China bate recorde de exportações e autoriza mais financiamento estrangeiro

  • Lusa
  • 7:38

Exportações chinesas ultrapassaram pela primeira vez os 3.300 mil milhões de euros. Trump prometeu aumentar até 60% as taxas alfandegárias sobre as importações do país asiático, assim que tomar posse.

A China registou um valor recorde de exportações em 2024, segundo dados oficiais divulgados esta segunda-feira, numa altura em que a chegada ao poder do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, suscita receios de renovadas tensões comerciais com Washington.

“O montante das exportações ultrapassou, pela primeira vez, os 25 mil milhões de yuan (3.300 mil milhões de euros), um aumento de 7,1% em relação ao ano anterior”, anunciou a cadeia televisiva CCTV, após uma conferência de imprensa do Conselho de Estado chinês (Executivo).

As exportações em 2024 foram um dos poucos indicadores positivos para a economia chinesa, paralisada desde o fim da pandemia por um consumo débil e uma crise persistente no setor imobiliário.

As importações ascenderam a 18,39 mil milhões de yuan (2,45 mil milhões de euros), mais 2,3% do que no ano anterior, segundo a CCTV. No total, o comércio externo da China aumentou 5% em 2024, em comparação com o ano anterior, atingindo 43,85 mil milhões de yuan (5,84 mil milhões de euros), um nível recorde.

Donald Trump prometeu aumentar até 60% as taxas alfandegárias sobre as importações chinesas, assim que tome posse, no próximo dia 20 de janeiro, medidas que poderão limitar o comércio externo da China.

As alfândegas do país asiático também apresentaram dados do comércio externo denominados em dólares, utilizados como referência pelos analistas internacionais e que normalmente divergem dos registados na moeda chinesa, devido às flutuações cambiais.

Em dezembro, as exportações da China cresceram a um ritmo mais rápido do que o esperado, uma vez que as fábricas se apressaram a concluir as encomendas para os Estados Unidos face à incerteza sobre o aumento das taxas nos próximos meses.

As exportações em dezembro cresceram 10,7%, em comparação com o mesmo período do ano passado. As importações também superaram as estimativas e cresceram 1%. Os analistas esperavam que as importações encolhessem cerca de 1,5% em termos homólogos.

Mais financiamento estrangeiro para apoiar moeda

Também esta segunda-feira, o Banco Popular da China (banco central) anunciou o aumento do limiar de financiamento transfronteiriço sobre os ativos das empresas e instituições financeiras, visando proteger a taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan.

Em comunicado, a instituição indicou que vai aumentar o chamado parâmetro de avaliação macroprudencial (MPA) para o financiamento transfronteiriço, de 1,5% para 1,75%, o que permitirá às empresas do país asiático obter mais crédito fora do território chinês.

O banco central e outros reguladores garantiram que “é necessário manter inabalavelmente a estabilidade básica da taxa de câmbio do yuan num nível razoável e equilibrado”, avisando que vão “lidar firmemente com comportamentos que perturbem a ordem do mercado”.

De acordo com um documento divulgado pelo regulador cambial, Pequim pretende “reforçar a gestão” do sistema e “evitar resolutamente os riscos de ultrapassagem das taxas de câmbio” da moeda nacional.

O banco central fixou a sua taxa de câmbio oficial em 7,1885 yuan por cada dólar norte-americano, acima das expectativas do mercado, como parte dos sinais de que vai proteger o valor da sua moeda, depois de a taxa offshore – transacionada nos mercados internacionais -, ter flutuado no seu pior nível em 16 meses e perto dos mínimos desde 2007, nos últimos dias.

“Para já, a estabilidade do yuan continua a ser uma prioridade. A médio prazo, o sucesso desta estratégia dependerá dos fundamentos económicos”, afirmou Tommy Xie, analista do OCBC Bank, com sede em Singapura.

Entre as medidas tomadas nos últimos dias pelo banco central está também o lançamento da sua maior emissão de obrigações através de Hong Kong, equivalente a quase 8,2 mil milhões de dólares (8 mil milhões de euros), para absorver a quantidade de yuan disponível no mercado e assim gerar procura pela moeda.

Desde meados de 2024 até ao final de setembro, o valor do yuan registou uma tendência ascendente, devido às expectativas de cortes nas taxas de juro nos Estados Unidos e de um prolongamento significativo das medidas de apoio à economia chinesa, face a uma recuperação aquém do esperado no período pós-pandemia.

No entanto, a curva inverteu-se perante a desilusão dos investidores com as medidas de estímulo económico anunciadas por Pequim e a vitória eleitoral nos EUA do republicano Donald Trump, que iniciou em 2018 uma guerra comercial contra a China, durante o seu primeiro mandato (2017-2021), e prometeu novas taxas alfandegárias sobre as importações do país asiático.

Nos últimos meses, o banco central chinês fixou repetidamente taxas de câmbio oficiais mais fortes do que o previsto – em relação às quais a taxa ‘onshore’, a que é transacionada nos mercados chineses, só pode flutuar num máximo de 2% por dia – para defender a moeda, tornando também público o compromisso de manter a estabilidade cambial. Na semana passada, o renmimbi esteve muito perto de cair para o valor mais baixo desde finais de 2007.

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