ser respeitado” e reiterou que “o tempo da tática política acabou”. “Uma viabilização do por parte do PS tem consequência. Não podia deixar de ter. Eu sei, mesmo cá dentro, há quem ache que devíamos viabilizar sem ver, mas para isso tinham de ter um secretário-geral diferente. Nós não viabilizamos OE sem ver. Era o que faltava”, reforçou.

O líder socialista salientou que o PS “não quer fazer o Orçamento” e insistiu na retirada o IRS Jovem e da baixa do IRC na proposta do Governo. “Não queremos sequer 50% do Orçamento. Não queremos desenhar um OE a meias com quem governa. Quem governa tem de apresentar o OE e a posição tem de fazer o juízo, a análise e a avaliação”, vincou.

Nesse discurso, Pedro Nuno Santos pediu para que não se ilibe o Chega de “responsabilidades políticas” e acusou o governo de radicalismo por “governar para uma minoria”, devido à proposta do IRS Jovem. “Não façam é o favor ao Chega de o ilibar de ser também um partido com responsabilidades políticas. Não isentem o Chega de responsabilidades. Não isentem o Chega de avaliação e de crítica porque esse é o pior serviço que estão a fazer à democracia portuguesa“, atirou.

(Em atualização)

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De Viana ao Funchal, conheça a estratégia dos portos nacionais para “zarpar” o crescimento

O porto de Setúbal está a investir numa nova concessão de ro-ro para pesados, Viana quer afirmar-se como porto industrial e a Madeira quer concorrer com as Caraíbas nos destinos de cruzeiros.

Atrair novos investimentos para apostar no crescimento, na digitalização e na sustentabilidade é uma das prioridades para os portos nacionais, que têm vindo a debater-se com faltas de capital para responder às suas necessidades. O Governo promete ajudar o setor a crescer e já anunciou uma medida há muito reclamada: aumentar o prazo das concessões portuárias de 30 para 75 anos. Apesar de reconhecer que cada porto é um porto, o Executivo quer uma “visão coordenada” para a indústria.

Queremos maximizar o potencial de cada porto, ter novos terminais, novos players – e isto é muito importante. Para isso tem de haver uma mudança e essa primeira mudança tem a ver com o que são as concessões dos terminais portuários”, que vão passar de 30 para 75 anos, explicou Hugo Espírito Santo, durante a iniciativa Porto Maritime Week, que decorreu esta semana em Matosinhos.

Tem de haver uma visão coordenada nacional para os portos e cada um “irá apresentar um plano concreto para o seu crescimento”, adiantou o secretário de Estado, reforçando o seu compromisso para apoiar os portos nacionais em áreas chave.

No caso do Porto de Leixões, o governante defende que é preciso aumentar a capacidade, nomeadamente em contentores; Aveiro tem de expandir-se geograficamente, explorando a sua vocação industrial; Figueira da Foz tem de ser capaz de encontrar novas oportunidades; o Porto de Lisboa tem de rever a simbiose entre o porto e a cidade; Setúbal é um dos portos com maior potencial do país; e Sines tem a possibilidade de expandir terminais.

Leixões: novos projetos para responder à procura

A ausência de obras para aumentar o Porto de Leixões é um dos grandes desafios que o porto nortenho tem enfrentado nos últimos anos para dar resposta às necessidades da região. No início deste ano, a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, S.A. (APDL) anunciou que vai avançar com o projeto de modernização e reordenamento das vias portuárias do Porto de Leixões, que estará concluída em 2027.

Além desta empreitada, o organismo liderado por João Neves está agora a concluir o novo plano estratégico para apresentar à tutela, assente em três pilares: sustentabilidade económica e competitividade; sustentabilidade ambiental; sustentabilidade social. Segundo o responsável, está a apostar em “investimentos para que porto de Leixões esteja daqui a 10 anos com a capacidade instalada de que precisa“.

Segundo adiantou o gestor, o Porto de Leixões está a trabalhar na modernização das vias rodoviárias do porto e da ponte móvel, na construção de novo centro inspetivo e na viabilização da conclusão do polo 2 da plataforma logística. “Há ainda um conjunto de projetos seletivos no âmbito do sustentável 2030 para serem apoiados”, sintetizou.

Viana quer assumir-se como porto industrial

Porto de Viana do CasteloAPDL

Ainda mais a Norte, o porto de Viana do Castelo assume uma “vocação mais industrial”, segundo explica João Neves. O responsável diz que é preciso “criar condições para, como fazem Aveiro, as indústrias que precisam ter o apoio do navio para poderem operar, ou porque importam matérias-primas, ou porque exportam matéria acabada que precisa sair diretamente para o navio”.

Temos em Viana condições para poder crescer e criar porto industrial que permita movimentar mais carga”, destaca João Neves.

Setúbal vai ter nova concessão de ro-ro de pesados

O Porto de Setúbal é considerado um dos portos com maior potencial para crescer no país. A proximidade da Autoeuropa, em Palmela, e a proximidade geográfica do novo aeroporto de Lisboa abrem oportunidades para esta infraestrutura, que vai explorar uma nova concessão direcionada para o segmento automóvel de pesados.

Segundo explicou o presidente do Conselho de Administração dos Porto de Setúbal (APSS) e LIsboa (APL), Carlos Correia, está a ser preparado um programa de novas concessões, na mesma altura que está a concluir-se o processo de renegociação das concessões atuais para a prorrogação por mais 10 anos quer do terminal da zona 1, quer da zona 2. As novas concessões “estarão preparadas para suportar as eólicas offshore, mas não se esgotam nisso”. “Preveem possibilidade de ter outros tipos de movimentação de carga, associada a essas eólicas offshore“, explicou Carlos Correia.

“No lançamento desta nova concessão em termos de ro-ro [Roll on Roll Off para automóveis e veículos], de expansão da área do ro-ro, queremos que não se esgote só no ro-ro ligeiro de automóveis. Queremos captar um segmento de mercado do ro-ro pesado, de trailers, anunciou o responsável, justificando a aposta com a proximidade da Autoeuropa.

“Setúbal tem esse potencial. Temos ali a fábrica da Autoeuropa que nos tem sinalizado o potencial que existe para termos esse segmento de mercado no porto de Setúbal, que será adjacente ao terminal atual. Ali terá a nova concessão para dar resposta ao ro-ro de pesados em termos de trailers“, adiantou.

Em termos estratégicos globais, realça que “a questão dos novos combustíveis, da nova energia, da transição energética assume particular relevo”. “Pela sua vocação industrial e pelos espaços disponíveis, olhamos para o porto de Setúbal como tendo esse potencial de atrair negócios associados a novos combustíveis, quer para shipping, quer até para o novo aeroporto”, refere.

“À volta de Alcochete desenvolver-se-á uma nova cidade portuária e um centro logístico e isso trará potencial e novos desafios para porto de Setúbal”, remata Carlos Correia.

Lisboa: hub da inovação marítimo-portuária

Em relação ao Porto de Lisboa, o presidente do Conselho de Administração dos Porto de Setúbal (APSS) e Lisboa (APL) vê-o com “potencial de atração de áreas de inovação na lógica marítimo-portuária”. “Ter esta nova componente de atrair para o porto e constituir-se como um polo de inovação”, completou durante o evento.

Num momento em que se prepara para negociar as concessões da zona oriental de Lisboa, atualmente com cinco concessões, Carlos Correia refere que “parte dessas [concessões] termina o prazo no próximo ano ou em 2026″. Sendo que três admitem prorrogação por mais cinco anos e outras não a admitem. Idealizamos a redução do número de concessões. São concessões demasiadamente retalhadas que condicionam a sua operacionalidade. O que vamos propor é a redução do número de concessões. Idealizamos ali um terminal de contentores e um terminal multiusos — duas concessões. O secretário de Estado depois dirá”, frisou.

Aveiro: porto vocacionado para a indústria

Eduardo Feio, presidente do Porto de Aveiro tem-se batido pela necessidade de aumentar a capacidade de entrada na barra de Aveiro, para acolher navios maiores. O responsável considera que o Porto de Aveiro tem “grande experiência industrial”, em apoiar a indústria da região Centro. Uma estratégia que Eduardo Feio visa prosseguir.

De olho na sustentabilidade, Eduardo Feio acredita que o Porto de Aveiro pode “capacitar-se como hub de energia”, tendo uma nova concessão para uma empresa de combustíveis.

Na área industrial, o responsável destacou que o Porto de Aveiro “movimenta mais 500 mil toneladas de químicos e está a crescer nesse setor.”

Madeira quer ser “as novas Caraíbas”

Finalmente, o Porto da Madeira tem vários investimentos em curso, procurando “arrepiar caminho” na sustentabilidade e reforçar a aposta como itinerário de cruzeiros. “Da mesma forma como hoje temos as Caraíbas como referência no mundo dos cruzeiros, gostávamos que daqui a uma geração se dissesse ‘vamos à Macaronésia’. Criar um novo destino turístico nesta região do Atlântico”, explica Paula Cabaço, presidente da APRAM.

“Estamos a reforçar a presença junto da indústria de cruzeiros enquanto porto de destino de cruzeiros no corredor do Atlântico e a reforçar a parceria com Canárias, Cabo Verde e Açores, os nossos parceiros de itinerário nesta bacia geográfica da Macaronésia”, detalhou a responsável pela estratégia do Porto da Madeira.

Outra prioridade do Porto da Madeira é o abastecimento de navios a eletricidade. “Estamos a fazer uma avaliação técnica e financeira da que será melhor solução para abastecer navios a eletricidade no porto do Funchal. O número de cruzeiros preparados para ligar se ligar a terra, percentualmente é muito superior ao número de portos europeus preparados para receber estes navios”.

“Temos de arrepiar caminho, 2030 é amanhã. A indústria dos cruzeiros é muito pioneira e está à frente e temos que concluir os nossos estudos e encontrar a melhor solução“, destacou.

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Indústria do café apreensiva com sabor amargo do regulamento anti-desflorestação da UE

A indústria do café está com dificuldade em cumprir legislação da UE contra a desflorestação, que entra em vigor no final do ano. Pede mais tempo para cumprir os requisitos.

A União Europeia (UE) tem novas regras para ajudar a desflorestação em todo o mundo. A indústria do café concorda com o regulamento europeu anti-desflorestação (EUDR), que entra em vigor a 30 de dezembro, mas pede o adiamento do prazo de implementação por considerar que não estão reunidas as condições para cumprir esse calendário. A legislação tem como objetivo obrigar as empresas a garantir que os produtos vendidos na UE não se encontram em terrenos desflorestados.

A Associação Industrial e Comercial do Café (AICC) apoia o novo regulamento europeu anti-desflorestação (EUDR), mas pede a prorrogação do prazo de implementação e justificam que os pequenos produtores de café precisam de tempo, estruturas e recursos suficientes para cumprir o regulamento que entra no final do ano.

“A União Europeia está a pôr a carroça à frente dos bois e não temos tempo de absorver esta nova burocracia e pôr isto a funcionar, principalmente os países de origem. Angola não sabia sequer deste regulamento”, afirma a secretária-geral da AICC, em declarações ao ECO. “É um trabalho burocrático gigantesco”, reforça Cláudia Pimentel.

A União Europeia está a pôr a carroça à frente dos bois e não temos tempo de absorver esta nova burocracia e pôr isto a funcionar, principalmente os países de origem. Angola não sabia sequer deste regulamento.

Cláudia Pimentel

Secretária-geral da Associação Industrial e Comercial do Café

“Concordamos com a legislação EUDR, mas solicitamos o adiamento porque não há, ainda, condições para a implementação do regulamento”, explica ao ECO a secretária-geral da AICC. Cláudia Pimentel justifica esse adiamento devido à “falta de preparação dos países produtores e à falta de clarificação do sistema informático/plataforma que servirá de base a todos os operadores envolvidos no processo”.

A Nestlé Portugal assume ao ECO que está a ser “afetada pelo Regulamento Europeu Anti-Desflorestação“, apesar de estarem “confiantes com a capacidade de cumprir o regulamento, graças ao nosso trabalho de longa data na prevenção da desflorestação”.

“A Nestlé é afetada pelo EUDR devido à ampla gama de produtos no nosso portfólio. Esses produtos contêm ingredientes fornecidos por fornecedores e produtores localizados em vários países, e são transformados e vendidos em toda a Europa e todo o mundo”, explica ao ECO Gonçalo Granado, diretor de comunicação da Nestlé Portugal. O responsável apela que é “necessária mais clareza em relação a alguns aspetos práticos, incluindo como os Estados membros da UE planeiam implementar este regulamento”.

Já o Grupo Nabeiro-Delta Cafés garantiu apenas que “não estão a comprar mais stock” antes de a lei entrar em vigor, mas sim a “tentar ajudar os pequenos agricultores via International Coffee Partners (ICP)”.

É necessária mais clareza em relação a alguns aspetos práticos, incluindo como os Estados membros da UE planeiam implementar este regulamento.

Gonçalo Granado

Diretor de comunicação da Nestlé Portugal

Apesar de faltarem apenas três meses para este novo regulamento entrar em vigor, a Associação Industrial e Comercial do Café concorda com a falta de clareza. “Na verdade nenhum de nós sabe como vai funcionar esta plataforma que foi criada pela União Europeia e só vai estar disponível para inscrição em novembro. Nós temos acesso aos relatórios dos testes e sabemos que não estão a correr muito bem porque existem muitas dificuldades e mutas dúvidas”, refere a a secretária-geral da AICC.

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que é a autoridade competente para a aplicação do regulamento europeu anti-desflorestação (EUDR) em Portugal, indicou ao ECO que “tem realizado várias reuniões com associações setoriais, incluindo a Associação Industrial e Comercial do Café (AICC), de forma a sensibilizar e a preparar as empresas para o cumprimento das obrigações do EUDR”.

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas adiantou que a “Comissão Europeia encontra-se a desenvolver material de apoio à implementação do EUDR para operadores e comerciantes que se prevê seja publicado ainda em setembro”.

Uma avaliação realizada ao grau de preparação no Uganda, uma das regiões do projeto da ICP, revelou que os produtores de café do país ainda não estão preparados para cumprir o EUDR. “Atualmente, apenas cerca de 10% dos produtores de café do Uganda tem o seu café rastreado.

Para cumprir os requisitos do EUDR, os agricultores ugandeses terão de desenvolver um sistema de rastreabilidade eficaz, que provavelmente exigirá anos de planeamento, aperfeiçoamento e melhoria das competências, bem como um investimento inicial significativo”, alerta a International Coffee Partners.

Este regulamento vai implicar que todos os intervenientes na venda de café, desde a produção até ao aos hipermercados, entrem na plataforma para validarem as operações. A Associação Industrial e Comercial do Café exemplifica ainda que “os pequenos produtores do Brasil dizem não estar preparados“, enquanto a Colômbia “diz estar praticamente pronta a 100% para arrancar com o projeto”.

Pequenos produtores de café podem optar por países fora da UE devido ao novo regulamento

A International Coffee Partners (ICP), que é formada por empresas familiares europeias de café, como a Delta Cafés de Portugal, Franck da Croácia, Paulig da Finlândia, Joh. Johannson da Noruega, Löfbergs da Suécia, Lavazza da Itália, Neumann Kaffee Gruppe da Alemanha e Tchibo da Alemanha, afirma que o “cumprimento da EUDR representa agora outro grande desafio” e receia que “muitos produtores não conseguirão responder a todos os requisitos necessários até ao final de 2024 pelo que, podem ser excluídos do mercado da União Europeia”.

A somar ao desafio do regulamento europeu anti-desflorestação, a International Coffee Partners realça ainda que “os 12,5 milhões de pequenos produtores de café no mundo, que produzem até 80% do café mundial, dependem da volatilidade dos mercados e estão expostos a riscos climáticos crescentes, ao aumento dos preços de produção e a outros fatores económicos externos”.

A International Coffee Partners alerta que “é provável que os agricultores transfiram a comercialização dos produtos para países fora da União Europeia” e que “estes resultados não contribuem para a redução do risco de desflorestação”. A Associação Industrial e Comercial do Café corrobora a ideia e antecipa ao ECO que esses produtores “vão optar por vender para a Ásia ou Americana Latina, já que não têm que estar sujeitos a essas regras morosas”.

Alguns produtores vão optar por vender para a Ásia ou Americana Latina, já que não têm que estar sujeitos a essas regras morosas.

Cláudia Pimentel

Secretária-geral da Associação Industrial e Comercial do Café

“Não podemos obrigar os países terceiros a implementar uma medida europeia. Partimos do pressuposto que estes países têm interesse para vender para a Europa, mas na verdade temos cada vez mais países a consumir café que antes não consumiam, como é o casos da Ásia e mesmo todo o americano e latino-americano”, salienta a secretária-geral da AICC.

O regulamento anti-desflorestação da UE abrange produtos tradicionalmente associados a riscos elevados de degradação dos ecossistemas florestais, como o óleo de palma, a carne bovina, café, cacau, soja, madeira, borracha, bem como produtos derivados (como carne de vaca, mobiliário ou chocolate).

De acordo com o IAPMEI, “todas as empresas que comercializem ou exportem este tipo de produtos a partir da UE são obrigadas a assegurar o seu rastreamento ao longo das cadeias de valor, no sentido de identificar e minimizar os riscos decorrentes da pegada florestal que possam acarretar, e das suas repercussões em termos de impactos ambientais e sociais”.

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Governo aumenta em 25% valor pago aos bombeiros dos fogos de setembro

  • Lusa
  • 29 Setembro 2024

O Governo anunciou um aumento de 25% do valor diário pago aos bombeiros voluntários que combateram os incêndios rurais entre 15 e 19 de setembro.

O Governo decidiu atribuir um aumento de 25% do valor diário pago aos bombeiros voluntários afetos ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) que combateram os incêndios rurais entre os dias 15 e 19 deste mês, correspondendo a um acréscimo entre os 16,8 euros e os 19,6 euros. Em comunicado, o Ministério da Administração Interna (MAI) avança que o secretário de Estado da Proteção Civil “assinou esta semana o despacho de majoração do valor diário atribuído”, com o objetivo de “retribuir simbolicamente o esforço adicional dos bombeiros voluntários afetos ao DECIR”.

O despacho majora em 25% os valores diários pagos – respetivamente 67,30 euros e 78,30 euros, consoante se trate de bombeiros integrantes das várias equipas ou bombeiros do quadro de comando – entre os dias 15 e 19 de setembro, inclusive, período em que uma vaga de incêndios assolou o centro e norte do país.

De acordo com o MAI, “foi transmitido à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) para, com a maior brevidade possível, apurar os valores devidos ao abrigo deste despacho e promover a transferência dos valores para as associações humanitárias com a máxima brevidade“.

Salientando o “empenho extraordinário” destes profissionais, o Governo diz tratar-se de um “primeiro sinal, ainda que simbólico”, do reconhecimento dos “bombeiros como a coluna vertebral da Proteção Civil” e do trabalho que o executivo está a desenvolver para a “sua valorização”.

A ministra da Administração Interna e o secretário de Estado da Proteção Civil, em nome do Governo, encetaram todos os esforços para, apesar da conhecida exigência orçamental, retribuir a extraordinária mobilização a que uma vez mais assistimos, por parte de milhares de mulheres e homens bombeiros voluntários afetos ao DECIR“, lê-se no comunicado.

Recordando o “período difícil e exigente em matéria de combate a incêndios rurais, com especial destaque nas zonas Centro e Norte do país”, que o país mais uma vez atravessou, o executivo diz estarem ainda “em curso” os levantamentos dos “prejuízos económico-sociais e humanos assinaláveis” causados pelos fogos.

“Todos os agentes de Proteção Civil, e em especial os bombeiros, demonstraram ser, uma vez mais, verdadeiros exemplos de resiliência e empenho, num contexto em que o DECIR foi colocado sob forte pressão e empenho máximo de meios”, remata.

Nove pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas em consequência dos incêndios da passada semana. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil contabilizou oficialmente cinco mortos nos fogos.

Os incêndios florestais consumiram, entre os dias 15 e 20 de setembro, cerca de 135.000 hectares, totalizando este ano a área ardida em Portugal quase 147.000 hectares, a terceira maior da década, segundo o sistema europeu Copernicus.

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Há mais países da UE a favor de restrições à imigração

  • Lusa
  • 29 Setembro 2024

Cada vez mais Estados-membros da União Europeia, incluindo Alemanha e França, querem restringir políticas migratórias, com muitos a reclamarem mesmo uma revisão do Pacto para as Migrações e Asilo

Há cada vez mais Estados-membros da União Europeia (UE), incluindo os ‘pesos pesados’ Alemanha e França, que querem restringir políticas migratórias, com muitos a reclamarem mesmo uma revisão do Pacto para as Migrações e Asilo recentemente acordado.

Apesar de o acordo em torno do novo pacto migratório, negociado durante quase uma década, ter sido alcançado apenas há alguns meses, e de este já prever um endurecimento das regras, sobretudo a nível de controlo de fronteiras e de repatriamento, são já vários os países que defendem a sua revisão para dificultar ainda mais a entrada de migrantes. Neste verão, Berlim e Paris juntaram-se ao grupo de capitais que defendem uma abordagem mais securitária.

Se antes eram apenas ‘pequenos’ países com regimes mais autoritários, casos de Hungria e Eslováquia, a advogar uma política migratória com ‘mão pesada’ — aos quais se juntou a Itália desde a eleição, há cerca de dois anos, de um governo de direita e extrema-direita liderado por Giorgia Meloni -, agora são vários os governos nacionais que defendem um endurecimento das regras, num contexto de agravamento dos conflitos à escala global e consequente aumento dos fluxos de refugiados, e de subida dos partidos de extrema-direita que fazem do combate à imigração a sua grande ‘bandeira’.

A estes países juntam-se, numa linha cada vez mais ‘dura’, Países Baixos e a Suécia, havendo também cada vez mais adeptos de acordos com países terceiros para externalizar os procedimentos de asilo, sendo cada vez mais apontado como exemplo o acordo estabelecido entre Itália e Albânia para a criação de dois centros de acolhimento em território albanês a serem geridos pelas autoridades italianas (embora estes tardem em estar operacionais).

Berlim e Paris, duas capitais até recentemente defensoras de políticas migratórias justas, humanistas e coordenadas, mudaram de forma radical o seu discurso, questionando mesmo as regras de Schengen, o espaço de livre circulação de pessoas, que agora consideram demasiado livre.

O governo alemão apresentou, há cerca de duas semanas, um pacote de medidas de “resposta clara aos problemas de segurança”, como sublinhou a ministra do interior, Nancy Faeser. A decisão surge assumidamente como resposta ao ataque terrorista em Solingen, que fez três mortos e foi reivindicado pelo Estado Islâmico (EI), e à ascensão da extrema-direita no país.

O governo alemão apresentou, há cerca de duas semanas, um pacote de medidas de “resposta clara aos problemas de segurança“, como sublinhou a ministra do interior, Nancy Faeser. A decisão surge assumidamente como resposta ao ataque terrorista em Solingen, que fez três mortos e foi reivindicado pelo Estado Islâmico (EI), e à ascensão da extrema-direita no país.

O plano do executivo liderado pelo socialista Olaf Scholz, que pretende aliviar a pressão interna para travar a imigração ilegal, inclui medidas de segurança, restrições nos serviços aos requerentes de asilo e medidas para facilitar a expulsão de migrantes.

O estabelecimento de novos controlos nas fronteiras com a Bélgica, Dinamarca, França, Países Baixos e Luxemburgo, desde o dia 16 de setembro, que se somam aos já existentes com a Polónia, a República Checa, a Suíça e a Áustria, tem sido a mudança mais polémica.

Como Governo Federal, estamos a fazer o que é necessário e legalmente possível para garantir a segurança das pessoas na Alemanha. Estamos a alargar os instrumentos da nossa democracia orientada para a defesa, a fim de prevenir, resolver e sancionar as infrações penais“, apontou Faeser. Além disso, a ministra garante que as autoridades passam a ter “mais facilidade em manter as armas longe das mãos de extremistas, terroristas e criminosos ou em retirá-las, melhorando também o intercâmbio de informações entre as agências envolvidas”.

Os requerentes de asilo perderão a proteção do Estado se saírem de férias para o seu país de origem, por exemplo, com algumas exceções. Deixarão também de ter o reconhecimento do Governo se forem condenados por crimes graves, como antissemitismo, racismo, homofobia ou misoginia. Além disso, a iniciativa do Governo procura acelerar a expulsão de requerentes de asilo que se encontram na Alemanha e a sua entrada inicial foi registada noutro país da União Europeia (UE), de acordo com a Convenção de Dublin. “Quem recebe a nossa proteção não deve abusar dela, caso contrário terá de abandonar o nosso país”, disse a ministra do Interior alemã.

Na mesma linha parece seguir a França, agora sob um governo de direita liderado por Michel Barnier, que já assumiu a vontade de reabrir as negociações sobre o Pacto Europeu para as Migrações e adotar uma posição mais rigorosa em matéria de migração, seguindo o exemplo dos ‘vizinhos’ Alemanha e Países Baixos. “Temos de rever as legislações da UE que já não estão adaptadas. Estou a pensar, em primeiro lugar, na diretiva do ‘regresso’. É tempo de mudar as regras da UE”, defendeu recentemente o novo ministro do Interior, Bruno Retailleau.

Na mesma linha parece seguir a França, agora sob um governo de direita liderado por Michel Barnier, que já assumiu a vontade de reabrir as negociações sobre o Pacto Europeu para as Migrações e adotar uma posição mais rigorosa em matéria de migração, seguindo o exemplo dos ‘vizinhos’ Alemanha e Países Baixos. “Temos de rever as legislações da UE que já não estão adaptadas. Estou a pensar, em primeiro lugar, na diretiva do ‘regresso’. É tempo de mudar as regras da UE“, defendeu recentemente o novo ministro do Interior, Bruno Retailleau.

Paris diz também compreender a decisão de alguns países da UE de reintroduzirem controlos fronteiriços no espaço Schengen, tendo, a propósito, Barnier observado que vários governos socialistas estão a ir nessa direção, dando como exemplo a Alemanha, a Dinamarca e ainda o Reino Unido. “Estamos a ver o que um chanceler socialista está a fazer [em matéria de controlos fronteiriços], o que um ministro socialista está a fazer na Dinamarca, o que um primeiro-ministro socialista está a fazer no Reino Unido, isto deveria ser um sinal de alerta para nós“, afirmou Michel Barnier.

Já não fazendo parte do bloco comunitário, o Reino Unido é outro ‘caso de estudo’ no atual contexto, já que, eleito em julho passado, o novo primeiro-ministro britânico, o líder trabalhista (esquerda) Keir Starmer, que rejeitou o plano do anterior governo conservador britânico de expulsar migrantes para o Ruanda, assumiu-se agora como entusiasta do modelo italiano de Meloni.

Depois de confrontado com os maiores motins no Reino Unido desde 2011, que tiveram como alvo mesquitas e albergues de migrantes em todo o país, Starmer admite agora replicar o ‘modelo’ italiano, tendo-se deslocado a Roma há menos de duas semanas para perceber o que classificou como “progressos notáveis” de Itália no combate à imigração ilegal, afirmando concordar com “novas soluções” a serem aplicadas também no Reino Unido.

Starmer admitiu estar particularmente interessado nos acordos estabelecidos pelo Governo de Meloni com as autoridades da Líbia e da Tunísia, para reduzir o número de partidas desde estes dois países do Magrebe, mas também foi abordado o polémico acordo estabelecido em novembro do ano passado entre Roma e Tirana com vista à criação de dois centros de migrantes na Albânia.

Entre os Estados-membros da UE já com políticas mais estritas, e além da Hungria ‘de’ Viktor Orbán – desde há muito crítica da política migratória europeia – contam-se atualmente a Suécia, com um Governo conservador apoiado pela extrema-direita, e os Países Baixos, com um Governo dominado pela extrema-direita de Geert Wilders.

Entre os Estados-membros da UE já com políticas mais estritas, e além da Hungria ‘de’ Viktor Orbán – desde há muito crítica da política migratória europeia – contam-se atualmente a Suécia, com um Governo conservador apoiado pela extrema-direita, e os Países Baixos, com um Governo dominado pela extrema-direita de Geert Wilders.

Na Suécia, que tradicionalmente recebia um grande número de imigrantes desde a década de 1990, principalmente de regiões assoladas por conflitos – incluindo a antiga Jugoslávia, Síria, Afeganistão, Somália, Irão e Iraque – a nova política de combate à imigração decretada pelo líder conservador Ulf Kristersson — que chegou ao poder em outubro de 2022, formando um bloco maioritário com o apoio do partido nacionalista Democratas Suecos — já está a “produzir frutos”, como o próprio Governo anunciou recentemente.

Em agosto passado, Estocolmo anunciou que o número de pessoas que deixam a Suécia deverá ultrapassar o número de imigrantes em 2024, o que acontece pela primeira vez em mais de meio século. Ao mesmo tempo, os pedidos de asilo continuam a diminuir e atingiram o nível mais baixo desde 1997.

Também noutro país escandinavo até há poucos anos famoso pela sua política de acolhimento de migrantes, a Dinamarca, a política mudou radicalmente nos últimos anos, com o atual Governo socialista a utilizar cada mais os termos “autossuficiência e retorno” em vez de “integração”, à medida que a opinião pública dinamarquesa se foi manifestando cada vez mais contra o grande número de migrantes no país e a extrema-direita poderia capitalizar esse descontentamento.

Nos Países Baixos, o Governo, que chegou ao poder em julho, anunciou na semana passada o programa de ação para 2025, que inclui políticas mais rigorosas para reter ou expulsar os migrantes que não reúnam as condições necessárias para obter asilo, no que constitui uma reforma radical do sistema de asilo do país, e que prevê mesmo uma opção de “não participação” nas políticas de migração da UE.

E é neste cenário de um número crescente de Estados-membros a advogar políticas migratórias mais restritivas — e com conflitos como a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente ‘às portas’ da Europa — que arranca a nova legislatura a nível da UE na sequência das eleições de junho passado, que ameaça ficar marcada pela nova resposta do bloco comunitário aos desafios em termos de migrações e asilo.

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Espanha acaba com IVA zero nos alimentos e quase três anos de medidas contra inflação

  • ECO
  • 29 Setembro 2024

Espanha acaba na terça-feira com o IVA zero em alguns alimentos e espera repor até ao final de 2024 todos os valores normais deste imposto, terminando com quase três anos de medidas extraordinárias.

Espanha acaba na terça-feira com o IVA zero em alguns alimentos e espera repor até ao final de 2024 todos os valores normais deste imposto, terminando assim com quase três anos de medidas extraordinárias para controlar a inflação.

O Governo de Espanha adotou pacotes para responder à subida dos preços depois de no primeiro semestre de 2022 ter tido dos valores mais elevados da União Europeia (UE) e de em julho daquele ano ter registado a inflação mais alta no país desde 1984 (10,77%).

Acabou por fechar 2022 com a inflação mais baixa da UE (5,7%) e no ano passado a taxa continuou a baixar, apesar de algumas oscilações, chegando a dezembro nos 3,1%.

Segundo os dados mais recentes das autoridades nacionais e europeias, a inflação em Espanha foi 2,3% em agosto, próxima da média da UE (2,4%).

A estimativa do Banco de Espanha é que a inflação se modere para 2,9% este ano, para 2,1% em 2025 e para 1,8% em 2026.

Só ao longo de 2022, Espanha aprovou vários pacotes de medidas para responder à inflação superiores a 3% do Produto Interno Bruto (PIB), com um valor de cerca de 45.000 milhões de euros, entre ajudas diretas a consumidores e empresas e benefícios fiscais, como a redução do IVA da eletricidade e do gás ou um desconto na compra de combustíveis.

Entre as medidas que foram sendo adotadas desde 2022 e que permanecem em vigor estão taxas reduzidas de IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) de alguns alimentos.

Assim, alimentos considerados de primeira necessidade (leite, pão, ovos, hortaliças, frutas) estão com IVA zero em Espanha desde janeiro de 2023. O azeite passou a fazer parte deste grupo de alimentos em 01 de julho deste ano e está também sem IVA desde então.

A partir de terça-feira e até e 31 de dezembro, estes alimentos passam a ter 2% de IVA, com o Governo espanhol a estimar que voltarão a ter a taxa habitual de 4% a partir de 01 de janeiro de 2025, atendendo às previsões de moderação da inflação.

Outro grupo de alimentos, como massas e óleos de origem vegetal, estão com IVA reduzido de 5%. Na terça-feira, o IVA destes produtos passará para 7,5% antes de voltar aos 10% normais, previsivelmente, em 01 de janeiro de 2015.

Também estão ainda em vigor, até ao final do ano, descontos nas contas e taxas reduzidas de IVA da eletricidade (que esteve em Espanha nos 5% em 2022 e 2023 e passou para os 10% este ano).

Mantêm-se igualmente em vigor até dezembro descontos nos passes para transportes públicos e nas portagens.

Quando decidiu prolongar estas medidas pela última vez, em meados deste ano, o Governo espanhol garantiu que estava a ter em consideração o pedido da Comissão Europeia para serem levantados os apoios extraordinários adotados a nível nacional para responder à escalada da inflação e daí os termos em que foi aprovado o prolongamento de algumas medidas e o seu fim progressivo.

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A um ano das autárquicas, há dois “dinossauros” que querem voltar

  • Lusa
  • 29 Setembro 2024

Pelo menos dois antigos presidentes de câmara já anunciaram que serão candidatos nas eleições autárquicas de 2025. Do total de presidentes que não podem recandidadar-se, a maior parte é do PS.

Pelo menos dois antigos presidentes de câmara já anunciaram que serão candidatos nas eleições autárquicas de 2025, às quais estão impedidos de se recandidatar cerca de um terço dos atuais presidentes, devido à lei da limitação dos mandatos autárquicos.

Por um lado, em Setúbal, a ex-presidente Maria das Dores Meira, eleita pela CDU em três mandatos consecutivos, nas eleições autárquicas de 2009, 2013 e 2017, já confirmou que se vai recandidatar à presidência do município sadino, mas agora como independente, em 2025.

Por outro, o antigo presidente da Câmara de Estremoz Luís Mourinha também anunciou que vai voltar a ser candidato à presidência deste município do distrito de Évora. Luís Mourinha foi presidente do município durante 12 anos eleito pela CDU e outros 10 pelo Movimento Independente por Estremoz (MIETZ), pelo qual vai agora concorrer novamente. O último mandato de Mourinha foi interrompido em 2019, quando o tribunal o condenou, com a pena acessória de perda de mandato, pelo crime de prevaricação.

Cerca de um terço dos 308 presidentes de câmara eleitos em 26 de setembro de 2021 não poderá recandidatar-se em setembro ou outubro de 2025 devido ao limite de eleição em três mandatos consecutivos à frente do mesmo município, imposto por lei. A maior parte destes 103 autarcas são de municípios socialistas.

Pelo menos outros 30 que estavam nesta situação de fim de ciclo foram deixando os cargos aos respetivos vice-presidentes, dois dos quais recentemente: Ricardo Gonçalves (PSD) era presidente da Câmara de Santarém quando, em 30 de agosto, anunciou a suspensão do mandato para assumir a presidência do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e o também social-democrata Benjamim Pereira suspendeu, no início de setembro, o mandato na Câmara de Esposende para presidir ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana.

Do total de presidentes em final de mandato, 54 são socialistas, 28 do PSD (sozinho ou coligado), 12 do PCP-PEV (de um total de 19 câmaras desta coligação), três do CDS-PP (de seis municípios), um é o único presidente do Juntos Pelo Povo (JPP), Filipe Sousa, autarca em Santa Cruz, na Madeira, e cinco são independentes, entre os quais Rui Moreira, que está de saída da presidência da Câmara do Porto.

Do total de presidentes em final de mandato, 54 são socialistas, 28 do PSD (sozinho ou coligado), 12 do PCP-PEV (de um total de 19 câmaras desta coligação), três do CDS-PP (de seis municípios), um é o único presidente do Juntos Pelo Povo (JPP), Filipe Sousa, autarca em Santa Cruz, na Madeira, e cinco são independentes, entre os quais Rui Moreira, que está de saída da presidência da Câmara do Porto.

Nas principais autarquias do país, o PSD precisa de encontrar um candidato que substitua Carlos Carreiras em Cascais (no distrito de Lisboa), Ricardo Rio em Braga, Rogério Bacalhau em Faro e Ricardo Gonçalves em Santarém, autarca que nos últimos dias foi apontado para dirigir o Instituto Português do Desporto e Juventude, com o próprio a confirmar o convite, embora ainda sem uma decisão oficial.

O PSD tem ainda de encontrar um sucessor para José Ribau Esteves, com três mandatos à frente de Aveiro, depois de já anteriormente ter cumprido o limite de mandatos na Câmara de Ílhavo (entre 1997 e 2013).

Entre outros, o PS tem em fim de mandato Basílio Horta em Sintra (Lisboa), Eduardo Vítor Rodrigues em Vila Nova de Gaia (Porto) e Rui Santos em Vila Real.

De saída está também o presidente da Câmara de Gondomar, o socialista Marco Martins, que na sexta-feira foi eleito presidente da nova empresa Transportes Metropolitanos do Porto, antecipando, assim, o final do seu terceiro mandato à frente da autarquia.

A CDU (PCP-PEV) terá de arranjar sucessores para os presidentes de Cuba (Beja), Arraiolos (Évora), Évora, Sobral de Monte Agraço (Lisboa), Avis e Monforte (Portalegre), Benavente (Santarém), Grândola, Palmela, Santiago do Cacém e Alcácer do Sal (Setúbal) e Silves, no Algarve, onde em 2013 Rosa Palma retirou a câmara ao PSD.

Vítor Proença, o comunista à frente de Alcácer do Sal desde 2013, tinha anteriormente cumprido o limite de mandatos como presidente da Câmara de Santiago do Cacém, enquanto Carlos Pinto de Sá, outro ‘dinossauro’ do PCP, não se pode recandidatar a Évora pelos mesmos motivos, mas já anteriormente tinha sido presidente de Montemor-o-Novo (Évora), entre 1993 e 2013.

O CDS-PP, que sozinho tem atualmente seis câmaras municipais, vai ter de encontrar substitutos para três: António Loureiro e Santos, de Albergaria-a-Velha, e José Pinheiro e Silva, de Vale de Cambra, ambos no distrito de Aveiro, e Luís Silveira, presidente da Câmara de Velas, nos Açores.

Além de Rui Moreira, no Porto, há ainda outros quatro municípios que estão a ser dirigidos por movimentos independentes e que terão de mudar de presidente: Maria Teresa Belém, em Anadia (Aveiro), António Anselmo, autarca em Borba (Évora), Décio Natálio Pereira, na Calheta (Açores), e o madeirense Ricardo Nascimento, eleito pelo movimento Ribeira Brava em Primeiro, embora com o apoio do PSD.

As eleições legislativas de março e as europeias de junho foram oportunidades para a saída de muitos autarcas impedidos de recandidatura.

Em Aveiro foram eleitos deputados do PSD os então presidentes de Vagos, Santa Maria da Feira e Ovar, além dos autarcas de Valpaços e Vila Pouca de Aguiar (Vila Real) e de Moncorvo (Bragança).

Também foram eleitos deputados os autarcas socialistas de Arruda dos Vinhos (Lisboa), Vendas Novas (Évora) e Nazaré (Leiria).

Quando estava no terceiro mandato na Câmara de Bragança, Hernâni Dias foi eleito deputado e é atualmente secretário de Estado do Poder Local, e Rui Ladeira, presidente de Vouzela, é agora secretário de Estado das Florestas.

Nas europeias, Hélder Sousa (PSD), Carla Tavares (PS) e Isilda Gomes (PS) foram eleitos eurodeputados e deixaram a presidência das câmaras de Mafra e Amadora (Lisboa) e Portimão, respetivamente.

Outros autarcas deixaram os cargos para dirigir outras entidades: Raul Almeida já tinha deixado a câmara social-democrata de Mira (Coimbra) para presidir ao Turismo do Centro, Nuno Canta (PS) deixou a Câmara do Montijo para dirigir a AMARSUL e António Martins, que era presidente de Vimioso, suspendeu o seu terceiro mandato para dirigir a Segurança Social de Bragança.

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Descentralização, finanças locais e PRR até às autárquicas

  • Lusa
  • 29 Setembro 2024

A revisão da lei das finanças locais e afinamentos no processo de descentralização são áreas pendentes para o último ano deste mandato autárquico, agitado por uma corrida à execução do PRR.

A revisão da Lei das Finanças Locais (LFL) e afinamentos no processo de descentralização são áreas pendentes para o último ano deste mandato autárquico, agitado por uma corrida à execução do PRR, parte da qual da responsabilidade dos municípios. As eleições autárquicas estão agendadas para outubro de 2025.

As eleições em 26 de setembro de 2021 decorreram quando ainda se faziam sentir os efeitos financeiros e sociais da crise sanitária causada pela Covid-19, durante a qual os municípios lideraram o apoio de proximidade às populações.

Pela primeira vez, a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) elegeu para presidente uma mulher, a socialista Luísa Salgueiro, que dirige a Câmara de Matosinhos, e os principais objetivos estabelecidos foram concretizar a descentralização na educação, saúde e ação social, as áreas que envolvem as maiores transferências de dinheiro e de pessoal, mas também restaurar a economia local debilitada pela pandemia, acordar com o Governo uma nova Lei das Finanças Locais (LFL), participar na negociação de um novo quadro de fundos comunitários e na execução de uma parte significativa das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nomeadamente no que respeita à recuperação de escolas e de centros de saúde e ainda de construção ou reabilitação de habitações num prazo curto até 2026.

O conturbado processo de descentralização iniciado em 2019 foi consolidado no início de abril de 2023 com a passagem definitiva para todos os municípios das competências na área da ação social, que foi o último diploma setorial a ser publicado.

A insuficiência de verbas previstas pelo então Governo socialista para desempenhar as competências, sobretudo nas áreas da educação, saúde e ação social, que previam a transferência para as câmaras de funcionários e equipamentos, foram os principais obstáculos à adesão voluntária de municípios.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, encabeçou o grupo de autarcas descontentes, o que acabou por resultar na saída do Porto da ANMP, por não se sentir bem representado, embora na realidade a ANMP continue a ser o principal interlocutor do Governo com os municípios.

A insuficiência de verbas previstas pelo então Governo socialista para desempenhar as competências, sobretudo nas áreas da educação, saúde e ação social, que previam a transferência para as câmaras de funcionários e equipamentos, foram os principais obstáculos à adesão voluntária de municípios.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, encabeçou o grupo de autarcas descontentes, o que acabou por resultar na saída do Porto da ANMP, por não se sentir bem representado, embora na realidade a ANMP continue a ser o principal interlocutor do Governo com os municípios.

Num mandato em que houve eleições legislativas inesperadas, com uma alteração do Governo, e quando há incertezas quanto às linhas do Orçamento do Estado para 2025, as autarquias estão expectantes em relação aos ajustes ao modelo de descentralização que foi desenvolvido pelos últimos governos socialistas e ainda em relação a uma nova LFL.

Tendo em conta as novas competências entretanto assumidas, tanto a ANMP como a Associação Nacional de Freguesias (Anafre) têm exigido que a nova LFL, que estava já em negociação com o anterior Governo, contenha pelo menos o reforço da participação das autarquias nos impostos do Estado.

O atual executivo manteve uma LFL entre as prioridades no seu Programa de Governo, com a pretensão de “aperfeiçoar e aprofundar o sistema de transferência de competências para as autarquias locais”, assegurando para isso “meios financeiros, incentivos, garantia de qualidade, coesão territorial e igualdade de oportunidades”.

Quanto aos setores a descentralizar, o novo Governo considera que a descentralização “deve avançar nas áreas preferenciais identificadas desde 2013“, altura da reforma administrativa desenvolvida pelo Governo de Pedro Passos Coelho, nomeadamente nos cuidados de saúde primários, educação até ao nível secundário e ação social.

Além de novas competências em 22 áreas, os municípios estão também envolvidos na execução de verbas significativas do PRR ao nível da construção ou reabilitação de habitações destinadas às famílias mais vulneráveis e da reabilitação ou construção das escolas e dos centros de saúde que vão receber no âmbito da descentralização nestas áreas.

Até ao início de setembro, as autarquias e as áreas metropolitanas tinham recebido 526 milhões de euros de pagamentos relativos a projetos aprovados no âmbito do PRR e tinham projetos aprovados no valor de 3.117 milhões de euros.

Só em julho foram assinados mais de 300 contratos com autarquias para construção e reabilitação de casas, num valor global de cerca de 720 milhões de euros, segundo informação do Governo, que apresentou um balanço de 6.700 casas construídas até então.

No final desse mesmo mês, Luísa Salgueiro alertava que os municípios estavam “a lutar contra o tempo” para executar os fundos europeus para construir e reabilitar habitações, missão que será “possível, nalguns casos, noutros não será“.

Estava previsto que Portugal construísse ou reabilitasse 26 mil habitações até junho de 2026, no âmbito do PRR, e Luísa Salgueiro admitiu que “só com um grande esforço por parte dos autarcas é que isso” seria possível. No entanto, em meados de setembro, o nível de preocupação da autarca aumentou com o anúncio pelo Governo da duplicação da oferta pública de habitação de 26.000 para 59.000 casas até 2030.

Estava previsto que Portugal construísse ou reabilitasse 26 mil habitações até junho de 2026, no âmbito do PRR, e Luísa Salgueiro admitiu que “só com um grande esforço por parte dos autarcas é que isso” seria possível. No entanto, em meados de setembro, o nível de preocupação da autarca aumentou com o anúncio pelo Governo da duplicação da oferta pública de habitação de 26.000 para 59.000 casas até 2030, aguardando a presidente da ANMP que o Governo esclareça como é que este aumento se vai materializar, nomeadamente “qual o envolvimento dos municípios, qual o financiamento que estará associado a essa medida, se haverá recurso, em princípio, ao financiamento do Banco Europeu de Investimentos, de que forma é que os municípios podem agilizar os processos“.

Para cumprir os prazos do PRR na habitação foi permitido que os projetos dos municípios ficassem isentos do visto prévio do Tribunal de Contas, mas as Câmaras pretendem que este sistema agilizador possa também ser adotado na renovação e construção de escolas e de centros de saúde.

Um grande embate do novo Governo com os municípios foi no setor das águas: O Ministério do Ambiente anunciou que o valor da água consumida pelos munícipes, que nos últimos anos era estipulado pelos municípios, irá voltar a ser fixado pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) e prometeu para breve uma portaria com as condições deste novo modelo.

A ANMP repudiou a decisão, por “violar claramente a autonomia do poder local”, e defendeu que devem ser os municípios a fixar as tarifas dos serviços que são prestados no seu território, de forma que sejam ajustadas à realidade económica e social de cada concelho. Também a associação de Autarcas Social-Democratas contestou a proposta, assim como diversas câmaras, entre as quais Porto, Braga e Setúbal.

O anterior Governo socialista tinha assumido que a descentralização seria o primeiro passo para, finalmente, existir um processo de regionalização, que remeteu para depois de 2024. No entanto, o cumprimento da regionalização ficou mais uma vez adiado, visto que não faz parte das prioridades da coligação PSD/CDS-PP. O processo nem sequer é referido no programa que o PSD levou a eleições.

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📹 Mais salário no bolso em setembro e outubro: os descontos de IRS vão baixar com retroativos a janeiro

Os ordenados vão dar um salto de até 20% ou de 500 euros durante dois meses por via da descida das tabelas de retenção. Esta medida temporária visa compensar o que foi descontado a mais até agosto.

Trabalhadores dependentes vão descontar menos IRS no salário que vão receber já este mês. O ganho mensal poderá ultrapassar os 500 euros mensais para um salário bruto de 3.000 euros, o que corresponde a um incremento de cerca de 20% face ao ordenado líquido de agosto, de acordo com as simulações da EY para o ECO. Este bónus também será atribuído em outubro.

Esta descida extraordinária das tabelas de retenção na fonte foi aprovada pelo Governo para refletir a redução do IRS, aprovada pelo Parlamento, e compensar, em dois meses (setembro e outubro), o valor descontado a mais desde janeiro.

http://videos.sapo.pt/9non1LJteG7CWjOi3FiZ

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Marcelo pressiona Montenegro e alerta para o risco do Chega

  • Lusa
  • 28 Setembro 2024

O Presidente da República defendeu que Luís Montenegro "deve perceber que o interesse nacional é mais importante" do que o programa do Governo e "não ser inflexível".

O Presidente da República considera que o Governo “deve perceber que o interesse nacional é mais importante” do que o programa do Governo e “não ser inflexível“, alertando que, caso contrário, a decisão passará para “o terceiro partido”, numa referência implícita ao Chega.

O Governo, atento ao interesse nacional, deve perceber que o interesse nacional é mais importante do que o programa do Governo e não ser inflexível“, afirmou hoje Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações transmitidas pela RTP, um dia depois do encontro entre o primeiro-ministro e o secretário-geral do PS sobre o Orçamento do Estado para 2025.

O chefe de Estado sublinhou que, “sobretudo num Governo minoritário”, como é o executivo PSD/CDS-PP liderado por Luís Montenegro, “o programa do Governo tem de se tornar flexível”, estendendo o conselho ao líder da oposição que, aconselhou, “tem de fazer um esforço em relação aos princípios que seriam ideais”.

“Se não fazem um esforço, sobra a responsabilidade para quem desempatar? Para o terceiro partido, quem vai desempatar é o terceiro partido, se o primeiro e o segundo não se entendem”, afirmou, numa referência ao Chega. Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou ainda que “se esse terceiro partido decidir não decidir”, então a responsabilidade “sobra para o Presidente”. “Ora, a última coisa que devia acontecer é essa, é fundamental que fosse no parlamento, que fosse pela iniciativa das principais forças políticas”, disse.

As declarações do Presidente da República surgem um dia depois de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, se terem reunido pela primeira vez para negociar o Orçamento do Estado para 2025, num encontro que terminou com posições aparentemente distantes mas sem rutura do processo negocial.

Depois do fim do encontro, o secretário-geral do PS afirmou que recusa um Orçamento do Estado com as alterações ao IRS Jovem e IRC propostas pelo Governo ou qualquer modelação dessas medidas.

Pouco depois, Luís Montenegro classificava de “radical e inflexível” a proposta de Pedro Nuno Santos, mas prometeu que, na próxima semana, iria apresentar uma contraproposta aos socialistas numa “tentativa de aproximar posições”.

Já o presidente do Chega, André Ventura, considerou que Pedro Nuno Santos apresentou ao primeiro-ministro propostas orçamentais inaceitáveis para qualquer Governo de centro-direita e disse que evitará o impasse político se os socialistas forem afastados e o executivo construir outro Orçamento.

O Orçamento do Estado para 2025 tem de ser entregue na Assembleia da República até 10 de outubro e tem ainda aprovação incerta, já que PSD e CDS-PP somam 80 deputados, insuficientes para garantir a viabilização do documento.

Na prática, só a abstenção do PS ou o voto a favor do Chega garantem a aprovação do OE2025.

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Incêndios: Governo aprova isenção de segurança social e apoios ao emprego

  • Lusa
  • 28 Setembro 2024

O Governo aprovou um regime "excecional e temporário" de isenção de contribuições para a segurança social e incentivos financeiros à manutenção de emprego para empresas afetadas pelos incêndios.

O Governo aprovou um regime “excecional e temporário” de isenção de contribuições para a segurança social para empresas afetadas pelos incêndios, de acordo com o decreto-lei que define os apoios, que prevê também incentivos financeiros à manutenção de emprego.

De acordo com o decreto-lei que estabelece medidas de apoio às populações afetadas pelos incêndios de setembro, publicado no Diário da República ao final do dia de sexta-feira, “o regime excecional e temporário de isenção, total ou parcial, do pagamento de contribuições à segurança social”, não é “cumulável com outras medidas extraordinárias que assegurem o mesmo fim”.

Prevê-se a “isenção total de contribuições para a Segurança Social, durante um período de seis meses, prorrogável até ao máximo de igual período, mediante avaliação, para as empresas e trabalhadores independentes cuja atividade tenha sido diretamente afetada pelos incêndios”, assim como a “isenção parcial de 50 % da taxa contributiva a cargo do empregador durante um período de três anos para as empresas que contratem trabalhadores em situação de desemprego diretamente causado pelos incêndios”.

O diploma determina também um apoio financeiro extraordinário às empresas para manutenção dos postos de trabalho, “pelo período de três meses, com possibilidade de prorrogação, mediante avaliação pelos serviços de segurança social”, e que se destina apenas ao pagamento dos salários dos trabalhadores, até um montante máximo de dois salários mínimos, a que acresce subsídios de alimentação e transporte.

É também concedido um apoio financeiro aos trabalhadores independentes, igualmente por três meses, prorrogáveis, desde que a atividade tenha sido diretamente afetada pelos fogos.

O diploma determina ainda o reforço de acesso a cuidados de saúde aos afetados pelos incêndios, nomeadamente a centros de saúde e consultas de medicina interna, pneumologia e saúde mental, um reforço de acesso garantido também a “profissionais das forças e serviços de segurança, bombeiros, proteção civil ou de outras entidades envolvidas no combate aos incêndios e ao socorro e auxílio às populações”.

No Conselho de Ministros de quinta-feira, o Governo aprovou e apresentou um pacote de medidas de apoios às áreas e populações afetadas pelos grandes incêndios que atingiram as regiões Centro e Norte, entre as quais financiamento para reconstrução de primeiras habitações, comparticipada a 100% em valores até aos 150 mil euros, e uma linha de apoio à tesouraria e reconstrução de fábricas.

Aprovou também apoios diretos aos agricultores que podem chegar aos seis mil euros para compensar prejuízos agrícolas.

Determinou-se também que até ao final do ano deve ficar concluído um plano de ação para a floresta, com o objetivo de “dar valor” ao setor e prevenir incêndios rurais.

Nove pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas em consequência dos incêndios da passada semana. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil contabilizou oficialmente cinco mortos nos fogos.

Os incêndios florestais consumiram, entre os dias 15 e 20 de setembro, cerca de 135.000 hectares, totalizando este ano a área ardida em Portugal quase 147.000 hectares, a terceira maior da década, segundo o sistema europeu Copernicus.

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Unicredit+Commerzbank: um potencial campeão europeu em 5 gráficos

Quão grande será o campeão europeu da banca europeia? Estes cinco gráficos ajudam a perceber o que está em causa no mega negócio entre Unicredit e Commerzbank.

A fusão entre o Unicredit e o Commerzbank dará lugar a um campeão europeu. Mas quão grande será o novo banco? Estes cinco gráficos ajudam a perceber o que está em causa no negócio que os italianos forçam, mas os alemães não gostam.

Lucros de mais de 12 mil milhões

Depois do impacto da pandemia, que causou fortes prejuízos aos bancos em 2020, seguiu-se um período de bonança para o setor por conta da subida das taxas de juro.

E tanto o Unicredit como o Commerzbank estão a surfar a onda: o banco italiano fechou 2023 com lucros de 9,5 mil milhões de euros, e o banco alemão lucrou mais de 2,2 mil milhões. Juntos, o campeão europeu gerou lucros de 12 mil milhões no ano passado.

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Depósitos superam os 900 mil milhões

Unicredit e Commerzbank têm vindo a registar trajetórias divergentes no que toca à base de depósitos de clientes: os italianos observam uma descida desde a pandemia e gerem poupanças de 500 mil milhões de euros; pelo contrário, os depósitos no banco alemão estão a aumentar e atingiram os 410 mil milhões no final do ano passado.

Combinando ambos os negócios, o campeão europeu irá gerir mais de 900 mil milhões de euros em poupanças de famílias e empresas europeias.

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Empréstimos de mais de 760 mil milhões

Grosso modo, o Unicredit é um banco maior do que o Commerzbank, não só em resultados, depósitos, mas também no que diz respeito à carteira de empréstimos que, em caso de aliança, somará mais de 760 mil milhões de euros, dos quais praticamente 500 mil milhões pertencem aos italianos.

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Um campeão com mais de 100 mil trabalhadores

Os dois bancos estão a reduzir os postos de trabalho nos últimos anos. Um dos receios com a fusão seria exatamente o impacto ao nível do emprego, que iria acentuar a tendência de saídas de trabalhadores. O campeão europeu teria quase 110 mil trabalhadores – se sem contar com a eventual reestruturação que terá lugar em caso de fusão.

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Italianos superam alemães na bolsa

Os dois bancos estão a valorizar na bolsa desde a pandemia, à boleia dos bons resultados. Mas o Unicredit consegue um melhor desempenho que o rival a partir de meados de 2022. Cada ação do banco italiano vale agora quase 40 euros, conferindo-lhe uma capitalização bolsista superior a 60 mil milhões. Já o Commerzbank, a cotar na casa dos 16 euros, tem um valor de mercado que não chega aos 20 mil milhões. Isto ajuda a perceber o avanço italiano sobre os alemães.

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