O dia em direto nos mercados e na economia – 10 de julho

  • ECO
  • 10 Julho 2024

Ao longo desta quarta-feira, 10 de julho, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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“The Core” sublinha o seu compromisso com o talento e a inovação aplicados ao setor audiovisual no Digital Worlds

  • Servimedia
  • 10 Julho 2024

A nova edição do encontro contou com a presença de mais de 1800 pessoas e teve lugar na Corunha.

A Corunha acolheu uma nova edição do Mundos Digitales, o Congresso Internacional de Animação, Efeitos Visuais e Novos Media. Cerca de 1.800 profissionais e especialistas do setor audiovisual reuniram-se durante vários dias neste evento, uma verdadeira referência internacional no domínio da animação e das tecnologias digitais.

The Core, a instituição educativa de estudos superiores audiovisuais pertencente ao Grupo Planeta Formación y Universidades, apoiou o evento como um dos principais patrocinadores por mais um ano, sublinhando o seu compromisso com o desenvolvimento do talento no mundo audiovisual e com a promoção da inovação e da rutura no setor.

Maria Mercedes Agüero Pérez, decana do The Core, sublinhou que “no The Core, acreditamos firmemente na importância de preparar os nossos alunos para um futuro em que a criatividade e a tecnologia estão interligadas. Eventos como o Mundos Digitales são o cenário perfeito para fomentar o talento e a excelência na nossa indústria, sendo uma plataforma crucial para a troca de ideias e a promoção de inovações no domínio da animação e das tecnologias digitais”.

Cada edição do Mundos Digitais oferece um extenso programa de conferências com especialistas de renome mundial em animação, VFX, VR, AR e outras tecnologias digitais, que apresentam desde estudos de casos específicos até às últimas tendências do sector. Há também workshops e oficinas práticas onde os participantes podem aprender técnicas e ferramentas com profissionais experientes e exposições de projetos inovadores e criativos desenvolvidos por estúdios de animação, empresas de tecnologia e universidades.

 

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“Ligação à música é sempre positiva”, dizem as marcas

EY, Novobanco, Fidelidade e Control têm em comum o facto de patrocinar festivais de verão. Os objetivos, desafios e retorno do investimento em debate no Estúdio ECO.

Conversas +M - Marcas e Festivais de Música - 08JUL24
Rosália Amorim (EY), Paulo Vaz Tomé (Novobanco), Patrícia Nunes Coelho (Control), José Villa de Freitas (Fidelidade) e Carla Borges Ferreira (+M/ECO)Hugo Amaral/ECO

A ligação à música é sempre positiva. Ninguém diz ‘aquela marca está ligada à música, é mau’. Por isso mesmo é que as marcas se prendem aos festivais, não tem fator negativo, só pontos positivos“, resume José Villa de Freitas, marketing manager da Fidelidade, seguradora que adotou o território da música já há oito anos e que, atualmente, é patrocinadora do Nos Alive, do Paredes de Coura e também do Festival Termómetro.

A opinião é partilhada por Rosália Amorim, diretora de marca, marketing e comunicação da EY Portugal, Angola e Moçambique, por Paulo Vaz Tomé, diretor de comunicação e marca do Novobanco, e por Patrícia Nunes Coelho, diretora de marketing Ibéria da Control, responsáveis que no Estúdio ECO debateram a associação das marcas aos festivais de verão, espaços que reúnem grandes nomes da música, dezenas de milhares de pessoas e o interesse e cobertura dos media.

E se para a Fidelidade esta é uma associação já com oito anos, no caso de Novobanco falamos de um campo no qual entrou em 2023, como patrocinador do Nos Alive, e cuja presença será reforçada este ano. “O território da música é efetivamente um território com um enorme potencial para um banco como nós, e a marca Novobanco quer explorar este território o melhor possível e por isso estamos a fazer todo o esforço nesse sentido”, conta Paulo Vaz Tomé, que este ano colocou “um bocadinho mais de fichas neste território”.

O rejuvenescimento das marcas, que nestes eventos conseguem atingir novos públicos, é um dos objetivos perseguidos tanto pela Fidelidade como pelo Novobanco. Fornecedores, parceiros, colaboradores e futuros, são outros públicos aos quais as marcas pretendem chegar nestes momentos. “Uma consultora não tem que ser só uma empresa séria e com ar formal. Pode ser trendy, pode ser cool, e o Nos Alive mostra isso mesmo e é muito importante para, no fundo, captarmos talentos também para dentro da organização“, acrescenta Rosália Amorim.

Para a Control, que este ano já marcou presença também no Rock in Rio, os festivais de verão são por excelência “o território da emoção, da conectividade, no qual conseguimos partilhar os nossos valores, a nossa forma de estar“. Em simultâneo, acrescenta Patrícia Nunes Coelho, há a oferta de sampling. “Estamos numa situação em que os 55% de consumidores não utilizam preservativo, temos uma pandemia silenciosa das DST. Estar ali, dizer ‘atenção, utilizem, protejam-se’, é uma missão inerente à nossa marca“.

Há um ano, em entrevista ao +M, Álvaro Covões, diretor-geral da Everything Is New, promotora do Nos Alive, dizia que “as marcas, os patrocinadores, são o subsídio que garante bilhetes mais baratos” para os festivais, ajudando ainda a oferecer mais conteúdos sem aumentar o preço do bilhete ou a lotação do recinto.

A perspetiva das marcas, os objetivos, os desafios, a forma de ativação ou a medição de retorno é analisada agora por uma consultora, um banco, uma seguradora e uma marca de preservativos e brinquedos sexuais, que em comum têm o facto de patrocinar festivais de verão.

Veja aqui o o vídeo na íntegra.

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Pampilhosa da Serra capta turismo das estrelas com Geoscope

O Geoscope - Observatório Astronómico de Fajão vai permitir atrair ainda mais pessoas e dinamizar economicamente esta região do interior do país.

Geoscope – Observatório Astronómico de Fajão, na Pampilhosa da Serra27 junho, 2024

Numa aposta “diferenciadora” no turismo astronómico de mãos dadas com a ciência, a Câmara de Pampilhosa da Serra e a Adxtur – Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto querem pôr centenas de turistas a olhar para o céu com o Geoscope – Observatório Astronómico de Fajão. Esta novidade vai permitir atrair ainda mais pessoas e dinamizar economicamente esta região do interior do país.

“Estamos convictos de que há aqui uma proposta de valor económico com um potencial riquíssimo que vai atrair cada vez mais gente à aldeia. É um produto estratégico para nós e para o país“, começa por afirmar ao ECO/Local Online o vereador do Turismo e Inovação do município. Rui Simão acredita que este projeto vai colocar no mapa “as Aldeias do Xisto como destino raro no mundo para observar céu escuro“.

Este projeto “diferenciador” dá o pontapé de saída para “um novo capítulo no território das Aldeias do Xisto – Destino Turístico Starlight“. Uma certificação atribuída pela Fundação Starlight em 2019 e renovada em 2024. Para esta distinção em muito contribuíram as “excelentes condições de visibilidade, transparência e escuridão do céu”, assim como “a prontidão e a qualidade dos serviços turísticos”, resume. Precisamente os ingredientes que dão mote a este “inovador” projeto em Fajão.

Estamos convictos de que há aqui uma proposta de valor económico com um potencial riquíssimo que vai atrair cada vez mais gente à aldeia. É um produto estratégico para nós e para o país.

Rui Simão

Vereador do Turismo e Inovação da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra

Liderado pela Adxtur – Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto, em copromoção com o município de Pampilhosa da Serra, o Geoscope – Observatório Astronómico de Fajão é um projeto que constitui a âncora da estratégia Aldeias do Xisto – Destino Turístico Starlight.

A nova atração de Pampilhosa da Serra exigiu um investimento na ordem dos 179 mil euros, comparticipado pela Linha Apoio à Sustentabilidade do Programa Valorizar, do Turismo de Portugal e pelo Programa Interreg: Projeto Globaltur – Euroace, da União Europeia.

Os visitantes têm à disposição um ponto de observação e um quiosque pedagógico, com um programa de animação com sessões de observação “viagem à luz das Estrelas”, astrofotografia e visitas guiadas.

Sob orientação científica do astrónomo José Matos, o ponto de observação é uma “dome” semiesférica, em aço, com 7,5 metros de altura e 15 metros de diâmetro, inserida na Rede Natura 2000 e na Paisagem Protegida da Serra do Aço. “Inspira-se numa ideia original de Buckminster Fuller, reinterpretada pelo designer João Nunes e desenhada pelo arquiteto José Leite”, descreve a autarquia.

Para o presidente da ADXTUR, Paulo Fernandes, “este é um projeto que fortalece ligações estratégicas, gera oportunidades económicas e sociais, desenvolve produtos turísticos exclusivos, salvaguarda o património e promove a qualidade de vida das populações”.

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Prazo para entrega das declarações rendimentos dos ministros no Constitucional já terminou. Maioria não está disponível

Ainda não é possível consultar os registos do primeiro-ministro e de 11 ministros, apesar da data limite para submissão dos formulários ter acabado há um mês, a 2 de junho.

O prazo para a entrega das declarações de rendimentos do primeiro-ministro e dos seus 17 ministros no Tribunal Constitucional terminou a 2 de junho, mas a maioria dos registos ainda não está disponível para consulta no novo portal eletrónico da Entidade para a Transparência.

Em causa estão elementos relativos a rendimentos e património do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e de 11 ministros, entre os quais a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, que pediu para não divulgar a morada da casa que lhe foi doada pela mãe e onde esta ainda reside, esclareceu ao ECO fonte oficial do Ministério.

Os ministros tinham 60 dias a contar desde a data de tomada de posse, a 2 de abril, para submeter no portal eletrónico as declarações de rendimentos, obrigação a que todos os titulares de cargos políticos estão sujeitos. Mas, até ao final do dia esta terça-feira, os registos do chefe do Executivo e de 11 ministros não podiam consultados, verificou o ECO.

Apenas seis declarações estavam disponíveis: a do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento; a do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz; a do ministro da Presidência, António Leitão Amaro; a do ministro da Economia, Pedro Reis; a da ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho; e a da ministra da Juventude, Margarida Balseiro Lopes.

O facto de as restantes 12 declarações ainda não estarem acessíveis online, sendo que já não é possível a leitura em formato físico, pode resultar de vários motivos, designadamente a submissão fora do prazo legal.

“Todos os membros do Governo apresentaram as suas declarações iniciais na plataforma eletrónica da Entidade para a Transparência. Nem todos, porém, as submeteram até ao dia 2 de junho”, explicou ao ECO fonte oficial do Tribunal Constitucional.

Os juízes do Palácio de Ratton indicaram que “as razões avançadas para o não preenchimento atempado prenderam-se com dificuldades técnicas que alguns membros do Governo tiveram no preenchimento da declaração – aspeto em que foram apoiados e esclarecidos pelos serviços da Entidade para a Transparência”.

Em relação ao primeiro-ministro, fonte oficial do gabinete de Luís Montenegro garantiu ao ECO que “a declaração foi entregue dentro do prazo legal”.

Ministra do Trabalho pediu para não divulgar morada da casa que a mãe lhe doou

Quanto à ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, o formulário aparece listado online, mas encontra-se bloqueado com um cadeado, porque a governante “deduziu um pedido de oposição, que tem efeitos suspensivo”, esclareceu o Tribunal Constitucional. Mas “o procedimento está em curso”, indicou.

Em causa está a morada da casa que a mãe lhe doou e que Maria do Rosário Palma Ramalho não quer que seja publicamente divulgada, uma vez que ainda se trata da residência da progenitora.

“A sra. ministra Rosário Palma Ramalho esclarece que deduziu oposição a que seja tornada pública a morada da sua mãe, cuja residência permanente foi doada (doação em vida) aos filhos e entrou por isso na esfera do seu património“, justificou fonte oficial do Ministério do Trabalho.

O Tribunal Constitucional lembrou ainda que “a não entrega da declaração dentro do prazo determina a emissão de uma notificação” “ao titular ou antigo titular do cargo a que respeita para apresentar, completar ou corrigir” o registo, “no prazo de 30 dias consecutivos ao termo do prazo de entrega da declaração”, segundo a Lei n.º 52/2019 que aprova o regime do exercício de funções por titulares de cargos políticos e altos cargos públicos.

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“Pai dos vinhos do Alentejo” entra no top 10 de vendas no Douro

Ao fim de 17 anos e dez milhões de investimento na região, João Portugal Ramos, dono do Marquês de Borba, vê os vinhos Duorum chegarem à lista dos mais vendidos no país e a 28 mercados de exportação.

A empresa que os enólogos João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco decidiram lançar em janeiro de 2007, criando um projeto de raiz para a produção de vinhos no Douro, alcançou a fasquia dos três milhões de euros de vendas em 2023. Segundo dados da consultora Nielsen relativos ao mercado nacional, a Duorum fechou o ano passado no top 10 de produtores de vinhos tranquilos na região demarcada.

“A maioria das empresas neste ranking [de vendas nacional] são casas com centenas de anos no Douro. A Duorum, nos seus 17 anos de existência, conseguiu assumir um papel de relevância na região. E temos um portefólio de marcas que tem vindo a evoluir de forma consistente no mercado. (…) É fundamental manter a consistência na qualidade e no perfil dos vinhos. Comunicá-los, ganhar distribuição e inovar, claro”, frisa o produtor, em declarações ao ECO.

Presente em 28 mercados externos, com destaque para o Reino Unido, Canadá, EUA e China, as exportações valem atualmente 30% no negócio. Uma percentagem que o líder do projeto, João Portugal Ramos, espera reforçar nos próximos anos em resultado dos recursos que tem dedicado “em exclusivo à promoção e comercialização deste projeto, desenhado desde o início com uma vertente muito internacional”.

Quinta de Castelo Melhor (Vila Nova de Foz Côa)

Depois de terminar o último exercício com um crescimento homólogo de 20%, aquele que é conhecido no setor como o “pai dos vinhos do Alentejo” da era moderna e um dos principais embaixadores daquela região, antevê igual progressão no volume de negócios dos vinhos durienses em 2024, “muito focado em ganhos de distribuição na exportação”. Em concreto, com a entrada da marca mais recente (Altitude by Duorum) em “três grandes cadeias europeias”.

Desde o arranque do projeto em 2007, quando “já não passava despercebida a ninguém a pujança e importância que a região do Douro [tinha] para os vinhos portugueses, especialmente no panorama internacional”, João Portugal Ramos calcula um investimento acumulado de 10 milhões de euros. Agora com o filho João Maria e João Perry Vidal à frente da enologia, após Soares Franco decidir reformar-se em 2020, vai torná-lo “visitável a mais pessoas” com a aposta no enoturismo.

Nos últimos anos, o investimento mais relevante na Duorum — expressão latina que significa “de dois” — rondou os 200 mil euros e foi feito na reabilitação da estação de comboios da Quinta de Castelo Melhor, que integra a linha histórica do Douro. Além da preservação das estruturas históricas da quinta situada em Vila Nova de Foz Côa, esta recuperação permitiu construir uma nova sala de provas e alguns quartos para receber clientes e convidados da marca.

Todas as regiões do país estão confrontadas com excessos de stock, e o Douro não foge à regra. Julgo que temos de deixar o mercado ajustar-se a ele próprio e investir mais na fiscalização.

João Portugal Ramos

Produtor de vinho

Nesta propriedade do Douro Superior, inserida na Rede Natura 2000 e no Parque Natural do Douro Internacional, assim como no Parque Arqueológico do Vale do Côa, tem atualmente 160 hectares de vinha – foram “juntados a corte e costura”, obrigando a realizar um total de 92 escrituras – e detém ainda 50 hectares arrendados perto da quinta. “Para já, é quanto basta para o projeto que temos, mas só o futuro dirá”, responde o produtor, quando questionado sobre a hipótese de comprar mais terra na região.

Bruxelas acaba de atribuir 15 milhões de euros em apoios de emergência aos produtores portugueses para financiar a destilação temporária de vinho, “visando eliminar quantidades excedentárias e reequilibrar o mercado”. O empresário atesta que “todas as regiões do país estão confrontadas com excessos de stock, e o Douro não foge à regra”. No entanto, prefere “deixar o mercado ajustar-se a ele próprio, investir mais na fiscalização [e] combater narrativas que confundem alcoolismo com consumo moderado de vinho”.

João Portugal RamosClaes Lofgren/winepictures.com

Com 70 anos de vida (e 44 vindimas de experiência), foi em 1980 que o jovem engenheiro agrónomo João Portugal Ramos rumou a Estremoz com o sonho de vir a produzir os seus próprios vinhos numa região que nessa altura tinha uma quota de apenas 2% no mercado doméstico, que compara com os atuais 40%. Marquês de Borba, Vila Santa, Pouca Roupa, Loios e Estremus são algumas das marcas alentejanas de um negócio que tem a continuidade assegurada pelos filhos: Filipa (direção de marketing) e João Maria (enólogo).

No total, João Portugal Ramos comercializa mais de 30 referências próprias divididas por quatro denominações de origem portuguesas. Além do Alentejo e do Douro, explora a Quinta de Foz de Arouce (concelho da Lousã, região das Beiras), que é prioridade dos sogros (os Condes de Foz de Arouce); e tem um projeto mais pequeno nos Vinhos Verdes (sub-região de Monção e Melgaço), onde produz alvarinhos e loureiros. Do portefólio do grupo fazem ainda parte vinhos do Porto, espumantes e a histórica aguardente CR&F, que comprou em 2019.

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Da ‘Cheringonça’ às autorizações legislativas. 100 dias de braço de ferro entre Governo e Parlamento

Governo respondeu às derrotas na Assembleia da República e às "coligações negativa" do PS-Chega, esquivando-se do Parlamento e apresentando poucos projetos-lei nos primeiros 100 dias de governação.

O mote para a vida parlamentar difícil que o Governo minoritário da Aliança Democrática iria enfrentar foi dado por duas moções de rejeição apresentadas pelo Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista (PCP), que o PS ajudou a inviabilizar. A partir daí seguiu-se uma luta por protagonismo político, com PS e Chega a formarem uma “Cheringonça” para mudar legislação da AD ou aprovar diplomas indesejados pelo Executivo. Para “driblar” a Assembleia, a estratégia passou por poucas leis e pedidos de autorização legislativa.

No site da Assembleia da República, contam-se pelos dedos as propostas de lei que deram entrada desde de que o Governo iniciou funções: seis. Dessas, três são pedidos de autorização legislativa, uma “estratégia de sobrevivência política para fazer vingar o plano que o Governo tem previsto”, diz Paula Espírito Santo, investigadora no Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP) do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP). A solução foi inspirada no modelo de governação de Cavaco de 1985, que, na prática, finta a negociação parlamentar para impedir que os deputados forcem a aprovação de projetos da oposição, como aconteceu com o IRS.

Apresentação e debate do programa do XXIV Governo Constitucional na Assembleia da República - 11ABR24
Apresentação e debate do programa do XXIV Governo Constitucional na Assembleia da RepúblicaHugo Amaral/ECO

São elas: a alteração do IRS Jovem; a isenção de Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e Imposto do Selo (IS) a compra de habitação própria e permanente por jovens até aos 35 anos — que fazem parte do pacote de medidas para a juventude — e a revogação a taxa sobre o Alojamento Local, medida do plano Mais Habitação do anterior executivo socialista.

Ainda dentro do pacote da habitação, somam-se outras duas: a revogação do regime de arrendamento forçado às habitações devolutas, também com o carimbo de António Costa, e a revogação do coeficiente de vetustez aplicável aos estabelecimentos afetos à atividade de alojamento local para efeitos da liquidação do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI).

Fora isso, o Governo viu o Parlamento aprovar, na generalidade, na especialidade e na votação final global, o novo regime de incentivos fiscais para o mercado de capitais no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), da União Europeia.

Quanto às propostas de lei aprovadas pelos deputados no hemiciclo, estas também se traduzem em meia dúzia, sendo que a maioria tem a assinatura do PS: a alteração do IRS e o alargamento do IVA reduzido na eletricidadeambas viabilizadas graças à abstenção do Chega –; o fim das portagens nas ex-Scutapoiada pelos votos a favor da esquerda e do Chega –; e o alargamento da dedução de despesas com habitação em sede de IRScom os votos contra do PSD e CDS.

O Chega tem interesse em viabilizar certas propostas porque se pautam pela sua agenda por isso Ventura acaba por dar o braço a torcer”, acrescenta Paulo Duarte, investigador e doutorado em Ciência Política pela Universidade do Minho, que recomenda que o Governo “volte atrás no ‘não é não'” numa altura em que se aproxima a votação para o Orçamento do Estado de 2025. “O Governo não deve excluir ninguém”, recomenda.

Já o PSD, propôs ao Parlamento uma alteração no regime jurídico das comissões de inquérito, medida que foi subscrita por todos os partidos. Por seu turno, o CDS-PP não conseguiu ver aprovada nenhuma das suas propostas.

Os principais diplomas aprovados “contra” o Governo

“Não nos vamos esquecer que a diferença entre o PS e PSD e CDS é de um deputado. Há um equilíbrio de forças políticas e portanto os partidos vão querer fazer vingar os seus objetivos programáticos e promessas eleitorais”, aponta Paula Espírito Santo.

A aprovação de medidas socialistas de peso e num curto espaço de tempo, incentivou o PSD a demarcar-se dos impactos que as propostas teriam nas contas públicas com o lançamento de um site no qual ficará discriminado os custos orçamentais de todas as medidas aprovadas na Assembleia da República – isto depois de Miranda Sarmento ter alertado que o anterior Governo não terá deixado ano novo Executivo um excedente orçamental, tal como tinha sido prometido pelo antecessor, Fernando Medina.

A maior derrota

O primeiro confronto, ainda antes da tomada de posse do Governo (Luís Montenegro ainda se sentava na bancada do PSD) foi durante a votação para a mesa da Assembleia da República. O primeiro teste ao “não é não” de Luís Montenegro ao Chega.

Na política é importante que se evite estas chantagens e ultimatos porque não caem bem no eleitor. Devem ser evitadas e é preciso que do lado de Ventura não se abane esta postura radical que tem porque não ajuda”, diz Paulo Duarte.

A votação apenas ficou concretizada à quarta tentativa pois, e de acordo com André Ventura, o PSD tenha firmado um acordo com aquele partido para que os nomes propostos – um deles o de José Aguiar Branco – passassem logo à primeira, sem que fossem precisos os votos do PS (que, naturalmente, votaria contra). Mas tal não aconteceu e o PSD foi ao chão. No final, os socialistas foram chamados para salvar a votação uma vez que a bancada laranja rapidamente percebeu que com o Chega não podia contar. No final, nasceu um acordo que espelha a realidade europeia: uma presidência governada a meias. Primeiro pelo PSD e depois pelo PS (embora ainda não se saiba quem dos socialistas presidirá à Assembleia da República em 2026).

Mais tarde, chegou a primeira derrota para a AD no Parlamento, com o IRS. Primeiro, porque o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, desvendou que o valor da proposta de redução do IRS do Governo da AD seria, afinal, de 200 milhões de euros ao invés dos 1.500 milhões, uma vez que o orçamento para 2024 já previa uma redução de 1.327 milhões de euros.

O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, intervém durante a sua audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública sobre a cobrança de impostos relativos às barragens, na Assembleia da República, em Lisboa, 26 de junho de 2024. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSAANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

 

Foi o momento que mais fragilizou o Governo e foi logo no início”, aponta Paula Espírito Santo, sublinhando que revelou uma “incapacidade de afirmação do ponto de vista governativo”. “Foi um erro de fundo que veio do programa eleitoral e que nunca foi explicado até àquele momento. Mas agora até pode passar despercebido dentro do leque das medidas que surgiram entretanto”, diz a investigadora.

O levantar do véu sobre o custo real da medida espoletou um mês de violentas críticas contra o Executivo, e as pressões não se ficaram por aqui. No Parlamento, a proposta do Executivo para o IRS não tinha margem para ser viabilizada, e mesmo com a substituição da proposta por uma do PSD, esta foi sendo sucessivamente adiada numa tentativa de chegar a consenso com os partidos da oposição, mas tal nunca aconteceu. A medida dos sociais-democratas foi chumbada na especialidade, morrendo na praia.

Ainda assim, o Governo mantém-se fiel à sua proposta mantendo-a inscrita nas Grandes Opções do Plano (GOP) 2024-2028 que enviou à Assembleia da República, na semana passada.

A derrota deixou um sabor amargo na boca do Governo, e nem a luz verde a mais dois diplomas do Executivo no âmbito do IRS – um que prevê criação de um mecanismo de atualização dos limites dos escalões de rendimento tendo em conta a inflação e a produtividade, e outro que determina a extensão do alargamento da dedução de encargos com juros de dívidas contraídas no âmbito de contratos de crédito à habitação – serviu para atenuar o golpe. Sobretudo porque o PS viu, em alternativa, a sua proposta para a redução do IRS ser aprovada com a ajuda da esquerda e da abstenção do Chega – o início de sucessivas “coligações negativas” no Parlamento.

“Tudo o que seja matérias de tributação é complicado e obviamente cada um dos partidos — sobretudo o do Governo e do PS — quiseram marcar a sua posição e não abdicar dela”, aponta Paulo Duarte.

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“Planos” e “agendas” para compensar maioria frágil

Da saúde à educação e à redução de impostos, o Governo quis apresentar resultados rapidamente para mostrar que "cumpre os compromissos com o eleitorado", segundo politólogos e economistas.

O Governo de Luís Montenegro fez um sprint de medidas nos primeiros 100 dias de vida para compensar a fragilidade numérica de deputados na Assembleia da República, concluem politólogos e economistas consultados pelo ECO. É uma forma de apresentar rapidamente resultados ao eleitorado, mesmo que, depois, as propostas esbarrem em coligações negativas formadas por PS e Chega, e um aquecimento para o primeiro jogo decisivo: o Orçamento do Estado para 2025.

O Executivo anunciou vários pacotes de medidas, “planos” e “agendas”, muitas sob forma de proposta de autorização legislativa, impedindo assim que a oposição aprove diplomas próprios à revelia de PSD e CDS, partidos que suportam a Aliança Democrática (AD). Desde a tomada de posse, já se contam sete nas áreas da habitação, economia, saúde, justiça, imigração, educação e jovens.

 

 

“Os 100 dias ficam marcados pela tentativa de apresentar resultados rapidamente”, uma vez que este Governo está “consciente de iminentes eleições, ou seja, está muito preocupado com a opinião do eleitorado e muito preocupado com a gestão do espaço entre o PS e o Chega”, indicou ao ECO André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos (IEP) da Universidade Católica.

Para compensar a “fragilidade” de uma maioria relativa de 80 parlamentares (78 do PSD e 2 do CDS), apenas mais dois do que o PS, teve de mostrar “grande ambição para resolver problemas estruturais, setoriais como na área da Educação ou da Saúde”, sublinhou Paula Espírito Santo, investigadora do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP). “Era inevitável, porque apesar de ter vencido, a AD ficou a dois deputados do PS e governa porque não existiu uma maioria de esquerda, senão não estava a governar”, acrescentou André Azevedo Alves.

Assim, avançou no imediato com resoluções para “problemas que vinham de trás”. A que “teve maior sucesso foi com o ministro da Educação, Fernando Alexandre”, que alcançou um acordo histórico com os sindicatos para a contagem faseada de todo o tempo de serviço dos professores e educadores de infância, que esteve congelado para efeitos de progressão na carreira, exemplificou o politólogo.

Noutras áreas, “registou resultados com menor sucesso, como na Saúde e com os polícias”, apontou André Azevedo Alves. Paula Espírito Santo reconhece que “o Governo está longe de chegar a um entendimento para acautelar as aspirações da PSP e GNR” em relação ao subsídio de risco. “Está com mais dificuldade em alcançar metas eleitorais na área da Segurança Interna”, reforçou.

O primeiro-ministro deu um bom sinal quando disse que há limites nas reclamações nomeadamente dos polícias. Assim, parece que haverá equilíbrio das contas públicas, para o Orçamento do Estado para 2025.

António Nogueira Leite

Economista

Porém, o economista António Nogueira Leite considera “positivo” o travão que Luís Montenegro puxou no leilão para o subsídio de risco, quando afirmou, na semana passada, que não vai colocar “nem mais um cêntimo” na proposta para forças de segurança. “O primeiro-ministro deu um bom sinal quando disse que há limites nas reclamações nomeadamente dos polícias. Assim, parece que haverá equilíbrio das contas públicas, para o Orçamento do Estado para 2025″, afirmou o antigo secretário de Estado do Tesouro e das Finanças do segundo Governo socialista de António Guterres.

O economista Carlos Lobo é mais cauteloso e classifica este Governo de “hiperativo”. O professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa começa por elogiar “as medidas extremamente positivas como o pacote Construir Portugal, o anúncio do novo aeroporto de Lisboa ou o apoio de Luís Montenegro à candidatura de António Costa à presidência do Conselho Europeu”.

Estamos a entrar numa onda muito perigosa em termos de Finanças Públicas, principalmente ao nível da receita fiscal. Se contabilizarmos a descida do IRS, o IRS Jovem, a isenção do IMT para a compra da primeira casa por jovens até aos 35 anos, o fim das portagens das ex-SCUT do PS, e a redução do IRC, estamos a falar de quase quatro mil milhões de euros de perda de receita permanente face a 2023.

Carlos Lobo

Economista

No entanto, alerta para os riscos de derrapagem das contas públicas. “Estamos a entrar numa onda muito perigosa em termos de Finanças Públicas, principalmente ao nível da receita fiscal. Se contabilizarmos a descida do IRS, o IRS Jovem, a isenção do IMT para a compra da primeira casa por jovens até aos 35 anos, o fim das portagens das ex-SCUT do PS, e a redução do IRC, estamos a falar de quase quatro mil milhões de euros de perda de receita permanente face a 2023″, detalhou o perito em Finanças Públicas.

“Ao nível da despesa, o Governo concedeu o máximo possível aos professores e às forças de segurança”, reconhece. Mas, do lado da perda de receita, Carlos Lobo conclui que “o efeito acabou por ser duplicado com medidas da oposição, como o fim das portagens das ex-SCUT”. “E não estou a ver a economia a crescer de forma a compensar esta redução na arrecadação de impostos”, avisou.

Para António Nogueira Leite, “o risco de desequilíbrio existe sempre e, designadamente, para um país como Portugal que passou pelo ajustamento financeiro (troika)”. “Mas não vejo isso materializado”, destaca.

O economista e professor da Nova SBE dá nota positiva ao acelerador da Economia, apresentado pelo Governo, que prevê uma descida da taxa média do IRC de 21% para 15% até 2027 à razão de dois pontos percentuais (p.p.) ao ano. E considera que esse pacotão vai efetivamente “impulsionar a economia, vai aproximar a economia portuguesa dos padrões mais elevados da OCDE”.

“Mas falta a concretização e é preciso manter o rumo das medidas para fazer acreditar os investidores”, defendeu o antigo vice-presidente da CGD. Para tal, “vai ser necessário negociar, sobretudo com o PS”, defendeu, por outro lado, o economista João Duque.

Este Governo entrou em funções com com um ímpeto anunciador, apresentou várias medidas, mostrando dinâmica. São aspetos muito positivos que criam elevada expectativa junto dos agentes privados, dos investidores.

João Duque

Presidente do ISEG

“Este Governo entrou em funções com com um ímpeto anunciador, apresentou várias medidas, mostrando dinâmica. São aspetos muito positivos que criam elevada expectativa junto dos agentes privados, dos investidores”, observou o professor catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa. Mas, para concretizar as propostas, ou o Governo conta com “a condescendência da Assembleia da República para aprovar medidas de um Governo minoritário e, aqui, serão necessárias negociações com o PS, ou aprova decretos e portarias, que não têm de passar pelo crivo do Parlamento”, indica.

João Duque critica, no entanto, “a postura pouco clara” do líder do PS, Pedro Nuno santos, porque oscila entre três tipos de oposição: “num dia, não viabiliza o Orçamento do Estado, noutro dia viabiliza e depois diz que viabiliza mas só se tiver medidas do PS”.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, acompanhado pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro. FILIPE AMORIM/LUSAFILIPE AMORIM/LUSA

De igual modo, a politóloga Paula Espírito Santo considera que o Executivo “terá de ter uma capacidade permanente de diálogo”. “Tem até tentado entendimentos com vários partidos e até pode ter um ganho eleitoral por haver uma concretização mais ampla com integração das medidas da oposição, mostrando assim uma postura convergente”, sinalizou a investigadora.

Mas, recentemente, Luís Montenegro dramatizou o discurso, afirmando que prefere “ir embora” do que faltar aos compromissos com o eleitorado, isto é, do que ter de executar medidas aprovadas pela oposição e contrárias ao programa do Governo como aconteceu com a descida do IRS.

“O primeiro-ministro quer mostrar segurança ao eleitorado e mostrar aos partidos que ele deve ser o principal interveniente. É uma dramatização para mostrar ao eleitorado que tem firmeza suficiente e até põe em cheque as suas funções se não puder cumprir o que tem previsto. Está a antecipar o grande momento da discussão do Orçamento do Estado para 2025″, conclui Paula Espírito Santo.

Muitas demissões e um “deslize”

Os primeiros 100 dias de Governo também ficaram marcados por sucessivas demissões em cargos de topo da administração pública, como o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde Fernando Araújo (substituído pelo tenente-coronel António Gandra d’Almeida), a presidente do Instituto da Segurança Social, Ana Vasques, a provedora da Santa Casa da Misericórdia, Ana Jorge, o diretor nacional da PSP, José Barros Correia, ou da administração da Agência para a Modernização Administrativa, João Dias. Face às críticas da oposição, Luís Montenegro teve de vir garantir que não se tratava de “uma purga com critérios partidários”.

“Estes 100 dias também mostram que, até ver, o Governo não cometeu os mesmos erros que o PS em matérias de questões escandalosas e de corrupção”, aponta Paulo Duarte, investigador e doutorado em Ciência Política pela Universidade do Minho. “Desse ponto de vista, os últimos momentos do Governo do PS ficaram marcados por isso, e não tem havido esse deslize negativo”, termina. O único caso mais saliente foi o da secretária de Estado da Mobilidade, Cristina Dias, visada pela oposição por ter recebido uma indemnização para sair da CP em 2015 e, no dia seguinte, ingressar na Autoridade da Mobilidade e Transportes.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 10 Julho 2024

No dia em que se assinalam 100 dias desde a tomada de posse do Governo, vários ministros vão estar no Parlamento. Manhã também ficará marcada pela divulgação de indicadores.

Esta quarta-feira, assinalam-se 100 dias desde de que o Governo de Luís Montenegro tomou posse e no Parlamento vários ministros vão ser ouvidos pelos deputados. Destaque ainda para os dados finais sobre a inflação para o mês de junho. Lá fora, Jerome Powell volta a ser ouvido no Congresso.

Ministros vão ao Parlamento

No dia em que se assinalam 100 dias de Governo, são vários os ministros que estarão no Parlamento a ser ouvidos pelos deputados. É o caso do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, o ministro da Economia, Pedro Reis, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Ramalho e a ministra do Ambiente, Maria Graça Carvalho.

Como evoluiu a inflação?

Esta quarta-feira, o Instituto Nacional de Estatística divulga os dados finais sobre a taxa de inflação homóloga registada em junho. Os dados preliminares divulgados no início do mês indicam que a inflação fixou-se nos 2,8%, abaixo do registado em maio (3,1%) e invertendo uma tendência de aceleração de preços que se registava há três meses.

BdP divulga indicadores

Além do INE, também o Banco de Portugal (BdP) dará conta de um conjunto de indicadores, a começar pelo balanço do banco central, referente ao mês de junho e passado pelas contas nacionais financeiras, do primeiro trimestre.

OPEP divulga dados sobre petróleo

Numa altura em que se espera um défice de oferta no mercado de petróleo, no próximo ano, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) prepara-se para divulgar o seu relatório mensal. O documento divulgado no mês passado indicava que tanto a China como os Estados Unidos serão responsáveis pelo aumento significativo do consumo, este ano.

Powell no Congresso

O presidente da Reserva Federal vai estar esta quarta-feira no comité de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes a responder aos congressistas. Em cima da mesa, está a expectativa de que sejam dados sinais relativamente à política monetária nos Estados Unidos e um eventual corte nos juros.

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Os grandes festivais enfrentam a época de verão com o desafio de reduzir a sua pegada de carbono

  • Servimedia
  • 10 Julho 2024

Esta semana arranca a época dos festivais de verão com o MadCool em Madrid, o Cruïlla em Barcelona e o Bilbao BBK Live, a que se seguirão o FIB, o Arenal Sound e o Dreambeach, entre outros.

Estes festivais de renome internacional atraem milhares de pessoas todos os anos e estão a impulsionar a Espanha como o principal destino mundial para o turismo de música ao vivo, com mais de 1.000 festivais em todo o país e um volume de negócios recorde de quase 580 milhões de euros em vendas de bilhetes.

Só os 10 maiores festivais do país atraem mais de 1,7 milhões de pessoas em cada época. Um número que se espera que continue a crescer e que demonstra o enorme interesse dos participantes nestes eventos musicais, a coordenação e o trabalho dos promotores por detrás deles.

O grande desafio deste tipo de eventos é criar as infra-estruturas necessárias, não só para os espetáculos, mas também para suportar todas as atividades, experiências e serviços que os rodeiam e, por extensão, para garantir o fornecimento de energia exigido pelas instalações efémeras que caracterizam estes macro-eventos que reúnem grandes multidões de pessoas em apenas alguns dias.

PEGADA DE CARBONO

O objetivo é garantir o bom funcionamento do evento, mas também fazê-lo de forma responsável. É por isso que a Repsol chegou recentemente a um acordo pioneiro com seis dos principais promotores de festivais de música em Espanha para implementar diferentes soluções energéticas, como os combustíveis renováveis, o autoconsumo e a economia circular, e reduzir a pegada de carbono dos eventos que organizam, incluindo grandes festivais como o FIB, BBK e Arenal Sound.

Para a fornecedora de multi-energia, trata-se de um acordo de patrocínio estratégico através do qual promoverá a redução de emissões com o fornecimento de 200.000 litros de combustível 100% renovável a partir de resíduos orgânicos, como óleos vegetais usados, o que evitará a emissão de 556 toneladas de CO2, representando uma redução de 90% nas emissões líquidas de CO2 em comparação com o combustível de origem mineral.

O acordo inclui ainda outras medidas, como a recuperação de óleo alimentar usado nos food trucks para a sua posterior transformação em combustível renovável, proporcionando circularidade; a instalação de contentores de carregamento solar que geram energia para diferentes utilizações dos participantes ou pontos de carregamento efémero para veículos elétricos, entre outros.

Desta forma, os 77 festivais organizados pelos promotores Advanced Music, Bring the Noise, Centris, elrow, The Music Republic e Sharemusic! obterão uma fonte de energia mais respeitosa para o som, a iluminação dos palcos e dos camarins, os stands, os alpendres e, em suma, todas as instalações efémeras necessárias para que os milhares de participantes desfrutem da melhor experiência e para que o ambiente em que estes eventos se realizam volte ao normal depois.

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Governo aguentou 100 dias. Sobrevivência está agora amarrada ao OE2025

Futuro do Executivo liderado por Montenegro joga-se no OE2025. Partidos procuram ganhar margem negocial, enquanto primeiro-ministro endurece o discurso, mas ninguém quer ter o ónus de gerar uma crise.

100 dias já estão garantidos. Cumprir os cerca de 1.500 que faltam para levar a legislatura até ao fim é uma tarefa que não se adivinha fácil para o Executivo minoritário liderado por Luís Montenegro, de acordo com os politólogos consultados pelo ECO. Ninguém ousa arriscar um cenário de longevidade tão longo. Para já, todas as atenções estão centradas em outubro, mês em que o Governo viverá o primeiro teste de fogo ao entregar o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).

A sobrevivência de Luís Montenegro em São Bento está acorrentada à viabilização do OE, necessitando que o PS vote a favor ou o Chega se abstenha, e, a três meses da apresentação do documento, está “tudo em aberto”, vai-se ouvindo dizer entre alguns parlamentares. No entanto, a convicção entre a generalidade dos politólogos ouvidos pelo ECO é que o Orçamento acabará por passar, porque nenhuma das partes acredita em ganhos com eleições antecipadas.

“O Orçamento do Estado vai ser um momento chave. Se for aprovado, é muito provável que devido a um conjunto de circunstâncias o Governo consiga comprar alguma estabilidade, ganhando algum tempo para governar. Caso não seja aprovado teremos uma nova crise”, considera André Azevedo Alves, politólogo e professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, em declarações ao ECO.

O Orçamento do Estado vai ser um momento chave. Se for aprovado é muito provável, que devido a um conjunto de circunstâncias, o Governo consiga comprar alguma estabilidade, ganhando algum tempo para governar. Caso não seja aprovado teremos uma nova crise.

André Azevedo Alves

Politólogo

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem repetido os apelos para que o documento seja viabilizado e entre em vigor a 1 de janeiro do próximo ano – “é prioritário”, disse -, de forma a garantir, no seu entendimento, “estabilidade política”. O Chefe de Estado quer evitar o cenário de 2021, quando o Governo de António Costa (PS) viu o Orçamento do Estado para 2022 ‘morrer’ logo na votação na generalidade, com o voto contra do ex-parceiro da “geringonça” Bloco de Esquerda (BE), levando a eleições antecipadas.

O Executivo e os partidos preparam terreno para a negociação que se avizinha e procuram posicionar-se para ganharem vantagem no processo.

No Governo repete-se o mantra de que há disponibilidade para negociar, mas também se deixam avisos à navegação: “Até por força do resultado eleitoral e da composição da Assembleia da República, aceito negociar, quero obter o maior consenso possível”, afirmou, na segunda-feira, o primeiro-ministro, para logo acrescentar: “mas, não aceito contrariar a minha palavra do ponto de vista dos principais compromissos eleitorais e não aceito deturpar os compromissos que assumi”.

O presidente do Partido Social Democrata, Luis Montenegro, usa da palavra na reunião do Conselho Nacional do PSD em Lisboa, 8 de julho de 2024. TIAGO PETINGA/LUSA

Ficou a advertência à oposição, leia-se ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, para que não lhe peçam “para fazer o contrário daquilo” em que acredita. “Para isso, prefiro ir embora. Não vou andar com jogos de sombras políticas, nem a simular negociações com partes que já têm previamente a sua posição definida”, disse.

As declarações de Luís Montenegro não são, contudo, somente dirigidas à oposição, pretendem chegar também ao eleitorado. André Azevedo Alves acredita que durante o processo de negociação do Orçamento irá assistir-se a uma “espécie de jogo entre o Governo e os partidos, especialmente o PS e o Chega, em que vão tentar passar responsabilidades mutuamente”.

António Costa Pinto, investigador no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa e professor de Ciência Política na Universidade Lusófona, destaca que “o Governo tem mantido, e terá de manter, uma dupla estratégia: uma atitude reformista junto da sociedade e uma negociação política no parlamento”.

A margem de sobrevivência está sobretudo dependente da ameaça dos partidos políticos da oposição não se concretizar”, assinala. Acredita, contudo, que “o Governo sobreviverá ao Parlamento em relação ao Orçamento do Estado”.

A margem de sobrevivência está sobretudo dependente da ameaça dos partidos políticos da oposição não se concretizar. O Governo sobreviverá ao Parlamento em relação ao Orçamento do Estado.

António Costa Pinto

Politólogo

“Não vale a pena andar a fazer futurologia barata sobre quem irá viabilizar o Orçamento dado o passado recente. A estratégia do Governo é sobreviver e poderá passar pela negociação à esquerda, com o PS, ou, e nada está dito sobre isso, a negociação à direita”, considera.

Para o politólogo, “Portugal vive uma conjuntura política muito fluida”, pelo que é natural que ora o Governo acuse a oposição de aprovar medidas à sua revelia, ora conclui que é necessário negociar.

Com uma posição semelhante, André Azevedo Alves aponta que “fazer previsões que o PS ou o Chega viabilizam o Orçamento não é possível neste momento”. Contudo, para o especialista em Ciência Política, Pedro Nuno Santos está propenso a receber maior pressão para que o ónus de uma crise política não recaia sobre o PS do que o presidente do Chega, André Ventura, receberá nesse sentido.

Uma ideia que o secretário-geral socialista tem procurado contrariar, colocando a tónica no Governo e na sua disponibilidade para negociar. “É muito importante que nós, se calhar, nesta altura deixemos de pressionar sistematicamente o PS sobre o Orçamento porque também já começa a ser um pouco demais. Quem tem que apresentar um Orçamento e garantir condições para a sua viabilização é o Governo, não é o PS”, afirmou na segunda-feira.

O secretrário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, discursa na sessão de encerramento das jornadas parlamentares do PS a decroorer em Castelo Branco, 09 de julho de 2024. MIGUEL PEREIRA DA SILVA/ LUSAMIGUEL PEREIRA DA SILVA/ LUSA

O tom no PS tem vindo a alterar-se ligeiramente. Se há três meses afirmava ser “praticamente impossível” aprovar o OE2025, argumentando com a distância programática entre PS e PSD, nas últimas semanas já se começou a ouvir, pela voz de altos dirigentes socialistas, a palavra viabilização conjugada com negociação.

É muito importante que nós, se calhar, nesta altura deixemos de pressionar sistematicamente o PS sobre o Orçamento porque também já começa a ser um pouco demais. Quem tem que apresentar um Orçamento e garantir condições para a sua viabilização é o Governo, não é o PS.

Pedro Nuno Santos

Secretário-geral do PS

O desafio à disponibilidade do Governo para negociar foi manifestado na segunda-feira pela líder da bancada parlamentar socialista, Alexandra Leitão, em Castelo Branco, avisando que “o PS, como maior partido da oposição, não vai prescindir, se for para o viabilizar, de ter uma palavra significativa a dizer nas políticas que o Orçamento consagra”, disse, citada pela Lusa. Alexandra Leitão deixou, contudo, recados sobre as condições: se a posição do Executivo estiver fechada em matérias como a descida gradual do IRC e o IRS Jovem, a margem para aprovação cai.

 

No mesmo dia, o primeiro-ministro endureceu o discurso e desafiou a oposição: “Querem ver vertidas algumas – algumas, com certeza – das suas propostas, sim, têm parceria. Se por um acaso tudo isto não passar de um jogo, então tenham [o PS] a coragem de deitar abaixo o Governo”, afirmou, citado pela Lusa.

Querem ver vertidas algumas – algumas, com certeza – das suas propostas [no Orçamento do Estado para 2025], sim, têm parceria. Se por um acaso tudo isto não passar de um jogo, então tenham [o PS] a coragem de deitar abaixo o Governo, porque nós cá estaremos para poder dizer aos portugueses o que é que está em causa.

Luís Montenegro

Primeiro-ministro

Montenegro garantiu que as declarações não são nem “uma ameaça”, nem “um desejo“, porque está “consciente do prejuízo” que uma nova crise poderia trazer, mas afirmou que não deixará cair medidas caras ao partido, apontando a redução do IRS como uma das propostas que “podem não ter a aprovação do Parlamento, mas são inegociáveis do ponto de vista da sua consumação”. Ao longo dos últimos 100 dias, o Executivo fez um sprint para apresentar diversas, entre as quais alterações fiscais.

Pedro Nuno Santos ripostou no dia seguinte criticando as declarações do primeiro-ministro: “No dia em que o PS fala em viabilizar, disponibiliza-se para viabilizar, aquilo o que o primeiro-ministro tem para fazer, em vez de ser abraçar a disponibilidade do PS para construir uma solução comum, aquilo que temos do primeiro-ministro são ameaças de eleições”, disse.

“No lado do PS, dado os resultados das eleições europeias, o posicionamento de Luís Montenegro, de alguns nomes dentro do próprio PS e as declarações do próprio Presidente da República, a pressão vai ser muito grande para que Pedro Nuno Santos viabilize o Orçamento. Não é certo que o faça, mas vai existir essa pressão”, antevê André Azevedo Alves.

O politólogo considera que “se apenas dependesse de Pedro Nuno Santos o Orçamento não seria viabilizado, mesmo com essas pressões todas”. “Por outro lado, aprovar o Orçamento tem um custo político para Pedro Nuno Santos. Há de ser menor do que o de provocar uma crise, mas também existe”, assinala, acrescentando que “dado o que tem sido o posicionamento de Luís Montenegro, da parte do Chega é mais provável que André Ventura não ceda”.

O presidente do Chega, André Ventura, disse na segunda-feira querer ver o documento antes de decidir, mas avaliou como “difícil que um documento que é as linhas orientadoras gerais do Governo possa ser feito sem qualquer entendimento de governação”. “Tenho visto o PS com muita vontade de aprovar, com muita vontade de segurar o Governo, ainda bem, é sinal que eles se entendem, e é sinal que podemos finalmente começar a ter PS e PSD juntos e o Chega a liderar a oposição”, disse, citado pela Lusa.

O antigo líder do PSD e comentador Luís Marques Mendes afirmou, no domingo, ter a certeza sobre a viabilização do próximo Orçamento do Estado, porque, apesar de vir a existir “muito ruído”, nem o PS, nem o Governo têm interesse numa crise.

José Adelino Maltez, cientista político e professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas – Universidade de Lisboa, também defende que “ninguém quer ser responsável por uma crise, porque não se perceciona que levasse a um resultado muito distinto do atual”.

Ninguém quer ser responsável por uma crise, porque não se perceciona que levasse a um resultado muito distinto do atual. O Governo tem um grande aliado que é o PS sentir que não tem condições para ganhar eleições a curto prazo.

José Adelino Maltez

Politólogo

“O Governo tem um grande aliado que é o PS sentir que não tem condições para ganhar eleições a curto prazo. Sente que precisa de ganhar tempo”, realça. Para o politólogo, atualmente “o maior risco do Governo é um erro de discurso”, acreditando, paralelamente, que “o que aconteceu com [o ex-primeiro-ministro] António Costa pode acontecer com Montenegro, faltar-lhe o ânimo”.

“A determinada altura ficam fartos porque tentam e não conseguem. Os governos em Portugal caem quase sempre por dentro por apodrecimento”, disse.

Apesar da generalidade dos atores políticos considerarem que não há vantagens em ir para eleições antecipadas, há quem defenda o contrário, como o antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva. Segundo o ex-Chefe de Estado, a probabilidade de sucesso do Governo é “muito alta” apenas se houver um governo com “apoio maioritário” no Parlamento, na sequência de “eleições legislativas, antecipadas ou não”.

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Seguradoras acreditam que investimentos estão mais expostos aos riscos climáticos

Empresas de seguros acreditam que os seus investimentos estão mais expostos a riscos climáticos. Integração de grupos internacionais dá força às empresas para se moverem em finanças sustentáveis

As empresas de seguros consideram que as suas carteiras de investimento e responsabilidade de seguros assumidas ficaram mais expostas aos riscos associados às finanças sustentáveis e alterações climáticas. Segundo um relatório da ASF, a sensibilidade face a esse risco subiu para médio no último semestre de 2023 face ao ano anterior.

É sobre os aspetos legais e regulamentares relativamente aos títulos verdes e poluentes da carteira de investimentos e sobre o elevado potencial de deterioração da sinistralidade (nas principais linhas de negócio) na sua carteira de responsabilidades que recaí a maior preocupação das empresas de seguros.

Ainda sobre a carteira de investimentos das empresas, diminuiu uma para 16 as empresas que já identificaram a dimensão ambiental da sua carteira de investimentos (riscos de transição, riscos físicos, exposições climáticas, entre outros).

Por outro lado, as empresas consideram que os riscos em causa têm pouca relevância para a cadeia de valor do negócio. Os dados da ASF revelam uma queda da perceção do risco face a 2022, ano em que avaliaram como risco de nível médio. A componente de cadeia de valor mais impactada é modelo de governação e definição do apetite de risco, incluindo considerações ESG (E de environmental – ambiente em inglês, S de Social e G de Governança).

Também avaliado em patamar baixo foi a necessidade de ajuste do sistema de governação e das práticas de transparência. Nesta vertente, as empresas deram destaque ao sistema e práticas de gestão de risco.

O que leva as empresas de seguros em Portugal a mover-se em matéria de finanças sustentáveis e alterações climáticas é a inserção num grupo económico europeu ou internacional. O estudo nota ainda o aumento do uso de modelos padronizados por parte dos fornecedores de dados e linhas de orientação desenvolvidas a nível europeu.

Importa salientar que para chegar a estas conclusões, a ASF compilou os dados dos inquéritos qualitativos semestrais (RiskOutlook 2.0) que abrange a autoavaliação das empresas de seguros relativamente aos riscos associados às finanças sustentáveis e alterações climáticas a que se encontram expostas. Os questionários foram respondidos no segundo semestre de 2023.

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