Empresas do PSI enfrentam dívida de 15 mil milhões nos próximos dois anos. BCP e EDP representam 75%

A EDP e o BCP são responsáveis por mais de 75% do montante de obrigações e de empréstimos das 15 empresas que compõem o principal índice da Euronext Lisboa que vencem em 2025 e 2026.

As 15 empresas que compõem o principal índice da Euronext Lisboa deverão fechar 2024 com mais um ano de resultados recordes. Os dados mais recentes revelam que nos primeiros nove meses do ano o lucro das companhias que integram o PSI aumentou 6%, para quase 4,4 mil milhões de euros.

No entanto, para os seus acionistas, estes resultados não têm resultado em iguais ganhos recorde, pelo contrário. Depois de em 2023 o PSI ter oferecido ganhos de 16% aos investidores, o principal índice da Euronext Lisboa deverá fechar este ano com um desempenho bem inferior, alcançando uma rendibilidade de perto dos 4% (já considerando os dividendos distribuídos).

Para 2025, apesar dos analistas que acompanham as empresas do PSI apontarem para uma subida de quase 33% do índice da bolsa nacional até aos 8.400 pontos, ninguém sabe para onde irá “navegar” o mercado. Das poucas certezas que se tem relativamente às 15 empresas que compõem o PSI para o próximo ano é que as suas equipas de gestão terão de gerir o pagamento de 5,7 mil milhões de euros em obrigações e outros empréstimos, a que se seguem mais 9,2 mil milhões de euros em 2026.

De acordo com dados recolhidos da Refinitiv, as empresas do PSI enfrentarão assim quase 15 mil milhões de euros de dívida que irá vencer entre 2025 e 2026, sendo que 85% deste montante é constituído por obrigações. E entre a empresas mais pressionadas estão a EDP e o BCP, que são responsáveis por mais de 75% do total da dívida do PSI que irá vencer nos próximos dois anos.

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Entre as 15 empresas que compõem o PSI, apenas os CTT, a Corticeira Amorim e a Jerónimo Martins não têm qualquer obrigação ou empréstimo que irá vencer em 2025 e 2026. No entanto, não significa que a gestão da dívida não seja uma prioridade para as suas equipas.

Isso é particularmente visível nos CTT, que entre as 15 empresas do PSI é a que apresenta o maior nível de endividamento. No final de setembro, os Correios apresentavam uma dívida total equivalente a 40,2 vezes o EBITDA. E apesar dos analistas anteciparem uma queda do nível de endividamento da empresa no próximo ano, a dívida dos CTT deverá fixar-se num montante igual a 30,6 vezes o EBITDA.

De acordo com dados da Refinitiv, o nível de endividamento das empresas do PSI medido pelo rácio dívida/EBITDA era de 2,9 vezes em setembro deste ano e deverá situar-se nos 2,4 vezes no próximo ano, em termos medianos.

Entre as empresas mais endividadas do índice, excluindo os CTT, está a EDPR Renováveis, que fechou as contas dos primeiros nove meses com um stock de dívida equivalente a 6,6 vezes do EBITDA, logo seguida da REN e da EDP, com um rácio de 5,4 e 5,2 vezes, respetivamente.

Entre as empresas menos endividadas estão a Navigator e a Corticeira Amorim, que fecharam as contas dos primeiros nove meses deste ano com uma dívida equivalente a 1,4 e 1,9 vezes o seu EBITDA, respetivamente.

No entanto, quem mais deverá reduzir o seu nível de endividamento no próximo ano será o BCP que, segundo estimativas dos analistas, deverá baixar em mais de um terço este rácio, passando de uma dívida equivalente a 3 vezes o EBITDA em setembro para 1,9 vezes no próximo ano.

O caminho oposto deverá ser feito por apenas três empresas dos PSI, que verão o seu nível de endividamento crescer em 2025. É o caso da Corticeira Amorim, Mota-Engil, que verão o rácio dívida/EBITDA aumentar 1% e 2,4%, respetivamente, mas sobretudo a Galp Energia, que verá o seu nível de endividamento aumentar 19,7%, com a sua dívida a passar de um valor equivalente a 1,2 vezes o EBITDA para 1,5 vezes, segundo estimativas dos analistas, embora mantendo-se num patamar baixo em termos de rácio.

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