Governo quer uma refinaria de lítio em Portugal “o mais rapidamente possível”

Rejeitando a ideia de que estas matérias-primas serão usadas apenas para exportação, o Governo anunciou a criação de um grupo de trabalho com vista a desenvolver uma cadeia de valor a nível nacional.

O Governo formou um grupo de trabalho para desenhar uma estratégia de exploração e valorização de matérias-primas críticas existentes em Portugal, como o lítio, cobre, tungsténio e feldspato. O objetivo será apostar na reindustrialização e no desenvolvimento de uma cadeia de valor a nível nacional e ainda numa eventual refinaria de lítio, numa altura em que a União Europeia dá largos passos na concretização de uma agenda verde e tecnológica, altamente dependente de matérias-primas críticas.

“Não queremos que Portugal seja só exportador de matérias-primas. Queremos que tenha fatores de atração de indústria para o nosso país poder desenvolver uma cadeia de valor“, anunciou a ministra do Ambiente da Energia, Maria da Graça Carvalho, numa conferência de imprensa, esta segunda-feira, que contou também com a presença do ministro da Economia, Pedro Reis.

Questionada sobre se o grupo de trabalho prevê a inauguração de uma refinaria de lítio, Maria da Graça Carvalho diz que o projeto está a ser trabalhado e que a ambição do Governo é que nasça “o mais rapidamente possível”. “Gostaríamos que [a refinaria] acompanhasse a desenvolvimento de exploração de lítio no nosso país”, afirmou a governante na conferência de imprensa.

O grupo de trabalho será formado por 13 instituições da administração pública que ficará responsável por fazer o levantamento dos recursos disponíveis, a prospeção e valorização de toda a cadeira de valor, incluindo ainda a reciclagem de recursos. De acordo com a estratégia também presente no Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030), e publicada esta segunda-feira em consulta pública, estas metas deverão ser alcançadas até ao final da década.

No documento, prevê-se que até 2030 seja elaborado um programa nacional de prospeção de recursos naturais; uma estratégia nacional dos recursos geológicos e um cluster industrial e de desenvolvimento de conhecimento. Ademais, o PNEC quer conhecer o potencial dos recursos minerais contendo lítio e revelar e aproveitar os recursos minerais críticos, numa altura em que monitorizará o mercado interno e as cadeias de valor das matérias-primas; procurará promover a circularidade através de programas nacionais de circularidade. Já até 2026, o Governo prevê agilizar os procedimentos de licenciamento.

Segundo a ministra, os trabalhos desta equipa vão começar de imediato, estando já agendada a próxima reunião para o dia 4 de setembro, e daqui a “três meses o primeiro relatório”.

Governo vai avaliar potencial de exploração das seis áreas para pesquisa de lítio

Questionada sobre as seis áreas para a pesquisa de lítio (não relacionadas com os projetos da Savannah e Lusorecursos em Boticas e Montalegre, respetivamente), que o anterior Governo não chegou a concretizar, a ministra do Ambiente da Energia garantiu que os “planos do anterior Governo vão ser tidos e conta”

O grupo vai confirmar ou não as áreas que estão indicadas para [a exploração de] lítio. O trabalho passa pela validação ou não dessas áreas”, afirmou a governante.

Recorde-se que em 2022, o Governo anunciou a existência de seis áreas com condições para avançar para o lançamento de um concurso para atribuir direitos de prospeção, deixando de fora as áreas de Arga e Segura, por limitações ambientais. São elas: Seixoso-Vieiros, Massueime, Guarda-Mangualde C, Guarda-Mangualde E, Guarda-Mangualde W e Guarda-Mangualde NW. No entanto, os concursos nunca chegaram a ser lançados tendo ficado na gaveta do anterior Executivo.

“Grande interesse de investimento” em offshore mantém-se

O Governo garante que se mantém focado em concretizar as metas do eólico offshore até 2030, sublinhando que até 2030, tal como prevê o PNEC, a ambição será de instalar uma capacidade equivalente a 2 gigawatts (GW), uma meta que Graça Carvalho diz ser “plausível” considerando “o grande interesse de investimento” em Pirtugal.

“O eólico offshore é ainda uma tecnologia cara. Está no início mas há muito investimento internacional que pode ajudar” a lançar o setor nesta fase, explicou a ministra do Ambiente, referindo a título de exemplo, fundos soberanos ou projetos europeus. “Estamos a olhar para várias fontes de financiamento para que o investimento nesta tecnologia não aumente o preço da tarifa”, acrescentou.

Recorde-se que a meta inicial lançada pelo Governo de António Costa era de lançar 10 GW de eólicas offshore ao mar, até 2030, tendo essa meta sido reduzida para 2 GW distribuídos por quatro lotes.

Notícia atualizada pela última vez às 15h

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Recusa de empréstimo à Inapa “protege o dinheiro dos contribuintes”, diz ministro da Economia

“É muito importante assegurar o cuidado e proteção do dinheiro dos contribuintes cada vez que se tomam decisões de reestruturação e apoios a empresas”, adverte Pedro Reis sobre a falência da Inapa.

Poucas horas depois de a Inapa ter comunicado à CMVM que irá apresentar-se à insolvência “nos próximos dias”, após a Parpública ter recusado entrar no empréstimo de 12 milhões de euros pedido pela empresa aos três maiores acionistas, o ministro da Economia advertiu que “é muito importante assegurar o cuidado e proteção do dinheiro dos contribuintes de cada vez que se tomam decisões de reestruturação e de apoios a empresas”.

“Muitas vezes é mais fácil clamar por apoios públicos, mas muitas vezes é preciso ver o interesse público, avaliar bem onde é que ele está”, acrescentou Pedro Reis, durante uma conferência de imprensa conjunta com a ministra do Ambiente, a propósito da criação de um grupo de trabalho focado nas matérias-primas críticas.

É muito importante assegurar o cuidado e proteção do dinheiro dos contribuintes cada vez que se tomam decisões de reestruturação e apoios a empresas.

Pedro Reis

Ministro da Economia

Questionado pelos jornalistas sobre a decisão da distribuidora de papel, tendo em conta os “impactos imediatos que a apresentação à insolvência da Inapa Deutschland” teria no grupo, o ministro da Economia não se quis alongar em comentários sobre este dossiê, salientando que “certamente o senhor ministro das Finanças está a acompanhar o tema em proximidade”.

Como o ECO noticiou, confrontado com o pedido para a injeção imediata de 12 milhões de euros para fazer face a necessidades de tesouraria da sua participada na Alemanha, o Governo solicitou à Parpública, à Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) e à Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM) que se pronunciassem sobre esta operação, tendo as três entidades “concluído que a proposta não reunia condições sólidas, nem demonstrava a viabilidade económica e financeira que garantisse o ressarcimento do Estado”.

Considerando os pareceres negativos a este financiamento e também que a Inapa “não apresentou qualquer estratégia de recuperação”, que a entidade que gere as participações do Estado detém 45% da empresa, mas não é acionista maioritária, e que se trata de uma empresa privada que não tem “uma atividade considerada como estratégica para a economia portuguesa”, Joaquim Miranda Sarmento confirmou o parecer da Parpública de não avançar com esta operação de financiamento.

Esta segunda-feira de manhã, depois de as ações da empresa terem sido suspensas pela CMVM, Frederico Lupi, que tinha sido cooptado para CEO da holding em junho de 2023, após a saída de Diogo Rezende, apresentou a renúncia ao mandato, assim como os restantes administradores: Inês Louro, Afonso Chaby, Victor Barros, Patrícia Caldinha, Emília de Noronha Galvão Franco Frazão, João Miguel Pacheco Sales Luís e Fernando Sanz Pinto.

No ano passado, a Inapa teve um prejuízo de oito milhões de euros, depois de ter lucrado 17,8 milhões em 2022, para o qual disse terem contribuído as “condições de crédito mais exigentes [que] agravaram a função financeira”. As vendas consolidadas do grupo recuaram 20,1% em termos homólogos, para 968,7 milhões de euros. A 31 de dezembro de 2023, a dívida ascendia a 207 milhões de euros.

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Segurança Social pagou 22,2 milhões de euros a 122 IPSS em incumprimento

Das 4.996 instituições existentes, em 2022, 1.071 (22%) não apresentaram as contas, uma obrigação legal. Ainda assim, mais de uma centena continuaram a ser financiadas pelo Estado.

O Instituto da Segurança Social (ISS) pagou 22,2 milhões de euros a 122 instituições particulares de solidariedade social (IPSS) em incumprimento, porque não apresentaram as suas contas, uma obrigação legal para receber a comparticipação do Estado, conclui uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC) ao sistema de gestão e controlo dos acordos de cooperação, publicada esta segunda-feira.

Das 4.996 instituições existentes, em 2022, 1.071 (21,6%) não apresentaram as contas. Ainda assim, mais de uma centena de entidades continuaram a ser financiadas pelos cofres públicos.

“No período em análise não foi cancelado ou suspenso o pagamento de qualquer acordo de cooperação pelo incumprimento das obrigações de apresentação de contas, como previsto […], tendo-se apurado que foram efetuados pagamentos a IPSS com acordos de cooperação em execução e que não tinham procedido à apresentação das contas”, lê-se no mesmo relatório. Assim, “em 2022, foram efetuados pagamentos a 122 IPSS com acordos de cooperação em execução, no total de 22,2 milhões de euros, em situação de incumprimento relativamente à apresentação de contas”, sinaliza o organismo liderado por José Tavares.

O Tribunal de Contas explica que a penalidade prevista não foi aplicada, porque se verificaram problemas técnicos que impediram o registo do incumprimento: “insuficiências na interoperabilidade entre módulos do sistema de informação, designadamente entre o subsistema de prestação de contas (OCIP) e o subsistema de gestão da cooperação (SISS/COOP)”. “Efetivamente, verificou-se que não existe no SISS/COOP a sinalização da falta de apresentação de contas das IPSS com acordo de cooperação, não desencadeando a suspensão dos pagamentos a IPSS em incumprimento quanto aos deveres legais de apresentação de contas ao ISS ou os procedimentos para destituição do órgão de administração, nos termos previstos no Estatuto das IPSS”, alerta.

A auditoria analisa o período entre 2019 e 2022 e verifica que, “de um total de 20.147 contas que, de acordo com os critérios definidos pelo ISS, deveriam ter sido apresentadas, apenas foram entregues 16.401, correspondendo a 81,4% do total”. O Tribunal realça “a tendência crescente do incumprimento da apresentação de contas das entidades registadas em OCIP no período”.

Fonte: Tribunal de Contas

Ao TdC, a então ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, reconheceu as fragilidades na interoperabilidade dos sistemas e referiu que está “a ser desenvolvido pelo Instituto de Informática da Segurança Social em articulação com o ISS um subsistema que visa possibilitar o acompanhamento dos processos e tarefas, monitorizar a sua execução, e entre outras, notificar as entidades e as áreas do ISS quanto à necessidade de intervenção, através de um sistema de alarmística (…)”. “Este subsistema “(…) insere-se nas medidas que o Governo pretende desenvolver para tornar a Segurança Social mais eficiente na sua relação com os beneficiários e com os contribuintes, através do reforço do cruzamento de dados e aperfeiçoamento dos instrumentos já existentes”, acrescentou.

IPSS devem mais de 8 mil milhões ao Estado, mas valor está “subavaliado”

Em 2022, a dívida das IPSS à Segurança Social, no âmbito da execução dos acordos de cooperação, quase duplicou (47,2%) face ao ano anterior. Passou de 5.774 milhões de euros para 8.501,3 milhões de euros, um aumento de 2.727,2 milhões de euros, “representando cerca de 0,5% da despesa do ano com acordos de cooperação”, que, em 2022, fixou-se em “1.778.794,9 milhões de euros”, de acordo com o TdC.

“No que se refere ao número de IPSS devedoras, verificou-se um aumento de 68 IPSS face a 2021. Salienta-se ainda que 53,2% (4.520,7 milhões de euros) da dívida, no final de 2022, respeita a apenas três IPSS, não tendo este montante sofrido qualquer alteração no período 2019 a 2022″, lê-se no mesmo relatório.

Fonte: Tribunal de Contas

No entanto, o valor da dívida “registada no balanço do ISS de 2019, 2020 e 2021 está subavaliado, por refletir unicamente os montantes que não estavam associados a planos prestacionais, em montante que não foi possível quantificar”, indica o TdC. “Acresce que também não foi possível aferir da antiguidade dessa dívida. […] Em suma, a totalidade da dívida ao ISS que está enquadrada em planos prestacionais não foi relevada contabilisticamente, não respeitando os critérios de reconhecimento e mensuração de ativos financeiros”, salienta o fiscalizador das contas públicas.

Segurança Social desconhece o número de crianças em lista de espera nas creches

A auditoria do TdC debruça-se especificamente sobre a cobertura da gratuitidade das creches do setor solidário comparticipadas pelo Estado. E deixa um alerta: “O ISS não dispõe de informação sobre o número de crianças em lista de espera nas creches, o que prejudica a quantificação das necessidades em termos de oferta da resposta social, a definição de objetivos para as taxas de cobertura e o controlo do cumprimento dos critérios de admissão e priorização.”

Em 2022, “o número de lugares existentes em creches (119.616) permitia abranger cerca de 50,4% das 237.470 crianças com menos de três anos, revelando uma melhoria de aproximadamente 3,1 pontos percentuais (p.p.) face a 2019 (47,3%)”, conclui o mesmo relatório.

Porém, a evolução positiva da taxa de cobertura da “resposta social Creche” resultou sobretudo da diminuição do número de crianças (-11.437) nesse escalão etário, “dado que o número de lugares em creche apenas aumentou 1,7% (1.994)”, escreve o TdC.

O relatório revela que “os equipamentos de creche estão desigualmente distribuídos por Portugal continental”. “Os distritos da Guarda e de Portalegre apresentam as maiores taxas de cobertura, respetivamente 88,5% e 80,8%. A taxa de cobertura mais baixa é nos distritos do litoral”, nomeadamente, “nas maiores áreas metropolitanas, designadamente no Porto (35,9%), Setúbal (43,5%) e Lisboa (47,9%)”, detalha.

A partir de 1 de setembro de 2022, para todas as crianças nascidas a partir de 1 de setembro de 2021, deixou de existir a comparticipação familiar, passando a Segurança Social a atribuir um montante fixo mensal, de 460 euros por criança, “um valor apurado administrativamente tendo apenas por base os custos declarados pelos prestadores na resposta social em 2019, ponderados pela evolução da inflação e da retribuição mínima mensal garantida”.

O TdC alerta para os riscos de subfinanciamento das IPSS. “Eliminada a comparticipação familiar, o financiamento das IPSS para o desenvolvimento da Creche deixou de ter uma componente variável. Se, por um lado, a incerteza no que se refere aos rendimentos foi eliminada, por outro lado, limitou-se a capacidade das IPSS de poderem aumentar os rendimentos, implicando riscos de sustentabilidade da resposta social nas instituições em que o gasto médio mensal por utente é superior ao financiamento atribuído pela Segurança Social”, conclui.

Para além disso, o alargamento da gratuitidade da creche, “conjugada com a insuficiente taxa de cobertura da resposta, potencia a dificuldade do acesso à resposta das famílias com rendimentos médios e mais elevados”.

“A despesa da Segurança Social com os acordos de cooperação para o desenvolvimento de respostas sociais fixou-se em 1.772,9 milhões de euros em 2022, dos quais 19,7% (348,8 milhões de euros) respeitam à resposta social Creche”, segundo a auditoria do TdC.

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Finanças chumbaram empréstimo à Inapa por faltar “estratégia de recuperação” e garantia de “ressarcimento do Estado”

Parpública, Direção-Geral do Tesouro e Finanças e Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial deram parecer negativo à injeção imediata de 12 milhões na empresa.

O Governo decidiu chumbar o empréstimo de 12 milhões de euros à Inapa, que vai conduzir a distribuidora de papel à falência “nos próximos dias”, depois de a Parpública, a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) e a Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM) terem “concluído que a proposta não reunia condições sólidas, nem demonstrava a viabilidade económica e financeira que garantisse o ressarcimento do Estado”.

“Considerando os pareceres negativos a este financiamento, que a Inapa não apresentou qualquer estratégia de recuperação, que a Parpública é detentora de 45% da Inapa, mas não é acionista maioritária, que a Inapa é uma empresa privada, não tendo uma atividade considerada como estratégica para a economia portuguesa; o Ministério das Finanças confirmou o parecer da Parpública de não avançar com as operações de financiamento solicitadas”, refere a tutela, em resposta ao ECO.

Prometendo que o Governo vai “acompanhar o processo de insolvência” da empresa, o Ministério tutelado por Joaquim Miranda Sarmento confirma ainda, como o ECO noticiou em primeira mão, que apenas “tomou conhecimento da situação crítica em que se encontrava a Inapa” na sequência da decisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de suspender as ações da empresa, a 11 de julho.

“Após a divulgação dessas notícias, e por sua iniciativa, o Governo convocou a Parpública, responsável pela gestão da posição acionista do Estado na Inapa, para uma reunião, onde lhe foi transmitido que a Inapa havia solicitado uma injeção de 12 milhões de euros no imediato, para fazer face a necessidades de tesouraria da sua participada na Alemanha, quando estaria já em análise um outro pedido de 15 milhões de euros para reestruturar a empresa”, esclarece o Ministério das Finanças.

No domingo, em comunicado enviado à CMVM, a distribuidora de papel anunciou que irá apresentar-se à insolvência “nos próximos dias” na sequência de uma falha de tesouraria na ordem dos 12 milhões de euros na sua subsidiária alemã, que arrasta a própria Inapa – Investimentos, Participações e Gestão (Inapa IPG) para a falência.

Uma falha de liquidez que a administração da empresa diz não ter sido possível suprir, “pese embora todos os esforços atempadamente desenvolvidos junto de credores e dos acionistas, em especial junto do seu maior acionista detentor de cerca de 45% do capital social, a Parpública – Participações Públicas (SGPS), S.A.”. Da injeção de 12 milhões, cerca de nove milhões caberiam ao acionista público e os restantes ao Novobanco (6,55%) e à Nova Expressão (10,85%).

Já esta segunda-feira de manhã, depois de as ações da empresa terem sido suspensas pela CMVM, Frederico Lupi, que em junho de 2023 tinha sido cooptado para CEO da holding, após a saída de Diogo Rezende, apresentou a renúncia ao mandato, assim como os restantes administradores: Inês Louro, Afonso Chaby, Victor Barros, Patrícia Caldinha, Emília de Noronha Galvão Franco Frazão, João Miguel Pacheco Sales Luís e Fernando Sanz Pinto.

No ano passado, a Inapa teve um prejuízo de oito milhões de euros, depois de ter lucrado 17,8 milhões em 2022, para o qual disse terem contribuído as “condições de crédito mais exigentes [que] agravaram a função financeira”. As vendas consolidadas do grupo recuaram 20,1% em termos homólogos, para 968,7 milhões de euros. A 31 de dezembro de 2023, a dívida ascendia a 207 milhões de euros.

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Galp não tem pressa em vender posição no projeto da Namíbia

O presidente da Galp Energia afirmou, em conferência com analistas, que a petrolífera nacional "tem capacidade financeira para não apressar uma transação" em relação ao projeto da Namíbia.

Na sequência da apresentação dos resultados do segundo trimestre de 2024, Filipe Crisóstomo, CEO da Galp, abordou os principais marcos e perspetivas da petrolífera nacional numa conferência com analistas. Sem fazer muitos comentários sobre a operação da Namíbia, onde a Galp tem uma participação de 80% num bloco de exploração onde fez uma importante descoberta de petróleo, o gestor destacou que “estamos a preparar o primeiro de quatro poços para o quarto trimestre”.

A petrolífera tem atualmente metade da posição no bloco à venda. Filipe Crisóstomo confirmou que a Galp tem estado em “discussões preliminares com potenciais parceiros” e sublinhou que “temos a capacidade financeira para não apressar uma transação”, notando que isso “permite-nos continuar com o atual plano” enquanto a Galp maximiza o valor dos ativos, afirmou o líder da petrolífera nacional aos analistas.

Questionado sobre como têm decorrido as conversas e as relações com o governo namibiano, Filipe Crisóstomo refere que, “para já estão a correr bem”.

No decorrer das suas intervenções aos analistas, Filipe Crisóstomo salientou a solidez financeira e operacional da empresa, sublinhando a capacidade de adaptação e crescimento estratégico da Galp num cenário global desafiador, como mostram os resultados do primeiro semestre.

“A nossa posição financeira foi ainda mais reforçada pela sólida geração de cash flow operacional e pela nossa alocação disciplinada de capital”, afirmou Filipe Crisóstomo, notando o “papel fundamental que desempenha na nossa estratégia a rotação de ativos”, como ficou visível com a recente alienação de 10% da Área 4 em Moçambique no último trimestre e pela “alienação dos ativos do upstream em Angola.”

Filipe Crisóstomo mencionou ainda que as atividades de exploração e produção (upstream) se mantém estáveis, agora totalmente centradas nos ativos no Brasil após o desinvestimento em Moçambique. “A produção do upstream, agora inteiramente baseada nas operações no Brasil, deverá ser superior a 105 mil barris de petróleo equivalente por dia, até que o Bacalhau arranque em meados de 2025 e aumente os níveis de produção em muito mais de 30%”, destaca a empresa num comunicado.

No campo das energias renováveis, a Galp revela que continua a progredir, notando que iniciou as operações de mais um parque solar de 100 megawatts (MW), com o intuito de conseguir fechar o ano com uma capacidade instalada de produção de 1,6 gigawatts.

Além disso, a petrolífera destaca ainda em comunicado que continua a avançar na construção de unidades industriais em Sines, incluindo uma fábrica de biocombustíveis avançados e uma unidade de eletrólise de 100 MW para produção de hidrogénio verde.

 

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Albuquerque & Almeida Advogados assessora Grupo Indie Campers em ronda de 35 milhões de euros

A equipa da Albuquerque foi liderada pelo sócio André Matias de Almeida, e pelos associados séniores Igor Amarii e Manuel Bruschy Martins.

A Albuquerque & Almeida assessorou o Grupo Indie Campers numa ronda de investimento de 35 milhões de euros. A ronda foi liderada pela Indico Capital Partners, e contou ainda com a participação da Cedrus Capital e da GED Ventures.

O Grupo Indie Campers encontra-se atualmente presente em mais de 70 localizações dos diversos continentes, contando com uma equipa de mais de 500 colaboradores e com mais de 7.000 autocaravanas em todo o mundo.

A equipa da Albuquerque foi liderada pelo sócio André Matias de Almeida, e pelos associados séniores Igor Amarii e Manuel Bruschy Martins. A operação contou ainda com a participação dos advogados Gonçalo Poejo Grilo e Mariana Castro Pereira.

Segundo André Matias de Almeida “a nossa equipa assessora o Grupo Indie Campers há muitos anos, acompanhando o crescimento do grupo a nível internacional. Esta operação reforça e representa mais um passo no importante acompanhamento que damos de muito perto a todo o Grupo”.

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Governo e setor público reduzem prazo de pagamento a fornecedores para 65 dias

  • Lusa
  • 22 Julho 2024

Governo e setor público e construção registaram uma redução este ano no prazo para os pagamentos. Os restantes setores aumentaram o número de dias que demoram a pagar.

O prazo para os pagamentos pelo Governo e pelo setor público baixou de uma média de 72 dias em 2023 para 65 dias em 2024, segundo um estudo desenvolvido pela empresa de gestão de crédito Intrum.

As conclusões são do European Payment Report 2024, sendo as categorias de Governo e setor público e construção as únicos entre as 15 analisadas que registaram uma redução este ano face a 2023.

“Todos os restantes setores registaram um aumento no número médio de dias que demoram a pagar aos seus fornecedores”, refere um comunicado que acompanha o relatório e que detalha que na construção o prazo caiu em média quatro dias, para 57 dias.

O relatório regista que em Portugal os prazos para o pagamento a fornecedores estão “muito acima do que seria ideal”, sendo que apenas o setor farmacêutico, medicina e biotecnologia “está abaixo dos cinquenta dias, pagando aos seus fornecedores, em média, em 49 dias”.

Entre os setores com mais demoras no pagamento a fornecedores estão transportes e logísticas (75 dias, mais 13 que há um ano), energia e ‘utilities’ (70 dias, mais oito) e extração mineira e minérios, telecomunicações e tecnologia e media, todos com um prazo médio de 68 dias.

Com as maiores variações face a 2023 estão os seguros (mais 21 dias, para 62 dias), hotelaria e lazer (mais 14 dias, para 63 dias) e telecomunicações e retalho, ambas com mais 13 dias face ao ano anterior.

Citado no comunicado, o diretor-geral da Intrum, Luís Salvaterra, apontou que “apesar de alguns sinais positivos, existem claros sinais de degradação na disciplina de pagamentos que afetam profundamente a respetiva saúde financeira das empresas nacionais”.

“Os fornecedores a quem pagam com atraso podem ter dificuldades para pagar aos seus próprios fornecedores nos prazos, e assim sucessivamente. Cada organização deve fazer mais para evitar este círculo vicioso“, insistiu.

A Intrum enalteceu a intervenção do primeiro-ministro, Luís Montenegro, no debate do Estado da Nação em que defendeu que o Estado pague mais rapidamente. “É uma decisão positiva que irá, certamente, reduzir ainda mais a média de dias que o Governo e setor público demoram a pagar aos seus fornecedores, permitindo agilizar os pagamentos. Esperamos que os restantes setores de atividade sigam o exemplo”, acrescentou o responsável da empresa.

No início de julho, o Governo anunciou o plano “Estado a pagar em 30 dias”, uma das medidas previstas no Programa do Governo, e que passou a integrar um pacote com 60 medidas para dinamizar a economia portuguesa.

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Digidelta injeta 3,4 milhões para triplicar produção na fábrica em Torres Novas

Investimento servirá para modernizar a fábrica e triplicar a produção. Empresa fundada por Rui Leitão emprega 180 pessoas, exporta para mais de 60 países e fatura 41 milhões de euros.

A Digidelta, empresa portuguesa especializada no mercado de impressão digital, anunciou que vai investir 3,4 milhões para triplicar a produção na fábrica Decal 4.0 em Torres Novas. Para além desta unidade fábril no distrito de Santarém, a Digidelta conta com um training center em Lisboa (sede) e escritórios em Faro e Famalicão. Empresa emprega 180 pessoas, exporta para mais de 60 países e fatura 41 milhões de euros.

Com este investimento, que estará concluído até ao final do ano, a Digidelta pretende aumentar a capacidade produtiva e eficiência da unidade fabril, incluindo uma nova linha de revestimento de adesivos, automatização completa do embalamento e um armazém automático para produtos semiacabados.

“A Digidelta está a aumentar a capacidade de produção através de investimentos significativos em automação e tecnologia avançada”, afirma Rui Leitão, CEO da Digidelta, em comunicado. O gestor detalha que “atualmente, já utilizam linhas de coating de adesivos UV ecológicos livres de solvente, armazéns automáticos e sistemas de corte e embalamento robotizado. Estes investimentos não só aumentam a eficiência, como também vão garantir a qualidade e sustentabilidade dos nossos produtos​​​​”.

Fundada em 1986 por Rui Leitão, a Digidelta emprega 180 pessoas, exporta para mais de 60 países e faturou o ano passado 41 milhões de euros, “o melhor ano da sua história”. Para além da fábrica em Torres Novas, a empresa tem um training center em Lisboa (sede) e escritórios em Faro e Famalicão. A Digidelta conta ainda com as subsidiárias Digidelta Madrid e Digidelta Barcelona, dedicada ao têxtil. Em 2009, a Digidelta criou a marca Decal, especializada no desenvolvimento e comercialização de materiais autoadesivos usados em várias indústrias.

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Sánchez convocado por juiz para testemunhar em caso que envolve a mulher

  • Lusa
  • 22 Julho 2024

O primeiro-ministro de Espanha foi convocado para ser ouvido por um juiz na qualidade de testemunha, no caso em que a mulher está a ser investigada por suspeitas de tráfico de influências e corrupção.

O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, foi convocado esta segunda-feira para ser ouvido por um juiz na qualidade de testemunha, no caso em que a mulher está a ser investigada por suspeitas de tráfico de influências e corrupção.

Segundo um comunicado do tribunal de Madrid que tem a instrução deste caso, o juiz deslocar-se-á no dia 30 de julho de manhã ao Palácio da Moncloa, a sede da presidência do Governo de Espanha, para ouvir Sánchez.

“Considera-se conveniente, útil e pertinente recolher a declaração do esposo da investigada, Pedro Sánchez Castejón”, argumenta o juiz, num despacho citado por vários jornais espanhóis.

O juiz que tem a instrução do caso de Begoña Gómez, a mulher do primeiro-ministro, aceitou assim o pedido para Sánchez ser ouvido apresentado pelas designadas “acusações populares”, que se constituíram na sequência da abertura da investigação judicial e que são encabeçadas pelo partido de extrema-direita Vox.

Na sexta-feira passada, Begoña Gómez invocou o seu direito ao silêncio e não foi ouvida pelo juiz que tutela o caso.

Begoña Gómez optou por não responder ao juiz “não por ter algo a esconder ou por não querer dar explicações”, mas porque assim a aconselhou a sua defesa, que considerou não estarem asseguradas “as garantias” previstas num Estado de direito, disse aos jornalistas o seu advogado, Antonio Camacho, na sexta-feira.

O advogado considerou que o juiz de instrução do caso não delimitou o objeto da investigação e realçou que dois relatórios da equipa de investigação policial enviados ao juiz concluíram que não existem indícios de irregularidades.

“Este procedimento carece de qualquer objeto neste momento” e “um juiz de instrução não pode investigar qualquer coisa, deve delimitar o objeto de investigação”, disse Antonio Camacho.

A investigação que envolve Begoña Gómez tem como base queixas de associações ligadas à extrema-direita e centra-se, em particular, na sua relação profissional com um empresário cujas empresas negociaram ajudas públicas ou participaram em concursos públicos num período em que Pedro Sánchez já era primeiro-ministro.

Em linha com as conclusões da investigação policial, o Ministério Público considerou não haver fundamentos no caso e pediu o arquivamento.

O juiz de instrução, no entanto, considerou haver indícios suficientes para continuar com a investigação e tem chamado diversas pessoas para prestar declarações.

Begoña Gómez, com uma formação em Marketing e gestão, especializou-se, na sua vida profissional, na angariação de fundos para fundações e organizações não-governamentais.

Sánchez e o Partido Socialista espanhol (PSOE) têm reiterado não haver nada que fundamente esta investigação judicial e que está em causa uma perseguição política e pessoal ao chefe do Governo e à sua família, sendo inevitável o arquivamento do caso.

Juntamente com a lei de amnistia para os independentistas catalães, este caso é há várias semanas o principal alvo de ataque ao primeiro-ministro e foi também o motivo que levou Sánchez a ponderar demitir-se no final de abril, dizendo-se vítima, com a família, de uma “máquina de lodo” que difunde mentiras e desinformação na Internet que são depois levadas para o debate político pela direita e pela extrema-direita e judicializadas com queixas de associações extremistas.

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A querer colocar a cultura no mapa dos portugueses, Inês Condeço, da Fnac, na primeira pessoa

"A cultura é a nossa alma", entende Inês Condeço, diretora de marketing da Fnac, que considera que Portugal ainda tem "trabalho pela frente" no panorama cultural e que a Fnac tem de dar o exemplo.

A cultura faz parte da nossa vida, da minha vida, só assim é que faz sentido“, entende Inês Condeço, que diz querer colocar a cultura no mapa dos portugueses, missão que desenvolve com a Fnac, marca da qual é diretora de marketing.

A cultura é a nossa alma. Se tivesse de escolher, seria sempre a cigarra. Claro que as formigas são muito importantes, mas as cigarras aquecem-nos a alma e fazem-nos ter alegria de vida. E eu acho que esse acaba por ser também o papel do marketing muitas vezes nas empresas, de acrescentar aquela dimensão mais criativa, de propósito“, diz em conversa com o +M.

Para Inês Condeço, “o marketing acaba por ser uma forma de viver em pleno essa paixão pela criatividade, porque a cultura também é uma forma de criar”. “E acho que todos nós somos seres criativos e temos de encontrar sempre algo para manifestar essa nossa veia criativa, seja na nossa profissão, seja no nosso hobbie, mas é fundamental que todos nós, para sermos livres, encontremos essa nossa forma de criar alguma coisa no nosso dia a dia, porque é isso que nos dá propósito para viver, sermos mais felizes e realizados”, acrescenta.

Fazendo uma análise ao panorama cultural português, Inês Condeço considera que ainda há “trabalho pela frente”. “Não somos um país referência de desenvolvimento cultural, somos dos países que menos consome concertos, teatro, livros, e portanto acho que temos ainda um pouco pela frente, enquanto povo, de consumirmos mais cultura. Mas acho que estamos a fazer esse caminho e o mercado dos livros, que é um dos que conseguimos medir melhor, vai melhorando, paulatinamente”, refere.

“Mas mesmo nos meios de entretenimento, a escolha acaba por ser muito mais pelo entretenimento puro e duro do que por programas mais culturais. Acho que é um caminho que todos nós temos que fazer em conjunto, as televisões, os programadores culturais, as marcas, as escolas, os pais, todos nós temos aqui um papel“, considera.

E a Fnac tem que dar o exemplo e colocar essa prioridade em tudo o que faz, seja nas suas newsletters, campanhas, redes sociais ou lojas, entende. “Esse tem de ser o nosso mindset, que é introduzir a cultura na vida de todos os portugueses“, diz Inês Condeço.

Entram quase um milhão de pessoas nas nossas lojas por semana, o que não é displicente, e eu acredito que esse milhão de pessoas consome um pouco de cultura por causa da Fnac. Por estar em locais onde o comportamento é mais de consumo – em centros comerciais, tipicamente – acabamos por ser o oásis cultural para muitas pessoas que não têm tempo ou dinheiro para ir a um museu ou concerto. A Fnac acaba por ter esse papel, não só pela disponibilização dos produtos que as pessoas podem usar livremente na loja como pelos concertos e talks [que promove]”, acrescenta.

E também na sua vida pessoal, a cultura tem desempenhado um papel preponderante. Sempre fez “tudo o que é danças, representação e cantar”, ainda que considere não ter “particular jeito”. Na universidade esteve envolvida em peças de teatro, tendo, mais tarde, feito teatro musical.

Na verdade, é mesmo “fascinada” por musicais e tem “imensa pena de não ter a Broadway aqui à porta”, mas sempre que vai a Londres ou Nova Iorque faz questão de ir ver uma série de espetáculos. “Enche-me a alma de alegria, toda aquela produção”, justifica. Este “bichinho” já o passou aos dois filhos mais novos, de cinco e quatro anos, que “já estão influenciados com o gosto da mãe”.

A estes dois, junta-se o filho mais velho, com nove anos, estando os três a ter aulas de piano, aprendizagem essa que é estendida aos mais velhos da família de cinco elementos: “Comprámos um piano há três anos e a família toda está a aprender a tocar. Os miúdos começaram a ter aulas e eu e o meu marido também quisemos aprender”, relata Inês Condeço.

Ainda na dimensão musical, a diretora de marketing da Fnac confessa que anda com “muita vontade” de aderir ao vinil, tendo ainda guardada a coleção de vinil dos pais guardada, à espera que os filhos cresçam, pois tem receio de que a possam estragar.

“Mas estou com alguma vontade de voltar a voltar ao vinil, porque de facto hoje em dia tudo passa tão rápido e é tudo tão efémero, conhecemos os artistas por uma ou duas músicas que ouvimos na rádio um numa playlist do Spotify e fica difícil conhecer os artistas e a sua obra de uma forma mais completa. Diria que é uma forma de parar o tempo e ter a experiência da música. Quando tenho uma ação física para ouvir aquele disco, eu também aumento a minha atenção”, explica.

Entre aquele que é um gosto musical “muito eclético”, Inês Condeço refere como alguns dos seus artistas de eleição nomes portugueses como Jorge Palma, Tiago Bettencourt e Sérgio Godinho, ou artistas e bandas internacionais como James, Lana Del Rey, Billie Eilish ou Pearl Jam, banda aliás que foi ver ao vivo recentemente no Nos Alive.

Os livros são também muito importantes na vida de Inês Condeço, que leu recentemente, em inglês, “Fernão Capelo Gaivota”, de Richard Bach, um livro “super bem escrito” que “põe em perspetiva a razão pela qual estamos cá, entre encontrar a excelência, a superação, vivermos a nossa melhor versão, sermos efetivamente aquilo que queremos, seguirmos os nossos sonhos, de uma forma muito bonita e muito inspirada”, refere, acrescentando que este devia ser um livro “obrigatório”.

A morar com a família em Caxias há oito anos, Inês Condeço aprecia “estar um pouco mais fora do rebuliço, de ouvir os passarinhos, de ter mais contacto com a natureza, de poder ver o mar todos os dias e passear pela praia”, algo que faz com muita frequência. Vai todos os dias para Lisboa trabalhar, mas com o local de trabalho nas Amoreiras, à “portinha de Lisboa”, consegue ter apenas “q.b. da cidade”.

Filha única, nasceu e viveu em Aveiro até aos três anos, tendo depois vivido dois anos na Madeira até assentar arraiais em São Martinho do Porto, mudanças justificadas pelo facto de os pais serem professores. No entanto já vive há mais de metade da sua vida na região de Lisboa, para onde se mudou desde que foi estudar para a capital.

Formou-se em Gestão, na Universidade Nova de Lisboa, porque achou que era um curso que lhe daria mais abrangência e oportunidade de escolha. Foi nessa altura que o marketing lhe despertou o interesse, tendo acabado por se começar a especializar-se nessa área e a perceber que era por ali que queria “seguir caminho”.

Depois do curso esteve numa pequena empresa, a “Bolha”, onde era a única pessoa de gestão e marketing numa empresa de developers. Foi desde aí que ficou o “bichinho pela capacidade de fazer acontecer que o digital tem, em que rapidamente se consegue criar um produto, pô-lo na mão dos clientes e ter feedback direto“.

Acabou por surgir o apelo por uma empresa maior e por fazer coisas com um “maior impacto” – até porque o marketing tem essa questão “de gostarmos de fazer coisas que impactem e sejam vistas” – pelo que esteve depois seis anos na PT Telecom, vendo sempre o marketing como aliado da inovação.

Esta parceria entre o marketing e a inovação foi depois continuada no Sapo, com a produção de conteúdos, de sites, apps e soluções, email ou vídeos, tendo lá permanecido cerca de 10 anos a desenvolver os mercados internacionais de Angola, Cabo Verde e Moçambique.

Com a ida para a Fnac, mudou-se para o retalho, setor que considera estar em “profunda transformação” com o digital. A Fnac é também uma das marcas “mais giras” que teve oportunidade de trabalhar, diz Inês Condeço, por toda a dimensão da cultura e do “papel social diário” que desenvolve, que é “completamente apaixonante”.

No entender da diretora de marketing, a Fnac é uma marca que tem vindo a reposicionar-se, com uma linguagem “mais próxima e mais acessível”. Sendo uma marca com um “passado muito relevante”, o que também a tornava “um pouco inacessível”, o desafio tem passado por torná-la “aspiracional” mas, ao mesmo tempo, uma “marca de quem toda a gente se sente próxima”.

“É um binómio difícil de equilibrar, mas acho que o temos feito com algum sucesso. Mas esse é o grande desafio que temos, de nos mantermos como love branding, uma marca com uma missão muito forte do ponto de vista da democratização da cultura, da tecnologia e do entretenimento, e de tornarmos a experiência de compra um prazer. Uma ida à Fnac não é uma compra funcional, é uma compra prazerosa. Aquilo que fazemos com a marca é garantir que estamos sempre a posicionar a marca nessa liderança da inovação, da cultura e desta paixão pela cultura”, afirma.

Aquilo que queremos é continuar a defender a marca como love brand, como marca que é revolucionária e lidera todas estas questões da cultura, que democratiza o acesso a estes temas e que aproxima, mas sem perder o seu crivo de qualidade, e no fundo esta curadoria pelo que do melhor que se faz em Portugal“, acrescenta.

Inês Condeço, em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

Ao nível nacional, “Um Beirão de Sorte”, da Licor Beirão. Achei a campanha genial e com um timing to market muito relevante, ainda por cima feito com muito detalhe e qualidade.
Internacional, a “Just Do It”, da Nike, porque acho que revolucionou o marketing e depois disso nunca mais nada foi igual. Foi a primeira vez, pelo menos com grande impacto, que se deixou de falar de produto ou de marca para falar das pessoas. Ainda por cima com uma linguagem super aspiracional que ainda hoje motiva milhões de pessoas para fazerem exercício e para se superarem de alguma forma.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

Arquivar boas ideias. Muitas vezes há boas ideias, mas nem sempre há recursos para as conseguir implementar com qualidade ou não há mesmo contexto ou consistência com a estratégia atual.

3 – No (seu) top of mind está sempre?

Se a marca é relevante para os nossos clientes.

4 – O briefing ideal deve…

Ir à raiz do problema. E ser uma acendalha da criatividade.

5 – E a agência ideal é aquela que…

Coloca-se nos sapatos do cliente sem perder a perspetiva de alguém que tem de ver o que nós não vemos.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Quem não arrisca, não petisca. Claro que há muitos casos de marcas a desculparem-se e a retirarem campanhas do ar por terem ido longe de mais, mas a verdade é que os erros caem no esquecimento e, por oposição, quando o risco tem sucesso normalmente cria grandes marcas e gera good will, pelo que podemos concluir que em geral o risco tem um retorno muito positivo. Um bom exemplo recente é a do IKEA, com a campanha das estantes.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Provavelmente investiria mais na customer experience e em marketing de experiências. Cada vez mais as marcas têm de se distinguir por ativos concretos do seu produto e da experiência de compra e não tanto pelas perceções que a publicidade e o marketing conseguem influenciar. Os consumidores são cada vez mais informados, têm referenciais de gigantes internacionais de todos os setores e precisam de mais do que um bom anúncio para criar uma relação duradoura com a marca.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

É boa e recomenda-se, mas precisamos liderar mais o digital.

9 – Construção de marca é?

Fazer coisas memoráveis todos os dias.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Actriz, psicóloga ou filósofa.

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União Europeia mantém sanções contra Rússia por mais seis meses

As sanções contra a Rússia mantém-se pelo menos até janeiro de 2025 e incluem restrições comerciais, financeiras e tecnológicas, além de proibição de importação de petróleo.

O Conselho da União Europeia anunciou esta segunda-feira a renovação das sanções económicas contra a Rússia por mais seis meses, até 31 de janeiro de 2025, em resposta às contínuas ações de desestabilização na Ucrânia.

Em comunicado de imprensa, o Conselho da União Europeia sublinha que, enquanto continuarem as ações ilegais da Federação Russa que violam a proibição do uso da força, “é apropriado manter em vigor todas as medidas impostas pela União Europeia e tomar medidas adicionais, se necessário”.

Esta posição reflete a firmeza da União Europeia em responder à agressão militar não provocada, injustificada e ilegal da Rússia contra a Ucrânia, reiterando o compromisso de apoiar a soberania e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas.

Desde o início da invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, a 24 de fevereiro de 2022, a União Europeia adotou 14 pacotes de sanções.

Estas sanções, que foram inicialmente impostas em 2014 e significativamente alargadas desde fevereiro de 2022, abrangem um vasto leque de medidas setoriais, incluindo restrições ao comércio, finanças, tecnologia, bens de dupla utilização, indústria, transportes e bens de luxo.

Além disso, incluem a proibição da importação ou transferência de petróleo bruto marítimo e certos produtos petrolíferos da Rússia para a União Europeia, bem como a exclusão de vários bancos russos do sistema SWIFT e a suspensão das atividades de radiodifusão de vários meios de comunicação apoiados pelo Kremlin.

Desde o início da invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, a 24 de fevereiro de 2022, a União Europeia adotou 14 pacotes de sanções sem precedentes, que visam não apenas enfraquecer a capacidade militar e económica da Rússia, mas também impedir a evasão das sanções.

Estas medidas incluem, entre outras, a inclusão de novas entidades e indivíduos na lista de sancionados, a proibição de transações financeiras com instituições russas e a restrição de exportações de tecnologias críticas.

O Conselho Europeu, nas suas conclusões de 27 de junho de 2024, reafirmou o seu apoio contínuo à independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia, condenando veementemente a intensificação dos ataques russos contra civis e infraestruturas críticas, especialmente no setor energético.

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Abreu ganha ação sobre Valor Patrimonial Tributário de parque eólico

Esta sentença foi proferida no âmbito de um processo em que Maria Dulce Soares, Alexandra Courela, sócias da Abreu Advogados, e Natacha Reinolds Pombo, consultora, patrocinaram.

A Decisão do Tribunal, que opunha um grupo de empresas produtoras de energia elétrica à Autoridade Tributária e Aduaneira, considerou que as torres dos aerogeradores são equipamento de produção de energia elétrica e não uma construção ou edificação. Como tal, foi anulada a fixação do valor patrimonial tributário que incluía o valor atribuído a estes equipamentos.

O Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu decidiu anular o ato da fixação do valor patrimonial tributário a torres dos aerogeradores, por considerar que estes são equipamentos de produção de energia elétrica e não uma construção ou edificação.

Esta sentença foi proferida na semana passada, no âmbito de um processo em que Maria Dulce Soares, Alexandra Courela, sócias da Abreu Advogados, e Natacha Reinolds Pombo, consultora, patrocinaram um grupo de empresas produtoras de energia elétrica, a partir de fontes renováveis, no qual se contestava a legalidade do ato de fixação do Valor Patrimonial Tributário pela Autoridade Tributária e Aduaneira.

A decisão do Tribunal acolhe, uma vez mais, o entendimento de que as torres dos aerogeradores são equipamento de produção de energia elétrica e não uma construção ou edificação e, nessa medida, não integram o conceito de prédio, para efeitos de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). Desta forma, conclui que outro entendimento que permitisse a tributação de equipamentos seria frontalmente contrário às normas do Código do IMI e violaria a tributação do património, nos termos em que esta é constitucionalmente consagrada.

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