Bial atinge “marco fundamental” em novo medicamento para doença de Parkinson

É mais um passo para aquele que poderá ser o terceiro medicamento da Bial. Um primeiro doente completou o tratamento com o novo composto para a doença de Parkinson, o mais avançado no pipeline.

António Portela, CEO da BialPedro Granadeiro/ECO 2 maio, 2024

A farmacêutica portuguesa Bial anunciou esta terça-feira que um primeiro doente completou o ensaio clínico de fase 2 (activate) com o BIA 28, um novo tratamento para a doença de Parkinson e que é o composto em fase mais avançada no pipeline da empresa liderada por António Portela.

“Com toma oral uma vez por dia, o BIA 28-6156 pode ser o primeiro medicamento a modificar a causa subjacente da doença”, destaca a empresa sediada na Trofa, apresentando esta molécula como “a primeira desta classe de produtos” em desenvolvimento para o tratamento de doentes com Parkinson que têm a mutação genética GBA1.

O diretor científico da Bial fala num “marco fundamental no desenvolvimento clínico do BIA 28-6156”, confiando que este medicamento “tem o potencial de se tornar um tratamento revolucionário e inovador” para doentes com um diagnóstico confirmado de DP-GBA. “Tem um mecanismo de ação específico, potencialmente modificador da doença, com capacidade de retardar a progressão clínica motora”, completa Joerg Holenz.

Caso venha a ser bem-sucedido nas restantes fases, este novo tratamento para aquela que é a segunda doença neurodegenerativa mais comum – afeta globalmente mais de 10 milhões de pessoas – poderá ser o terceiro medicamento desenvolvido pela farmacêutica nacional, que emprega 800 pessoas e em 2023 gerou receitas de quase 340 milhões de euros, depois de ter lançado o Zebinix (epilepsia) em 2009 e o Ongentys (Parkinson) em 2016.

Resultados chegam em meados de 2026

Joaquim Ferreira, professor de Neurologia e Farmacologia Clínica na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, investigador e membro do Steering Committee do estudo activate realça que este é “mais um passo no esforço excecional para fazer avançar as opções de tratamento” e que “vem na sequência do sucesso notável da fase de recrutamento”, que incluiu mais de 230 doentes geneticamente confirmados com DP-GBA em 85 centros na Europa e na América do Norte.

Os dados principais deste estudo de fase 2 – multicêntrico, aleatório, em dupla ocultação, controlado por placebo, que avalia a eficácia, segurança, tolerabilidade, farmacodinâmica e farmacocinética de duas doses fixas – deverão ser publicados em meados de 2026.

Com produtos em mais de 50 países, a Bial tem atualmente unidades de produção e de investigação e desenvolvimento (I&D) em Portugal e conta com filiais em Espanha, Alemanha, Reino Unido, Itália, Suíça e nos EUA. Como parte da estratégia de internacionalização, a farmacêutica nortenha tem também várias parcerias e acordos de licenciamento a nível mundial.

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